Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão.
Apenas para administração interna; o fabricante não se responsabiliza por usos incorrectos deste fármaco.

“Averiguação preventiva” o que significa?

Significa que o PGR pretende mostrar alguma, muito tímida, imparcialidade nos seus critérios para a abertura de uma investigação a um político, isto é, quer mostrar que está a fazer alguma coisa perante uma situação de pagamentos de avenças a um primeiro-ministro do PSD e outras coisas nebulosas, mas neste caso mostra uma extrema boa educação e pede desculpa pelo incómodo. O “preventiva” significa o seguinte: “Sabemos que não há nada, tenha calma, senhor primeiro-ministro, mas é preciso não deixar alastrar o alarido contra nós”.

Para que não haja dúvidas, aprecio estes “pezinhos de lã”, só lamento não serem a postura comum.

Gostaria de me enganar nesta análise. Depois de prevenir o que tiver que prevenir, diga-nos tudo, sr. PGR.

Duplicidade de critérios explicada às crianças

«Segundo ponto, Manuel Pinho. São absolutamente indecentes as tentativas de confundir a situação de Manuel Pinho com a do atual primeiro-ministro. Não, não é a mesma coisa. No caso de Manuel Pinho os pagamentos que recebeu do BES resultam de trabalhos anteriores à sua entrada em funções públicas; no caso do atual primeiro-ministro, os pagamentos à sua empresa resultam de trabalhos prestados durante o exercício de funções públicas.

Mais ainda: na circunstância de Manuel Pinho os pagamentos recebidos eram resultado de um contrato de rescisão que pôs fim à sua relação profissional com o banco; no caso do atual primeiro-ministro, os pagamentos à sua empresa resultam de avenças que estão em vigor. Manuel Pinho foi investigado, foi preso e foi condenado injustamente. Ao atual primeiro-ministro não foi aberta nenhuma investigação.»


A crise das avenças

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Dominguice

É estultícia querer explicar Trump apenas recorrendo à dimensão psicológica. A deriva do Partido Republicano para um populismo nativista, isolacionista e carismático começou, no século XXI, com o Tea Party — este, uma resposta ao choque provocado pela eleição de Obama, o qual representava uma força política e cultural imbatível. Trump só conseguiu derrotar os candidatos Republicanos nas primárias de 2016 porque o eleitorado do partido já estava disponível para uma fase de mudança revolucionária interna. Por cima deste substrato, a comunicação social construiu uma marca Trump monopolizadora da atenção das audiências. O efeito, irónico, foi o de termos um editorialismo que achava estar a gozar com Trump enquanto, simbólica e pragmaticamente, o entronizava como o candidato preferido para um ciclo de combate identitário sem tréguas nem limites. Como exemplo desta dinâmica, entre tantos, o ataque de Trump a John McCain foi, na verdade, um ataque à racionalidade ideológica que se filiava numa tradição patriótica a remontar a George Washington. Um traste imoral a quem os papás ricos safaram de fazer o serviço militar no período da Guerra do Vietname aviltava um dos maiores heróis militares vivos dos EUA e do Partido Republicano num contexto de corrida eleitoral para a Casa Branca, sem ter sofrido qualquer penalização por isso na sua base eleitoral. Ninguém previu, nunca, que tal pudesse vir a acontecer.

O populismo na América não é uma engenharia social, é uma antropologia. Mas, como tudo o resto na esfera política, tem a sua evolução na descontinuidade. O espectáculo circense que está montado, com o Joker a ser Joker, irá fatalmente seguir as leis arcanas que lhe deram a oportunidade de ter nascido.

Pergunto se o Ministério Público só investiga o PS

Não há parágrafos para ninguém, agora que o PSD está no Governo. Nem transparência no Ministério Público (Amadeu Guerra não respondeu às perguntas dos jornalistas, já que tem em mãos uma denúncia anónima). E, no entanto, há matéria suspeita, se não provavelmente criminal, na empresa Spinumviva. Que serviços prestava Montenegro? Onde estão os recibos? E prestava mesmo, enquanto líder do PSD e depois primeiro-ministro, violando a exclusividade, ou não prestava serviço nenhum, recebendo avenças em troca de favores políticos?

Que história é esta agora do traçado do futuro TGV ter sido desviado para não afectar a Quinta da Gata, propriedade de um sobrinho do sr. Viola da Solverde? E os dinheiros, e as obras sem autorização nos apartamentos de Lisboa e o alojamento em hotel quando existe a residência gratuita de São Bento? Alguém sabia que Montenegro era empresário e rico?

