Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão.
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Dominguice

O Nobel da Física deste ano foi para três investigadores e suas descobertas na área da medição dos electrões com lasers. Na prática, as suas invenções permitem fotografar e filmar esses bicharocos com cada vez maior precisão. Ora, acontece que os electrões movem-se a uma velocidade um bocadinho mais rápida do que um veículo na Segunda Circular em hora de ponta. A unidade de tempo em causa é o attossegundo. A imagem usada na Wikipédia para ilustrar a sua dimensão é esta: há quase duas vezes e meia mais attossegundos dentro de um segundo do que segundos decorridos desde o Big Bang. Recorrendo a um supercomputador, arranjei outra: se imaginarmos que um attossegundo tem a duração de um segundo, a luz demoraria mais de 100 mil anos para percorrer 1 metro. Coisas que se passam no reino dos triliões, para menos.

A espantosa complexidade da biologia, que nos dá a vida e a morte, precisa de muito tempo para se desenvolver. O tempo que a civilização levou até chegar a esta capacidade de inteligência contando a partir da pedra lascada, na comparação, é como um attossegundo, ou mesmo yoctossegundo, em rápida aproximação ao Tempo de Plank. As bactérias e os vírus que nos tratam mal terão como destino serem vistos como lesmas preguiçosas com as futuras tecnologias nascidas destes avanços científicos.

Clube de fãs da Ângela Silva

«Moedas assumiu a dianteira política. Marcelo escolheu as entrelinhas da História. Mas ambos puxaram as orelhas a Costa.»

Marcelo & Moedas: ou se reforma a sério ou pode acabar mal

A imagem do puxão de orelhas, castigo de antanho dado aos putos malcriados ou tão-só irrequietos pelo mestre-escola, c’est tout un programme (como dizem os ingleses, os cultos). Corresponde com precisão metafórica ao que a nossa Ângela concebe como ciência política: essa tarefa de dar tautau nos socialistas porque não têm maneiras nem condições para governar. Marcelo e Moedas, esses sim, sabem como mandar no povo e têm escola, berço. Costa não passa de um arrivista, um habilidoso (ou seja, um novo-rico da política que está a usurpar o lugar onde poderiam estar os amigos desta senhora).

A vida é simples para a Ângela Silva. E parece bem prazerosa.

Celebrar a República

É não só curial como oportuno celebrar a República recorrendo às palavras do mais alto representante da mesma, o Presidente da República. Porquê? Porque ele é o garante do regular funcionamento das instituições. Ou seja, tudo e todos dependemos dele, pois ninguém quer viver num país onde exista um irregular funcionamento dos órgãos de soberania, prelúdio do que seria um Estado falhado a curto prazo.

Pois esse senhor lembrou-se de dizer o seguinte:

«Em entrevista à TVI/CNN Portugal, na segunda-feira à noite, o primeiro-ministro, António Costa, voltou a criticar "fugas seletivas" do Conselho de Estado e manifestou a certeza de que o Presidente da República "cuidará da estrita aplicação da lei" e irá "garantir o normal funcionamento do seu órgão de consulta". Confrontado com estas declarações, o chefe de Estado contrapôs que "uma coisa é especulação, outra coisa é fuga de informação", salientando que no caso da última reunião ainda não foi aprovada a ata, que é o que "vale como verdade". Marcelo Rebelo de Sousa defendeu, por isso, que "é prematuro estar a dizer se aquilo que se chama fugas de informação foi fuga de informação ou uma mera especulação analítica no exercício da liberdade de imprensa". "Portanto, daí partir para teses acerca do regular funcionamento do Conselho de Estado é obviamente prematuro e não corresponde à realidade existente. Atenhamo-nos à realidade existe, até como forma de respeitar o órgão, e não, de forma, digamos assim, incidental, criar espaço ou supostamente criar espaço para diminuir o peso institucional do órgão", acrescentou.»

