Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão.
Apenas para administração interna; o fabricante não se responsabiliza por usos incorrectos deste fármaco.

Revolution through evolution

Dehumanising child-free women in film and TV gives misogyny a stage
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Religiosity, Spirituality, and Meaning-Making Generally Associated with Lower Suicidality
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Egyptians drank hallucinogenic cocktails in ancient rituals, study confirms
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Texting abbreviations makes senders seem insincere, study finds
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Sitting too long can harm heart health, even for active people
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Cynics not only lose out on friendships, love and opportunity — they’re also wrong about human nature
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‘Jekyll and Hyde’ leaders do lasting damage, new research shows
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Dominguice

Que leva alguém durante meses ou anos, todos os dias, várias vezes ao dia, a perder o seu rico tempo nas caixas de comentários de um blogue (ou que seja nas de um jornal e coisas do género) só para insultar, difamar e caluniar os autores que lá publicam as suas chachadas? Num blogue a perplexidade ainda é maior pois se trata de um meio arcaico logo desde 2005, pura e absolutamente amador, com uma audiência que nem sequer é de nicho de tão rarefeita, meia dúzia de maduros.

Não será por estupidez, pois não chega a ter essa qualidade palpável. Aposto mais no desespero.

Perguntas simples

O grau de abjecção pela enésima vez atingido — mais uma peça da sistemática campanha de calúnias e assassinato de carácter de múltiplas figuras com responsabilidades políticas e cívicas por via da qual este fulano enche os bolsos — não implica uma qualquer responsabilização editorial do órgão de comunicação que lhe paga o serviço?

Curso de ciência política

«Chegára o prazo e dia assignalado de se dar perante a urna a batalha eleitoral.

A azáfama politica activára-se n’estes ultimos dias consideravelmente. De parte a parte tinham-se posto em campo todos os influentes e em exercicio todas as armas. Promessas, alliciações, pressão de auctoridades, exigencias a dependentes, subornos, ameaças mais ou menos declaradas; de tudo se lançava mão.

A's vezes até o calor das discussões degenerava em pugnas menos pacificas; os argumentos physicos, que figuram no catalogo das razões mais convincentes, haviam já sido invocados a pleitear ambas as causas, berrando-se depois, de um lado contra a violencia e o despotismo do governo, do outro, contra os manejos sediciosos e anarchicos da opposição.

Em algumas freguezias que entravam n’este circulo eleitoral, eram os padres que arvorando a cruz e o estandarte, prégavam a cruzada contra o conselheiro e instavam com o povo para que não elegesse para representante um atheu e um pedreiro-livre; em outras eram os agentes do brazileiro e os da auctoridade, fazendo promessas aos caudilhos populares, resgatando penhores, levantando hypothecas, remindo dividas, empregando afilhados, e conquistando assim para o seu partido.

O conselheiro e os seus parciaes não desprezavam tambem nenhum d’estes mesmos meios, e grossas quantias circulavam a combater as do brazileiro Seabra.

Os periodicos do Porto e de Lisboa recebiam os echos d’esta batalha. Havia muito que em longas e diffusas correspondencias os gladiadores dos dois campos se mimoseavam com as mais descabelladas verrinas, assignando-se: o Amigo da verdade; o Epaminondas; o Vígilante; a Sentinella; o Alerta, etc., e pondo ao soalheiro as máculas da vida privada uns dos outros, e todas as bisbilhotices da terra, correspondencias que, felizmente para crédito da humanidade, por ninguem mais, além dos interessados e dos que já os conheciam, eram lidas.

O brazileiro era um dos mais activos e fecundos collaboradores d’esta secção periodistica. Os seus communicados eram estirados, compactos, obscuros e enrevezados tanto ou mais do que os seus discursos. Perdia-se em minuciosos incidentes; em labyrinthos de orações secundarias, d’onde a grammatica da principal saía frequentemente maltratada, deixando ficar por lá o sujeito, o verbo ou qualquer complemento necessario. Mas o brazileiro imaginava que o paiz inteiro aguardava com ancia os seus escriptos. Era frequente abrir uma resposta a alguma zargunchada de um seu adversario, por estas palavras: «Os leitores hão de ter notado o meu silencio, depois das calumniosas asserções...» Os leitores não tinham notado nada.»

