Uma excelente ideia

Perguntaram uma vez a Gandhi o que achava ele da civilização ocidental. Respondeu o homem:

“Acho que seria uma excelente ideia”.

Já Vasco Pulido Valente, outro grande exemplo de ascetismo e contenção, não tem o menor problema em escrever o seguinte:

“A tirania do “politicamente correcto” já não permite pensar que a civilização greco-latina e judeo-cristã da Europa e da América é uma civilização superior; e superior, muito em especial, à civilização falhada muçulmana e árabe. Mas, quer se pense quer não, o facto permanece […]” [no Público, só para assinantes]

Só para tirar dúvidas, eu gostaria de saber se esta civilização superior de que fala Vasco Pulido Valente é a mesma que há duas gerações atrás matou milhões de pessoas nas câmaras de gás, nos campos de concentração e de batalha, nos bombardeamentos aéreos com armas convencionais ou nucleares, nos gulag e nas purgas internas, para não falar nas guerras coloniais. Reparem: não estou a falar da Inquisição nem da Guerra dos Cem Anos, mas de coisas que ocorreram na infância de Vasco Pulido Valente. Coisas que nos devem dar um pouco de que pensar antes de falar da superioridade de civilizações assim como os meninos falam do tamanho das pilinhas. Num caso como noutro, não importa qual é a maior, mas sim o que podemos fazer com elas.

[Rui Tavares]

51 thoughts on “Uma excelente ideia”

  1. Rui, e o que propões fazer com elas?

    Já agora, a civilização onde nasceste também te deu conforto material, conhecimentos científicos, democracia, Direitos do Homem, liberdade artística, laicidade, republicanismo, Segurança Social, educação, liberdade de expressão e iniciativa privada.

    Talvez seja pouco quando comparado com a morte de um único ser humano, concordo contigo. E tu concordas comigo nisto de para quem morre pouco importar se é com zagaia, napalm ou apertão no pescoço. Mas, para todos os efeitos, o tamanho das pilinhas conta.

  2. O que me preocupa não é o facto de sentir que a nossa civilização é superior. O nosso clube de futebol é-o, a nossa relva é mais verde que a do vizinho. Por vezes até achamos que somos melhor do que todos os outros.

    O que me preocupa é saber que teimamos em não aceitar que os outros não só podem pensar da mesma maneira, como também podem ser perfeitamente felizes na sua civilização desprovida de Direitos do Homem, Democracia, Laicidade do Estado e afins.

    Somos realmente superiores, ou somos arrogantes?

  3. O que o Rui tem (e que, em momentos de fraqueza, todos temos) é uma grande má-consciência, um remorso indefinido, mas ó tão pungente, de o Mundo não ser bastante melhor. De termos feito, e todos, esta porcaria de Planeta. E então bate no peito com o Holocausto e a Guerra Colonial.

    Pois bata. Pois batamos. Mas a civilização é – e ele, sabendo-o, terá de acreditá-lo – outra coisa.

  4. Mário, e não seria uma aberração existirem seres humanos perfeitamente felizes na abjecção? É só isso que está em causa. (não, não afirmo que tudo o que seja exógeno é maligno, nem que tudo o que é nativo é benigno – mas, para dar um exemplo em mil sem pingo de ideologia, há práticas culturais que ofendem a dignidade humana e desafiam a coragem dos lúcidos: excisão do clítoris)

    Nenhuma cultura ou civilização ou etnia é superior. Acontece é que numas a humanidade está melhor representada do que noutras, por melhor se consagrar nelas o Direito e a Liberdade. No tempo em que vivemos, o chamado Ocidente representa o que de melhor a Humanidade conseguiu alcançar, onde incluo a vitória sobre o etnocentrismo.

  5. Está tudo esclarecido. A minha mulher já tem a burca posta!
    A esquerda é tola, ao querer aproveitar esta aberração fanática muçulmana como arma de arremesso para um suposto diferendo cultural.
    É ainda mais tola porque insiste no disparate.

