Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão.
Apenas para administração interna; o fabricante não se responsabiliza por usos incorrectos deste fármaco.

Revolution through evolution

How to Help Your Child Make Friends With a Child Who Has Autism
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Scientists have discovered that aging clocks are based on random events
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Discrimination may accelerate aging
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Mediterranean staple may lower your risk of death from dementia, study finds
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‘Digital afterlife’: Call for safeguards to prevent unwanted ‘hauntings’ by AI chatbots of dead loved ones
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AI systems are already skilled at deceiving and manipulating humans
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A fragment of human brain, mapped in exquisite detail

Dominguice

Se fossemos para a rua perguntar ao bom povo quando é que surgiu, historicamente, o Estado de direito democrático, nem uma única alma conseguiria dizer algo aproveitável. Se depois apenas quiséssemos licenciados a responder, só os de direito, história e ciência política iriam ter coragem de mandar datas e geografias para o ar (alguns de filosofia também responderiam, mas poucos). Porém, cada cabeça largaria a sua sentença, a disparidade nas referências seria fatal.

É ridículo esperar cidadania de quem não tem ideia do que seja um cidadão. Várias classes de pulhas fazem carreira à conta disto.

Lapidar

«Estou convencida de que somos condescendentes com o mau funcionamento da Justiça porque vivemos num clima de medo e de intimidação, como escrevi já neste jornal. Vivemos num país em que, à partida, todos corremos o risco de ser suspeitos em vez de inocentes. Qualquer delação anónima serve para abrir inquéritos. Subscrevo o manifesto, quando se celebram os 50 anos de democracia, em defesa do direito a viver sem medo de denúncias e retaliações.»


Maria de Lurdes Rodrigues_Reforma da Justiça e defesa do Estado de direito

Nas muralhas da cidade

«Infelizmente, quem mais deveria garantir a sua correta aplicação parece ter-se alheado das suas incumbências. E quem, noutra dimensão, mais deveria zelar pelo regular funcionamento das instituições compraz-se em derivas inconsequentes sem contributo que se veja para obstar às anomias do Estado de Direito e, já agora, da própria autoridade democrática do Estado.

Um exemplo da disrupção feita regra: as disposições da lei processual penal em matéria de prazos - fundamentais para a efetiva realização da justiça em tempo útil - são frequentemente desprezadas, vinculando-se a promoção apenas aos prazos da prescrição.

Vivemos num evidente menosprezo dos direitos dos cidadãos, tanto vítimas como arguidos, uns e outros com as suas vidas suspensas por tempos que se arrastam, muitas vezes com a sua honra e a sua dignidade irremediavelmente destruídas por atuações e omissões à sombra de inércias intoleráveis.»

Jorge Lacão_O justicialismo na encruzilhada

Nas muralhas da cidade

«Anda há meses um canal de televisão e um jornal, do mesmo grupo, a destruir um cidadão e ninguém parece importar-se muito com isso. Desapareceu uma senhora, grávida, e o seu alegado namorado foi constituído arguido nesse inquérito judicial. Está, parece, em casa, com a medida de coação decretada de permanência na habitação. Não foi sequer acusado pelo Ministério Público, muito menos julgado. Não há corpo e a história, aparentemente sórdida, é muito triste. O canal filma insistentemente a família da senhora desaparecida, recolhe as mesmas declarações em loop, eivadas do mesmo basismo e vontade de aparecer de repórter e de declarante, reproduz em direto retroescavadoras e mergulhadores em busca de um corpo. Entretanto, parece que a realidade afirmada muda radicalmente, mas nada muda. E o homem, homicida ou não, continua a ser vilipendiado pelo canal e pelo jornal, também ele agora morto em vida, culpado ou não. É filmado à má fila num momento em que saiu de casa, o mundo dos cafés conhece o seu nome, a sua aparência e a da sua casa, a sua existência e os recantos íntimos da sua vida. Nota-se que só pode haver necessariamente ali um intuito ad personam de aviltar e condenar antes dos tribunais, a coberto da liberdade de imprensa. Pode ser culpado do crime, talvez. Ou não. A mim, como professor de Direito, advogado, jornalista e cidadão, só me arrepia esta perseguição televisionada como justiça, como justiça que funciona e decide em alternativa ao sistema judicial. Para alguns, não há segredo de justiça nem presunção da inocência. Mas, pelos vistos, está tudo bem. A Ordem dos Advogados e o Ministério Público, aparentemente, também acham bem. Até lhes calhar a eles.»


