Arquivo da Categoria: João Pedro da Costa

Uma história feliz com um final assim-assim

Uma das mais recentes modas no universo dos vídeos musicais é as editoras utilizarem o potencial da web 2.0 para organizar concursos em que os fãs são desafiados a realizar um teledisco para os seus artistas. Desde que haja massa crítica (isto é, desde que a banda tenha uma assinalável legião de fãs e tenha ao seu dispor os meios para divulgar o concurso pela rede), esta é uma forma bem económica das editoras poderem vir a obter um vídeo enxuto quase de borla, pois uma simples pesquisa no YouTube demonstra que não falta por aí muita gente com talento disposta a pôr as mãos à obra.

Os Incubus (banda que não me faz abanar o coreto) resolveram enveredar por esse caminho e organizar um concurso para a criação de um vídeo para o single «Dig». O vencedor acabou por ser Carlos Oliveira, um jovem designer português residente em Esmoriz, que concebeu uma animação em Flash para a banda norte-americana. O Carlos lá ganhou alguma notoriedade e levou para casa o material informático da praxe, enquanto o guitarista da banda não se continha nos elogios: «O vídeo é todo feito com animação. A banda não aparece, o que é fantástico. O realizador fez um trabalho surpreendente: animou diversas ilustrações do nosso álbum e através delas contou uma história».

O problema nesta história é que a banda acaba de lançar oficialmente uma versão editada do teledisco original, alternando as imagens da animação original com (pasme-se) filmagens absolutamente dispensáveis dos músicos a tocarem o tema em playback. Comparar os dois vídeos acaba por ser um exercício penoso, mas sempre possui a virtude de nos mostrar a diferença entre o trabalho genuíno de um artista e um produto confeccionado pelos ditames (muito contestáveis) do que a banda e a editora devem apodar de «marketing comercial» (como dizia um amigo meu, a carinha laroca de Brandon Boyd sempre deve dar para vender mais uns milhares de discos).

A web 2.0 é uma cena bonita, não é?

Confissões, VI, 3

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Contrariamente ao que dizia Ruy Belo (e ao que ainda hoje afirmam alguns autarcas), o verdadeiro problema não é o da habitação, mas o de saber respirar. Se Santo Agostinho gabava Santo Ambrósio por este conseguir ler como quem respira («Quando ele lia, os seus olhos esquadrinhavam a página e o coração procurava o sentido, mas a sua voz mantinha-se em silêncio e os lábios e a língua não se moviam»), eu gabo os que respiram como quem lê, isto é, todos aqueles cujo coração jamais se cansa de procurar. O problema da respiração é uma inquietação que herdei do meu pai, que teve de aprender a respirar uma língua nova, quando emigrou para França, aos 48 anos. Foi aprendendo aos poucos, com a necessária dificuldade, a entender de forma pragmática a maioria dos enunciados. De vez em quando, sobretudo quando estava a ver televisão, perguntava a mim ou aos meus irmãos o significado de uma palavra desconhecida. Ele não queria traduções ou perífrases aborrecidas, mas a palavra portuguesa exacta que, na sua ingenuidade, correspondesse à do idioma proibido. Depois, pedia-me para escrever pequenos lembretes que ia acumulando nos bolsos no meio das moedas e dos maços de tabaco. Ele nunca se preocupava em repetir em voz alta as palavras novas que aprendia e há já alguns anos que me assombro com o facto de nunca o ter ouvido dizer uma única palavra em Francês. Quando eu tinha dez anos, chegou a minha vez de aprender a respirar esse «infinito que nos acena de além do mar», de que falava Vergílio Ferreira. Com a minha língua materna, adquiri uma respiração tensa e sôfrega com a qual, malgré moi, ainda hoje me identifico. Com o Português, aprendi a compreender melhor o pudor do meu pai: não é impunemente que se aprende a inspirar a vossa língua e a sentir nos pulmões, em plano suavemente inclinado, a vertigem do mar. Se gosto tanto do Português, não é apenas por essa língua não ser minha, mas por nessa distância lá caber toda a tristeza de me saber de nenhum lugar. O meu corpo é uma desgraça: inspiro frases de um Português límpido e cheio de maresia para depois expirar uma língua tosca na qual nem sequer me será permitido um dia naufragar. Sonho muito com isso, sabem. Respirar água, para depois, finalmente, abrir os braços os pulmões a boca. E conseguir falar.