  6. Obrigado pela sua heresia

    As heresias dos leitores

    Toda a gente inteligente e responsável, PR, PM, Igreja; Marcelo; PR’s da Europa, e até os EU e Inglaterra, consideram provocatórios e blasfemos os cartoons do pasquim da extrema-direita xenófoba dinamarquesa (até a raínha careca é antisemita, PQAP). Só a escória anti-semita, que sonha com novas cruzadas (depois do desastre absoluto que é a cruzada do Iraque, Hurrah!) é que quer continuar a provocar o heróico povo árabe-muçulmano. Quererão ver as suas goelas abertas ? Problema deles, não da Europa…

  7. Mas á ainda exemplos mais recentes da “superioridade” da civilização da Cocacolândia: por exemplo.
    a autoestrada da morte Koweit-Bassorá, dois dias depois do cessar-fogo e do anuncio da retirada do Koweit em 1991. O grosso das forças iraquianas regressando a casa despreocupadamente e sem precauções militares foi bombardeado durante 5 horas por toda a aviação americana e dezenas de milhares foram carbonizados. Alguns falam em cem mil. Foi um autêntico tiro aos “sitting ducks”, diziam os aviadores americanos. Um cobarde e miserável crime de guerra dos nazis yankees. Além disso, na mesma altura, os blindados anericanos soterraram um divisão iraquiana inteira, passando deliberadamente por cima dos seus profundos abrigos escavados no deserto, quando todas as unidades se estavam a render perante o avanço americano depois de um mês de bombardeamentos ininterruptos. Crime de guerra abjecto. E depois houve o pior: o embargo de 91 a 93 que causou só entre as crianças 500.000 mortos (números da UNICEF), pelo urânio empobrecido, fome, falta de leite e medicamentos.

    Se somarmos a isto o apoio ao regime apartheidesco dos nazi-sionistas, temos a causa directa do 9/11…

  8. Errata:
    Mas há ainda exemplos mais recentes da “superioridade” da civilização da Cocacolândia: por exemplo.
    a autoestrada da morte Koweit-Bassorá, dois dias depois do cessar-fogo e do anuncio da retirada do Koweit em 1991. O grosso das forças iraquianas regressando a casa despreocupadamente e sem precauções militares foi bombardeado durante 5 horas por toda a aviação americana e dezenas de milhares foram carbonizados. Alguns falam em cem mil. Foi um autêntico tiro aos “sitting ducks”, diziam os aviadores americanos. Um cobarde e miserável crime de guerra dos nazis yankees. Além disso, na mesma altura, os blindados anericanos soterraram um divisão iraquiana inteira, passando deliberadamente por cima dos seus profundos abrigos escavados no deserto, quando todas as unidades se estavam a render perante o avanço americano depois de um mês de bombardeamentos ininterruptos. Crime de guerra abjecto. E depois houve o pior: o embargo de 91 a 93 que causou só entre as crianças 500.000 mortos (números da UNICEF), pelo urânio empobrecido, fome, falta de leite e medicamentos.

    Se somarmos a isto o apoio ao regime apartheidesco dos nazi-sionistas, temos a causa directa do 9/11…

  9. A linha de argumentação que usa, leva-me a lembrá-lo de que ainda há não muito tempo os seus antepassados viviam nas árvores e não opunham o polegar aos restantes dedos. Portanto o melhor é calarmo-nos e voltarmos para as árvores.

    Aurora

  10. Então e o terramoto no Paquistão? Morreram dezenas de milhares de pessoas. A civiliza… o quê? Ninguém tem culpa? Foi a natureza? ora porra…

  11. Acho que está a ser misturado, neste “post”, muita coisa distinta com o objectivo de justificar o injustificável.

    «Somos uma nação pobre (estéril) e castrada (infecunda) … somos um povo descaracterizado, humilhado e cobarde cujos ídolos são uns, alguns de nós, a correr atrás de uma bola num campo relvado. – JAC»

    “Eis aonde se chega na estrada do politicamente correcto: a intolerância religiosa não é de quem quer proibir os “cartoons”, mas de quem os publica.”

    http://sal-portugal.blogspot.com/
    JAC – Sal de Portugal

  12. não é preciso ir tão longe, aquilo a que se assistiu na ex-juguslávia (e não foi só com muçulmanos) há meia dúzia de anos dá-nos conta, efectivamente, que a película da civilização ocidental é mesmo muito fina, mas ainda assim é melhor ter uma pequena película do que não ter nenhuma

  13. Sem querer discutir a imbecilidade do texto, deixa-me que te diga que o apontamento acerca do tamanho da pilinha cheira a conversa de looser.

