O assassinato de Brian Thompson, o CEO de uma das maiores empresas de seguros de saúde nos EUA, gerou manifestações de regozijo através desse paraíso para cobardes chamado Internet. Assistimos à mesma doença aquando do ataque às Torres Gémeas, só para lembrar um episódio que me surpreendeu e chocou ao ver pessoas que pensava conhecer muito bem a festejarem a insanidade do terror. Quem estiver interessado em consumir obsessivamente, diariamente, esse tipo de desumanização extrema e digitalizada só tem de frequentar os poisos onde se faz claque pela invasão, destruição e matança na Ucrânia. Mas, se pudéssemos através dos ecrãs ver os corpos desses valentes a chafurdar na sua miséria existencial, essas figuras nada teriam de especial. Não teriam focinhos grotescos, não exibiriam marcas do mal, bem pelo contrário. Serão até pessoas que, se calhar, nunca passaram um sinal vermelho, que gostam de flores e que poderão ter muitas reservas morais em matar uma mosca. Porém, achando-se protegidas no conforto do lar, ou na descontracção da esplanada, brincam aos assassinos, fantasiam-se o braço direito de tiranos imperialistas. E tiram disso uma qualquer recompensa íntima, estão a mostrar ao mundo o seu poder.
O poder de teclar.
E andam sempre com a palavra “empatia” na boca. Acham que se repetirem muitas vezes a palavra tornam-se magicamente empáticos. Conheço um putinista assim, está sempre a dizer que os outros não têm empatia. De vez em quando sai-se com estas: “Putin é um homem sensato”; “O homem soviético é mais flexível do que o ocidental”; “A CIA é responsável por tudo”; “O Governo Ucraniano é nazi”, etc. Uma verdadeira personagem de ficção.
Trump foi coroado na Notre Dame de Paris e logo se começou a falar de paz. Fosse Kamala a indigitada e ali estariam a exigir baixar a idade do jovens a enviar para a matança.
O volupi, do alto do seu pedestal humanista-centrista, mistura várias coisas: atacar um mega-mamão que, por mera ganância, causa mais morte e sofrimento que muitas ditaduras; o 11/9, uma tragédia para muita gente inocente executada, ou no mínimo aproveitada pelo país mais terrorista do planeta para causar uma tragédia mil vezes maior; a invasão criminosa da Ucrânia por um ditador-gangster que foi apaparicado por décadas pelas suas mui estimadas ‘democracias’ capitalistas e liberais.
Tal como os cobardes de que fala o volupi, entre os quais me encontro, há variações deste postal em todos os jornais e todos os blogs: ó pra mim tão equilibrado, tão responsável, tão adulto, tão decente, tão crítico de extremismos, tão certinho, tão burguesinho, tão centrinho.
Eu cá estou sempre ‘do lado certo da História’. O lado certo é este: uns milímetros à esquerda do centro. Ou à direita do centro; ou acima; ou abaixo. É como for preciso para manter a minha vidinha confortável e os meus colegas xuxas (ou laranjas, conforme o caso) no poleiro e no pote.
Que horror o que aconteceu ao pobre Thompson! Uma pessoa já não pode mamar milhões à conta da saúde privada e do sofrimento público. Que horror o 11/9! Uma potência imperialista já não pode sacar serenamente o petróleo que lhe pertence (como tudo o resto no planeta) sem implodir umas torres. Que horror a Ucrânia! Um ditador trilionário estraga assim uma bonita amizade.
Lucas Galuxo, não passas de um pobre coitado. Mas folgo em ver que reconheces o poder de influência de Macron sobre um dos teus crápulas favoritos.
Que têm em comum o Assad da Síria, o Putin, o Trampa e o 44?
Caiu o regime de Assad. Que se foi encontrar? O costume: palácios de mármore, garagens cheias de Mercedes, Porsches e Ferraris, arte caríssima, candelabros de ouro. Luxo obsceno entre a miséria de milhões. Eis o que têm em comum todos os ditadores, todos os mamões, todos os trafulhas, todos os heróis dos carneiros que votam e dos volupis que os defendem.
É para isto que toda esta canalha, dos EUA à Síria, de Portugal à Rússia, do mais corrupto país africano ao mais civilizado e hipócrita país europeu, faz o que faz – para viver à grande. Para ter bens e vidas de luxo. Nada é mais claro ou mais óbvio, mas aos volupis não interessa falar disto. É conversa de taxista ou, pior ainda, de comuna. Centristas responsáveis não falam de dinheiro.
“o poder de influência de Macron sobre um dos teus crápulas favoritos”
Valupi, não passas de um pobre coitado. O Macron ainda há um par de meses injuriava Trump. Baixou a bolinha, como todos os outros. Agarrou-se a uma cerimónia religiosa como tábua de salvação para disfarçar a decadência da França e o desejo do eleitorado françês de o ver longe do Eliseu. Tanto a extrema direita como a extrema esquerda que formaram maioria para derrubar o seu Primeiro Ministro querem acabar com a instigação da guerra na Ucrânia. Se a guerra continuar uma ou outra vão tomar conta do Governo de França.
mas o gajo não foi a frança vender fight fight fight
https://gettrumpfragrances.com
@ Lucas Galuxo:
Concordo com muito daquilo que escreve a 9 de Dezembro de 2024 às 8:43. Faco notar no entanto:
1) chamar de “extrema esquerda” a esta fragil coligacao francesa dos restos realmente existentes de uma moribunda social democracia europeia denota, mal-grado alguma consciencia politica demonstrada alhures, colonizacao intelectual da sua parte na inclinadissima janela de Overton que o hegemonico neoliberalismo conseguiu construir.