3 de Outubro

Perceberam? É o método Joana Marques Vidal, copiado de quando a ex-PGR aparecia sorridente a explicar aos jornalistas que as supostas violações do segredo de justiça não passavam, para ela, de uma fantasia. Primeiro, tinha-se de concluir as investigações, tratar da papelada, depois fazer uns inquéritos, coçar a micose, e só no fim (leia-se, daí a uns valentes anos) é que se poderia confrontar as alegadas violações do segredo de justiça com o que realmente constava do processo. Às tantas, não estava lá nada disso que na actualidade alimentava o linchamento político, social e pessoal deste e daquela na indústria da calúnia. O que, portanto, não poderia ser considerado uma violação do segredo de justiça, né? Donde, toca a circular, não há nada para ver e segue o vale tudo para os procuradores criminosos. A direita decadente adora a santa Joana por estes e outros predicados similares.

Marcelo é mais elaborado, porque tem ainda menos espaço de manobra. Daí ter de recorrer a uma chicana de vendedor de atoalhados na feira da Malveira. O seu desempenho está ao mesmíssimo nível da justificação que deu no Canadá acerca da boca ao decote da filha ao lado da mãe. No caso, substituiu o frio pela acta. E ainda conseguiu pintar Costa como o mau da fita, fulano que anda a criar problemas quando devia era comer e calar.

Ora, continuando a dar o máximo de atenção às palavras do senhor, saltemos para isto:

«O Presidente da República afirmou esta sexta-feira ter ficado ofendido com a quebra de sigilo sobre o conteúdo das reuniões do Conselho de Estado, salientando que, além da quebra, "havia uma versão que era o contrário da verdade". À margem de uma visita à Feira do Livro, no Porto, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre as declarações do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, que na quinta-feira considerou que fugas de informação sobre reuniões do Conselho de Estado são uma ofensa a este órgão de consulta e aos conselheiros. "Percebo que fiquem ofendidos, como eu fiquei, porque além da quebra do sigilo, havia uma versão que era o contrário da verdade em relação a mim", referiu o chefe de Estado, escusando-se a comentar novamente o tema.»

8 de Setembro

Percebem? Em Outubro estava já esquecido do que tinha dito em Setembro, altura em que para ele havia quebra do sigilo. Menos de um mês depois, a quebra do sigilo transformou-se em “mera especulação analítica no exercício da liberdade de imprensa”. Fórmula que passa a caracterizar as declarações de três conselheiros de Estado violadores do tal sigilo com o máximo impacto mediático possível: Lobo Xavier, Marques Mendes e Cavaco Silva.

O desconchavo acelerado de Marcelo Rebelo de Sousa, de que as suas palavras são prova incontornável, é uma das melhores homenagens a contrario ao ideal da república. Basta imaginá-lo como rei.

Decido ir para a rua paralisar o trânsito, em Portugal. O que espero

Aplausos dos condutores, claro, solidariedade, confraternização, uma conversa amigável e um dispersar pacífico sobretudo graças à monotonia. Todos de acordo. Missão cumprida.

 

Missão cumprida? Tudo menos isso. A missão cumprida é mesmo o que aconteceu. Suscitar a fúria e depois chamar violentos aos condutores que os forçaram a desobstruir a estrada, porque tinham mais que fazer. Este é, muito provavelmente, para estes jovens o conceito de missão cumprida. Melhor, penso eu, só se houvesse sangue. Missão em parte por cumprir, portanto.

 

Conclusão para as polémicas que aí andam: se os jovens tiveram o que queriam, e o que queriam não era seguramente o que descrevi no primeiro parágrafo, se alguns até fizeram ginástica num viaduto, que mais há para discutir? Nada. Siga a banda.

Nem os defendo por serem jovens e irreverentes, porque, ouvindo os que falaram, vejo que são é ignorantes, nem os ataco porque me parecem antes indigentes e imitadores e a precisarem de cuidados. Como divertimento, a sua acção também não me parece grande coisa. Não faz rir. Mais importante ainda, não populariza a defesa do ambiente, porque quem conduz automóveis é porque precisa e ficaria até grato se o automóvel não poluísse. E quer pôr pressão justamente no país e no governo que mais tem feito pela implantação das energias renováveis. Talvez irem manifestar-se para a China? Aí, sim, seria um verdadeiro desafio internacional.

