Revolution through evolution

Persistent Stereotypes Falsely Link Women’s Self-Esteem to Their Sex Lives
.
‘Disagreeable’ married men who shirk domestic responsibilities earn more at work, study shows
.
Women’s mental health has higher association with dietary factors
.
Study finds novel evidence that dreams reflect multiple memories, anticipate future events
.
Rudeness leads to anchoring, including in medical diagnoses
.
Findings suggest that consuming mangos, honey and spices could bring important health benefits
.
New Research Shows Link Between Politics, Boredom and Breaking Public-Health Rules
.
Continuar a lerRevolution through evolution

Esclareçam-me, que esta polémica dos dados parece-me um bocado estúpida

Numa interpretação benigna, talvez por ter uma importância relativa, a questão da comunicação de informações sobre os promotores de uma manifestação à embaixada da Rússia em Portugal não foi notícia quando chegou ao conhecimento dos jornalistas em Janeiro. Talvez. De facto, como considerar grave que uma lei obrigue à comunicação dessas informações ao Estado visado (através da sua embaixada), quando no dia seguinte essas mesmas pessoas se vão apresentar em público, de cara destapada e prontas a serem filmadas, fotografadas, identificadas, e a gritarem ao que vêm? Qual a diferença em termos práticos? Essas pessoas constam com certeza dos registos do consulado da Rússia.

 

Claro que do que acabo de dizer não se deve deduzir que eu concordo com a transmissão de dados sobre a morada e o nome das pessoas que promovem uma manifestação à embaixada do país contra cujo governo as mesmas protestam. Acho que não deve fazer-se nem é necessário fazer-se, mas também acho que de certo modo é irrelevante. Possivelmente, a ideia inicial da lei era informar o alvo do protesto sobre quem o organiza e por que motivo, quando e aonde, até por uma questão de prevenção e de “preparedness”. Não sei. Parece-me também que uma forma de comunicação é uma questão de cortesia diplomática mínima. Se alguém se quisesse manifestar em Amesterdão ou Haia contra o governo português, eu agradecia, enquanto embaixadora, que me informassem de quem são e o que querem (além do local e da hora), não? Sem necessariamente exigir que a Câmara local me desse os nomes e moradas dos organizadores, claro, mas enfim, se se tratasse de uma organização não clandestina ou ilegal, porque não?

É ou não verdade que, hoje em dia, a partir de qualquer fotografia ou imagem é possível saber quem é a pessoa e onde mora, principalmente se essa pessoa provier de um país com registos, com embaixadas com registo dos cidadãos cá residentes, etc.? Ora, que se saiba, os russos que agora se queixam não vivem cá ilegalmente. A sua identificação não é difícil, se as autoridades russas assim o pretenderem. E todos sabemos de como são competentes nessa matéria. Mas, mais uma vez, nada disto obsta a que seja um erro transmitir informações pessoais só porque sim. Mas consta que, depois de um protesto da activista russa que continua a viver pacificamente em Portugal e não se incomodou nada de falar ao Expresso, isso foi corrigido. Agora, que estejamos perante um crime da maior gravidade, não. Poupem-nos aos vossos calores.

 

Por isso, as ou os activistas que agora dizem que vão para tribunal e mais não sei o quê por causa de uma grave violação dos dados pessoais estão claramente a exagerar e a aproveitar a suposta indignação dos opositores a Medina para ganharem dinheiro. É pena, porque eu até acho que se deve protestar contra o regime de Putin e que é preciso alguma coragem para o fazer. Mais lá na Rússia do que neste cantinho soalheiro à beira-mar, diga-se. Passaram-se cinco meses e ninguém foi envenenado nem levado à força para a Rússia. E podemos ter a certeza de que, se tal tragédia acontecesse, não seria porque os serviços da Câmara de Lisboa comunicaram os nomes dos promotores da manifestação à embaixada da Rússia em Lisboa. Sejamos realistas. Uma manifestação é o contrário de uma descida à clandestinidade.

 

Voltando lá acima. Disse “talvez” no primeiro parágrafo, porque pode dar-se o caso de os jornalistas em causa, ao serviço da direita, terem achado que tinham em mãos um enorme furo jornalístico-político e terem decidido deixar a questão de pousio até melhor altura, digamos que mais próximo das eleições autárquicas, para, aí sim, a apresentarem como grande bomba, ajudando a pobre campanha do Moedas a dinamitar a do Medina. Afinal, os jornais que lançaram a notícia pseudo-escandalosa são declaradamente da direita – o Expresso e o blogue noticioso Observador. Se foi isso, não lhes correu lá muito bem, quanto mais não seja porque, um dia volvido apenas, e o próprio Moedas já se encarregava de mostrar a sua falta de nível, de jeito e de pruridos ao querer fazer-se passar por convidado no fórum TSF quando fora ele próprio a inscrever-se, como outros, para falar, qual “troll”. Ridículo. Se a ideia era promoverem esta coisa, melhor abortarem qualquer plano. Já. O ridículo do homem arrasta todos os seus promotores.

