Garoupa na claque do Estado de direito
Nuno Garoupa é uma curiosa figura que se apresenta como intelectual, para épater les burgessos, mas onde a chinela lhe escorrega para a sua gana de mandar nisto sem ter a paciência para fazer o circuito da sujeição partidária. Isso resulta em muita ambiguidade embrulhada em vacuidades para consumo mediático. Quando foi claro a respeito de alguma coisa, mostrou a sua filiação ao pior do pior do laranjal: Garoupa na claque da Joana
O tempo passa, e achou que já podia dar um contributo inequívoco em prol do Estado de direito, do bem-comum e da mera decência humanista:
Eu acho bem que mudem de ideias. Afinal só os burros nunca mudam de ideias. E mudar faz bem a todos. Mas convém ser explícito sobre isso. Vejamos:
(A) Agora há uma distinção importantíssima entre suspeito, arguido, acusado e condenado. Obviamente isso nunca se aplicou a José…— Nuno Garoupa (@NGaroupa) March 26, 2025
Só que perdeu uma excelente oportunidade para também mostrar coragem, traço de carácter com os seus riscos certos e glórias incertas. Em 2009 e 2014, datas que convoca, ter dito que Sócrates era inocente (como hoje continua a ser) faria dele um exemplo cívico admirável. Em 2025, na ressaca do festival de hipocrisia montenegrino, fica apenas como mais uma pulsão narcísica para mostrar que é superior à canalha.
Vamos aos pulhas
Micael Pereira é um reputado jornalista de investigação, um “grande repórter” pago pelo Balsemão. Acerca da Operação Marquês e suas peripécias, será uma das 100 pessoas em Portugal que mais informação a respeito possui ou já tratou, talvez mesmo uma das 50, ou até menos. Fez bem o Polígrafo, na parceria com a TSF, em chamá-lo para comentar a denúncia de Sócrates contra os jornalistas portugueses por estes, na sua tese, estarem a normalizar o que é um escândalo. E que ocorreu a este prestigiado membro do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação dizer na ocasião?
Isto: que Sócrates tem uma narrativa desmentida pelo que “veio a público”, e pelo que “nós sabemos”; que Sócrates contribui para a desinformação a respeito da sua situação judicial ao insistir na sua narrativa; que Sócrates e Trump são siameses nestas andanças judiciais; e que é óbvio nada haver de influência, motivação, exploração ou abuso de natureza política na Operação Marquês, estamos antes no reino da pureza institucional e da exemplaridade na conduta, tanto de magistrados como de jornalistas.
Ora, não conheço o Sr. Pereira pessoalmente, nem conheço ninguém, que saiba, que o conheça pessoalmente. Pelo que estou bastante disponível, e até confiante, para admitir que seja uma das melhores pessoas que já se passearam neste planeta, não fazendo mal a meia mosca. Por aí, pelo lado em que é um cidadão, esta sua opinião gravada para os arquivos do Polígrafo/TSF é de uma legitimidade absoluta. Por ser o que ele pensa com os seus botões, tendo tido a generosidade de partilhar com eventuais interessados.
Mas fica do episódio um lamento. É que desconhecemos o que o Micael craque das investigações aos políticos quase corruptos, especialmente a este na berlinda, tem a dizer sobre o que esteve na origem da sua ida ao programa: O Grande Normalizador. Neste artigo, Sócrates organiza, detalha e em parte repete o que tinha dito na entrevista à SIC que deixou a jornalista agastada e impertinente, em parte repete o que tem repetido noutros artigos sobre o seu caso judicial. Sobre isso, que é um conjunto de factos, de inferências necessárias e de ilações lógicas, fica um silêncio tumular. Dele e de toda a classe jornalística. De todo o comentariado. De todo o sistema partidário.
É por isso que o Micael Pereira entra nesta edição do Polígrafo como vedeta da imprensa e sai como mais um pulha que não merece a mínima consideração profissional. Concluimos factualmente.