Da série “mera especulação analítica no exercício da liberdade de imprensa”

«Cavaco salienta que “a função do Conselho de Estado é apoiar o Presidente no exercício das suas funções como órgão de consulta” e recorda que, no seu tempo, “fazia intervenções bastante longas”. Na opinião do ex-PR, “o primeiro-ministro deve, nas suas intervenções, mostrar que está melhor informado do que todos os outros membros do Conselho”.

É por isso que Cavaco Silva estranha o silêncio de António Costa no Conselho de Estado. “Corroboro aqueles que disseram que não é normal. Devo dizer que, nos meus 28 anos de Conselho de Estado, não me recordo de uma situação dessas”»


Fonte

Cavaco chafurda na violação do sigilo a que os membros do Conselho de Estado estão obrigados. A vaidade e o rancor são o único alimento dos seus neurónios. Desta personagem há a dizer que seria preciso nascer cem vezes para se ser tão sonso, tão hipócrita, tão imoral como o autor da Inventona de Belém.

Marcelo fora-da-lei, ouve-se no silêncio

«Sobre o seu alegado silêncio, Costa ainda disse que "a história não é bem assim" como surgiu na imprensa, mas recusou dar mais pormenores e remeteu para a divulgação do conteúdo da reunião para 2056, ano em que estas actas serão públicas.

Ainda assim, frisou que "não é habitual e foi muito inusitado" que tenham existido "fugas seletivas" da reunião, mas, questionado se tem receio de que o conteúdo das suas intervenções futuras seja divulgado, respondeu negativamente.

"Não tenho desconfiança relativamente às pessoas que lá estão, até porque a generalidade da opinião das pessoas que lá estão é conhecida. Só ex-líderes do PSD estão lá quatro", disse.

"Tenho a certeza que o senhor Presidente da República cuidará da estrita aplicação da lei. Não me passa sequer pela cabeça que o Presidente da República, como garante do normal funcionamento das instituições democráticas, não comece por garantir o normal funcionamento do seu órgão de consulta", disse, defendendo que "todos os conselheiros têm de se sentir totalmente livres" para poderem exprimir o que pensam.»


Fonte

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Dominguice

Esta coisa do comentariado deu o berro. Pode e vai continuar a existir mas à maneira das “manhãs da televisão” e das “tardes da televisão”: espaços onde o convencionalismo estéril é não só a regra como uma necessidade para a audiência. A ideia de que a opinião de uma pessoa tem relevância apenas porque quem a solta lhe dá importância é um modelo que só funciona na academia e na ciência. Nesses dois casos porque, supostamente, tem de se prestar provas das competências intelectuais próprias e depois dar provas para as opiniões defendidas. No caso dos espaços de comentário político, os artistas ou estão a trabalhar para a agenda do seu grupo de interesses ou afinidades ou estão a delirar em modo megalómano e narcisista. Daí a exaltação, a voracidade e a fúria exibidas.

Há excepções, não há é pachorra para os restantes quase todos que se limitam a produzir e encenar um passatempo.

Diga 133

«O inquérito também incidiu sobre a distribuição dos processos, nomeadamente à revelia das normas estabelecidas. Portugal, com 27%, e Espanha, com 26%, são os países que mais concordaram que “durante os últimos três anos, foram distribuídos processos a juízes à revelia das regras ou procedimentos estabelecidos, a fim de influenciar o resultado do(s) litígio(s) em questão”.»

Fonte

Este estudo já tem mais de um ano desde a sua publicação. Ignoro por que razão está agora na berlinda. O que me leva também a ignorar por que razão não se falou dele, ou com o actual destaque, o ano passado. Seja lá qual for a explicação, o que temos à frente é uma pedrada no charco.