  14. Ó Euroliberal,

    Se continuas a mandar vir a essa velocidade vão pensar que és filho dum casal português que ficou esquecido na Argélia a cantar a versão árabe da Internacional depois do 25 de Abril. Os teus posts são normalmente bons, informativos e aguerridos, mas largas com cada remate de furor pro-árabe nos teus comentários que até me gelas o sangue nas veias. Be cool, man, relax. Assustas pardais e peneireiros e dás a impressão que nos queres convencer de que não existe merda nenhuma a criticar no lado que escolheste defender. Olha que as cambadas fazem ninhos por todo o lado, incluindo Istambul e Constantinopla. Queres um conselho? Deixa-te de hurrahs de lencinho fatah amarrado à cabeça que podes levantar suspeitas que não mereces. E o que é que queres dizer com o 9-11 ter sido causado pelas barbaridades que apontaste? Estás a delirar ou estarás apenas a candidadar-te aos louros do espertalhão do Michael Moore neste blogue? Tem cuidado filho, não deixes a capacidade de análise dormir na cama do fanatismo. Senão ficas tão bom como os papagaios que andaram a passear nos ombros do teu velhote. Ou nos teus, nunca se sabe, este blogue está cheio de malta na idade da andropausa e raparigas batidas.

  15. à minha pergunta ainda ninguém respondeu: foi a nossa civilização superior que matou seis milhões de judeus ainda há meros sessenta anos e fez todas as outras barbaridades (incluindo as da guerra da ex-jugoslávia, há dez anos somente, como lembra um leitor) ou terão sido os marcianos que aqui desceram e nos obrigaram a fazê-lo?

    é só para saber.

  16. Rui,

    Não faça perguntas que sabe retóricas, e logo duas que se oporiam. Sabe perfeitamente que não foi a nossa civilização que andou em mortandades. Que foi exactamente todo o oposto da nossa civilização a fazê-lo.

    Ter alguém chacinado em nome da minha civilização não me obriga a renegá-la. Obriga-me até a defendê-la.

    Só desejo que os árabes defendam a sua, também eles. Falo de civilização. Que é altíssima. Mas não é a minha.

    Fernando Venâncio (de Mértola, of all places)

  17. Andronicus, obrigado pelo seu interesse pela minha pessoa, mas não se preocupe. Estas questões das invasões cruzadas não se podem discutir com a distância e frieza de uma querela de filosofia pura.
    Porque há centenas de milhares de vidas que já foram sacrificadas e outras ainda o serão. São questões de vida ou morte. Por isso, é deliberadamente que eu não me limito a analisar objectivamente os factos e a rebater logicamente argumentos coxos. Faço-o também com paixão. Sempre com discernimento. Mas discernimento apaixonado. E coragem. Estou aqui para afirmar verdades que poucos tem a coragem de enunciar sem rodeios. Sim, o 9/11 foi uma legitima retaliação de guerra (assimétrica) pelos massacres de 1991/2001 no Iraque e na Palestina. Todo o muçulmano o sabe ! E é a verdade ! Logo, há que dizê-lo !

  18. Acho que o Rui Tavares devia escrever mais posts para o Aspirina B. Devia mesmo entrar na lista oficial de participantes. O Rui Tavares foi o melhor blogger do Barnabé, e é pena perder-se um talento como ele.

  19. Bom, o Fernando (muito melhor do que eu o poderia fazer) já disse tudo. Uma nota final: a narcose dos sofismas é letal para a inteligência; a curto, médio e longo prazo.