Miguel Romão

Revolution through evolution

Losing keys and everyday items ‘not always sign of poor memory’
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Cardio-fitness cuts death and disease by nearly 20%
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Scientists reveal the face of a Neanderthal who lived 75,000 years ago
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Ancient text reveals details of Plato’s burial place and final evening, experts say
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Rock solid evidence: Angola geology reveals prehistoric split between South America and Africa
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Orangutan observed treating wound using medicinal plant in world first
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Physics confirms that the enemy of your enemy is, indeed, your friend
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Dominguice

A manchete do esgoto a céu aberto, aqui em baixo visível, na sua deturpação alarve e canalha é um sintoma de medo. Há criminosos, na Justiça e na comunicação social, com medo de que a democracia esteja, pela primeira vez, realmente interessada em que os magistrados do Ministério Público também cumpram a lei como os restantes mortais.

Mas esses campeões não têm medo de ser castigados, sabem de ginjeira que são intocáveis. Eles têm é medo que se acabe a mama.

Que fedor

No ano passado, a Cofina vendeu a Cofina à Cofina, mudando o nome e metendo o Ronaldo no negócio só para o gozo ser ainda maior. A Cofina Media, a mando da Cofina SGPS e ao longo de décadas, ganhou muito dinheiro com o pior que se pode fazer tendo órgãos de comunicação social ao dispor: sensacionalismo, populismo de direita, justicialismo, perseguições políticas, alarmismo, teorias da conspiração, calúnias, crimes em conluio com funcionários criminosos da Justiça portuguesa. Isto foi realizado às claras, sistematicamente, com farronca e provocação. Isto era, e continua a ser, assumido editorialmente como um vale tudo impunível.

Nos últimos 20 anos, as rádios e os jornais em papel foram desaparecendo, e as televisões ficaram cada vez mais parecidas com a Cofina no seu jornalismo político, servindo agendas de direita, coroando vedetas do comentariado odiento e alimentando a indústria da calúnia com variações locais. Chega 2024 e os donos da Cofina querem continuar a encher o bolso, como é seu apanágio. Vai daí lembraram-se de criar um canal de TV por cabo que fosse simétrico do CMTV, ao mesmo tempo que apareceria distintivo face ao panorama sectário da concorrência. O mercado mostrava uma oportunidade, agora que a cor do Governo tinha mudado. Só precisavam de caras com nome, e nomes com prestígio, para validarem o novo negócio. Ora, quem melhor do que António Costa e Rui Rio? E que tal Fernando Medina, para dar ao PS e seus simpatizantes ainda mais carinho? Até irem buscar o Luís Paixão Martins surge como trunfo brilhante, criando um ramalhete de figuras reputadamente credíveis e estimulantes. Outros irão juntar-se, provavelmente gente de alta qualidade profissional, se estas personalidades servirem de critério maioritário.

Problema? Isso de o dinheiro não ter cheiro. Quando os nossos melhores aceitam ser cúmplices de criminosos, e de criminosos que exploram a perversão da autoridade judicial, a cidade fica ao abandono. É descoroçoante ver Costa de novo a ser pago pelos mesmos que andaram a dizer que ele era um operacional de um partido de bandidos que tinha como programa o assalto ao Estado — pulhas que violaram os direitos de personalidade, e de defesa, de camaradas e amigos seus (mas que fossem de meros concidadãos sem qualquer protagonismo social, bastaria onde a decência é reflexo da coragem). E é vertiginoso ter como evidência que António Costa se está a marimbar para isso, que a pequena fortuna a empochar, mais o palco mediático, é o que realmente lhe importa.