A Morgadinha dos Canaviais_Júlio Dinis_1868

Revolution through evolution

A blueprint for aging has the power to add years to your life, one expert says
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High Levels of Omega-3, Omega-6 May Protect Against Cancer
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Prolonged sitting can sabotage health, even if you’re young and active
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Five minutes of extra exercise a day could lower blood pressure
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Practicing Civil Discourse to Navigate a Divisive Election
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Despite its impressive output, generative AI doesn’t have a coherent understanding of the world
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What Does Political Rhetoric Owe Democracy?
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Dominguice

Quem seria capaz de prever que a um culturalmente sofisticado e eticamente exemplar afro-americano se seguiria uma figura civicamente fétida e intelectualmente grotesca na Casa Branca? Ninguém, óbvio. Porque não existe qualquer lógica passível de ser descoberta nesta radical e imediata degradação do poder político no país mais poderoso do mundo. Não há causalidade, Trump não ganhou em 2016 por alguma coisa, por mínima ou irrelevante que fosse, relacionável com os dois mandatos de Obama. A haver alguma espécie de sentido no devir, à maneira marxista, então Hillary Clinton teria ganhado para se voltar a fazer uma bela história ao colocar uma mulher no lugar vago deixado por quem tinha feito história bela ao levar a sua epiderme escura para a Sala Oval. Será que a população dos 50 estados dos EUA foi substituída entre Novembro de 2012 e Outubro de 2016? A perplexidade nasce de uma ilusão, a de existir uma essência ou núcleo identitário do que sejam os EUA. Nėpias, nos actos eleitorais cada americano apenas se representa a si próprio, mais a possível volatilidade e aleatoriedade da sua decisão. Como nas restantes democracias.

É essa a essência, afinal, que está na origem das perplexidades. A própria democracia. Por ser o que é, democrática.

Seja humanista… e perca eleições (ou seja morto)

Vivemos tempos estranhos. Parece ser mal visto pelos eleitores – todos, ricos e pobres – que se tenha compaixão e respeito pelos menos favorecidos, privilegiando-se o chicote das duplas punições para quem prevarica (ou entra ilegalmente num país). O humanismo como princípio de política não está a dar definitivamente. Nem aqui, nem na América, nem em Gaza, nem em Israel. Eleitoralmente, deixou de compensar.

Começando pela Câmara de Loures, eu própria estou inclinada a render-me ao não humanismo. Francamente não me choca que quem viva numa habitação social e por isso pague uma renda apenas simbólica veja essa benesse posta em causa a partir do momento em que decida queimar veículos de terceiros, atacar motoristas indefesos ou vandalizar as ruas só porque sim. Se essas pessoas têm filhos e mulher a viverem com eles, não seria melhor que pensassem nas consequências dos seus actos?

Muito bem, o tribunal decidirá das sanções a aplicar. Mas o agravamento da renda de casa para preços de mercado não deveria ser uma delas? Reparem que não estou aqui a advogar o despejo puro e simples. Apenas o fim de um privilégio que muitos não têm e que é perfeitamente legítimo perder, atendendo ao número de interessados em rendas sociais que suponho haver.

Assim, não duvido que, nas próximas autárquicas, o ou os partidos que defendam tais medidas restritivas tenham a aprovação da população – rica, pobre e vizinha – de Loures. Diria que é mais bem visto ser justo do que ser humanista.

E por falar em humanismo, durante anos e anos a Europa acolheu refugiados e emigrantes de todo o mundo, incluindo do Médio Oriente, na sequência de conflitos muitas vezes criados por outros, sem critério (sim, também porque eram necessários), confiando que o humanismo do acolhimento tornasse os acolhidos para sempre agradecidos e, com o tempo, integrados. Nem tudo correu de feição. Sobretudo com os do Médio Oriente. Até ao ponto em que é obrigada a reconhecer, infelizmente por força da extrema-direita racista e xenófoba por natureza, que esteve a importar conflitos religiosos há muito ultrapassados, mortos e enterrados e um conflito civilizacional com o islão, dado o número considerável de praticantes e fanáticos prontos a usar da violência que passaram a compor essas comunidades. Como se constata, qualquer agitação no Médio Oriente que seja sentida como ofensiva dos muçulmanos eriça automaticamente todos os que para aqui vieram, que automaticamente defendem as origens, por mais arcaicas e inaceitáveis que sejam nos dias de hoje e para a sociedade em que era suposto integrarem-se.

Penso que não é já possível não reconhecer a existência de um problema. Achar que são tudo boas pessoas (apesar das más que também há por cá) e que o islão não é já uma religião de conquista é cegueira, ingenuidade e humanismo a mais.

