Of Montreal Wraith Pinned to the Mist and Other Games
No beijo que me deste nessa despedida
Ficou o teu tempo todo concentrado
Parte da tua alma, toda a tua vida
Em luz sem presente fez-se só passado
Havia a varanda das belas meninas
Vendo os mascarados, mimos no passeio
Depois de atirarem muitas serpentinas
Que à casa ligavam árvores do meio
O meio que agora já só tem asfalto
E os fumos dos carros, feio e doentio
Onde uma sirene me traz sobressalto
E onde chega a névoa que sobe do rio
Foi encontro breve, como de rotina
Chamavam tarefas do teu dia-a-dia
No beijo voltaste como a ser menina
E a Morais Soares foi a da Alegria
Pequeno anúncio, porque um blog também pode servir para isto:
Amiga, perdi o registo do teu número, porque quando me ligaste estava com o cartão num telefone emprestado. Já deixei mensagem no teu número de lá, mas tenho receio de que o tenhas desligado durante as férias. Se me leres, diz qualquer coisa. Fica já confirmado o almoço para o dia previsto, mas terá que ser entre o meio-dia e as duas, única disponibilidade da outra conviva.
Beijos
À gaja que se preze já não basta vestir bem: tem que ser fashion. Sem guarda-roupa anglófono não vai lá. Para um look adequado há obrigatoriedades que são um must.
Nesta saison, perdão!, season, que o espaço das tradicionais franco fonias se cinge à couture, as calças são skinny, os camisolões chunky, as saias pencil. Nas malhas, impera o cardigan (de sotaque inglês, presumo). E ainda não passei das primeiras páginas. Compreendo que a compra de revistas fenininas seja actualmente pautada pelo jeito que der o saco, o cinto, ou as sabrinas do brinde.
Correia de Campos é o meu ministro favorito. Porque é o que tem a tarefa mais ingrata, aparecer como carrasco. Independentemente do que cada um pense das medidas com a sua assinatura, é óbvio que algo de nunca visto em Portugal tem estado a acontecer na pasta que lhe foi confiada. E aqui faço a confissão: nenhum membro deste Governo, nem qualquer dos seus familiares e amigos, me telefonou para explicar o racional da gestão em curso. Será mais um acto vil de Sócrates, esse de me deixar na ignorância, mas obriga-me a pensar. E penso que não haverá meio mais rápido para perder popularidade e votos do que privar as populações de serviços de saúde. Pior só se o Governo decretasse redução nos salários ou despedimentos compulsivos. Como se viu no caso da morte de uma idosa nas urgências do Hospital de Aveiro, até a Ordem dos Médicos aproveita qualquer pretexto para a canalhice. Não é de esperar nenhum tipo de responsabilidade da populaça raivosa, de autarcas mentirosos e de um Menezes bronco, os quais irão ladrar sem olhar ao porquê nem ao para quê.
Teremos um Governo cheio de pressa para matar os portugueses, sendo essa a única urgência que querem ver a funcionar? Cada um que descubra por si. Entretanto, aplaudo a candura, e autêntica ética democrática, com que as críticas do Presidente foram recebidas. Também essa atitude me aparece como novidade; antinomia absoluta com a cultura do soarismo e, especialmente, do cavaquismo. Ver um governante a reconhecer que se engana, que pode fazer melhor, não é sinal de fraqueza, desenganem-se os tolos. É só possível quando se está pujante de saúde.
Para Confúcio Costa
Mariana sonhou com o jackpot. Nitidamente. Letra por letra. Algarismo por algarismo. E o sonho repetiu-se na mesma noite. A confirmar.
Ela, claro, não era parva. A chance de tudo aquilo acertar era, digamos, uma em um bilião. Se não mais. Mas, então, porque havia o sonho, não lhe diriam, de ser tão insistente?
Mal abriram tabacarias e quiosques, varreu a cidade. Levava o número num papelinho. Lia-o, mostrava-o. Não dizia porquê. Mas era de caras.
O jackpot saiu a um desempregado que se interessava pelo movimento de várias tabacarias. Quando apareceu na televisão, Mariana filou-o. Se era fraca em números, era óptima em caras.
Quando, num beco a que no lusco-fusco o atraiu, lhe retirou a faca e a limpou, achou que, não tendo ficado rica por isso, alguma justiça tinha sido feita.