Não estou aqui a fazer insinuações. Refiro-me a notícias não desmentidas e a dúvidas legítimas que ninguém esclarece. Alguns jornalistas têm trabalhado no assunto (embora seja lamentável que sintam necessidade de lançar veneno mais uma vez sobre o Medina e o Duarte Cordeiro para se mostrarem isentos perante o PSD. Ridículos), mas muitos estão calados, como o Cerejo do Público.

Embora eu saiba que os jornais precisam basicamente de vender e que os menos sérios se armam em cães de caça, é facto que nenhuma dúvida foi desfeita, e as suspeitas adensam-se pelo facto de Montenegro querer a todo o custo escapar à Comissão de Inquérito Parlamentar, preferindo ir para eleições, numa de trumpista, considerando que não tem que prestar contas a ninguém se, com uma campanha demagógica, de insulto ao adversário e de mentiras, «o povo» lhe der o voto. Pode ser que tenha sorte. Mas também pode ser que isto não seja a América.

Sabujo, mas muito bem pago

Não sei quantas pessoas verão a “investigação” SIC Luís Bernardo: um empresário de sucesso com ligações ao PS, mas aqui fica o meu convite a que se gaste 26 minutos e 12 segundos com a coisa. Tem a autoria de Pedro Coelho, Micael Pereira e Filipe Teles, três jornalistas que se autoproclamam especialistas na investigação aos malandros dos políticos, dois deles com longo e prestigiado currículo nessa área.

A tal coisa tem uma narrativa desagradável ao palato do espectador porque é um denso enredado de insinuações difícil de seguir e quase sempre irrelevante. Termina como começou, sem nada que possa ajudar o Ministério Público, antes ficando a suspeita de ter sido o Ministério Público a pedir ajuda à SIC. Nesse sentido, é uma peça típica do editorialismo pago pelo Balsemão, e também do editorialismo genérico pago pela direita. Como vem na sequência de ter sido o Expresso a publicar a notícia que, provavelmente, levará à queda do Governo, o estado mal-amanhado e oco do que foi servido parece ter sido o resultado de uma ordem para contrabalançar o cocó numa das paredes, indo-se buscar qualquer coisa que desse para falar de Sócrates. Tinham o Luís Bernardo a marinar, chegava para a encomenda.

Quem quiser confirmar este diagnóstico, basta ouvir o Daniel Oliveira no “Eixo do Mal”. O seu entusiasmo nasce de poder acusar Sócrates de ser o responsável pelos crimes, ou malfeitorias várias, que imputa ao Bernardo através do Pedro Coelho e muchachos. De caminho, dispara sobre o PS, o supremo encanto da merenda. É um registo completamente panfletário, feito apenas de retórica difamatória que se pretende fique como calunia obviamente sugerida. É triste, e verdade: para atacar Sócrates, o Daniel Oliveira tem sempre de se revelar um sabujo de quem lhe mete o dinheirinho mensal no bolso. Se lhe perguntassem do que fala, calava-se cobardolas.

Não faço a menor ideia se o Luís Bernardo cometeu crimes homéricos com outros facínoras socialistas ou se tem uma multa de estacionamento por pagar, neste último caso a merecer ser queimado no Terreiro-do-Paço. Mas é notável o silêncio de Pedro Marques Lopes quando assiste impávido e cooperante a um exercício de diabolização e suspeição politicamente motivado. O alvo é uma pessoa que é do PS desde a sua juventude e que fez o que toda a gente no mundo faz, desde sempre: estabeleceu relações de convívio, amizade, colaboração e serviço com outras pessoas que foi conhecendo. Pessoas que o convidaram para cargos de auxílio profissional a políticos por serem políticos a precisarem de se rodear de outras pessoas em quem confiassem. A lógica da peça, e de toda a campanha negra que contra ele se faz continuadamente desde 2009 no comentariado, é a de ser culpado por associação. Por associação com um cidadão que neste momento em que teclo é inocente, e que ninguém sabe se alguma vez será condenado por alguma coisa. Tenha, ou não, cometido algum crime.

Bom jornalismo de investigação seria o que mostrasse como um fulano com tão mau nome no mercado, e tão favorito a ser escutado e devassado, conseguiu continuar a ter actividade empresarial. Porque aí talvez desse para aprender algo com utilidade.

Andou à chuva e molhou-se. Era Fevereiro

A estratégia de Montenegro para a próxima campanha, caso lá chegue, consistirá em escamotear o seu negócio privado e centrar-se na propaganda.