O esplendor do Kremlin – as tréguas que lhe interessam e nem mais uma
Sem a mínima consideração nem grande interesse por umas conversações de paz a sério (aliás, conversações porquê, já que, para haver paz, a Rússia só precisará de retirar?), os iluminados russos vêm propor, ou melhor, são favoráveis a – pasme-se, tréguas, mas tréguas apenas nas áreas em que estão a perder o controlo, a saber: o Mar Negro e as infraestruturas energéticas (refinarias, depósitos de combustível, etc.). De facto, têm sido inúmeros e eficazes os ataques ucranianos a esse tipo de infraestruturas e também a navios russos no Mar Negro. Portanto, espertezas saloias russas frente a frente com ignorantes, aproveitam as chamadas “conversações de paz” para proporem que os ucranianos parem com os ditos ataques (quem não?), sabendo que Zaporizhzhia, a principal central nuclear ucraniana, está nas suas mãos, mas não têm a mínima intenção de deixar de bombardear cidades, hospitais, creches, prédios de habitação e em geral tudo o que seja ucraniano e vulnerável. Se conseguirem, a Ucrânia é para arrasar. Até ao fim. Em alternativa, instalar em Kiev um Governo fantoche pró-russo.
E a equipa dos ditos negociadores enviada à Arábia Saudita pelo promotor imobiliário que preside à Casa Branca sabe tudo isto, quanto mais não seja porque o Zelensky a informa e a alerta, e o que diz? Pois que acha bem. Acha normal. Acha mesmo que vai alcançar um acordo de paz para mostrar aos papalvos dos seus apoiantes nos States como é grande o promotor imobiliário alaranjado. E assim estamos. Mas vamos ver. Tudo isto é mundialmente escandaloso e algum dia vai ter que parar. Não se sabe ainda como.
Não quereria estar na posição do Zelensky. Vontade de mandar os americanos para aquela parte não lhe deve faltar a toda a hora. A prudência manda, porém, que não o faça. Já está mau assim – assistir a dois biltres aparentemente a decidirem a partilha das suas riquezas – não pode permitir que fique pior. Mas esta enorme traição exige nervos de aço e toda a sabedoria do mundo.
Incrível? Incrivelmente, não
Ana Sá Lopes, Helena Pereira e Ruben Martins conseguem ser mais pulhas do que Relvas.
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Dominguice
James Carville, o estratega da campanha eleitoral de Clinton que foi autor do infinitamente repetido bordão “It’s the economy, stupid” em 1992, escreveu um artigo em Fevereiro onde aconselha o Partido Democrata a mandar-se ao chão e fingir-se de morto. A lógica é a de ser preciso deixar que sejam os cidadãos a reagir às políticas de Trump, sem a usual retórica da indignação de quem está na oposição e tem acesso aos canais mediáticos a criar distracções e a diminuir o impacto dessa esperada reacção popular. Embora possa ser um conselho meramente táctico, e cínico, ele adequa-se perfeitamente ao estado de estupor em que ficaram os Democratas ao verem a democracia a consagrar, sem mácula nem suspeitas, quem a tentou e tenta destruir. A respeito de Trump, como criminoso, imoral, megalómano e traidor, estava tudo à vista. Há anos e anos. E, mesmo assim, a democracia norte-americana, a mais antiga do mundo moderno e liberal, preferiu dar-lhe o poder. É uma situação para a qual a inteligência da elite do Partido Democrata não tem respostas, estão atónitos. Mas se o partido seguir o conselho de Carville, como parece estar a seguir, igualmente fica na linha de tiro da reprovação do seu eleitorado e do eleitorado flutuante. Assim o mostram as sondagens e os episódios de conflitos em sessões de esclarecimento com cidadãos avulsos.
Donde, está na altura de alguém no Partido Democrata lançar o “It’s the democracy, stupid”. Não foi para termos certezas que foi inventada, foi para haver esperança.
