Faça-se subir aqui a discussão que, nos cafundós do blogue, se vem desenrolando. Os dois intervenientes o desculpem, se era a discrição o que procuravam.
Nuno Ramos de Almeida | abril 19, 2006 11:32 PM
Valupi,
Ao contrário de ti e do professor Cavaco que estão convencidos que pessoas com informação igual chegam às mesmas conclusões, há no mundo gente que pensa que é possível ter ideias diferentes sobre a realidade. A função do Bloco, e dos outros partidos políticos, é defender um conjunto de ideias que acham importantes para melhorar a sociedade. Por muito que te custe entender, o Bloco defende propostas diferentes para imigração do que CDS/PP. As iniciativas como o Colóquio Internacional, para ti “sem contexto”, a exemplo do relatório aprovado no Parlamento Europeu ou das propostas legislativas sobre a imigração e a nacionalidade, servem para fazer este caminho.
Nesta matéria, ao contrário de outras áreas, o Bloco e os seus activistas têm muita actividade e, de alguma maneira, as suas ideias que só há integração com cidadania, têm-se tornado presentes na discussão democrática e na formação de novas maiorias sociais.
Tu não mostras realidade nenhuma, apenas teimas em remendar um post com uma perna de pau e outra amputada.
Eu acho que toda a gente percebeu que apesar das más companhias do Aspirina, tu não és, nunca foste, e nunca serás do Bloco ou de Esquerda. Mas não teria sido mais fácil publicar um anúncio no Diário de Notícias a garantir ao Sr. Prior que nada tinhas a ver com gente pecadora?
Nota: eu que não tenho nada que ver com organizações de imigração, já estive em reuniões com associações, iniciativas e diálogos com a população no Vale da Amoreira, na Azinhaga dos Bezouros, na Arrentela, na Cova da Moura, no Bairro do Fim do Mundo, para além da Bela Vista… vê lá tu, a quantidade de trabalho que militantes do Bloco que participam, por exemplo, na Solidariedade Imigrante e em outras organizações já fizeram…
Valupi | abril 20, 2006 03:47 AM
Nuno
Não estás de boa-fé nesta conversa (coisa que não me preocupa, esclareço, mas também não me diverte) e por isso estás a perder tempo. Se preferes fazer alusões ao Cavaco, ao CDS, ao Aspirina ou à Virgem Maria, em vez de apresentares factos e informações relativos ao assunto, não pagas mais por isso. Há fantasmas de estimação, compreende-se.
Nunca pensei que a prestação de um trio de luxo — tu, o Daniel e o “James” — se ficasse pela inanidade de reagirem emocionalmente num campo onde detêm tanta informação. O Daniel foi buscar a produção legislativa, tu puxaste da biografia e o “James” disse-me para contratar um detective. Mas nenhum foi capaz de indicar um qualquer meio para aferir, constatar, avaliar, ponderar, simplesmente conhecer o plano de actividades (já nem falo dos objectivos) do Bloco nas áreas em causa. Esse silêncio começa a ganhar estatuto de mistério.
Onde vocês se mostram muito descontraídos é na hermenêutica de posts e consequentes comentários. Pelos vistos, estão preocupados com a integridade do texto, não admitem qualquer desvio. Fica-vos bem esse cuidado e ofereço-me para vos ajudar.
Reparem que o parágrafo em causa começa com uma tese genérica: os partidos são os maiores responsáveis pelo marasmo social no que respeita à relação que temos com os nossos imigrantes. É uma tese não académica, confirmo. Mas permitiu dar dois exemplos: PCP e Bloco. O que eu fiz, todos o podem fazer; e daí tirar conclusões. Se os sites não são actualizados por causa de qualquer situação anómala ou porque nem sequer é um canal que mereça atenção, é problema que não me diz respeito. Fica que, como cidadão, não encontro em lado algum (nem nos veículos informativos oficiais!) a informação que procuro. Acham questão de somenos? Acham que é preguiça? Essas magníficas respostas, aqui em cima gravadas, dizem muito do autismo partidário.
Mas porquê dar como exemplo o PCP e o Bloco? Para o Daniel, eu não poderia ter escolhido pior; e não é que o homem acertou?… Realmente, algo de muito mau se passa em Portugal quando as duas forças políticas com maior protagonismo na defesa dos imigrantes são, ao mesmo tempo, exemplos de desleixo e inércia. Desleixo na comunicação e inércia no pensamento, eis o que está à vista no que apresentam e no que escondem. Porque se a actividade parlamentar e mediática, o trabalho com associações e populações, é uma constante, também constante é a tibieza desses resultados. De resto, seria inconcebível que organizações partidárias profissionalizadas, com orçamentos para gastos vários, pagando salários, tendo voluntários à disposição, não ocupassem as temáticas e tecidos sociais onde viabilizam a sua existência. Não há surpresa nenhuma, nem sequer merece frouxo aplauso, o facto de o Bloco e o PCP terem militantes e apaniguados seus metidos nas associações disto e daquilo, produzirem documentos ou organizarem colóquios. O que se discute é a eficácia dessas intervenções.
Para quem participa na vossa vida partidária, a revolução está de saúde. Há coisas a acontecer. Há papéis para mostrar. Há sítios para visitar. Há reuniões para comparecer. Há textos para escrever. Há fotos para mostrar. Há tempos de antena para preencher. Há eventos para encenar. Há pessoas com quem falar. A existência faz sentido, é uma questão de tempo até todos se convencerem das vossas verdades.
Entretanto, no mundo dos que apenas trabalham e vão para casa dormir, os dias passam sem se tropeçar nos partidos. A imigração cresce e as pessoas acomodam-se, mas não se aproveita a diversidade cultural para com ela fazer cultura. Esta a tese de todo o post, que abre com uma experiência no campo das ciências sociais. Por razões várias, Portugal poderia ser uma escola de solidariedade entre povos diferentes. Temos bagagem e lastro para tal, apenas nos falta a cabecinha. Dá-se é o caso dos partidos apenas se fazerem mediaticamente ouvir nessas matérias em períodos eleitorais. Mas ainda muito pior: os partidos não apresentam ideias do foro cultural, limitam-se a utilizar a temática para efeitos de combate político circunstancial. Os partidos não pensam, nem fazem pensar — são conúbios narcísicos.
Aborrece repetir o que já se repetiu: as propostas de lei, as participações em acções, a veiculação informativa (como no “Esquerda”, por exemplo) não estão em causa no post enquanto actividades formalmente meritórias. Para vocês, é o bastante. Para mim, não chega. Porque o modelo que reproduzem é o de uma organização fechada, cópia de associações de cariz religioso onde há um contentamento bovino com as virtudes próprias e uma acusação viperina na ponta da língua para exorcizar suspeitas alheias.
Que a coisa marchava assim, já o sabia. Depois desta discussão, fico assustado.