Manuel Carvalho não quis faltar à campanha judicial e editorialista para culpar Sócrates no escândalo dos 10+? anos de Operação Marquês com vários acusados ainda sem terem sido julgados, nem se sabendo se o serão alguma vez — dada a incompetência e violência política com que se montou o processo, e também por começarem a cair prescrições. Eis o seu contributo para a diabolização: Os incidentes e os recursos da Operação Marquês que estão a destruir o sentido da Justiça
O título expõe a mensagem principal, o que considera mais importante inculcar nos neurónios dos milhões de leitores e ouvintes que anseiam pela sua opinião. Que é uma coisa simples, inegável, até já gasta de tanto se repetir. Isso de Sócrates estar a destruir a Justiça, a solo, por insistir em se defender usando as leis à disposição de qualquer cidadão. Tudo seria mais fácil se ele abdicasse de ter advogado e se limitasse a ficar quieto e calado à espera de regressar à prisão, o cenário mais natural para pessoas com a sua personalidade. E tudo seria mais bonito se ele confessasse que, sim senhor, o dinheiro do amigo era mesmo dele, e que até está uma beca chateado por ainda não ter gastado os 20 ou 30 milhões em lagostas e Ferraris. Mas, sendo a sua personalidade o que é, quem paga é a Justiça que, coitada, já o conseguiu meter na choça durante nove meses recorrendo só a cabeludas mentiras e, obviamente, se acha no direito (pun intended) de ambicionar repetir a façanha multiplicada por 10 ou mais. Seria muito chato se não desse para oferecer esse êxtase à população carenciada de bons espectáculos.
Pois o Carvalho lembrou-se de chamar Maria José Fernandes, procuradora-geral adjunta, com a única finalidade de obter dela a validação da sua pulhice. Esta senhora, que pensa pela sua cabeça e não tem medo de defender a cidade, foi pedagógica e paciente com quem a entrevistava. Tudo se resume a isto: a campanha de ataque a Sócrates trata as suas acções de defesa como “abuso”, e pede que os juízes as tratem como “ilícitos”, e a procuradora mostrou ao crápula que devia ter juízo e ir estudar os códigos judiciais. O crápula ficou calado e na mesma, imune aos factos e sua correcta interpretação. Desforrou-se no texto da bosta publicada.
Não sei o que Manuel Carvalho faz neste pasquim da Sonae, sei o que não faz. Não faz jornalismo.
“Não sei o que Manuel Carvalho faz neste pasquim da Sonae, sei o que não faz.”
cumpre os desígnios da pasquinarem e retalia os negócios falhados do merceeiro.
E cá estamos no obrigatório e recorrente beija-cu ao Trafulha 44. É uma espécie de tempo de antena. Lagostas e Ferraris, diz o volupi. O 44 é mais Mercedões com motorista; deve achar Ferraris demasiado conspícuos e brega para a sua insigne personalidade… vê-se como um génio estadista, não um playboy. Quanto a lagostas não sei, mas muito deve ter estourado nos restaurantes de Paris.
O volupi, como todos os fãs, parece fazer de conta que a vida luxuosa e mais-que-suspeita do 44 não era de conhecimento geral até muito antes do mamanço parisiense: os trafulhas não fazem trafulhices para andar de Dacia ou viver na Damaia. Como sempre, basta seguir o dinheiro e o luxo.
E como todos os trafulhas, o 44 foge às questões sobre o dinheiro e o luxo e tenta esconder-se atrás da defesa de todos eles: provem em tribunal! As leis, feitas em causa própria por estes pulhas, os tribunais e a Justiça são a trampa que se sabe e eles podem safar-se; mas da fama não se livram.
Mais interessante é a notícia do momento no manicómio americano: o CEO da UnitedHealthcare, a maior empresa de saúde dos EUA e uma das mais ricas do mundo, foi morto em plena rua em Manhattan, ao sair dum hotel, numa execução impecavelmente planeada e executada como num filme.
Não podia acontecer a melhor tipo: a UnitedHealthcare é das piores a recusar tratamentos e a cortar benefícios às pessoas, e o bom do CEO, que tinha um salário anual de 10 milhões, mamou ainda mais num esquema de inside trading tão escabroso que até nos EUA merece investigação.
Quem o matou deixou pistas nas balas: palavras do livro ‘Delay, Deny, Defend’, que critica as práticas das companhias de seguros americanas. Parece tratar-se de alguém a quem foi recusado um tratamento, ou um familiar que decidiu obter some sweet payback. Não sendo bonito, é eficaz.
Ainda há bons exemplos. Se mais gente os seguisse…
Foda-se, incitação á violência é crime, exaltação de crimes é só doentio. chego a ter pena do bostas…
Felipe Bastos, tenha maneiras. É essa a sua democracia direta? Depois do que tem escrito aqui sobre José Sócrates, “até fico arrepiado”. Julgava-o uma boa alma navegando num mundo imaginário, totalmente desfocado – ativista de um misticismo novo.
Jornalista bom é aquele que crucifica Sócrates mesmo sem julgamento este Carvalho é igual ao Luis Rosa que se acha acusador e Juiz e não gosta de ser contrariado como foi pelo advogado Paulo Saragoça da Mata que lhe disse que o arguido tem o direito de recorrer assim como o M. Público., mas estas cabeças são pagas para desinformar e não para informar.
«Julgava-o uma boa alma navegando num mundo imaginário…»
Compreendo a sua opinião, Fernando, e até certo ponto partilho dela: esse ponto é a certeza de que nada vai mudar, excepto para pior, enquanto canalhas como este e mamões como a UnitedHealth – que factura mais que o PIB de Portugal – não forem obrigados a mudar.
Este canalha contribuiu para mais mortes e sofrimento do que todos os serial killers juntos, e até muitos ditadores justamente vilificados. Se alguém celebrasse a morte de um deles a sua reacção era diferente, ou não era? É assim uma questão de noção e de perspectiva: somos levados a pensar de certa maneira, a ignorar factos ou a valorizar mais uns factos do que outros.
A polícia de Nova Iorque anunciou logo um prémio para quem trouxer informações sobre o assassino. Há dias que a imprensa fala do caso. Tem ideia de quantas pessoas são assassinadas todos os dias em Nova Iorque e nos EUA? E de quantas morrem ou sofrem escusadamente devido à ganância de mamões como a UnitedHealth? Adivinhe se alguém dá um prémio para elas.