2) concordo que a guerra na Ucrania acelera muitos desses processos a que alude no parlamento frances mas mesmo sem a geo-estrategicamente demente intervencao ocidental na Ucrania, a UE realmente existente, chega e sobra para criar as condicoes para a ascencao da extrema direita ao poder em Franca.
A UE, esta, a real, nao o sonho molhado de muita da esquerda europeia euro-iludida e uma fabrica salsicheira de producao de neo-fascistas.
Lowlander,
Ok.
1)Em vez de extrema esquerda e extrema direita digamos mais à esquerda e mais à direita. Só não vale dizer que um lado é extremista e o outro não.
2)Concerteza. A actual UE é um seguro de vida dos partidos mais à direita e mais à esquerda, em França e por toda a Europa. Uma instituição que nomeia como chefe da sua diplomacia uma figura figura abertamente racista e grosseira, como Kallas, ou como Presidente da Comissão uma autoritária e pesporrente como Ursula, não tem como fazer acreditar na bondade dos seus propósitos. É uma mera extensão de uma Nato ofensiva.
@ Lucas Galuxo
1) “Só não vale dizer que um lado é extremista e o outro não.”
Porque? Nao ha qualquer contradicao antes pelo contrario.
A minha tese e de que a janela de Overton foi reconstruida pela hegemonia neoliberal mais estreita e deslocada substancialmente para a direita do espectro politico.
2) Grosso modo, subscrevo. Nao sei como sustenta que a UE Otanizada, arquitecturalmente neoliberal e “um seguro de vida para os partidos mais a esquerda”, especialmente quando se tem assistido a uma sistematica erradicacao do espaco de debate de ideias, transversal a toda a UE Otanizada, de qualquer linha politica que sequer “cheire” a social democracia, quanto mais coisas “radicais” como linhas politicas alicercadas no Marxismo.
Lucas Galuxo, estive a ler com muita concentração o que me escreveste e sou forçado a dar-te razão. Razão indiscutível, absoluta. Realmente, o Macron, como todos os outros, baixou a bolinha. E isso é o que importa, é o que conta. A bolinha baixa. Mai nada, foda-se.
Trump é um homem forte, que obriga os decadentes franceses, e os outros decadentes nazis que andam a provocar a Rússia, a baixarem a bolinha. Felizmente, temos o Trump e o Putin, mais o chinoca, a mandar nesta merda toda. Homens fortes, homens que vão salvar a civilização, o planeta e, se a democracia e a liberdade não voltarem a espalhar a sua decadência nazi, também salvam a galáxia. E aí, pá, é simples: as galáxias vizinham têm mais é que baixar a bolinha.
Lowlander,
1)Giscard D’Estaing dizia que quando um país cobra mais de 38% de taxa de IRS já pode ser considerado socialista. Olhe para as tabelas de IRS dos países da UE e conclua por onde anda a janela de Overton
Valupi, larga o vinho
Lucas Galuxo, agora que me converteste à religião dos homens fortes, e que iniciei este processo de fanatização sem regresso, o meu mundo está de pernas para ar. Já não consigo comunicar com as pessoas que me rodeiam, tenho de procurar quem me compreenda, novos companheiros de rota. Como tu, brilhante pensador sobre a realidade dos homens fortes que vão acabar com o nazismo da União Europeia.
Conta aí: vocês têm algum centro de apoio onde um gajo se possa dirigir para pedir ajuda ou apenas ficar lá dentro sentado a ler o Record enquanto não pára de chover?
Valupi,
Homens fortes? Falas dos terroristas corta-cabeças herdeiros dos de 9/11 que a mando da Turquia e de Israel foram parabenizados por Biden, Starmer, Macron e demais progressistas europeus, por destruirem o ultimo regime secular do Médio Oriente?
Não sei se lêem o Record
Lucas Galuxo, sim, acertaste! Eu sabia que podia contar contigo. Temos de acabar com essa escumalha toda dos progressistas europeus.
Vamos esquecer o Record, então. Vocês treinam com pistolas, facas de cozinha ou mesmo fisgas para ajudar o Trump e o Putin caso seja necessário filar algum progressista europeu? Ou a coisa passa mais por andarem a recrutar militantes nas caixas de comentários dos blogues, como tu fazes com assinalável sucesso?
Valupi,
Se Mário Soares fosse vivo corria os actuais progressistas europeus e americanos todos a chicote. Tens dúvidas? Se alguns como ele estivessem no activo, Trumps, Putins e LePens já estariama gozar a reforma
@ Lucas Galuxo,
A VGE, um pioneiro da construção neoliberal europeia, nap reconheço autoridade alguma.
Note também que o seu contra argumento é um completo non-sequitor: eu falo de tendências políticas na Europa e você contrapõe com uma citação avulsa e uns números instantâneos. Em linguagem económica diria-se que eu argumento com taxas e você contra argumenta (completamente ao lado do que é debatido) com índices.
este saiu do sofá. e está coberto de razão. quando comecei a ler veio-me logo à cabeça o unabomber. curioso.
https://www.eldebate.com/internacional/20241210/luigi-mangione-brillante-estudiante-detenido-asesinar-ceo-unitedhealthcare_252137.html
queres ver que também tirou outros do sofá?
https://www.facebook.com/20minutos.es/videos/574323331975959?locale=pt_PT
Carteles de “Se busca” en Nueva York con las caras de otros directivos de aseguradoras de salud tras el asesinato de Brian Thompson