No ano passado, a Cofina vendeu a Cofina à Cofina, mudando o nome e metendo o Ronaldo no negócio só para o gozo ser ainda maior. A Cofina Media, a mando da Cofina SGPS e ao longo de décadas, ganhou muito dinheiro com o pior que se pode fazer tendo órgãos de comunicação social ao dispor: sensacionalismo, populismo de direita, justicialismo, perseguições políticas, alarmismo, teorias da conspiração, calúnias, crimes em conluio com funcionários criminosos da Justiça portuguesa. Isto foi realizado às claras, sistematicamente, com farronca e provocação. Isto era, e continua a ser, assumido editorialmente como um vale tudo impunível.
Nos últimos 20 anos, as rádios e os jornais em papel foram desaparecendo, e as televisões ficaram cada vez mais parecidas com a Cofina no seu jornalismo político, servindo agendas de direita, coroando vedetas do comentariado odiento e alimentando a indústria da calúnia com variações locais. Chega 2024 e os donos da Cofina querem continuar a encher o bolso, como é seu apanágio. Vai daí lembraram-se de criar um canal de TV por cabo que fosse simétrico do CMTV, ao mesmo tempo que apareceria distintivo face ao panorama sectário da concorrência. O mercado mostrava uma oportunidade, agora que a cor do Governo tinha mudado. Só precisavam de caras com nome, e nomes com prestígio, para validarem o novo negócio. Ora, quem melhor do que António Costa e Rui Rio? E que tal Fernando Medina, para dar ao PS e seus simpatizantes ainda mais carinho? Até irem buscar o Luís Paixão Martins surge como trunfo brilhante, criando um ramalhete de figuras reputadamente credíveis e estimulantes. Outros irão juntar-se, provavelmente gente de alta qualidade profissional, se estas personalidades servirem de critério maioritário.
Problema? Isso de o dinheiro não ter cheiro. Quando os nossos melhores aceitam ser cúmplices de criminosos, e de criminosos que exploram a perversão da autoridade judicial, a cidade fica ao abandono. É descoroçoante ver Costa de novo a ser pago pelos mesmos que andaram a dizer que ele era um operacional de um partido de bandidos que tinha como programa o assalto ao Estado — pulhas que violaram os direitos de personalidade, e de defesa, de camaradas e amigos seus (mas que fossem de meros concidadãos sem qualquer protagonismo social, bastaria onde a decência é reflexo da coragem). E é vertiginoso ter como evidência que António Costa se está a marimbar para isso, que a pequena fortuna a empochar, mais o palco mediático, é o que realmente lhe importa.