  20. Amigo Lavoura,

    Não contesto a opinião de que o Rui é um grande blogador capaz de enfrentar temíveis dragões da familia Valente. Mas, a menos que esteja a utilizar ironia a baldes, o seu comentário tem buracos nas solas aritméticas. Ou então ainda anda a cantar a Rosinha dos Limões.

    Amália Rodrigues for me, please!

  21. Luís Lavoura,

    Fez bem lembrá-lo. O Rui Tavares era (e porque não o seria ainda) um blogador fora de série. Sim, é pena que se perdesse tanto talento.

  22. Rui,
    como é possível que ponhas o Holocausto nesses termos, como se não tivesse sido precisamente no seio da nossa civilização, à custa do empenho de tanta gente, que ele tenha sido travado? Mas alguém durante esta discussão, no seu juízo perfeito, alegou que o nosso modo de vida é perfeito? Desde quando é que os nossos erros e tensões internas, por mais terríveis que sejam, invalidam (ou tornam equiparável à selvajaria) o que com tanto esforço foi atingido?

  23. No final do seu raciocínio em que conclue que não existem civilizações superiores, e que as civilizações não podem ser comparadas, aceita naturalmente, que lhe é indiferente viver em Portugal ou na Arábía Saudita?

  24. Headcounting?
    Assim como no futebol se contam golos, na ‘guerra de civilizacoes’ contam-se cabecas?
    Era so para saber.

    t

  25. Valupi,
    Foi a civilização judaico-cristâ que nos deu a “iniciativa privada”? É pá, sinto-me muito melhor em saber que a CIP é descendente, pelo menos, dos apóstolos.
    Deixa-me dizer-te que estás cada vez mais parecido com o pequeno poema do “Fardo do Homem Branco”, e isso, apesar de visivelmente não te aperceberes, é pobre e retrogrado.

  26. Nuno, estás sempre a aprender comigo, ’tá visto. Mas se preferires “capitalismo” a “iniciativa privada” eu também te faço a vontade. Onde acertas em cheio é no meu status económico: pobre.

  27. Valupi,
    Essa parte é que me preocupa, ao menos fosses tu rico.
    A propósito, apesar de seres um alegre direitista, ou será direitista alegrista,escreves grandes posts. O último do Dziga Vertov, era muito bom.

  28. Como já muitos o disseram, o Rui Tavares era claramente o melhor dos barnabés e um dos melhores bloggers portugueses. Para quando o seu regresso em pleno?
    Este blog já é excelente, mas com o Rui Tavares e já agora o José Mário Silva a escrever mais, ficaria um blog fenomenal!

  29. Agradeço humilde, camarada Nuno. Sei bem que fui nadar para a zona da rebentação… mas o Dziga é único e genial, olá!

  30. concordo com o joão dias.

    digo mais, a evolução historica da civilização ocidental é um misto de agostinho da silva com “o mal estar na civilização” de freud.

  31. Caro Fernando Venâncio:

    Aprendi hoje duas manhas fenomenais consigo.

    A primeira é quando alguém me apresentar uma objecção que não me interesse responder-lhe que se trata de uma “pergunta retórica”.

    À segunda poderia chamar de oportunismo semântico. Quando diz que “Sabe perfeitamente que não foi a nossa civilização que andou em mortandades. Que foi exactamente todo o oposto da nossa civilização a fazê-lo” o que o Fernando Venâncio está a fazer é mudar o sentido da palavra civilização no meio de um argumento andado.

    Para o Fernando Venâncio o holocausto não nasceu então na civilização ocidental, mas da anti-civilização ocidental. Suponho que se olhasse para um cacho de bananas, diria que apenas as sãs contavam; as podres seriam anti-bananas.

    A grande vantagem desta posição é que podemos escolher à vontade: a democracia? grande conquista da civilização ocidental. o assassínio de seis milhões de judeus? lamentamos, isso é o contrário da nossa civilização. Deve, pois, ter ocorrido por acidente em plena Europa.