As abelhas fazem o Verão

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Agora que o Verão parece ter finalmente chegado, está na altura de ouvir música cheia de vitamina D. Depois de ter contado nos últimos anos com os préstimos de Ethienne Daho, Beta Band, Magnetic Fields, Beck e LCD Soundsystem, é com um certo aparato e uma razoável estupidez que venho aqui anunciar ter já encontrado o meu disquito de Verão para 2007: Octopus dos The Bees (infelizmente, ainda não foi editado em Portugal, mas eu sei que vocês sabem como arranjá-lo rapidamente). O disco é um magnífico anacronismo que faz questão de ignorar tudo aquilo que está na moda em 2007: ele é pop, dub, soul, country, folk e música latina misturada por um brilhante grupo de músicos que alia a técnica a um irresistível sentido de humor. Como não podia deixar de ser, tratei logo de averiguar se já havia algum videoclip para promover o álbum e, meus amigos, que estalada. O single escolhido foi «The Listening Man», uma canção capaz de fazer ressuscitar a saudosa blue-eyed soul da década de 60 (e olhem que estou a falar de mimos com o gabarito dos Rascals ou dos Righteous Brothers). O teledisco foi realizado por Dominic Leung que, para não destoar, resolveu criar um vídeo como já não se faz hoje em dia, apostando nas virtudes de um grande casting e de um belo fio narrativo (o «I don’t know what to say, I’m speechless» é de antologia). Tudo isto é muito parolo, eu sei, mas podem sempre tentar encontrar formas originais de o dizer na caixa de comentários.

Uma versão em alta-resolução (Quick Time) pode ser vista aqui.

I dream a lot but i’m not a very good sleeper

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Após ter realizado um anúncio inacreditavelmente sóbrio para os seus padrões, e enquanto não chegam os seus novos videoclips para os White Stripes e Paul McCartney, Michel Gondry meteu-se numa missão impossível: convencer os mortais que os HP são melhores do que os Macs. Falha esplendorosamente, é verdade, mas sempre ficamos com mais uma obra-prima do rapaz. As justificações são os meios dos fins.

Uma versão com maior qualidade (Quick Time) pode ser descarregada aqui.

In A Beautiful Place Out In The Country

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Se há uma banda que demonstra que a música não é apenas para ser ouvida, essa banda são os Boards of Canada. Senhores de um culto que consegue ser quase tão fascinante como as capacidades evocativas da sua música, não é de estranhar que, apesar dos manos Michael Sandison e Marcus Eoin apenas terem apadrinhado oficialmente a edição de um teledisco, pululem hoje na rede centenas de vídeos amadores feitos por fãs ansiosos por partilharem as suas experiências sinestésicas. Para quem «sofre» dessa condição, ver esses vídeos pode ser uma experiência perturbadora. Embora não venha listada no DSM-IV (a minha mãe acha que devia), a sinestesia é uma capacidade neurológica cujo estímulo pode ser profundamente viciante. Lembro-me que quando descobri que Kandinsky era sinestésico, pensei ter descoberto as razões da grande afinidade que, desde pequeno, sinto com a sua obra. A partir desse dia, procurei ter acesso aos quadros de tudo quanto era pintor sinestésico, mas, com a excepção de David Hockney, jamais voltei a sentir essa morna e inexplicável familiaridade. Voltando aos Boards of Canada, gostaria de partilhar com a malta que tem pachorra para estas coisas uma curta-metragem intitulada In A Beautiful Place Out In The Country que um senhor chamado Neil Krug realizou recentemente a partir da música do duo escocês. Devo dizer que não vi de ânimo leve essa curta-metragem. Primeiro, porque o EP que dá o título ao vídeo é uma das bandas sonoras da minha vida. Depois, porque as duas outras faixas utilizadas («Into the rainbow vein» e «Ataronchronon») são, de longe, os meus dois temas favoritos do último The Campfire Headphase. Não acredito em almas gémeas, mas, que diabos, um gajo dispensa bem este tipo de coincidências.

Podem ver/ouvir/cheirar/tocar/provar esse vídeo aqui.

Post dedicado ao Professor Carlos Reis II

Os Beirut foram a grande sensação da música alternativa de 2006. A edição de Gulag Orkestar valeu a Zach Condon comparações com Conor Oberst (credo), Jeff Mangum (quem lhe dera), Sufjan Stevens (estou a ver, mas não) e Stephin Merritt (ah). Como sou bastante mais palerma nas comparações, as canções de Zach Condon surgem-me com uma bela alternativa à banda sonora de uma das raras aventuras felizes de um realizador europeu nos Estados Unidos: Arizona Dreaming de Kusturica. Os Beirut lançaram há alguns meses um muito recomendável EP intitulado Lon Gisland, cuja faixa de abertura, «Elephant Gun», teve direito a um belíssimo videoclip realizado por Alma Har’el. A primeira vez que vi esta maravilha até me emocionei, carago. Mas a verdade é que sou um sensível da merda.