Também em relação à Rússia, a camaradagem com um facínora e sabotador está a sair-nos cara. Aqui a questão é bizarra, porque a extrema-direita, que berra contra os imigrantes, pretende instaurar nos países europeus um regime semelhante ao da Rússia, o que iria destruir a União Europeia. Putin tem aqui aliados. Talvez esta seja a única razão pela qual a extrema-direita ainda não tem facilidade em aceder ao poder. Mas demasiado humanismo pode facilitar as coisas. Se calhar, começar a praticar o não-humanismo contra os extremistas não humanistas não fosse má ideia.

Nos Estados Unidos – e caso não tenha havido fraude nas eleições, como Trump parece ter sugerido ao desincentivar publicamente os seus eleitores de votarem porque já tinha votos que chegassem – parece que o pessoal gosta é do chicote. Deportações de estrangeiros, perseguições a juízes, ocupação das instituições do Estado por fiéis ao líder, caça aos opositores, tudo isto foi prometido por Trump e apreciado pelos eleitores, incluindo familiares dos deportáveis. Humanismo? Para quê?

Tempos difíceis, estes. Está tudo em causa. Até a nossa vontade de não sermos violentos.

Sexo oral

«O líder do Kremlin deixou ainda palavras elogiosas para Donald Trump, mostrando-se impressionado com "o seu comportamento no momento do atentado contra a sua vida", ocorrido num evento da campanha republicana em julho em Butler, no estado da Pensilvânia.

Para Putin, "não se trata apenas da mão levantada [logo após os disparos que lhe deixaram ferimentos ligeiros numa orelha] e do apelo à luta pelos seus ideais, não se trata apenas disso, embora a força de uma pessoa se manifeste em condições extraordinárias", mas Trump, considerou, "mostrou-se muito correto, com coragem, como um homem".»


Fonte

Parabéns, Trump

Fui-me deitar após ver John King mostrar a um atarantado Jake Tapper que aquele ser dado como politicamente morto em 6 de Janeiro de 2021, inclusive por pessoas do Partido Republicano, registava ganhos eleitorais de 3% face à sua votação em 2020 em muitas zonas dos EUA. Estava, portanto, não só em vias de ganhar como de ter um resultado acima de todas as previsões mais optimistas.

Em setenta e tal milhões de americanos não há setenta e tal milhões de fascistas. Mesmo a percentagem que corresponderá ao retrato folclórico dos criminosos que invadiram o Capitólio será ínfima. A quase totalidade desta gente que deu a vitória a Trump representa o “average Joe” que não faz mal a ninguém e quer é levar uma vida decente e pacífica. Pessoas com todo o direito a preferirem ir para a direita em vez de para a esquerda calhando chegarem a uma encruzilhada.

Acontece que o seu voto premiou quem, de facto, despreza a democracia, o Estado de direito e o elementar humanismo. A primeira vez que constatei ser Trump um fenómeno desconhecido da ciência política ocorreu em 2015, quando atacou o senador John McCain precisamente no valor em que ele era mais prestigiado, e mais prestigiante, no universo do Partido Republicano: ser um herói da guerra no Vietname, tendo ficado com graves sequelas para a sua saúde por causa dos ferimentos ao ejectar-se de um avião e das torturas a que foi sujeito durante 5 anos. Ora, não só parecia estulto atacar McCain fosse pelo que fosse como tal ataque vir de um tipo que nem sequer fez o serviço militar, e sobre quem recaía a fortíssima suspeita de ter sido protegido pelo poder da sua família para precisamente escapar à guerra do Vietname, levava a concluir com 750% de certeza estarmos perante um suicídio político. Qualquer Republicano sentiria asco ao ouvir “Eu gosto das pessoas que não foram capturadas” saído da boca de um cobarde, né? Pois nada disso aconteceu, passou-se tudo exactamente ao contrário.

Nesta campanha, e depois do que provocou em 6 de Janeiro de 2021, Trump verbalizou existir um “inimigo interno” mais perigoso do que os inimigos externos, o qual poderia ser alvo das forças policiais e militares. Como não o identificou, a sugestão foi a de que os seus adversários políticos são esse inimigo interno. Sobre Liz Cheney, ex-congressista Republicana e filha de Dick Cheney, lançou a imagem de ela vir a ficar na mira de armas. Sobre o sistema de Justiça, disse que pretende substituir funcionários federais que não aceitem perseguir judicialmente quem ele considere um inimigo político, tendo prometido processar Joe Biden, Kamala Harris, Nancy Pelosi e Adam Schiff. Não apetece ter qualquer tipo de respeito por quem ameaça a liberdade, e a vida, mas a democracia impõe aos seus defensores a humildade de serem apenas parte da comunidade e a coragem da integridade. Daí, ser necessário congratular Trump pela sua vitória, como Kamala Harris fez — e Trump não fez com Biden.