Aguardo com expectativa a entrevista de Montenegro a três canais de televisão, entre amanhã e segunda-feira, prevista no rascunho de Leitão Amaro que delineava os próximos passos a dar após o anúncio da apresentação da moção de confiança. Será desta que vai explicar a empresa familiar, as avenças, o aumento das mesmas e detalhar os serviços prestados? E pode alguma explicação ser aceite como boa? E se não puder, a culpa é da oposição que é demasiado exigente?

Embora a maior parte das políticas do Governo, ou a falta delas, merecessem ser chumbadas – saúde, habitação, transportes, justiça, para referir algumas – não é por causa disso que o Governo vai cair agora e não mais adiante. A queda do Governo neste momento não foi de todo calculada nem prevista pelos partidos da oposição. Foi a modos que “aconteceu-lhe”, ao Luís Montenegro. Aconteceu-lhe andar à chuva e molhar-se. Estávamos em Fevereiro, o que esperava? Já atravessara, porém, o Verão. Mas a responsabilidade foi toda sua, ninguém o empurrou.

Apanhado em potenciais ilegalidades, desde então tem sido incapaz de responder a perguntas e de desmentir aquilo de que é acusado, a saber, de receber, enquanto primeiro-ministro, avenças de empresas privadas (nomeadamente empresas com concessões atribuídas pelo Estado), o que implica que, ou prestou serviços a essas empresas enquanto primeiro-ministro, sendo pago por isso, violando a regra da exclusividade; ou manteve o contrato com essas empresas sem prestar qualquer serviço e, neste caso, as avenças que recebia visavam o condicionamento das suas decisões enquanto primeiro-ministro (uma compra, um tráfico de influências). Em ambos os casos, não há como escapar aos pedidos de esclarecimento, que, a não serem dados, e não foram, pelo menos de molde a desmentirem as avenças, levam necessariamente à retirada da confiança e ao olho da rua, desta vez sem que ninguém se importe caso se molhe.

Uma justificação impossível mas mais divertida seria Montenegro dizer que sabia que não iria governar mais do que um ano e, por isso, não viu necessidade de acabar com os contratos… Pensando bem, devia agarrar-se a esta explicação, mais coisa menos coisa, e ir à sua vidinha. Duvido é que, não estando ministro nem primeiro-ministro, certos contratos interessassem aos seus amigos. Mas enfim, a não ser assim, tem que dar explicações sobre o que fazia e o que fez concretamente como empresário e explicar como coadunar essas actividades com o seu cargo actual.

Um conselho ao PS: não caiam na armadilha da propaganda que se vai seguir (que apesar de tudo pode facilmente ser rebatida). O foco aqui tem que ser nas ilegalidades que um primeiro-ministro não pode cometer sob pena de perder o mandato por desrespeito das regras. Porque foi isso que aconteceu. O resto é vitimização e propaganda.

A Solverde não achou os filhos competentes

No entanto, considerava o primeiro-ministro suficientemente competente a tratar dos seus assuntos para lhe pagar uma avença enquanto exercia o mais alto cargo do executivo.

Agora a Solverde rescindiu o contrato com a Spinumviva, alegando que quer preservar o bom nome da empresa (a comissão de inquérito não lhe convém, claro).

O Grupo Solverde anunciou hoje a cessação do contrato de prestação de serviços com a Spinumviva, empresa que pertenceu ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, em nome da defesa do seu bom nome e reputação.

“Não obstante a Spinumviva ter cumprido integralmente as suas obrigações para com a Solverde e prestado continuamente os seus serviços de forma profissional, entenderam as duas empresas, ponderando o atual contexto e visando exclusivamente a salvaguarda do bom nome e da reputação de ambas, que a cessação da referida relação de prestação de serviços constitui, nas atuais circunstâncias, a solução mais adequada, permitindo à Solverde a escolha, no decurso do corrente mês de março, de um novo prestador de serviços com menor exposição pública”, lê-se num comunicado enviado pelo grupo Solverde à agência Lusa.

E, neste cenário em que a Solverde vem confirmar que o primeiro-ministro trabalhava para ela (ou pior, que havia aqui tráfico de influência), infringindo a lei da exclusividade, Montenegro quer que o Parlamento lhe garanta um voto de confiança. E porque sucederia tal coisa?

Lapidar

NOTA

Dois Presidentes da República genuinamente socialistas depois de Eanes, 20 anos de regular funcionamento das instituições. Dois Presidentes da República aparentemente sociais-democratas depois de Sampaio, duas desgraças ambulantes que foram parte activa da anomia vigente no regime.

Faz parte desta tragédia o PS, pelos vistos, ir mesmo apoiar Vitorino contra um populista altamente popular por falta de melhor candidato.

