…o governo promete corrigir esse pequeno problema. RMD
menina@gmail.com
Quando era um iniciado na Internet, pensava que Hotmail era um qualquer serviço associado a coisas do género porno-erótico. Olhava de lado para todos os pobres infelizes que me enviam correspondência desse servidor. Com o tempo esse estúpido preconceito passou. Pelo menos até ao dia em que comecei a receber missivas mais pessoais de uma tal que tinha um Gmail. Primeiro ela era Hot agora era G. Hoje em dia sou incapaz de falar sobre o assunto sem deixar fugir um sorriso malandro. RMD
Os jornais estão cheios de boas notícias para os conservadores
É preciso conhece-los
A culpa disto tudo é do fernando!
Depois de pensar bastante sobre o assunto parece-me que encontrei uma solução
A propósito de rodriguinhos…
Poste sobre qualquer coisa próxima da ambivalência sexual
Ironicamente, parece que o cowboy gay virou agora representação do lendário Casanova.
O filme, obviamente, não é para ser levado a sério. RMD
DESENHO* 3
Valentes críticos

É a pergunta que um crítico mais teme. Formulou-a ontem, aqui, o estimado comentador Alex Brito. Escreveu ele: «Ó Fernando! Que princípios presidem a esse maniqueísmo que definem um bom cronista, ou um mau ficcionista? Não lhe parece abusivo e pouco sério tratar assim um escritor?»
Repare-se: não é só dizer-se de alguém que é, por exemplo, «um mau ficcionista». É dizer-se também, por exemplo, que é «um bom cronista». Se bem entendo, estes juízos, para o mal e para o bem, são sempre para o mal. Não se fazem, pronto. E com isto está, de uma penada, resolvido todo o problema da crítica. Ela simplesmente não se faz.
Às vezes, pendo para dar razão ao comentador. Por uma vertente que, suponho, não lhe ocorreu. Digamos assim: algumas críticas negativas que tive de fazer, eu trocava-as bem por uma oportunidade prévia de conversa com o autor. Ou seja, em vez de ter de dizer-lhe, tarde e a más horas, e tão publicamente, que produziu um flop, eu avisá-lo-ia a tempo da ocorrência, e o livro não aparecia, ou aparecia outro. Feito isto em mais larga escala, poupavam-se aqueles monólogos cheios de energia negativa que, de vez em quando, surgem nos suplementos literários. Ou, e sem querer funalizar muito, João Pedro George podia ter impedido Margarida Rebelo Pinto de existir.
Mas o mundo não está assim tão bem feito. Continuarei, pois, a aceitar esta tarefa ingrata, que só um fulano valente (isto é, desprezador dos perigos, isto é, mansamente doido) pode executar: essa de dizer que isto é «bom» e aquilo é «mau». Princípios? Critérios? Poucos, fracos e volúveis. É mais um destino, Alex Brito. É uma branda forma de loucura. Mal paga, ainda por cima, pelo tempo que se nos vai nela. Não, não tão branda como isso.
A nossa notícia do dia
A gravíssima crise do Aspirina B vista por um franciú
Toda a gente diz que o “meio intelectual”, onde se excomungam à força os virtuosos da reclassificação e desclassificação, apreciação e depreciação, é o mais encantatório de todos. Os profissionais do exagero vão buscar ao poder supremo do Verbo a capacidade sempre renovada de transfigurar o amigo e desfigurar o adversário. Os alucinados que se embriagam com generalizações ligam ainda menos que os outros aos factos, números, objectos, procedimentos, na sua neutra e muito pouco concludente materialidade. Nós, os encantadores do ramerrame quotidiano, na nossa função de mitómanos públicos, somos os delegados das pessoas morais e ficções úteis – Deus, a Pátria, a Revolução, o Rei, o Ocidente, os Direitos do Homem, a Esquerda, a Direita, etc. As lutas pelo domínio, nesta câmara fechada e sonorizada, manifestam-se através de guerras semânticas, com lista de anátemas e devoluções ao remetente, sem outra validação possível além dos decibéis e da superficialidade. Por isso se pode fazer um grande título de jornal a propósito de uma discussão acerca de nada. E com razão: os debaters, em condições de irresponsabilidade óptimas (ruído contra ruído na falta de experiência crucial) podem contar com o nosso prazer feiticeiro de tomar as palavras pelas coisas. É o que mais se ouve em todos os fóruns: a positividade adormece e a polémica desperta. E, no entanto, é impossível atribuir qualquer monopólio aos “agitadores de serviço”, o génio do vazio é o bem da espécie.
Régis Debray, O Fogo Sagrado, (trad. port.) AMBAR, 2005, p. 325
Gapingvoidmania
Da saborosa arte de ser português