O poder da democracia não é o do dinheiro, das armas ou do sangue. A democracia existe como contrapoder dessas forças que podem ser esmagadoras, exploradoras e ostracizantes de indivíduos e grupos. O poder da democracia radica exclusivamente na Lei. Uma lei fundamental, portanto nascida da vontade soberana de uma dada comunidade. Se essa comunidade, em eleições livres isentas de fraude, decide dar o poder a quem ameaça a própria democracia, ainda assim há motivos para festejar. Não o perigo, até o nojo, que o resultado eleitoral provoca mas o processo. O orgulho de continuarmos a ser frágeis, subindo às muralhas da cidade com a gana da liberdade.

Revolução Francesa ao contrário

Que significará, historicamente, uma vitória de Trump em 2024? Ouso concebê-la como uma Revolução Francesa ao contrário. Quereria dizer que numa das maiores e mais importantes democracias mundiais os eleitores tinham preferido entregar o poder máximo a um tirano. Tirano especialmente básico, um ogre de narcisismo obsessivo. Tal traria como consequência que a fórmula seria repetida, provavelmente aumentada nas suas consequências violentas, letais, por futuros candidatos do Partido Republicano. Porque Trump é o responsável político e moral pela violência — com feridos e mortos — que acompanha as suas campanhas presidenciais e o seu mandato como presidente dos EUA. Ele instigou e legitimou o maior ataque à democracia norte-americana depois da Guerra Civil. Ele apela, ostensivamente, à vingança política recorrendo a instrumentos do Estado, e à mera pulsão individual dos fanáticos, para fazer mal a adversários, jornalistas e agentes da justiça por palavras e actos.

Mas há mais. Esta campanha, em 2024, apresenta um Trump fisicamente enfraquecido e mentalmente disfuncional, fenómeno já identificável em 2020 mas ainda longe da situação actual. O comportamento insano, porque ao arrepio dos propósitos estratégicos eleitorais, sugere que procura boicotar a sua campanha. Mostra que não quer voltar para a Casa Branca. O que faz sentido se pensarmos que se pode sentir sem pachorra, sem ânimo, quiçá sem saúde, para mais 4 anos de obrigações protocolares exaustivas e constante esforço cognitivo. Em vez disso, poder ficar em Mar-a-Lago a queixar-se de ter sido outra vez roubado, e dedilhar a lira em pantufas enquanto vê Washington a arder pelas mãos da sua turbamulta de criminosos, será um programa muito mais do agrado da natureza psicopata que lhe moldou o destino. Uma figura nestas condições degradantes e torpes ser reeleita presidente dos EUA destrói milénios de ciência política. Seria uma espantosa, incrível, maravilhosa epifania da essência absurda da realidade.

Vários sinais apontam para a vitória de Harris. Só que o mesmo se dizia de Hillary Clinton, até com muito mais confiança nas sondagens, e foi o que foi. A guilhotina, pois, está apontada ao pescoço da democracia.

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It’s not to be. Universe too short for Shakespeare typing monkeys

Dominguice

Quando Erik ten Hag foi contratado pelo Manchester United, em 2022, tomou a decisão de afrontar o Cristiano desde o início. Havia racionalidade nessa opção, pois era uma forma de se ver livre de um jogador em notória e irrecuperável perda de capacidades físicas, o qual se impunha no balneário e na indústria do futebol como uma marca maior até do que a do clube, este um dos mais populares mundialmente. Aparecendo como aquele que não tinha qualquer receio de humilhar e vergar a vedeta poderosíssima, parecia que só havia vantagens para a sua carreira de treinador na actualidade e no futuro. De facto, Cristiano não aguentou a pressão e fugiu para os milhões das arábias. Porém, na época anterior, apesar de estar rodeado de coxos, fez algumas coisas absolutamente maravilhosas, tendo acabado como o jogador preferido dos adeptos.

O fulano foi agora despedido e para o seu lugar vai Rúben Amorim. Obviamente, ninguém, nem Deus, poderá saber o que teria acontecido se a sua opção tivesse sido a de construir uma equipa para servir as capacidades de Cristiano. Ou, pelo menos, que o usasse o melhor possível, espremendo o fruto até à última gota. Assim, o que fica é tão-só um trajecto completamente inglório. A oportunidade foi desperdiçada por causa da sua gula. É mais um holandês voador.

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