É um dos objectivos da NATO a promoção dos valores democráticos. [A NATO promove valores democráticos] lê-se no seu site. O mais poderoso membro da NATO, os EUA, agora presidido por um indivíduo que há muito deveria estar na prisão, um ser totalmente amoral, vigarista, arrogante, ignorante e incompetente, decidiu há muito não só abandonar os valores democráticos (que é isso? Dá dinheiro?) como tratar por todos os meios – lícitos, ilícitos, bizarros ou cruéis – de implantar no próprio país um regime autocrático e uma oligarquia, tornando-se de súbito defensor e aliado de regimes autocráticos, repressores e assassinos, e sobretudo perenes, como o da Rússia.
Trump está nas mãos de Putin e do KGB, que devem ter forte material de chantagem contra ele, ou uma pesada dívida a cobrar-lhe. Esta é a realidade. Ninguém já tem dúvidas, como Hilary Clinton também não tinha em 2016. Sendo Putin o seu ídolo e modelo, Trump está disposto a partilhar todos os segredos militares americanos e da aliança atlântica com o até agora inimigo do mundo civilizado, mas de súbito elevado a BFF, Putin. Portanto, a manutenção da Europa na antiga aliança é totalmente desaconselhável no contexto actual. E tem enormes riscos.
Sei o suficiente de diplomacia para compreender que, enquanto a Europa não reúne forças e, em particular, enquanto se mantiverem na Europa 100 000 militares norte-americanos, será difícil abandonar unilateral e rapidamente a organização. Além disso, a “Europa” não é parte na NATO. A maioria dos seus países são-no, mas individualmente. Podem a França, a Alemanha e o Reino Unido sair, mas a Hungria, por exemplo, ou a Eslováquia, decidir ficar, o que, perante o abandono dos demais países, deixaria mesmo assim uma concentração de tropas trumpisto-putinistas, revanchistas, muito considerável em pleno coração europeu. Então em caso de “aprofundamento da relação de amizade” entre esta administração norte-americana e a Rússia, indo tão longe ao ponto de constituírem uma aliança militar contra o inimigo comum “Europa”, que é o sonho de Putin, a nossa segurança estará deveras minada e ameaçada. A hora é delicada.
Não deixa, no entanto, de ser penoso assistir à corrida de europeus à Casa Branca e às declarações de Mark Rutte no sentido de Zelensky “arranjar maneira de sanar a relação com Trump”. Pobre Zelensky, grande homem! É verdade que Mark Rutte preside à NATO e perderia o emprego se esta acabasse. Mas será que Rutte pensa que Zelensky vai algum dia obter garantias de segurança desta administração americana contra a Rússia? Se for inteligente, possivelmente não pensa, e teremos que admitir que está a querer ganhar tempo para a Europa se organizar. Mas a verdade é que a principal potência da NATO não nos defende de nada neste momento.
As visitas constantes a um presidente comprado pelo nosso inimigo são inúteis se o objectivo for passá-lo para o lado de cá. Não vai acontecer. Como disse, está comprado e nem os conceitos de “valores ocidentais” e de “democracia” lhe dizem alguma coisa. Dava jeito os americanos resolverem, eles próprios, este embaraço. Até porque, para mais de metade dos americanos, estes tempos devem ser totalmente humilhantes. Putin ter conquistado Washington antes de conseguir conquistar Kiev é algo que devia levar a um contra-golpe imediato ou uma guerra civil. Mas possivelmente também não vai acontecer. E, by the way, nem isso, da guerra civil, seria mau para o assassino Putin.
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*Disse o presidente da empresa norueguesa que decidiu não abastecer de combustível os navios militares americanos: “It made us sick“.
“We have today been witnesses to the biggest shitshow ever presented “live on tv” by the current American president and his vice president. Huge credit to the president of Ukraine restraining himself and for keeping calm even though USA put on a backstabbing tv show. It made us sick. Short and sweet. As a result, we have decided to immediate STOP as fuel provider to American forces in Norway and their ships calling Norwegian ports.”