    Que bom, que confortável! O problema é que nesta discussão nem Vasco Pulido Valente nem eu utilizámos o termo “civilização” desta forma. Para um e para o outro, “civilização” é o conjunto todo do cacho, com as bananas boas e as más. O VPV esquece-se das nossas más para se indignar com as dos outros; o Fernando Venâncio tenta barrá-las na secretaria, esquecendo-se que também do outro lado se pode fazer o mesmo (e até há quem o faça: Osama bin Laden? é anti-civilização islâmica.)

    Entendida a civilização como o cacho inteiro e não apenas as bananas que satisfazem ao palato do Fernando Venâncio, bem se vê que a minha pergunta nunca foi retórica.

    É séria como a morte: como pode alguém proclamar a superioridade da civilização ocidental esquecendo-se de que, ainda há poucas décadas, se deu aqui o pior genocídio de que há memória, além dos milhões de mortos dos gulag, etc.? Precisamente os maiores crimes contra a humanidade deram-se nas terras de Goethe e Tolstoi. Mas desculpem qualquer coisa, amiguinhos, a civilização não tem nada a ver com isso.

    Como dizia o Real num comentário ali em cima, a pelicula da civilização na Europa é fina e antes uma película fina do que nenhuma. Estou perfeitamente de acordo com ele. Mas aquilo que fazem VPV, o Fernando Venâncio e o Valupi, entre outros, é olhar para a película e agir como se ela fosse a civilização inteira.

    Por debaixo da película, a civilização ocidental cometeu muitos crimes. E curiosamente, foram cometidos em nome da superioridade da nossa civilização e nos momentos em que os nossos intelectuais andavam mais enamorados dessa superioridade. A superioridade da civilização germânica! A superioridade do socialismo! A superioridade do mundo livre! A fantástica superioridade!

    Nos outros momentos, depois de termos aprendido amargamente dos erros a que nos podia levar a ilusão de superioridade, construímos a tal película que nos separa da bárbarie. Por isso escrevi ali em cima que não interessa qual é a civilização maior, mas o que se consegue fazer com ela.

    Algo que o Fernando Venâncio teria entendido em três linhas se, antes de pensar nas suas conveniências retóricas, quisesse fazer o favor de ler os textos dos outros com um pouquinho de boa-fé.

  32. Caro Rui Tavares,

    Comecemos pelo fim. Eu tenho, acerca das suas afirmações, não só «um pouquinho de boa-fé»: tenho toda a fé que você desejar que eu tenha. Não me passou pela cabeça poder você estar a dizer o que não acreditava. Mas foi exactamente isso – você acreditar tão instantemente («sério como a morte») no que afirma – que me pareceu de lamentar.

    Eu vejo as coisas assim. O Holocausto e o Gulag deram-se no nosso espaço físico. Entre o Atlântico e os Urais. A destruição da Guiné-Bissau e do Vietname deram-se fora desse espaço, mas levaram-no a cabo cavalheiros oriundos dele.

    Simplesmente, tento não confundir espaço, nem mesmo a massa informe dos habitantes, com uma civilização. (E antes que me esqueça: se alguém chamou ‘superior’ à nossa, não fui eu. Chamei-lhe ‘minha’. Não mais. E não menos). Julgo, pois, que Goethe e Tolstoi podem dormir tranquilos.

    Foi porque cri que, na generalidade, você subscrevia isto tudo, que chamei «retórica» à sua pergunta. E foi porque, para mim, a civilização são apenas e só as bananas sãs que não tive de modificar a semântica durante o percurso.

    Rui: o Holocausto e o Gulag, a Guiné-Bissau (que, concretamente, me recusei a ir conservar nossa…) e o Vietnam, ou Guantánamo e a exterminação dos Índios da Amazónia, nada disto tem a ver com civilização. Ou só porque ela, sempre frágil e vulnerável, aí falhou. Por isso não tenho a pedir desculpas por o que não causei. Chamarei, sim, mil vezes pulhas aos criminosos ocidentais mortos e vivos, porque traíram a minha civilização, essa que generosas gerações andaram a construir para mim. Com sofrimento e com a morte.

    E é em nome deles, EM NOME DELES, repito, que não me ajoelharei pedindo perdão ao Mundo.