Imaginemos que um órgão de comunicação social qualquer investia uma pequena fortuna para investigar a Justiça em Portugal. E que depois de meses e meses de encontros secretos conseguia obter de 133 juízes portugueses declarações que lançavam a suspeita de haver processos distribuídos irregularmente com a finalidade de influenciar litígios. Não de cidadãos envolvidos em processos, não de advogados com interesses em processos ou em mediatismo, não de comentadores, não de jornalistas. De juízes. Juízes a denunciarem juízes. E não só um ou dois mais avariados da corneta mas 133. Qual seria o impacto social e político de uma peça dessas?

Desde que há tribunais, em qualquer parte do mundo, que há suspeitas sobre a idoneidade dos juízes. É inevitável por razões que nem sequer carecem de esclarecimento. Daí, a problemática que o inquérito da Rede Europeia de Conselhos de Justiça também aborda relativamente às disfunções individuais geradas pela comunicação social ser relevante mas não crucial para o diagnóstico que se nos apresenta. Qualquer juiz é um sujeito antropológico, com as condicionantes inerentes no plano cognitivo, ideológico, emotivo, moral e circunstancial. O que fica como indelevelmente espantoso é o reconhecimento por 133 juízes de existir corrupção sistémica na Justiça portuguesa.

133 juízes não é um pequeno número, é gigante. Este inquérito recolheu respostas de 494 juízes portugueses, o que corresponde a perto de 30% do total dos juízes em funções na Grei ao tempo. Não estamos, pois, no território das sondagens com amostras ínfimas. Estamos é no domínio dos referendos. E, na enxurrada, todo o sistema político mais a comunidade ficam aqui expostos como cúmplices, traficantes e algozes.

Abate-se sobre a indiferença generalizada a tragédia de não termos quem nos defenda do pior inimigo que é possível conceber: aquele a quem entregamos a administração da Justiça.

A indústria da calúnia é muito mais do que um negócio

«Portugal é um dos países onde os juízes mais consideram estar sujeitos às pressões externas, como a comunicação social ou as redes sociais. 40% dos juízes portugueses pensa que já ocorreram decisões em que foram influenciados pela comunicação social.»

Fonte

Ilações:

Se 40% dos juízes portugueses que responderam ao inquérito assumem haver colegas, ou terem sido os próprios, a decidir judicialmente por influência da comunicação social, tal permite extrapolar que outros 40% pensam o mesmo mas não o admitiram por cumplicidade com a prática, e que os restantes 20% não têm a certeza, ou têm vergonha de o reconhecer, daí não o confirmarem.

Se há uma maioria provável de juízes a decidirem judicialmente por influência da comunicação social, quem controla a comunicação social está a controlar os juízes.

Para descobrir quais os casos onde com elevadíssima probabilidade a comunicação social influenciou as decisões judiciais dos juízes basta fazer uma correlação entre a extensão e selvajaria da cobertura mediática de certos casos com as decisões processuais e sentenças respectivas pelos tribunais.

Se isto se passa assim, e assim confirmam os juízes que se passa, a ideia de que vigora o Estado de direito democrático em Portugal é uma balela.

Se os constitucional, política e socialmente protegidíssimos juízes pervertem a sua formação, a sua deontologia e a sua consciência por influência da comunicação social, que farão os procuradores, os polícias e os jornalistas?

Na imprensa dos brandos costumes, quando o alvo é da direita

O editorialismo e o comentariado, na sua quase totalidade, abafaram a análise e interpretação das cenas pícaras de Marcelo no Canadá para lá do mínimo inevitável. Por falta de interesse ou oportunidade? Não, ao contrário: por serem assombrosamente graves. Por não terem defesa possível, alguma que fosse. A sua gravidade não está na temática sexual ultrajante ou no estilo rasca exibidos, o que em si já é grave naquele nível de representação política, está na evidência de estarmos perante uma conduta anómala que põe em causa as competências cognitivas para as responsabilidades do indivíduo em causa. Se ele não tem noção do efeito que provocou, de que terá noção? Se tem noção, onde está o seu arrependimento? Se não se arrepende, quem poderá confiar na sua pessoa?

