Perguntaram uma vez a Gandhi o que achava ele da civilização ocidental. Respondeu o homem:
Já Vasco Pulido Valente, outro grande exemplo de ascetismo e contenção, não tem o menor problema em escrever o seguinte:
“A tirania do “politicamente correcto” já não permite pensar que a civilização greco-latina e judeo-cristã da Europa e da América é uma civilização superior; e superior, muito em especial, à civilização falhada muçulmana e árabe. Mas, quer se pense quer não, o facto permanece […]” [no Público, só para assinantes]
Só para tirar dúvidas, eu gostaria de saber se esta civilização superior de que fala Vasco Pulido Valente é a mesma que há duas gerações atrás matou milhões de pessoas nas câmaras de gás, nos campos de concentração e de batalha, nos bombardeamentos aéreos com armas convencionais ou nucleares, nos gulag e nas purgas internas, para não falar nas guerras coloniais. Reparem: não estou a falar da Inquisição nem da Guerra dos Cem Anos, mas de coisas que ocorreram na infância de Vasco Pulido Valente. Coisas que nos devem dar um pouco de que pensar antes de falar da superioridade de civilizações assim como os meninos falam do tamanho das pilinhas. Num caso como noutro, não importa qual é a maior, mas sim o que podemos fazer com elas.
[Rui Tavares]