  33. Há-de compreender-se melhor o meu pensamento se o último parágrafo se ler assim:

    E é em nome dessas gerações, EM NOME DELAS, …

  34. Comentário deixado para o VPV no Espectro:

    A civilização ocidental é em larga medida (também)islâmica. Então no sul de Portugal…
    De facto, a matriz greco-latina é nuclear na nossa civilização e essa foi-nos transmitida pela brilhante civilização árabe (e através de traduções árabes), a qual preencheu o vácuo civilizacional entre o crepúsculo romano e a alvorada do renascimento quinhentista… Ignorar isso, não é lá muito brilhante. E ingrato para os nossos antepassados do Al Andaluz, a única época da história em que a Ibéria foi o farol cultural do mundo… Vasco, você continua a desiludir-me. É muito feio cuspir no prato… isn’t it ?

  35. Rui, concordando com as premissas, foi esta civilização “superior” que fez o holocausto, esta civilização que sofreu o holocausto e esta civilização que “derrotou” o holocausto. E é bom que, por aqui, ainda acreditemos que houve holocausto. Não sei – não é manha, é verdade – quantas pessoas de outras “civilizações”, aceitando as premissas, desta geração, acreditam que houve holocausto.

  36. A civilização ocidental não tem “uma fina película”, como se o holocausto ou a guerra da jugoslávia fossem o seu núcleo duro. Tem é fases e sobretudo faces. assistimos na Alemanha à maior barbárie da história, e poucos anos depois vivia-se num estado economicamente próspero, democrático, livre, pacífico, com um serviço social generoso, enfim, o sonho da humanidade e a inveja do resto do mundo. Assim como o islão produziu o al-Andalus e os Waabitas-salafitas, directos inspiradores da al-Qaeda e dos talibans.

  37. E já que isto está a ficar muito romântico e intelectual de bananal, com estafetas escada acima e escada abaixo a levarem mensagens ao blogue do Pulidote incendiário das paixões anti-serralho, e tudo a cair de cú com chiliques civilizacionais, apetece perguntar se se será hoje ou amanhã que aqui virá uma alma iluminada sugerir que o mais certo é os cristãos ferrenhos, de mistura com ateus democratas pouco seguros, andarem a ser açulados contra os maometanos por meninos de narizes compridos que andam por ai a assobiar para o ar.

  38. Pelas posições do Rui Tavares e do Daniel Oliveira, e suponho que de mais alguns dos “cães de fila” do BE, se percebe o quão distante está o pensamento destas pessoas (e consequentemente deste partido) do sentir da sociedade portuguesa. Isto é claramente muito bom: é sinal que nunca o BE (ou qualquer outro grupúsculo semelhante) há-de chegar ao poder em Portugal. À força de serem sempre do contra hão-de se tornar em “Anacletozinhos” amargurados sempre a espumarem-se da boca cheios de raiva ao defenderem as causas mais obtusas!
    PS: Seria curioso fazer um estudo sobre a base de apoio do BE para ver de onde vêm estes novos “meninos rabinos”. Pelo peso de alguns dos apelidos penso que facilmente se iria constatar que há por aí muito complexo de Édipo e de Electra a necessitar de uma boa consulta clínica, de um digamos… Amaral Dias, que deve fazer um desconto para os amigalhaços lá de casa…

  39. agora é que foi tudo dito…

    já que recomenda umas consultas a quem não pensa como sua excelencia, porque não interna-los como se fazia na saudosa ditadura brasileira.

    viva a democrácia…

  40. Comentário de: aobraaonegro.blogspot.com | fevereiro 8, 2006 12:38 AM

    Concordo e subscrevo.

    Creio que nem eles próprios (RT e DO) acreditam no que escreveram.

    Do komité veio o mote e mandaram-nos desenvolver…e aí estão dois “pensamentos” blilhantes – parecem do MRPP recauchutado.

    Mas o engraçado é que alguma malta os leva a sério, e lhes responde (como o VPV)…

  41. Salazar fiz uma burrice! Ele deveria fazer Campos de Exterminio e matar pelo menos Um Milhão de comunistas portugas, se tem tanto em Portugal!

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