 

Moedas tem sido muito menos do que se imaginava

Moedas vai tirar alguma vantagem eleitoral do caso da partilha de dados pela CML? Não vejo como. A questão da segurança dos cidadãos é altamente relevante, em várias dimensões políticas e cívicas, mas, para além de entrar no esquecimento muito em breve e deixar Medina moralmente intacto, não tem em si mesma tracção popular para alterar votos no eleitorado socialista nem conta para qualquer mecanismo de inibição no eleitorado não socialista que está agradado com a pessoa e a obra de Medina (como as sondagens mostram).

Outro corvo crocitaria se Moedas tivesse aproveitado a ocasião para mostrar talento político. Para tal, teria de surpreender a malta – até chocar os seus generais, tenentes e broncos de serviço – apresentando-se como estadista. E, como estadista, poderia mesmo mostrar solidariedade para com o actual presidente da Câmara de Lisboa, a quem ele reconheceria total inocência no campo das intenções à volta desta infeliz anomalia da lei, ou da sua interpretação, ou do arbítrio dos serviços, ou de tudo à mistura. Caso fosse por este caminho, Moedas chamaria a atenção da sociedade e gerava uma expectativa positiva no eleitorado susceptível de vir a acreditar nas suas promessas e dar-lhe o voto.

Não foi. Surgiu banal, oportunista, eleitoralista, hipócrita. Agradou aos seus generais, tenentes e broncos de serviço, claro. Mas foi ignorado por aqueles que acham ser a política um concurso de boas ideias para a cidade, não uma rixa entre facções suburbanas (pun intended). Para cúmulo, o lapsus linguae no Fórum TSF exibe um candidato que se permite ser gozado como patareco. Alguém lhe devia tentar explicar que nada do que tem visto a direita portuguesa fazer após Sá Carneiro, Lucas Pires, Adriano Moreira e Freitas do Amaral (seres que parecem mitológicos comparados com a actual direita decadente) é exemplo para arrepiar caminho e surgir competitivo no páreo com Medina. Por outro lado, se continuar a representar um papel para que não tem jeito, antecipam-se novos momentos desopilantes. Ficaremos sempre a ganhar.

Rui Rio, do banho de ética à banhada tétrica

🛀🪠

Rui Rio desceu à Capital convencidíssimo de que o PSD estava tão mal que, com ele no leme, só poderia melhorar. Enganou-se. Porque embora não esteja pior do que com algum passista ou cavaquista a empestar o laranjal, o seu PSD continua no fundo do poço entretido a escavar o solo por baixo dos pés. Está apenas um bocado mais ao lado dos fanáticos da austeridade salvífica e dos profissionais do golpismo, quanto ao estado de decadência é exactamente o mesmo. Um caso em que as paralelas se tocam, se entrelaçam e começam a produzir vexantes nós cegos.

Analisemos a degradante estupidez acima exposta com o nome e busto de Rui Rio:

– Obsessão parola e paranóide com o comentariado.
– Deturpação sectária da paisagem mediática, dominada pelas diferentes direitas e sem qualquer espaço editorial que se possa identificar com o PS. É que nem a RTP escapa ao monopólio direitola.
– Concepção da vida partidária como farsa cívica sustentada na baixa política e no proselitismo de aluguer.
– Ataque ao carácter de Pedro Adão e Silva.
– Lançamento de calúnia que atinge um número indeterminado de cidadãos.
– Apelo ao populismo da inveja asinina e odienta.

Isto vem do homem que encheu a boca com o sermão do “banho de ética”. O banho que ele prometeu, que anunciou estar em condições de dar ao PSD e, por arrasto, a toda a classe política e à sociedade, é agora um charco imundo onde chapinha e gorgoleja cada vez mais desesperado, cada vez mais fétido.

Rui Rio já se considerou a si próprio no remoto passado como um “extraterrestre na política portuguesa” e o “político do Norte que não percebe nada disto”. Nunca exercícios de duvidosa auto-ironia se revelaram tão proféticos.

Contra a pulharia, pensar, falar

O “Dilema” é um segmento do espaço noticioso “Noite 24”, na TVI24, onde alguns convidados discutem um assunto do dia durante 25 minutos. Nesta quarta-feira, André Coelho Lima (pelo PSD), Pedro Delgado Alves (pelo PS) e Joana Amaral Dias (com o estatuto de “comentadora TVI”) foram os protagonistas de uma simulação de debate acerca do tema “As nomeações do PS”.

