Publica-se, aqui, retocado. Definitivo.
O ARTISTA SECUNDÁRIO
Estava ele tranquilo, teclando.
A coisa até se pusera a sair bem,
Com Dvorčak passeando pelos cantos.
Abaixo da vidraça, a toda a largura,
Como nos filmes, Nova Iorque apressava-se.
Era aquilo um poema? Os outros diriam.
Saga? Também servia. E, a insistirem,
Prontos tá bem, um romance. Contentes?
E, de repente, aquilo. O ecrã a negro,
Silenciados ‘O Novo Mundo’ mais o ar condicionado.
Fizera o ‘save’? Fizera? Não fizera.
Isto é um sonho. Mas desta vez não havia sorte.
Ai a minha vida. Cita-se, também literalmente.
Vá, depressa, refazer, enquanto…
Mas oh, ali no papel perdera a graça.
Ai a minha vida. Já nem se comenta.
Pois era, perdera-se tudo. Apagara-se
O grande texto fundador do século,
Como diriam, alvoroçados, os críticos do costume.
E dirão, por Zeus. Dirão. Mas de outro.
Que, nesse dia, enlouquecerá de feliz.
Ele, o artista secundário.
Gandulos. Acabam sempre por encontrá-lo.
fv
Não rima.
não tem métrica
Não tem a letra “W”.
Não tem uma menção ao Benfica.
Mas é bem fixe. Podia chamar.se “Ode à minha UPS”.
LR (nunca fiando),
Obrigado, meu crítico. Na edição em livro (póstuma, por causa do chique), há-de sair a tua sugestão, como erudita nota de rodapé, com link para este sítio, jurássico, mas vivo ainda.