Sonhos húmidos
Investigações sem falta de homem
Parece que afinal nem 15 dias era preciso para a CPI chegar a conclusões https://t.co/vA8dArOAD4
— Pedro Duarte (@Pedro_Duarte) March 20, 2025
Vamos lá a saber
Da imbecilidade dos imbecis
«Há gente que pensa e afirma não acreditar nos políticos posto que são todos corruptos e também mete no rol os jornalistas, rádio, tv, etc.; praticamente todos menos os próprios e alguns amigos, talvez.
Bem, contudo, quando se trata de Sócrates nota-se imediatamente que beberam e acreditaram em tudo que o “cm” e seus escroques jornaleiros maiores, o Dâmaso a Laranjo e aquele fulano aparentemente meio bronco que era diretor e agora é administrador inventaram, contaram e pintaram no dito tablóide; se falam deste jornal apelidam-no de tablóide dedicado a crimes de faca e alguidar e mentiroso, e é realmente, mas que há bruxas há, porque depois acreditam piamente nas narrativas ficcionadas segundo os interesses das vendas de papel, ganhos e demais objetivos do patrão.
A tal ponto acreditam no tabloidismo do “cm” e demais imprensa em geral para-tabloidista que não precisam de provas, documentos comprovativos de prova, prova dos factos, nada, basta-lhes a notícia e as narrativas inventadas em conluio com a PGR. Lembro-me que o “cm” começou a contar a mentira Sócrates sob a capa de que tal indivíduo era um menino bem, rico, filho de pais e avós muito ricos, etc., e portanto mimado e habituado a gastos faustosos. Mais tarde inverteu a situação da narrativa quando se deu e apercebeu que a história de um PM muito rico não casava bem com um PM corrupto por todos os lados, Vila Moura, Angola, Venezuela, Colombia, Freeport, Magalhães, o Primo, o Amigo a Mulher, o rei D.Carlos, etc. etc., quilómetros e dezenas de lugares e objetos de corrupção.
Tudo metido em caixotes de toneladas de papel e palavreado de conversa fiada-falsa para encher e sugerir uma “complexidade” gigantesca e desse modo chegarem aos dez anos dez (10) anos dez e, agora, querem à pressa julgar o que já fora julgado por juiz isento de contaminação com o processo.
Também no conceito de que nesta democracia são todos corruptos não cabe qualquer possibilidade de, igualmente, também serem corruptos, ou corrompidos, ou ideologicamente dirigidos, os senhores magistrados e juízes da dita democracia de corruptos. Pois, claro, a olho nu, à vista desarmada, perante os nossos olhos vê-se o tratamento desigual dos senhores magistrados face a uns e outros; a uns vai-se a correr montar arraial e espalhafatosamente fazer buscas a casa; culpa-se pelo espetáculo do ato em si, prende-se, e o escarcéu vilipendioso continua dias até ficar a marinar em lume brando; a outros fazem-se estudos para saber se o caso está na alçada da lei; depois, normalmente, em tempo de distração geral, dá-se o arquivamento sem cenário e em tom baixo; o caso submarinos foi exemplar.
Agora, é vê-los, todos engalanados nas tv a botarem opinião acerca de ética e moralidade perante a opinião pública e, especialmente o povo, quando este se apercebe, de saber e experiência feito, que há evidência de possibilidade de corrupção.
Será uma necessidade para a Democracia ter de sacrificar, muitas vezes, os seus melhores quadros políticos, mais competentes, visionários do futuro, os que mudam as circunstâncias e algumas vezes o mundo. Sabemos da leitura da história e filosofia do pensamento que tal já aconteceu muitas vezes, contudo, sempre o juízo final dessas vidas truncadas pela reacção dos ignorantes foi, mais tarde, reconhecida como erro histórico grave e devidamente desagravada com homenagens póstumas que, embora muitas sejam fingidas, os herdeiros do dito reaccionarismo que praticou o mal tenta continuar de bem com suas consciências.»
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Oferta do nosso amigo jose neves
Cuidado Sócrates, não faltes ao respeitinho à juíza… e à jornalista!
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Qual é o prazo de validade do “não é não”?