Não sou iberista. Sou mesmo ferrenhamente, figadalmente anti-iberista. A Península Ibérica é uma racionalização para pacóvios. OK, vou ser simpático: é uma ilusão óptica.
Mas uma Espanha com quatro selecções nacionais parece-me um vizinho muito interessante. No Reino Unido, isso já é rotina.
No primeiro desafio de futebol Portugal-Galiza, ou Galiza-Portugal, lá estarei.
Leia-se mais aqui.
Consta que Menezes disse uma coisa qualquer sobre o Estado, não sei quê dos meses, e desmatava ou desmatava-se ou desperdiçava ou despedia ou despia-se ou qualquer coisa começada por des e terminada em 6 meses ou meio ano ou coisa assim. E isso teve, no País que lê, impacto igual ao de uma melga a marrar de cornos no farolim de um camião TIR a caminho de Badajoz às 4 da manhã e com o motorista afagando os bigodes enquanto se recordava de um memorável chispe de porco com feijão.
Segundo um relatório do Banco Mundial (referido pelo director do Público no editorial de hoje), crê-se que a roubalheira dos líderes africanos para enriquecimento próprio dá ela por ela com os ‘contributos para o desenvolvimento’ saídos dos nossos bolsos.
E para esses bandidos (e alguns honestos sucessores) houve, há tempos, em Lisboa, intermináveis palmadinhas no ombro.
O discurso de Ano Novo do Presidente da República é um logro. 7200 caracteres, fora os espaços, gastos para o boneco. A única ideia que se demarca é a inverosímil admoestação contra os salários dos altos dirigentes de empresas. Que é isto? De que empresas está a falar? De que nível de rendimentos? Estará Cavaco a falar de Jardim Gonçalves, entrando assim na corrida eleitoral em curso no BCP? Está a falar de alguma empresa de curtumes na Beira? Ou estará a falar dos empresários que enriqueceram por terem sido favorecidos no cavaquismo, ganhando tanto que até dava para financiarem o PSD com os trocos? Acima de tudo, que adjectivação merece um discurso que tem uma nulidade de mensagem como prato principal? Esta: bela merda. Não sei quem lhe escreve os textos, mas está a precisar de ajuda.
Na mesma senda, a referência à sinistralidade rodoviária é caricata, tendo em conta a sua irrelevância no contexto do discurso. E a pérola críptica do que foi dito consiste nesta afirmação:
Perante as dificuldades de crescimento da nossa economia, perante a angústia daqueles que não têm emprego e a subsistência de bolsas de pobreza, devemos concentrar-nos no que é essencial para o nosso futuro comum, e não trazer para o debate aquilo que divide a sociedade portuguesa.
Não desviemos as atenções do que é verdadeiramente importante.
Se alguém conseguir decifrar este passo, ou tão-só a quem se destina, é favor partilhar. Receio que esteja em curso uma sampaízação da Presidência.
Portugal é um país sexualmente doente, como qualquer sociedade de herança cultural católica tem de o ser. É um país onde os pais se demitem da educação sexual dos filhos, onde a Escola não sabe o que ensinar no âmbito da sexualidade, onde a enorme maioria de homens e mulheres consente em sexo desprotegido com estranhos, onde a prostituição é um hábito arreigado de Norte a Sul e tanto para os pobretanas como para os ricalhaços, um país onde a mulher é alvo de violência familiar logo desde a infância, continuando a ser violentada na adolescência e depois em adulta, seja sexual, emocional, afectiva, intelectual, social, económica, profissional, política ou fisicamente. Precisamos de nos curar. E pessoas como a Patrícia Pascoal vão ajudar. E tu, não a queres ajudar?
Mesmo quando adormeces tão cansada
O teu cabelo não repousa mas continua
Instala durante as horas da madrugada
Uma montanha no alcatrão da tua rua
Há nele toda a força dum compêndio
Transporta várias lições de geografia
Umas vezes tem o fogo dum incêndio
Noutras há nele a chuva e a neve fria
Tudo depende do estado da humidade
Os ventos, as altas e as baixas pressões
Entre madeixas que existem na verdade
E o relevo criado nas minhas emoções
Aos poucos o mundo passa ao cinzento
Tempo pleno de sombras e de segredos
O teu cabelo está sempre em movimento
Na carícia tenho o clima entre os dedos