Nunca falha. Ontem, de novo me sucedeu. Mas nunca aprendo. E, pior, nunca me conformo. Que se passou? Produzi aqui um elogio, coisa de nada, a certa figura pública. E imediatamente se destaparam os poços do azedume. Tudo indica que só a afirmação da mais irremediável inanidade do visado teria mantido o ambiente sereno, conversável.
Como sempre, nunca chegamos – eu nunca chego – a saber a razão. Ou ela pertence a uma ciência infusa que me foi negada, ou é parte já democratizada da opinião pública. Não dispondo de uma nem de outra, não tenho meios de relativizar, de compreender sequer, mais essa nacional catástrofe. Se não é o fim do mundo, estamos perto. Concretizemos.
Disse eu que Miguel Sousa Tavares escreveu umas coisas com piada. Tive o cuidado de passar por cima dos romances, indo directo ao cronista e ao contista. Baldado esforço. É que, segundo a quase totalidade dos comentadores, nada se aproveita no senhor. Eu perceberia se isto fosse o Pipi. Mas não é. É um blogue lido por gente da classe média alta (que também lia o Pipi, mas não dominava na paisagem) e até fez uns estudos.
Não sei que fama tem o autor por aí. Nunca falei sobre ele com ninguém, nunca lhe falei a ele, e apenas o vi de passagem, se meia hora de TV se chama ver. E, contudo, eu sei que ele é (quando quer, mas ele quer muitas vezes) um dos fulanos que melhor dominam este amado idioma. E que escreve umas coisas com tino, e com piada, que às vezes me irritam, mas respeitam o meu discernimento. Isto me basta. Disto já estou grato. Mas sou um caso raro, estranhíssimo, se calhar suspeito.
Vou deixar de elogiar os meus contemporâneos. Não chateio e andaremos sempre todos em paz, estupidamente em paz. E felizes, sim pá. Estúpidos de felizes.
Um último Rodriguinho (1)
Adeus
Vou abandonar o Aspirina. Este projecto vivia muito da capacidade do Luís nos juntar e motivar, fazendo com que a nossa diversidade criasse uma riqueza que, bem agitada, produzia um blog com muitos sentidos. Os textos do Luís davam as linhas melódicas, eu cá fazia de desajeitado contraponto, outros, como o João Pedro, enriqueciam-no com uma inteligência sempre diferente. O desamor do Luís pelo Aspirina retirou grande parte do prazer de escrever aqui. No entanto, ficou o vício. Acho difícil dizer adeus aos blogs, só consigo dizer: até já, aqui ou em qualquer outro ponto do ciber-espaço.
Enxotar as aves necrófagas
Só um esclarecimento, não vá alguém pensar que os vampiritos do costume desta vez até acertaram uma. Não. Se não “me reconheço” (raio de chavão que fui desenterrar…) no Aspirina actual, isso nada tem de censura ao meu amigo Valupi — aqui, a dissidência é visita bem-vinda. Tem sim a ver com o predomínio esmagador de posts como este, este, este e até este.
O meu projecto inicial para este blogue passava por combinar alguma reflexão politizada com intervenções mais intimistas, centradas em objectos artísticos, ou mesmo em torno de pequenos exercícios de humor ou ficções. Quiseram as correntes da vida empurrar o Aspirina B para outro lado. Hoje, ocasiões há em que ele surge quase como porta-panfletos, como veículo para proclamações várias, sem grande hipótese de servir de catalisador para discussões que me interessem. Por sentir essa tendência, já o João Pedro da Costa nos abandonou; e tenho eu também alguma dificuldade em continuar a considerar esta a “minha” casa. O que não vai impedir a sua continuação, em busca de outros caminhos e de outros estilos.
Já agora, pela centésima e provavelmente derradeira vez: não sou “bloquista”. Vai daí, e por muito que isto custe à pequenina imaginação do AAA, a minha saída não representa nenhuma “crise” no tal “bloquismo”. Folgo, no entanto, em constatar que o Aspirina, apesar do “gritante vazio de ideias” e do seu “estado de degradação”, continua a ser mais lido do que “O Insurgente”. Isso, para quem idolatra de tal forma a presciência do “mercado”, deveria encerrar importantes lições de humildade. Mas é muito mais fácil dar lições aos outros, não é, AAA?
Blogueiros de Portugal e Galiza!

No magnífico site do PORTAL GALEGO DA LÍNGUA, leio a notícia de um Encontro de blogueiros galegos e portugueses, a 19 de Abril, organizado pelo Conselho da Cultura Galega, com este programa.
Para quantos procuram uma saudável – e inventiva – aproximação à Galiza, mais uma excelente oportunidade.
Bombas publicitárias
Segundo o Público de hoje (ver Cultura), Margarida Rebelo Pinto e o seu editor, a Oficina do Livro, tentarão judicialmente impedir a publicação de Couves & Alforrecas, o livro (editado pela Objecto Cardíaco) em que João Pedro George estuda a escrita da autora.
Não bastando já o bem que João Pedro George vem fazendo aos nossos estudos literários (a Estilística foi sendo abandonada por uma faculdade de letras crescentemente anémica e medrosa da literatura), ainda por cima se tenta, com recurso a tribunais, impedir que o seu trabalho atinja um maior público.
Nada (a não ser isto) contra a Oficina do Livro. Ela vem pondo cá fora excelentes coisas, como o Miguel Sousa Tavares (sobretudo o contista e cronista). Mas que uma bela bomba publicitária se arrisca a privar-nos de um belo estudo literário, não sobre dúvida.
[Com um obrigado à Margarida P.]