Tudo indica que nesta campanha eleitoral voltaremos a ouvir juras de Montenegro, e de todos os militantes do PSD, que o “não é não” é a coisa mais sagrada do mundo. Contudo, o nome que mais entusiasma os mesmos militantes para substituir o actual líder é o de Passos Coelho. O ex-deputado Duarte Pacheco garantiu há dias na RTP3 que se ele decidir voltar terá o partido a seus pés. Não é coisa pouca.
Ora, todos sabemos que para esse magnífico ex-governante uma aliança com o Chega é a coisa mais provável de vir a acontecer.
Em que é que ficamos? Porque os líderes passam, mas os militantes ficam, por que raio não assumem já a possibilidade dessa aliança, em vez de se armarem em virgens ofendidas se confrontados com tal hipótese?
Dominguice
Consta que José Pedro Aguiar-Branco disse no Conselho Nacional do Partido Nacional Democrata que “Pedro Nuno Santos fez pior à democracia em seis dias do que André Ventura em seis anos” e interpretou o chumbo da moção de confiança, na terça-feira, como um ataque ao “regime”. Ainda não satisfeito, apontou também o dedo a comentadores de política como Daniel Oliveira e Pedro Marques Lopes.
Confesso a minha surpresa. Nunca tinha percebido que o actual Presidente da Assembleia da República é alcoólico.
O Ventura é muito
É frequente ouvir e ler, vindo da cachimónia de jornalistas que se apresentam como especialistas em política, a expressão “o Ventura é muito esperto”. O estribilho acompanha, invariavelmente, um qualquer cenário futuro em que o fulano louvado pela sua esperteza aparece a ganhar ainda mais protagonismo e ainda mais votos nas previsões abalizadas dessas sumidades. Tudo, garantem sem hesitar, graças à sua esperteza superior e admirável.
Não, caralho. O Ventura não é muito esperto. Alguém medianamente esperto trataria de nunca jamais vir a confundir-se com o Ventura e a escória que agrega. O que ele é, é, mazé, muito pulha. E precisa-se de ser muito burro, ou também pulha, para trocar a pulhice pela esperteza.
Tanto vinho
Preparados para o trumpista Montenegro, homem honrado como o outro?
A mentira é a verdade e os factos não existem. A realidade invertida. Montenegro anunciou já que fará a campanha eleitoral com base no mote “Fui vítima do meu sucesso” e “O que eles têm é inveja”. LOL
Empresa familiar com actividades e finalidades nebulosas, recebimento de avenças pagas por empresas que dependem do Estado enquanto é primeiro-ministro, falsa cedência da empresa aos jovens filhos, muito dinheiro vindo não se sabe de onde? O que é isso, gente? Isso nunca existiu. Ele é um homem honrado. E também um português comum, aquele que faz esquemas, nada de mais. Além disso: governou tão bem que os portugueses só podem castigar quem interrompeu, por inveja, tão bem-sucedido mandato. É ver a saúde e os fiéis incompetentes que a tomaram de assalto e tudo o que podiam. Magnífico Governo.
Não sei se estou preparada para esta farsa ao estilo dos gangsters do lado de lá do Atlântico, Trump à cabeça. Metade do espectáculo já está montado, pois já vemos os fiéis apoiantes deste vigarista, que tudo fez para fugir ao inquérito parlamentar, a darem vivas ao chefe, desde os membros do Governo até à antigamente mui severa Manuela Ferreira Leite, passando pela tia Maria João Avilez e provavelmente toda a SIC (não frequento), a que acrescem todos os demais que gritavam a plenos pulmões “criminoso!” contra os socialistas que cravavam bilhetes para um jogo de futebol ou tentavam trazer investimentos milionários para Portugal.
De modos que o Pedro Nuno tem aqui um desafio: como competir com um declarado mentiroso que tudo fará para que se ignorem as suas trapaças ou, melhor, tudo fará para as transformar em qualidades populares e muito comuns. O meu conselho: alegria, humor e contra-ataque. Sem tréguas.