No final do vídeo, exactamente nos últimos 13 segundos, podemos ver a jornalista Sara Pinto a rir-se com os risonhos Joana e André. E vemos o Pedro a desinfectar as mãos com uma expressão séria e recolhida, talvez até crispada, sem olhar para o trio que galhofava. O motivo imediato da risota nasceu do atropelo da Joana ao André, impedindo este de falar na sua vez e ficando o senhor sem tempo para uma última intervenção. Mas havia mais e bem mais fundos motivos para os folguedos de satisfação nestas três figuras.

Quem viu, ou for ver, pode comprovar: a ex-bloquista boicota a suposta finalidade da rubrica ao impedir o Pedro de completar, ou sequer começar, os seus argumentos. A forma como o faz, de acordo com a caricatura em que se tornou nos últimos anos para ocupar um lugar na indústria da calúnia e do populismo mediático, é abjecta até à agonia, uma mistela de chungaria mentirosa com soberba incontinente. Porém, todavia, contudo, essa dimensão teatral da sua persona mercenária reduz-se à irrelevância quando comparada com o efeito conseguido junto das audiências. Esse efeito consiste no triunfo da irracionalidade violenta e persecutória. A essência mesma de um monstro, portanto.

Daí o riso final. Porque há vantagens nessa irracionalidade e nessa violência para certos agentes. Vantagens para o opositor político do Pedro, agradado com a má-fé e sujidade que diminuiu a eficácia do discurso da concorrência. Vantagens para a jornalista, que serve um patrão interessado na política-espectáculo, para quem o espaço público pode e deve ser envenenado desde que haja uma miragem de lucro nisso. E vantagens para a artista, a “comentadora TVI”, que fornece ao mercado um produto com muita e poderosa clientela. Veja-se em quantos palcos tem actuado aquela que já foi uma das mais queridas estrelas de Louçã e da sua auroral “esquerda grande”.

Este tipo de programas onde se permite fazer da chicana e da protérvia armas de arremesso, como o Pedro chega a conseguir formular debaixo da intoxicação emocional lançada para o confundir e inibir, atenta contra a democracia ao provocar repulsa pela política e pelos políticos. O que em muitos, bem-intencionados, leva a uma reacção higiénica em que se pede distância de figuras como Joana Amaral Dias, André Ventura e quejandos. Para mim, tal desiderato não pode ser mais errado. Do que precisamos é de expor os demagogos, os populistas e os pulhas na sua miséria intelectual e moral. Fazê-lo de modo implacável, em nome da República e como serviço de auto-defesa e pedagogia comunitárias. Infelizmente, não existe um único espaço mediático onde tal possa acontecer. Porque pede tempo, porque exige coragem. Tempo para desmontar, rebater, expor, relacionar, apresentar. Coragem para subir às muralhas da cidade quando esta está cercada e em vias de ceder.

“Está tudo na Net”, descobriu o Zé Gomes


[a partir do minuto 12]

🚀

José Gomes Ferreira, director-adjunto de informação da SIC, encontrou provas de Marte ter zonas verdes e azuis, algumas idênticas às que vemos na Terra. Ele também sabe terem os países que mandam sondas a Marte combinado ocultar dos terráqueos estes dados a respeito do enganadoramente chamado “Planeta Vermelho”. Os piores nesta interplanetária cabala são os americanos, os quais pintam obsessivamente de tons castanhos e alaranjados todas as fotos de Marte para disfarçar pedaços verdes e azuis. Os europeus parecem mais desleixados na matéria, se bem entendi as explicações do famosíssimo jornalista.

O que no episódio importa não é o fulano e a sua epistemologia digitalóide. Declaro que não o acho maluco, nem parvo, antes notavelmente bem preparado para utilizar um navegador de Internet sem se magoar a si ou a terceiros, e, portanto, muitíssimo bem informado acerca do que se pode ir buscar à Net. O que importa no episódio é a SIC. A SIC paga-lhe, deu-lhe um cargo de direcção, permite-lhe usufruir do tempo de antena que quiser para lançar no espaço público outras ideias deste calibre, realismo e supina inteligência. O Zé Gomes usa a sua invejável acutilância para investigar o tenebroso fenómeno de estarmos rodeados por marcianos a mando do Estado, do PS e da Maçonaria (embora não necessariamente por esta ordem). Tem dedicado a maior parte da sua vida adulta a alertar-nos para tal. Devemos agradecer ao tio Balsemão pelo privilégio de ainda haver alguém com coragem para esse homérico combate.

Tudo isto que eu estou a dizer não saiu da minha cabeça“, revela ao minuto 24. Acreditamos sem dificuldade, Zé Gomes. É bem possível que a tua cabeça seja apenas um local de passagem das mais desvairadas e arrebimbomalhantes ideias da Net. Vou até mais longe: no dia em que algo consiga sair da tua cabeça, ou o mundo estará para acabar ou já haverá socialistas em Marte a lançar parcerias público-privadas (tanto nas zonas verdes como nas azuis, pois os cabrões não perdoam).