Incrivelmente, é preciso ir até à Renascença para encontrar uma denúncia conforme à realidade do caso: Marcelo e o decote: “O Presidente tem que se controlar”. Sintomaticamente, quem a faz não é português. Olivier Bonamici aponta a duas características do episódio que explicam a censura dos espaços da opinião profissional a respeito do mesmo: (i) o carácter chocante da atitude de Marcelo para o espectador comum da cena; (ii) a certeza de que alguma coisa parecida em Espanha ou França teria causado um escândalo homérico. Tal quer dizer que os jornalistas e comentadores portugueses que preferiram o silêncio são política e moralmente cobardes. Com as devidas excepções, surpresa nenhuma.

Mas houve quem não se pudesse conter, uns fogachos de indignação. A incrível Ângela Silva fez uma súmula dessa reacção — “We are bacalhau”? He is Marcelo — aproveitando para repetir uma informação que, essa sim, justificaria um Conselho de Estado de emergência: isso de Marcelo não “ouvir” ninguém. Já o tinha dito há perto de um ano, noutro dos momentos baixíssimos de Marcelo. É a fotografia de um louco à solta, pois a loucura é sempre a perda da capacidade de acolher os outros, o deslaçamento da relação à comunidade.

O Governo e o PS não retiram qualquer vantagem de terem um Presidente da República não só politicamente enfraquecido como eticamente desautorizado e ainda balhelhas. Nem a oposição. Vamos com um ano de instabilidade política nascida exclusivamente do irregular funcionamento da instituição Presidência da República. Um jornalismo que enche a boca com a liberdade da imprensa e a defesa da democracia quando quer difamar e caluniar à-vontade, e depois não consegue dizer que o Presidente vai nu e cego, é uma causa essencialíssima deste espectáculo vexante.

A gravidade disto

Esta peça de Victor Moura-Pinto — Um decote marcou a semana política — denuncia como hipócritas tudo e todos. De acordo com o autor, que junta gravações para o ilustrar e provar, o episódio no Canadá não foi a excepção no comportamento de Marcelo, é a regra. O actual Presidente da República não só é ostensivo na sexualização das mulheres através do verbo insinuante como roça (e se roça) no abuso corporal com a sua exigência de beijinhos, toques e abraços. No pleno das fêmeas? Moura-Pinto detalha que Marcelo prefere as mais novinhas, embora também despache as que lhe parecem fora de prazo com carimbos como “Há 10 anos era de perder a cabeça”.

É fácil fazer uma montagem que crie a percepção errada sobre a relevância desta objectificação do feminino. Porém, contudo, todavia, aposto os 10 euros que tenho no bolso como nesta peça ele está a tentar fazer verdadeiro jornalismo. Isto é, divulga informação com interesse público ignorada por muitos, seguramente por mim: a de que Marcelo Rebelo de Sousa, ocupando o mais alto cargo da Nação, tem uma conduta indigna das suas responsabilidades também nisto da condição feminina — ou seja, na condição humana e no mero respeito por pessoas e suas famílias. E que essa disfunção não começou em Setembro de 2023, tem anos. E que tal é sabido por quem o acompanha e faz a cobertura noticiosa ou meramente calha estar presente para o testemunhar, seus moralistas merdosos.

Dias depois desta peça vi outra, que infelizmente perdi e não consigo reencontrar. Nela, uma jornalista explicava que a polémica no rectângulo com o decote não tinha chegado ao Canadá. E lá aparecia Marcelo a fazer das suas. Viu-se uma adolescente, ou jovem adulta, a ir ter com ele para uma foto com o seu telemóvel. Ao abraço efusivo seguiu-me uma pantomima em que Marcelo segurava o telemóvel e o usou para demonstrar o seu entusiasmo com o corpo e aparência da rapariga, baixando-o e levantando-o para apanhar a chicha completa enquanto soltava exclamações lúbricas.

Não devia ser necessário explicar mas Portugal assim o exige: a gravidade disto ultrapassa drasticamente a gravidade disto.

Dominguice

O que fomos e o que seremos são intangíveis. A consciência do presente uma alucinação dilacerante ou extasiante. E o resto todo à volta fragmentário, confuso, ignorado.

Apesar disso, esbanjamos infinitos.

Este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório