Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão.
Apenas para administração interna; o fabricante não se responsabiliza por usos incorrectos deste fármaco.

Liberal por procuração

Pacheco Pereira acha mal que os homossexuais queiram casar porque querer casar é muito conservador. Não, Pacheco Pereira não é contra o casamento. Não é isso. Pacheco Pereira limita-se a encomendar aos homossexuais essa tarefa. Já que estão de fora destas nossas regras, bem podiam ser muito radicais por nós. Só que os homossexuais têm todo o direito a ser conservadores nas escolhas que fazem para a sua vida e nem eu nem Pacheco Pereira temos nada a ver com isso. Ser liberal é aceitar isso mesmo e não a andar a pregar aos outros o que devem querer para si. Para mim é simples: querem casar, casam. Porque é que querem casar? Não tenho nada a ver com isso.

Quando batemos em toda a gente acabamos um dia por bater em nós próprios

«As pessoas que escrevem nos blogues, como muitas das que escrevem nos jornais, como as que falam na televisão, dão aquilo que elas julgam que serão opiniões. Políticos falhados, jornalistas frustrados e tanta outra gente completamente iletrada, que não conhece os assuntos, e podiam dizer aquilo, ou o contrário, que era igual ao litro. Mesmo a maior parte dos cronistas são ignorantes, e o que escrevem são crónicas desnecessárias ou desabafos, aquilo a que chamo jornalismo da indignação. Mas faz muito sucesso, porque como as indignações são básicas, há muita gente a partilhá-las, e a ficar feliz por o senhor X, que até escreve no jornal, pensar como elas.»

Esta indignação é de Vasco Pulido Valente, no Notícias Magazine, em Janeiro de 2004. Vasco Pulido Valente é agora, dois anos depois, mais um dos «políticos falhados» que escrevem nos blogues.

Evil Gates?

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Antes que os mantras que compõem a hagiografia de S. Bill Gates sejam repetidos as vezes suficientes para que o homem desate a levitar, há que relembrar pelo menos uma verdade histórica: ele não inventou o MS DOS. Apenas o comprou aos incautos colegas da Seattle Computer Products, que longe estavam de imaginar que ele já revendera o sistema à IBM. O único golpe de génio neste episódio foi mesmo a ideia de pedir royalties, em vez de uma verba fixa, ao gigante do hardware. Outros mitos desmontados andam por aqui.

O assombro – A aspirina está a saber-me mal

Eu cá aguento de tudo. Aguento as odes a Marx, a iconografia soviética, as toupeiras e manteiga aos amigos, a explicação de que o Bush é responsável pela neve em Évora, pela fome no Sudão e pelo fim da carreira do 87 no Porto. Aguento discursos sobre o futuro do Bloco de Esquerda, polémicas com o Henrique Raposo para ver quem leu mais livros do Negri, e até as graçolas do Daniel Oliveira. Aguento tudo! Tudo o que quiserem, menos elogios ao Pacheco Pereira. Ò por amor de Deus!
RMD

As caras que fazemos

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Uma das descobertas que fiz nas minhas primeiras experiências com câmaras fotográficas teve a ver com as capacidades expressivas do rosto humano. Melhor: com a forma descontínua como as nossas expressões aquiescem à vontade que as comanda. Ao passarmos de uma máscara para outra, não escolhemos a rota mais simples e directa: deixamos que os músculos que definem expressões e afivelam estados de espírito sigam os seus próprios caprichos, libertamo-los por fracções de segundo da sua missão.
É assim que por vezes o olhar quase instantâneo dos obturadores nos surpreende “a fazer caretas”: numa ocasião em que nos sabíamos risonhos, descobrimo-nos quase chorosos; onde brincávamos com uma criança, brilha inexplicavelmente um ódio vindo de parte incerta. É como se o alfabeto calculado de rictos, sorrisos e esgares que usamos a cada instante carregasse consigo um subtexto oculto, um fluxo de mensagens encriptadas que só a suspensão do tempo consegue desvelar. Nesta vida secreta dos nossos rostos, agita-se um conteúdo latente que nos assombra com aparições sem aviso.
Imagino que mesmo longe de películas sensíveis esta presença subterrânea se sirva da minha cara como ecrã de projecção, onde materializa fantasmas de cenho carregado, espasmódico ou zombeteiro. Eles parecem-se comigo, mas apenas porque se servem do meu rosto para emergir no nosso mundo.
Assim se estragam muitos retratos, aliás. Só mesmo em campos onde é quase irrelevante a expressão do modelo, como na pornografia manhosa, é que vemos estas imagens reveladoras mas comercialmente imperfeitas chegar à luz do mercado.
Com um leitor de DVDs, a experiência é simples: basta imobilizar qualquer grande plano de um actor para que se revelem de quando em vez estes esquivos habitantes do interim. Com uma excepção bem clara: os filmes de animação digital. Os rostos modelados em 3D passam de uma expressão para outra sem desvios, sempre lógicos e alérgicos a desperdícios. Ao que parece, os computadores ainda não têm alma que chegue para engendrar espectros.

Confissão

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Eu cá só critico os amigos. Não tenho paciência para perder muito tempo com disparates de gente que não conheço. E, como tenho só meia dúzia de amigos, isso poupa-me ter de fazer críticas a esmo. Recomendo por isso, vivamente, a minha última crítica, ao último livro do meu amigo António Figueira, saída no último número da revista Manifesto. Estou convencido que é uma crítica que ele próprio poderia ter escrito. Estou à espera de ganhar a comenda Pedro Rolo Duarte, a título póstumo.

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Post para o José Tim (aka Brigada Bigornas)

Meu amor.

Já era para te escrever há algum tempo, mas só hoje é que consegui reunir a predisposição e o tempo necessário para alinhavar estas palavras. Como com certeza sabes, a tua aparição inicial na caixa de comentários da Aspirina foi, para mim, motivo de orgulho e diversão. Sou muito sensível à pachorra dos «pequenos Sísifos» e não me custa nada confessar que, todos os dias, quando acedo ao blog e invariavelmente verifico o teu labor frenético, fico sempre, como direi?, «deslumbrado» com a tua persistência. Nesses momentos, imagino-te sempre em casa todo nu e suado, a fumar cigarros de menta enquanto vais fazendo copipeistes nas caixas de comentário do Aspirina. Já não sei muito bem quando me apaixonei por ti. Sabes muito bem como são estas coisas do amor: é um bicho que vai crescendo a gente não sabe muito bem quando, como, e não raras vezes porquê, e, quando damos por ela, já estamos reféns da sua condição. Meu amor. Se tivesse escrito esta carta ontem, estaria neste momento a suspirar pela tua boca imunda e pelos teus olhos que imagino de lince. No entanto, hoje, quando entrei na área privada do Aspirina, reparei que, durante a tua noite de insónia, tinhas publicado qualquer coisa como uma centena de comentários. E tu sabes o trabalhão que dá apagar uma centena de comentários? Eu explico. Se tiveres um PC manhoso como o meu e um acesso à Internet comparável à velocidade de um veículo em hora de ponta na Rotunda de Santo Ovídio, apagar um comentário demora, vá lá, uns bons trinta segundos. Multiplicas isto por cem, adicionas o tempo necessário para carregar cada página de comentários e eventuais bloqueios do meu computador e facilmente chegas a algo que se aproxima perigosamente dos sessenta minutos. Meu amor. Eu não sou nenhum José Matias. Não me importaria de gastar diariamente ainda mais tempo contigo, se esse tempo significasse passearmos de mão dada pelas planícies do Alentejo ou pelas estradas sinuosas do Minho à procura de ocasos que de certa forma reflectissem a paixão que nos engrossa o sangue e nos dilacera as vísceras. Agora, passar diariamente uma hora a apagar os teus comentários, convenhamos, é algo que põe em causa as definições enciclopédicas da monotonia. E é por isso, meu amor, que te escrevo num tom lilás. Eu tenho amigos, conheço imensa gente. Amigos que ocupam os cargos mais altos dos serviços de informação de vários países e gente que trata o Bill Gates por «tu» e aqueles moços do Google por «queridos». Há cerca de uma hora, forneci-lhes o teu IP e já recebi entretanto meia dúzia de e-mails com informações precisas sobre a desgraça comovente da tua pessoa. Sei a cidade onde vives, por exemplo. A loja onde compras as saias de bombazina e as blusas de cetim que vestes para sair à noite movido pelo desespero branco da insónia. Já sou senhor de sete dígitos, devidamente ordenados, do teu BI e de um gráfico colorido onde figuram os ramos circundantes da tua árvore genealógica. Meu amor, meu amor. Fica aqui o aviso: mais um ataque de comentários teus como o da noite passada e garanto-te que irei à tua procura. Não para consumarmos a nossa paixão (infelizmente, foste tonto, e já é tarde de mais para isto), mas para te dar a maior salva de palmadas que este teu traseiro que presumo liso, róseo e rechonchudo já alguma vez levou na vida. E blogar de pé, pois é, é uma verdadeira chatice.

Beijos muitos

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Fosga-se. Também quero entrar nisto. Primeiro era apenas um duelo entre o Zé Mário e o George. O nosso Zé, com o económico recurso ao negrito, tinha clarificado a questão. Depois veio o Luís e cantou a tabuada:
1 crítico X 1 amigo = 1 crítico com um amigo. Finalmente, entrou o Fernando e, ex abundantia cordis, deu um açoite na criança mal comportada. Ressarcido fui para a cama, ajeitei as ceroulas, bendisse o saco de água quente e preparei-me para sonhar com o movimento cívico do Manel. Estava quase a conseguir quando me aparece o espectro da Constança. Levitou-me até um palimpsesto onde ainda se conseguia ler o nome “Luís Rainha” rasurado e que, garanto, era uma cópia de um texto meu. Achei bem, porque eu escrevo muito bem e ela mostrou ter gosto. Mas, como estava cheio de sono, não lhe dei conversa. Só que havia outro espectro na sala, o Vasco. E de imediato pensei “Às tantas, a Constança é amiga do Vasco.” Este raciocínio incendiou-me, porque eu ando há que tempos a tentar ser amigo do Vasco. Não sei se já vos aconteceu, quererem muito ser amigos do Vasco e não o conseguirem, mas a mim está sempre a acontecer. De modo que fiz um esforço para entender o texto da Constança, de modo a poder fazer-lhe um elogio, de modo a ela pensar que eu era amigo, de modo a ela dizer bem de mim ao Vasco. Lá consegui sacar uma ideia: vivemos em Portugal. E disse-lhe “Constança, acertas quando dizes que vivemos em Portugal.” Foi quanto bastou, a mulher prometeu marcar-me um almoço com o Vasco. Ufano com o homérico triunfo, decidi fazer-me amigo do George. É que eu já sou amigo do Zé Mário, e constato como tal condição está prenhe de vantagens. Tudo começou numa festa, no momento em que me debruçava para capturar o último pastel de massa tenra. Nisto, o Zé Mário antecipa-se e não só me entrega o pastel como ainda tem o cuidado de o embrulhar num guardanapo de linho. Olhei-o com firmeza e disse-lhe sem vacilar “Pá, se é para estares com cenas destas, mais vale sermos amigos.” Ele compreendeu a mensagem e ainda hoje me fala disso. Neste espírito, fui ao Esplanar. Apanhei o George com uma réplica do Fernando Venâncio na mão esquerda, exactos 10 cm, e uma agulha ferrugenta na mão direita, inexactos 5 cm. As espetadelas eram frenéticas, umas à frente das outras, outras ao lado das outras e ainda outras muito parecidas com outras atrás mencionadas. Sem levantar os olhos nem abrandar o vodu, berrava “És um merdas.” “És um merdinhas cagão.” “Nunca, mas NUNCA serei teu amigo!” Eu, como quem quer a coisa, tinha-me encostado ao texto genesíaco das toupeiras. Estava a curtir aquilo, era giro, tanto que me distraí e deixei de ligar ao que ele dizia. O post possuia uma concavidade onde, fazendo alguma pressão, um gajo (mas só um, fica o aviso) se conseguia enfiar. Assim recostado, com os presuntos quase a tocar no texto de cima e uma perspectiva que trocava o eixo das palavras abcissas pelo das ideias ordenadas, ia-me entretendo a ler a peça. Estava mesmo bem esgalhado, o magano do post. Aparentemente, a intenção seria a de impedir que o Nuno escrevesse no DN sobre um eventual livro do Zé Mário. Fiquei curioso. O George não se engana, toda a gente sabe, e não lhe faltam recursos críticos, todos hão-de acabar por saber. Ora, a única conclusão lógica era a de estar na calha um livro do Zé Mário. Isso deixou-me triste. E também triste. Porque o Zé não me tinha dito nada. E agora interrogo-me: seremos só amigos?

Sete notas finais

Há coisas difíceis de explicar. A neve em Lisboa, por exemplo. Ou as proporções atingidas pela polémica em que me quiseram converter, à má fila, no bode expiatório de todos os insondáveis pecados da crítica literária portuguesa. Desde sexta-feira, o tema do “crítico que escreve sobre o livro do amigo” espalhou-se pelos quatro cantos da blogosfera, despertando toda a sorte de oportunismos, hipocrisias, ressentimentos, golpes baixos, demagogias e também, devo assinalar, igual número de reacções equilibradas, lúcidas, sensatas, por parte de bloggers que não se deixam cegar pela esquizofrenia conspirativa e maquiavelicamente moralista de João Pedro George.
Recuperar todos os links, agora, seria fastidioso (muitos deles estão elencados no fim deste post). Quem não acompanhou a história desde o início, acabará por a encontrar, mais ou menos distorcida, numa qualquer esquina deste mundo digital. Se escrevo uma última vez sobre o assunto, é apenas para esclarecer alguns equívocos e deixar bem clara a minha posição sobre esta matéria de tantos melindres.

