Arquivo da Categoria: Rodrigo Moita de Deus

E então? Foi tão bom para vocês como foi para mim?

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(não quero deixar de agradecer todas as muitas mensagens de apoio que recebi)

Porque é Abril, mês da direita fugir para o Brasil, decidimos lá em casa fechar portas (salvo seja) no dia 8. E enquanto não fechamos, nem fugimos, podem sempre encontrar-me no Frágil (salvo seja). Não sei se a blogosfera acaba ou não, mas deixa de fazer muito sentido continuar no Aspirina.

Vim cá parar em regime de artista convidado porque o Luís Rainha e o José Mário Silva devem ter exagerado no vinho e eu, já se sabe, estou sempre exagerado. Não sei se estão arrependidos. Sei que eu não estou. Sei que me diverti, muito. Sei que escrevi sempre o que quis, como quis, sem dar cavaco (salvo seja, cruzes credo) a ninguém. Sei que as ilustrações do Jorge mereciam melhor companhia que os nossos escritos. Sei que vi o fundo da garrafa ao Nuno e ao Fernando e que gostei (salvo seja). Sei que isto acaba com o Luís a fazer rodriguinhos e o Valupi a fazer graçolas à Deus. Sei que até o Daniel Oliveira me vai fazer falta (salvo seja, mesmo!). Não consegui conhecer a Joana Amaral Dias, mas que se lixe, vou daqui de barriguinha cheia (salvo seja).

Gosto do Aspirina (e não é só por causa dos meus textos) e para continuar a ler os aspirineiros, espero que o projecto continue. Nem que seja só para o João Pedro Henriques não ter razão.

Se os leitores do aspirina tinham a certeza de que a minha direita é decadente, espero que tenham aprendido que a minha direita até gosta bastante desse estatuto.

Deus existe, eu avisei-vos.

Até amanhã, camaradas!

Rodrigo Moita de Deus

O jornalismo que teima sair do armário

Última página do Diário de Notícias. Leio com gosto a crónica do editorialista. A assinatura prende-me o olhar. Ruben de Carvalho, jornalista. Jornalista?

A última vez que ouvi falar de Ruben de Carvalho, para além das crónicas, foi como candidato à câmara municipal de Lisboa pelo Partido Comunista Português. Uma organização sobejamente conhecida pelos seus independentes.

Ruben de Carvalho, o jornalista, é jornalista como Diana Adringa, Mega Ferreira, Marcelo Rebelo de Sousa, Paulo Portas, Maria Elisa, Vicente Jorge Silva, José Saramago, Maria João Avillez e outros nomes na mesma da isenção ideológica.

Jornalista, porque é mais fácil, mais cómodo, mais popular.

Tenho para mim a secreta tese de que poucos jornalistas gostavam mesmo de ser jornalistas. Jornalistas de economia gostavam de ser empresários, jornalistas desportivos gostavam de ser treinadores e jornalistas de política…enfim, vocês sabem. E como também se nota, jornalistas que escrevem notícias, gostavam mesmo de escrever editoriais.

Não me interpretem mal. Compreendo que os jornalistas sintam a necessidade e a apetência pela participação cívica. Compreendo que não possam ser insensíveis às suas convicções e até vou mais longe admitindo que o jornalismo de causas e de opinião é, não só, legítimo como até desejável.

O que a mim me causa algum rubor é o teatrinho de sombras. Esta coisa do “agora sou isento mas amanhã já não sou”. Como se as convicções fossem pecado ou razão para ter vergonha. E porque alguém entendeu um dia que os jornais e os jornalistas têm se ser isentos, independentes e amorfos intelectualmente acabamos nesta ridícula figura de apontar o dedo à braguilha uns dos outros trazendo à liça o humorístico código deontológico.

RMD, Jornalista.

Eu que não sou de intrigas…

Está a ser estudado o encerramento de alguns dos 11 departamentos da Polícia Judiciária no país. diz o ministro na TSF.

E antes mesmo que alguns, mal intencionados, com a mania que têm graça, venham com as suas inacreditáveis conspirações posso garantir-vos, em nome do governo da república, que o encerramento de departamentos e a actual instabilidade directiva no seio da organização não afecta, de maneira nenhuma, o normal desenrolar dos processos, mesmo os mais sensíveis, como o caso Freeport ou o caso dos tabuleiros de xadrez de Jorge Coelho. Perceberam? RMD

E o jogging? Como correu o jogging?

