Arquivo da Categoria: Confúcio Costa

Re-Intermitência

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Não te apetece fazer amor”, pergunta-me, esfomeada, C., corpo estendido pelos lençóis por suar. “Sim, apetece”, respondo. “Mas pensei que fosse incomodativo, para ti, deixar-te aqui sozinha a meio da noite”, explico. E, alguns segundos depois, saio de casa, a caminho dos braços de M.

Re-Intermitência

 

 

 

 

“O teu cérebro faz-me lembrar, por vezes, o do Picasso”, digo, sinceridade e seriedade, a L., companheiro de uma noite de debate intenso. “Porquê? Por parecer, por vezes, genial”, pergunta-me, surpresa e ego inflamado. “Não. Por parecer, por vezes, estar morto”, respondo.

Re-Intermitência

 

 

 

 

 

“Não me leves a mal o que acabei de te dizer. Adoro, efectivamente, o desenho das tuas nádegas”, revelo, carinhoso, a C. “Mas não suporto, mesmo, a forma como se expressam”, acrescento. E abandono, em grande velocidade, a casa de banho que partilhávamos.

Re-Intermitência

 

 

 

 


Deitado, nu, ao lado de C., agradeço-lhe, com sinceridade, o prazer que, ao longo das últimas quatro horas, me ofereceu. “Obrigado”, digo-lhe, ao mesmo tempo em que, com cuidado, começo a acordá-la. “Vamos, amor, acorda. Já estás a dormir há mais de quatro horas”, sussurro-lhe. E beijo-a, com ternura, na testa.

Re-Dixit

 

 

 

 


“Penso, agora que olho, com maior atenção, para o vosso bebé, que a escolha do nome Linda foi, de facto, a mais acertada. É importante, desde já, que a criança apreenda, aos poucos, o conceito de ironia.”

Re-Intermitência

 

 

 

 

 

“O teu filho é, de facto, um bebé espantoso”, digo, ternura embevecida, a N., amiga de uma infância feliz. “É muito parecido contigo”, exponho. “Mas vai ter os olhos do falecido pai”, acrescento. E passo-lhe para a mão, emoção incontida, uma caixa com um par de olhos azuis mortos dentro.