Concerteza, Dr. Rui Rio

Já não ia ao Twitter de Rui Rio, esse espaço de primorosa stand-down comedy, há uns meses. Algo me buzinou para lá voltar, na certeza de com certeza valer a pena. E assim foi, não falha. São três exemplos de rajada. Eis como o chefe da oposição, brilhante economista e distinto ex-aluno do Colégio Alemão do Porto, consolida a genial estratégia eleitoral de se expor sem decoro, sem noção e sem gramática:

Revolution through evolution

Revealed: men and women do think and act differently
.
Brain activity reveals when white lies are selfish
.
People who eat a healthy diet including whole fruits may be less likely to develop diabetes
.
People who regularly consume milk have a lower risk of heart disease
.
Kids who sleep with their pet still get a good night’s rest
.
Culture drives human evolution more than genetics
.
Conservatives more susceptible to believing falsehoods
.
Continuar a lerRevolution through evolution

A direita portuguesa não tem programa mas tem “pogrom”

«E o medo que eles têm é muito grande. Porque, podemos sempre pensar assim: se com Passos Coelho houve um primeiro-ministro socialista preso, talvez com André Ventura houvesse vários dirigentes de esquerda presos em Portugal pela simples razão que roubaram este país, e roubaram-no até ao tutano!»


Futuro ministro de um Governo PSD

🙉🙈🙊

Que tenha apanhado, é a segunda vez que André Ventura ameaça prender cidadãos de esquerda por serem de esquerda. No primeiro registo, relacionou-os com o 25 de Abril e com o castigo que se devia abater sobre eles em nome das vítimas da instauração do regime democrático, os apoiantes do Estado Novo. Agora, justifica o sonho de futuras prisões políticas com a acusação de os “dirigentes de esquerda” terem cometido crimes contra o património. Em comum, a farronca feirante e a segurança de poder fazer estas peixeiradas contra a Constituição e a sanidade mental sem que receba qualquer resposta, qualquer censura, qualquer reacção.

De acordo com o Google, apenas o Jornal Económico transcreveu a mesma passagem que coloquei acima. O silêncio reinante é bem português, só que em versão salazarista. Revela a dimensão cobarde do teatro social, com a direita a rir-se de mão na boca com a pulhice do seu palhaço tonto e a esquerda indiferente e armada em fina achando que apenas está em causa um truque imbecil para manter os holofotes na alimária. Acontece que nada há de arbitrário nem de irrelevante na convocação de Passos Coelho para o número, pois a sua fama messiânica deve-se, sem segredo, a esse mesmo feito assim celebrado e normalizado pela anomia da sociedade: Passos falhou todos os objectivos com que se candidatou em 2011 mas acertou no que mais importava para os fanáticos, os impotentes e quem os explora – prendeu Sócrates, o fabuloso e horrendo inimigo fonte dos mais humilhantes pavores; no que fica no imaginário cúmplice de toda a direita decadente como o supino troféu de sangue político antes de um real assassinato.

A Quarta República apregoada pelo Ventura carrasco da esquerda não difere substancialmente do que já conhecemos com o lançamento do “fim da impunidade” pela boca de Paula Teixeira da Cruz e mão de Joana Marques Vidal. Também com esse grito de guerra se anunciou o projecto de prender políticos e governantes de esquerda, no caso todos do PS et pour cause – algo que Passos declarou desejar logo em 2010. Se assim o disseram, melhor o fizeram. Não há registo na história de Portugal, sequer longinquamente aproximado, da quantidade inesgotável de recursos estatais e particulares gastos a investigar governantes como se fez para tentar incriminar, ou de alguma forma comprometer judicialmente, quem participou nos XVII e XVIII Governos Constitucionais. Até os cartões de crédito de ministros e secretários de Estado foram exaustivamente vasculhados, para acabar em tribunal com duas chachadas envolvendo livros e revistas. Alguém que faça a lista do que ainda está a marinar no Ministério Público para ser usado nos períodos eleitorais e enquanto certos alvos socialistas tiverem potencial político.

Sem surpresa, ontem Ventura foi entrevistado e o jornalista não tocou no assunto do seu programa para meter esquerdalhos nos calabouços. Não foi capaz de tentar saber como é que Ventura iria prender os tais “dirigentes de esquerda”, como e quanto é que eles roubaram ou sequer os seus nomes. Azar o nosso, não existe imprensa em Portugal. Daí esta infestação de pulhas que empesta a nossa sórdida direita e alicia os rapaces, os infelizes e os desgraçados.