2005: 5.713.640
2009: 5.658.495
Votou quantidade quase igual de pessoas, diferença de 55.145 eleitores a menos. É um bom resultado, especialmente se tivermos em conta os seguintes factores:
– Campanha negra contra Sócrates desde 2007, com altíssima intensidade a partir de Outubro de 2008 por via do caso Freeport e sua exploração na comunicação social.
– Oposição ao Governo pelo Presidente da República, em crescendo até mesmo ao dia da votação.
– Campanha do PSD geradora de confusão e desmobilização, tanto pela ausência de propostas como pela estratégia de criação de medo.
– Campanha do BE radicalizada no voto corporativo e de protesto.
– Campanha da CDU tribalizada, sem qualquer novidade ou mensagem relevante.
– Movimentos de promoção da abstenção, a que acrescia grande aumento do desemprego.
– Receio da gripe A, com pico de pânico causado pela notícia da morte de um candidato autárquico no dia anterior à eleição.
Quem realça a perda da maioria absoluta, e os 500.000 votos a menos no PS, está só interessado em continuar a mentir aos outros ou a si próprio. A maioria de 2005 não por acaso foi a primeira para o PS. Foi preciso um ciclo desastroso do PSD para tal acontecer, foi preciso um Durão traidor e um Santana igual a si próprio. Tendo em conta o desgaste e ataques a que Sócrates esteve sujeito, também o choque social das políticas reformistas, o que deve ser matéria de reflexão está nos resultados dos improváveis vencedores.
Assim, não admira que o CDS tenha captado muitos eleitores que encontraram na simplicidade pragmática e conservadorismo do discurso de Portas um porto de abrigo face à dificuldade em dar sentido às mensagens contraditórias, caóticas e decadentes de Ferreira Leite.
Tal como não admira que o PS, e Sócrates, tenham ganhado com inequívoco mandato governativo – apesar de terem tido tudo e todos contra eles. É que há, pelo menos, 2 milhões de portugueses que não se deixam enganar. Que escolheram a coragem de governar.
Aqueles que não querem governar, e cujo programa e prática parlamentar não passa de um permanente boicote à governação, são os piores abstencionistas. Temos de os suportar, mas são insuportáveis.