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Ó Pedro Nuno, mas que raio…?

O PS declarou que vai chumbar a moção de censura apresentada pelo PCP, mas declara que chumbará por sua vez a moção de confiança, caso o Governo a apresente. Entretanto, o PSD já veio dizer que, sobrevivendo à moção de censura, coisa que só acontece porque o PS a chumba, não tem razões para apresentar a moção de confiança. Bingo! Assim se livra o PS de correr com o Montenegro. E isso é bom, Pedro Nuno?

E eu pergunto: então o que Montenegro anda a fazer – a exercer a profissão de empresário enquanto desempenha a função de primeiro-ministro (entre outras coisas) – não é grave e razão suficiente para o Governo ir abaixo? Pedro Nuno tem medo de quê afinal?

Acabem com o beija-mão àquela besta*. Com estes Estados Unidos, a NATO não faz sentido e é perigoso para a EUROPA manter-se na organização

É um dos objectivos da NATO a promoção dos valores democráticos. [A NATO promove valores democráticos] lê-se no seu site. O mais poderoso membro da NATO, os EUA, agora presidido por um indivíduo que há muito deveria estar na prisão, um ser totalmente amoral, vigarista, arrogante, ignorante e incompetente, decidiu há muito não só abandonar os valores democráticos (que é isso? Dá dinheiro?) como tratar por todos os meios – lícitos, ilícitos, bizarros ou cruéis – de implantar no próprio país um regime autocrático e uma oligarquia, tornando-se de súbito defensor e aliado de regimes autocráticos, repressores e assassinos, e sobretudo perenes, como o da Rússia.

Trump está nas mãos de Putin e do KGB, que devem ter forte material de chantagem contra ele, ou uma pesada dívida a cobrar-lhe. Esta é a realidade. Ninguém já tem dúvidas, como Hilary Clinton também não tinha em 2016. Sendo Putin o seu ídolo e modelo, Trump está disposto a partilhar todos os segredos militares americanos e da aliança atlântica com o até agora inimigo do mundo civilizado, mas de súbito elevado a BFF, Putin. Portanto, a manutenção da Europa na antiga aliança é totalmente desaconselhável no contexto actual. E tem enormes riscos.

Sei o suficiente de diplomacia para compreender que, enquanto a Europa não reúne forças e, em particular, enquanto se mantiverem na Europa 100 000 militares norte-americanos, será difícil abandonar unilateral e rapidamente a organização. Além disso, a “Europa” não é parte na NATO. A maioria dos seus países são-no, mas individualmente. Podem a França, a Alemanha e o Reino Unido sair, mas a Hungria, por exemplo, ou a Eslováquia, decidir ficar, o que, perante o abandono dos demais países, deixaria mesmo assim uma concentração de tropas trumpisto-putinistas, revanchistas, muito considerável em pleno coração europeu. Então em caso de “aprofundamento da relação de amizade” entre esta administração norte-americana e a Rússia, indo tão longe ao ponto de constituírem uma aliança militar contra o inimigo comum “Europa”, que é o sonho de Putin, a nossa segurança estará deveras minada e ameaçada. A hora é delicada.

Não deixa, no entanto, de ser penoso assistir à corrida de europeus à Casa Branca e às declarações de Mark Rutte no sentido de Zelensky “arranjar maneira de sanar a relação com Trump”. Pobre Zelensky, grande homem! É verdade que Mark Rutte preside à NATO e perderia o emprego se esta acabasse. Mas será que Rutte pensa que Zelensky vai algum dia obter garantias de segurança desta administração americana contra a Rússia? Se for inteligente, possivelmente não pensa, e teremos que admitir que está a querer ganhar tempo para a Europa se organizar. Mas a verdade é que a principal potência da NATO não nos defende de nada neste momento.

As visitas constantes a um presidente comprado pelo nosso inimigo são inúteis se o objectivo for passá-lo para o lado de cá. Não vai acontecer. Como disse, está comprado e nem os conceitos de “valores ocidentais” e de “democracia” lhe dizem alguma coisa. Dava jeito os americanos resolverem, eles próprios, este embaraço. Até porque, para mais de metade dos americanos, estes tempos devem ser totalmente humilhantes. Putin ter conquistado Washington antes de conseguir conquistar Kiev é algo que devia levar a um contra-golpe imediato ou uma guerra civil. Mas possivelmente também não vai acontecer. E, by the way, nem isso, da guerra civil, seria mau para o assassino Putin.

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*Disse o presidente da empresa norueguesa que decidiu não abastecer de combustível os navios militares americanos: “It made us sick“.