Foi uma entrada directa no top dos fellatios jornalísticos: “Um dia de sucesso diplomático que já estava preparado” diz o Diário de Notícias sobre a viagem do nosso amado Primeiro a Angola. Reparem que o avião aterrou faz poucas horas mas a viagem é já “um sucesso diplomático”. E é. Pois é. Em Portugal deu, pelo menos, umas doze ou quinze páginas nos principais diários. E depois aquele “que já estava preparado” do género “um governo que prima pelo planeamento e que sabe o que está a fazer”. Vou ali beber um copo de vinho e já volto.

Em quase todos os jornais, o destaque é o jogging do nosso líder. Que se lixe a fome, a corrupção, a liberdade de imprensa ou qualquer outra miudeza que possa ensombrar o relacionamento entre nações civilizadas. O primeiro vai fazer jogging para a marginal às oito da manhã. O Público informa que a coisa “não estava no programa”. Era quase segredo e o engenheiro sempre foi bastante discreto quanto à sua vida. Por exemplo, nunca ninguém sabe onde vai passar férias ou que desportos gosta de praticar. E esta só se soube por causa de uma “inconfidência” de um dos parceiros de passada do engenheiro. E que grande inconfidência esta. Os jornalistas de diferentes órgãos de comunicação ficaram todos a saber e publicaram todos a boa nova.

Não podemos desvalorizar esta coisa do jogging. Antes de Sócrates já personalidades como Tony Blair e Bill Clinton deram a conhecer-se às massas pelas suas correrias. Guterres ainda tentou duas ou três vezes, mas a prática da modalidade era incompatível com o corte de cabelo. No caso de Bill Clinton o exercício físico para a fotografia nunca compensou o excesso de hambúrgueres e o homem lá teve baque no coração. Era jogging para americano ver. Mas isso não interessa a ninguém. O que realmente interessa é que o jogging é uma trademark da terceira via. Marques Mendes que se cuide e que mude de modalidade.

Tudo normal. O que eu não acho normal é obrigarem os jornalistas a viajar sete horas, escrever três ou quatro mil caracteres sobre o assunto. Ao invés de aproveitarem a viagem para fazer perguntas interessantes podiam simplesmente fazer copy paste dos comunicados de imprensa da central de propaganda sem deixar o conforto da redacção. RMD

Consultório sentimental

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(o outro Rodrigo igualmente fantástico e merecedor dos maiores louvores)

Sobre o défice de criatividade do país, um anonymous atira quase certeiro: e a betalhada a por Rodrigo no nome dos filhos?

O fenómeno existe e preferia explicar-lhe que a superabundância de Rodrigos se destina a honrar-me. Incomprensívelmente não é assim. Nem sequer está relacionado com a betalhada.

Explico. No meu tempo, só havia dois Rodrigos: o da fotografia e Deus. Mas desde que o Tozé Brito (esse criativo) começou a fazer as novelas da TVI e desde então não há cabeleireira que não acabe com um filho Martim, Bernardo, Francisco e sobretudo Rodrigos. Resmas deles. Admito que sempre é melhor que Suelanias, Edinilsons e outros que mais. Admita que é especialmente irritante para os dois Rodrigos que já cá estavam. RMD

flabbergasted…

Leio que o Manuel Fonseca abriu uma editora de nome Guerra e Paz. Uma editora chamada Guerra e Paz? Guerra e Paz? Porque não ‘Os Irmãos Karamazov’ ou “Cousine Bete”?O que leva alguém a chamar Guerra e Paz a uma editora? E já agora porquê chamar “Por do sol” a um restaurante, “25 de Abril” a uma praça, “rouxinol” a uma bibenda, “sol e mar”a uma pensão, “snoopy” a um cão? RMD

menina@gmail.com

Quando era um iniciado na Internet, pensava que Hotmail era um qualquer serviço associado a coisas do género porno-erótico. Olhava de lado para todos os pobres infelizes que me enviam correspondência desse servidor. Com o tempo esse estúpido preconceito passou. Pelo menos até ao dia em que comecei a receber missivas mais pessoais de uma tal que tinha um Gmail. Primeiro ela era Hot agora era G. Hoje em dia sou incapaz de falar sobre o assunto sem deixar fugir um sorriso malandro. RMD

Comentário nacionalista para um ponto de ordem sobre a discussão da nacionalidade de Viriato

Tenho seguido com atenção o agradável debate sobre a origem do herói Viriato. Luso? Espanhol? Baetíca, erética, Estrebão, não interessa. Acreditem em mim que eu percebo destas coisas. Alguém virtuoso, honrado e íntegro como Viriato só pode ser português. Os pérfidos amigos traidores que o rodeavam, e que lhe venderam barata a pele, admito serem todos espanhóis. RMD