1. Se descontarmos os insultos gratuitos e a bazófia pachequiana, o cerne das acusações de JPG é este: eu escrevi um texto sobre um amigo meu, Nuno Costa Santos, o que consubstancia gravíssimo crime de lesa-tudo-e-mais-alguma-coisa, além de ser uma prova de preguiça, falta de recursos críticos e de uma escrita “em função de favores” que o Nuno, obviamente, mais tarde reciprocará. Quanto à falta de recursos críticos, nada a opor. Trata-se de uma opinião pessoal respeitável, embora contraditória com esta, assinada pelo mesmo JPG há pouco mais de três meses. Já a insinuação de que concedo “benesses e mesuras a amigos” é, mais do que uma atoarda, um acto difamatório lançado para o ar, à toa, com a soberba e o desplante dos inimputáveis.

2. Na sua verborreia descontrolada, JPG insurge-se várias vezes contra o “bater palmas só porque é meu amigo” ou contra quem diz “bem passivamente, por reflexo de amizade”. Que o meu texto seja tudo menos um panegírico, aliás com reservas explícitas que já sublinhei, foi-lhe completamente indiferente. Prova-se que eu afinal não bati palmas, mas ele recusa-se a voltar atrás. Salta aos olhos que eu estive muito longe de dizer apenas bem, passivamente, pelo tal reflexo de amizade e ele o que faz? Reincide na grosseria e nos insultos. “Repito: o texto que José Mário Silva escreveu é sintoma de medievalismo e de oportunismo. Mais, denuncia a estrutura mental de um crítico que ainda não atingiu a idade de pensar.” Há muito tempo que não via tamanha desonestidade intelectual.

3. Levado pela verve, JPG não se limita a terraplanar tudo o que lhe aparece à frente. JPG também inventa, acrescenta, mente e omite. Mente, por exemplo, quando dá a entender que o Nuno Costa Santos trabalha na redacção do DN. Não trabalha. Nunca trabalhou. E omite, por exemplo, que o Nuno é apenas colaborador pontual do suplemento 6.ª (como foi em tempos do DNA) sem sequer fazer parte da ficha técnica.

4. Deixemos os detalhes e sigamos então para o fulcro do problema: pode-se ou não se pode falar sobre livros de amigos? Neste ponto, concordo com o que Eduardo Pitta escreveu aqui e aqui. Resumo das ideias principais: “Frequentes vezes levantei objecções a livros de amigos, circunstância que afastou dois ou três; enquanto, do mesmo passo, nunca regateei elogios a livros de autores acerca dos quais, enquanto pessoas, tenho as maiores reservas. Mas quando os livros valem por si, a pessoa do autor é irrelevante.” (sublinhado meu); “É de um puritanismo inadmissível pretender que alguém não escreva sobre amigos ou conhecidos. Se as pessoas tivessem um pouco mais de mundo, sabiam que outra coisa não se faz desde Homero”; “O problema não está em escrever sobre amigos e conhecidos, mas na eventual troca de galhardetes, infelizmente comum em certas moradas. Se a recensão for isenta, ninguém pode acusar o crítico de favoritismo”. A minha legitimidade para escrever sobre amigos (e já o fiz no passado, dizendo bem) passa pela consciência de que abordei esses livros como abordaria quaisquer outros: de forma honesta, sem benevolência nem piedade, no pleno uso das minhas faculdades críticas, por muito subjectivas e diminutas que elas sejam. Essa consciência está limpa e não há ataques maliciosos capazes de a conspurcar.

5. Corolário lógico do ponto anterior: mesmo que se possa falar sobre livros de amigos, deve-se falar sobre livros de amigos? Agora mais do que nunca, eu diria: manda a prudência que não. Justamente porque se abre campo a todo o tipo de suspeitas, conjecturas e especulações, esse caldo de que se alimentam os oportunistas da estirpe do JPG. Por muito seguros que estejamos da nossa honestidade, nunca faltará quem se disponha a duvidar dela e a tecer as mais estapafúrdias conspirações. Até porque o que há mais para aí são fretes verdadeiros e miseráveis conúbios, secretos ou às escâncaras. Não é pelo facto de JPG ter falhado o alvo que o alvo deixa de existir.

6. Concluamos. Foi legítimo escrever sobre o livro do Nuno Costa Santos? Tenho a certeza que sim. Era aconselhável escrever sobre o livro do Nuno Costa Santos? Admito que não. Porque raio escrevi eu então sobre o livro do Nuno Costa Santos? Para ser o mais sincero possível, foi uma contingência, mais do que uma opção. E o Nuno Costa Santos, vítima colateral deste processo todo, nada teve a ver com essa contingência.

7. Coda: há muitas pontas por onde pegar na problemática da crítica literária; pena é que o JPG tenha escolhido logo a mais fútil e insignificante.

Game Over.
Pela minha parte, o “banzé escusado” termina aqui.

[Post publicado em A Invenção de Morel.]

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