We have today been witnesses to the biggest shitshow ever presented “live on tv” by the current American president and his vice president. Huge credit to the president of Ukraine restraining himself and for keeping calm even though USA put on a backstabbing tv show. It made us sick. Short and sweet. As a result, we have decided to immediate STOP as fuel provider to American forces in Norway and their ships calling Norwegian ports.”

Dominguice

Assim como há moções de censura e de confiança, no Parlamento, igualmente deveria ser possível ao Governo apresentar uma moção de “sem-vergonhice” e aos partidos da oposição apresentar uma moção de “palhaçada”. Se um Governo conseguisse aprovar a sua moção de “sem-vergonhice” poderia continuar a governar descansado quanto à sua falta de vergonha. Era um assunto resolvido, deixava de ser necessário estar-se a perder tempo com isso. E se a oposição conseguisse aprovar a sua moção de “palhaçada” poderia dedicar as suas energias a pensar em projectos para o País, estando resolvida a questão de o Governo ser uma formidável colecção de palhaços.

A democracia tem muito espaço para evoluir, devemos ser criativos e optimistas.

Great television

O que se passou ontem no Salão Oval da Casa Branca entre Trump, Vence e Zelensky foi, como descreveu o principal protagonista, “great television”. Pergunta imediata: quais as características da televisão quando é muito boa? Cada um terá a sua resposta, a minha é: quando aprendemos algo importante a olhar para o ecrã.

Assim, ficámos a saber, ou confirmámos, como Trump é emocionalmente volátil — ou seja, facilmente manipulável. E que Vance trabalha para a defesa dos interesses russos, daí se ter permitido tratar Zelensky como um funcionário impertinente a merecer ser achincalhado em público. E que Zelensky é um verdadeiro patriota, um verdadeiro defensor da liberdade, um corajoso e admirável ser humano.

Ficar a saber, neste contexto televisivo, quer dizer que as imagens e os sons captados transmitem com transparência o fluxo cognitivo e emocional em cadeia que apanhou tudo e todos de surpresa; os espectadores e, desvairadamente, os actores. Tal nasceu, de facto, por responsabilidade inicial de Zelensky, ao desautorizar Vence a respeito da possibilidade de chegar a acordo com Putin, e depois lembrando evidências acerca do carácter criminoso de quem manda actualmente na Rússia. Reacção que talvez pudesse ter sido contida num esforço heróico de calculismo, mas que ao não o ter sido se constituiu como manifestação exemplarmente digna. Vance ficou num dilema, cuja resolução teria de acontecer em menos de dois segundos. Ou se calava, validando a intervenção de Zelensky e com isso conspurcando Putin, ou tentava assassinar moralmente o chefe de Estado da Ucrânia à sua frente. Para ele, o mais difícil seria a primeira opção, o mais fácil a segunda. A partir daqui, Trump igualmente estava obrigado a atacar Zelensky, não tinha qualquer outra hipótese, nem sequer passou pela fase do dilema. Reagiu automaticamente, num crescendo furibundo que acompanhou a indignação também incontrolável da pessoa que estava à sua direita. A pessoa cujo país foi invadido em 2014, e de novo em 2022, e que é responsável por organizar e liderar a defesa de dezenas de milhões de concidadãos. Uma pessoa mergulhada diariamente, horariamente, na morte e destruição a mando de Putin.

Trump e Vance não se parecem em nada diferentes do resto da humanidade quando calha esse resto da humanidade estar numa posição de poder que lhe permite desprezar e explorar alguém. Está sempre a acontecer. Acontece em tribunais, esquadras, consultórios médicos, salas de aula, estabelecimentos religiosos, empresas finórias ou pobretanas. Esse par quer muito fazer um acordo que corresponda à rendição da Ucrânia, para começar, e aceita dar tudo o que Putin agora pedir para que outros negócios mirabolantes se possam fazer com a Rússia logo de seguida. Donde, é sobre a parte fraca que se ocupam a fazer pressão. É esta a cultura da oligarquia, para sempre assim será. Não é preciso diplomacia para isto, basta a “negociação”. Quer dizer que um pato-bravo pode vir a receber o Prémio Nobel da Paz usando as mesmas técnicas com que encheu os bolsos a enganar este mundo e o outro.

A grande incógnita a respeito do destino da América, portanto do mundo, começa cada vez mais a deslocar-se para o que será a resposta do corpo militar à pulsão megalómana de Trump e à natureza rapace de Vance. Não foi com broncos deste calibre que se criou uma superpotência democrática.

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