Apesar dos Willowz terem uma alínea muito relevante no seu curriculum vitae (a de terem feito a Kristen Dunst dançar em trajes menores no belíssimo Eternal Sunshine Of The Spotless Mind de Michel Gondry), a verdade é que me parece que a música dos rapazes apenas conseguirá fazer vibrar a corda sensível a quem passou muitos serões da sua juventude com os amigos a fumar ganzas e a ouvir os os Led Zep, os Rolling Stones ou o Jimi Hendrix aos berros (mas posso estar enganado, né). O mesmo já não se aplica ao vídeo que Ace Norton realizou para «Son of Evil». É verdade que o spleen vem lá retratado como já não o via (lia? caneco, estava tão orgulhoso desta comparação) desde os poemas em prosa de Baudelaire, mas algo me diz que não faltará por aí muita malta que será sensível a esta obra-prima da suprema arte de montagem do celulóide. A primeira vez que vi esta maravilha deu-me logo ganas de ir fumar um charro. Mas também é verdade que sou um drogado da merda.

NOTA: podem ver aqui o bicho em Quick Time.

Eu queria ser o ombro da Shakira, sff

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A página do Provedor do leitor do Público de hoje é de antologia. A leitora Carla Feliciano chama à atenção para o facto de João Bonifácio, na entrevista a Camané publicada no suplemento Ípsilon da última 6.ª-feira, ter traduzido «l’ombre de ton chien» da canção «Ne me quittes pas» de Jacques Brel por «o ombro do teu cão» em vez de «a sombra do teu cão». Mas o que é verdadeiramente genial é uma parte da entrevista em que:

JOÃO BONIFÁCIO: É das canções de amor mais desesperadas que já alguém escreveu: «Deixa-me ser (…) o ombro do teu cão…»

CAMANÉ: Ele queria ser o ombro do cão dela porque queria era estar ao pé dela, não queria que ela o deixasse. E nessa fase da canção existe o desespero: nem que seja uma mosca à tua volta, o ombro do teu cão, qualquer coisa, mas que eu possa estar ao pé de ti.

Magnífico, não é? Porém, e contariamente ao que diz essa figura funesta que é Rui Araújo, não me parece que Bonifácio ou Camané passem por «ignorantes» ou «pessoas pouco credíveis». A não ser, claro, que o hipotético leitor ignore o facto do João Bonifácio ser, há vários anos, um dos melhores críticos musicais do país (o que me parece ser sinceramente difícil se estivermos a falar de um leitor regular do Ípsilon) e do Camané ser um dos seus maiores cantores. Pessoalmente, acho este episódio hilariante e enternecedor. Nada mais do que isso. E, neste caso em concreto, estou-me a borrifar para o facto de os jornalistas terem «o dever de apresentar textos limpos»: quando a «sujidade» atinge este requinte, sou a pessoa menos higiénica do planeta. E sabe que mais, querido provedor? Ainda há leitores do Público com sentido de humor.

Post dedicado ao Professor Carlos Reis

Nos últimos dias, tenho andado entretido a ouvir de forma compulsiva dois discos: FRIEND AND FOE dos Menomena e MIRRORED dos Batlles (o primeiro já saiu e o segundo há-de sair em meados de Maio). Os Menomena são uma paixão antiga, os Battles nem por isso. Ambas são bandas rock como todas as bandas dignas desse epíteto deveriam ser, isto é, experimentais, procurando forçar em cada música as convenções do género, tudo sem nunca abdicar desse belo formato medieval que se chama canção. Suprema alegria foi o facto de ter descoberto esta semana que as duas bandas recorreram a Lance Bangs e Timothy Saccenti para realizar os respectivos telediscos. Entre o desvario (muito indie) de «Wet & Rusting» e a gravitas de «Atlas», temos aqui mais uma prova que o videoclip continua a ser um dos formatos audiovisuais mais interessantes da actualidade. Agora, alguém que me venha dizer por que razão ele continua a ser tão miseravelmente tratado pela televisão portuguesa.

Itálico Calvino

Quando li (a propósito de Comment parler des livres que l’on n’a pas lus? de Pierre Bayard) os exemplos citados por Pacheco Pereira (e pelo seu leitor José Carlos Santos) de livros que são discutidos por pessoas que nunca os leram, não consegui deixar de sorrir por dentro. Na verdade, quando se trata de literatura, continuo a achar que este é o melhor critério para identificarmos um clássico: todo o livro que conhecemos sem, para isso, precisarmos de o ler. E isto porquê? Porque são esses livros que assombram uma parte considerável da literatura que me interessa, são o seu ADN, a «tradição» no sentido eliotiano do termo. Já me aconteceu, de resto, ficar a conhecer menos um clássico após o ter lido. Ó heresia, dirão alguns. Talvez. Mas após ter lido A Divina Comédia, tive de voltar a Borges para resgatar o clássico que Dante me foi ursupando ao longo dessa leitura. O Hawthorne do Paul Auster, por exemplo, parece-me infinitamente superior ao Hawthorne by himself, insuportável com os seus moralismos de pacotilha. Não é a leitura que legitima o estatuto de um clássico: é a própria literatura – que também são leituras, é certo, mas é esse outro plural que faz toda a diferença. No fundo, a literatura é um sistema de textos cuja escrita nem sequer se sujeita à ordem do tempo. Eu, por exemplo, não duvido que o Kundera foi a influência fundamental de Diderot para a minha leitura desse clássico absoluto que é o Jacques Le Fataliste. Enquanto leitor, me confesso: não li uma parte considerável dos clássicos que mais amo. Mas li, e hei-de reler, todos os textos que me levaram a eles.

Kapital

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No passado dia 19 de Março, a banda bielorrussa Lyapis Trubetskoy disponibilizou neste site o vídeo do seu novo single «Kapital», realizado por Alexey Terekhov. Logo no primeiro dia, o clip teve mais de 10.000 visualizações e foi de imediato proibido de ser transmitido na televisão bielorrussa. Nesse teledisco, vê-se Siargej Mikhalok feito Budda a ser transportado por diversos locais em torno do globo por um animal em perpétua metamorfose. No refrão, vão surgindo líderes do mundo «anti-capitalista» como Fidel Castro, Hugo Chávez, Aliaksandr Lukashenka, Mahmoud Ahmadinejad e Kim Jong-il. Para além da música (fantástica) e do inacreditável apuro técnico da animação, o que me parece verdadeiramente digno de nota é a complexidade desse vídeo musical, que, ao articular um número quase infinito de linguagens, obriga-nos a um esforço quase surreal de leitura ergódica (sugerido, de resto, pelos constantes zooms ao longo do clip). Apesar de já existirem diversas traduções sensivelmente coincidentes da letra na Internet, aconselho os não-falantes da língua russa (e eu sei que ainda somos alguns) a resistirem, pelo menos para já, à tentação de lerem essas traduções. Podem ter acesso a esta maravilha aqui (Quick Time) e ver alguns screenshots do mesmo ali (jpeg). E, por favor, não me venham falar de política. Obrigado.

O valor das ideias (dos outros)

Já repararam no novo anúncio televisivo do banco Santander Totta? Aquele em que os clientes satisfeitos vão aparecendo em planos que emergem uns dos outros (num engenhoso mis en abîme que sugere uma matrioshka fractal)? É giro, não é?
Agora vejam, ou recordem, este videoclip dos White Stripes:

Pois.
E o mais engraçado é o slogan escolhido para esta campanha tão original: «O Valor das Ideias.»
Assim mesmo: o valor das ideias (que pelos vistos nem sequer são nossas).
Deixem-me rir.

Prazeres da língua – 2 (com a devida vénia ao Fernando Venâncio)

A conjugação da segunda pessoa do singular do Pretérito Perfeito do Indicativo (2PSPPI) é um caso clássico de agramaticalidade. Ai de quem diga *tu comestes em vez de tu comeste, que leva logo com uma rebocada na cabeça.

No entanto, esse é também um caso típico de um erro que resulta apenas (pasmo) do conhecimento gramatical do sujeito falante. A 2PSPPI é uma excepção na conjugação verbal do Português. Em todos os restantes tempos verbais, a segunda pessoa do singular é sempre marcada com o morfema «s» – comes, comias, comeras, comerás, comerias, comas, etc… Dessa forma, por analogia, é gramaticalmente explicável a tendência dos sujeitos falantes para conjugarem a 2PSPPI como comestes em vez de comeste. Até porque, vejam só a beleza da coisa, o acrescento do morfema de pessoa («s») nem sequer dá origem a uma palavra nova, mas a uma forma verbal idêntica à segunda pessoa do plural do mesmo tempo verbal.

Será que daqui a alguns anos a conjugação *tu comestes será gramaticalmente correcta? Não faço a mínima ideia, mas não excluo a possibilidade. Essa evolução seria apenas uma das inúmeras registadas nas línguas românicas que resultam de fenómenos de regularização do sistema linguístico ou de atracção de paradigma. Há um exemplo clássico no Latim que é o facto de um vocábulo como honos ter evoluído para honor apesar de não reunir as condições (fonema «s» em contexto intervocálico) para se verificar a lei fonética (rotacismo) que permitiu, por exemplo, a evolução honosem > honorem. Saussure explicava o fenómeno analógico de duas formas: por um lado, houve uma atracção do paradigama: após a evolução das outras formas, honos tornou-se irregular (fenómeno de reposição da regularidade); por outro lado, o próprio paradigma da língua latina já admitia a possibilidade de um nominativo em –r (orator, oratorem).

Estão a ver as semelhanças com a nossa 2PSPP? Pois é.

Tenho um sotaque horrível por isso não me venham cá com merdas ou O nível dos meus posts em 2007 promete ou Olha-me este gajo armado em intelectual a publicar fotografias antigas ou ainda, se quiserem, Este título longo não augura nada de bom

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Inquérito Aspirina B

Se há uma coisa que adoro e que considero extremamente útil são as votações on-line. Para além de ser um mecanismo absolutamente infalível para nos sentirmos úteis (pessoalmente, não dispenso nunca exprimir as minhas opiniões no vil HTML pelo menos 5 vezes por dia), é também uma forma gira de passarmos o tempo, esse grande oleiro. Há dois anos atrás, raro era o blogue que não tivesse, pelo menos, uma votação onde pudéssemos transformar as nossas opiniões em gráficos numéricos (o registo verbal, como podem verificar neste post, deixa sempre muito a desejar). Hoje em dia, é dificílimo ter acesso a uma votação on-line e as que existem fazem perguntas verdadeiramente parvas sobre temas tão desinteressantes como a interrupção voluntária da gravidez, a globalização, o código de trabalho, a corrupção ou o desempenho do governo de José Sócrates. Claro que há excepções. A maior delas é o Público que pergunta diariamente o que realmente interessa. Hoje, por exemplo, temos:

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que é um dos temas que mais urge discutir se algum dia queremos perceber a sociedade portuguesa. Inspirado nesta sublime referência, pensei que o Aspirina B também poderia contribuir para o tão adiado renascimento das votações on-line na blogosfera portuguesa. Deixo assim a minha modesta contribuição, na esperança que mais pessoas sigam o meu exemplo. Não se esqueçam é de escolher bem as perguntas.


Videoclips estrangeiros (selecção 2006)

Se a amostra a partir da qual escolhi os meus 10 telediscos nacionais favoritos de 2006 ainda podia ter (algumas) pretensões de ser (quase) completa, é óbvio que tal é impossível quando se trata de fazer uma selecção dos 10 melhores vídeos do ano a uma escala (como é que eu hei-de de dizer isto?) «planetária». Só para vos dar um exemplo, tenho acesso a uma prodigiosa base de dados audiovisual chamada fastrax que disponibiliza mais de uma dezena de vídeos novos por dia (já ultrapassou os 5000 vídeos só este ano) e que ainda assim está bem longe de cobrir a produção mundial de telediscos (de repente, fiquei com vertigens). A minha selecção parte essencialmente desse (apesar de tudo, considerável) «corpus», mais alguns vídeos que consegui ver em diversos blogues e sites dedicados ao tema. Desta forma, o que deixo aqui é novamente apenas um convite para ouvirem boa música de olhos abertos e para deixarem, na caixa de comentários, outras sugestões que, miseravelmente, apenas não couberam na minha selecção devido à minha ignorância ou ao facto de o nosso sistema númerico ser decimal.

João Pedro da Costa

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Videoclips nacionais (colheita 2006)

Apesar de algumas ilustres excepções como as dos realizadores Paulo Costa Pinto (Driving You Slow dos The Gift), António Ferreira (Sunset Boulevard dos Belle Chase Hotel), José Pinheiro (co-realizador do documentário Brava Dança sobre os Heróis do Mar) ou Rui de Brito (autor do magistral Feeling Alive de Gomo), não existe em Portugal uma tradição na criação de videoclips que estejam, pelo menos, ao nível da qualidade da nossa produção musical. As razões são diversas, mas prendem-se sobretudo com as características do nosso mercado musical (o investimento não tem retorno e, quando tem, raramente compensa) e audiovisual (que apenas recentemente começou a disponibilizar plataformas onde os telediscos nacionais pudessem ser, pelo menos em potência, difundidos de forma regular). Na sua esmagadora maioria, a produção de vídeos musicais no nosso país deve-se sobretudo à carolice de músicos e (algumas) produtoras, pois quando as editoras nacionais resolvem investir a sério na produção de um vídeo mainstream, esses projectos tem sido quase sempre concretizados com uma displicência de bradar aos céus.

João Pedro da Costa

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