Júdice equânimo

Quem se interessar pelo fenómeno Sócrates (refiro-me aos efeitos psicológicos, sociológicos, antropológicos, políticos e históricos, em Portugal, resultantes de esse cidadão ter exercido cargos governativos e ter sido prejudicado, punido e linchado num processo judicial politizado) terá interesse nesta hora com José Miguel Júdice a ser muito simpático para com Maria João Avillez: José Miguel Júdice: “Não houve um Sócrates 1 e um Sócrates 2”

A senhora aparece igual a si própria. Trata Sócrates com desprezo de classe, caricaturando-o como um traste que não tinha educação, nem maneiras, nem moral, nem berço. Repete os argumentos ad hominem estafados de 20 anos e tem o extremo cuidado de evitar qualquer questão acerca das clamorosas violações do Estado de direito, e dos trâmites do processo justo, de que Sócrates foi e é vítima.

O Júdice também está igual a si próprio, ele que nunca caluniou nem diabolizou Sócrates. Nesta entrevista acrescenta alguns episódios biográficos que ajudam a explicar porquê. Mas o seu principal contributo para um olhar equânime sobre a pessoa de Sócrates vem do seu lamento lúcido de ser incompatível ficar apanhado nas embrulhadas financeiras, que foram assumidas pelo próprio, e manter a esperança de voltar a ser politicamente relevante, quiçá decisivo — e isto mesmo que se validasse a sua versão dos acontecimentos, que tudo não passa de um alegado empréstimo do amigo, sem actos de corrupção provados.

Júdice transmite verdadeira admiração pelo poder político de Sócrates como governante reformista. Lembra que no auge dessa capacidade a direita estava toda rendida e assarapantada, reduzida à sua impotência. Porque Sócrates governava à direita? Não, pá, porque governava ao centro. Sem cedências face ao que considerava essencial, sem culto de personalidade e leninismos. Ou seja, governava para o mais largo espectro da comunidade, conseguia resolver problemas dos diferentes segmentos económicos e grupos ideológicos. E criava futuro desenvolvendo o presente, como se confirmou em várias e cruciais áreas do Estado.

Daí o seu lamento. Que é o nosso.

Revolution through evolution

Treatment from female doctors leads to lower mortality and hospital readmission rates
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Don’t be a stranger — study finds rekindling old friendships as scary as making new ones
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Low intensity exercise linked to reduced depression
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Exploring brain synchronization patterns during social interactions
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Social programs save millions of lives, especially in times of crisis
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A university lecture, with a dash of jumping jacks
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Unveiling the secrets of Montesinho’s honey: a blend of tradition and science
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Dominguice

A ideia de uma inteligência artificial atingir o ponto da singularidade descreve a hipótese de esse tipo de inteligência se tornar cada vez mais inteligente apenas usando os seus recursos — portanto, não só se tornando independente da humanidade para o aumento das suas capacidades de cálculo como igualmente se tornando incompreensível para essa mesma humanidade. Um buraco negro cósmico é também descrito como uma singularidade dado que a física no seu interior transcende as leis conhecidas sobre a Natureza, os conceitos de espaço e tempo deixam de fazer sentido e uma densidade infinita pode ter um volume zero. Idem para a suposta causa do Big Bang.

Há outras singularidades parecidas mais acessíveis, próximas. Por exemplo, alguém que tenha o hábito de alimentar a sua curiosidade estará, por inerência, a aumentar a sua inteligência. E esse processo pode ser mantido indefinidamente, assim haja saúde. Dá origem a pessoas e situações singulares. Por vezes, ao nascimento de universos.

Aguiar-Branco finalmente livre

O discurso de Aguiar-Branco, nesta quinta-feira 50 anos após a outra, surpreendeu por ser uma bela peça oratória. Bela no conteúdo, fielmente representando a comunidade democrática de outrora e de agora. E belo na forma, começando com forte apelo sentimental e terminando com sapiente e folgada sátira política.

No seu sucesso, este desconhecido talento revela as causas do seu fracasso como político. Aguiar-Branco concorreu para presidente do PSD em 2010, tendo perdido para Passos Coelho numa corrida onde também estava Paulo Rangel. Donde, o homem tinha grandes ambições governativas, que o actual cargo senatorial apenas apaziguarão. Só que a sua derrota para o então jovem Pedro foi justíssima. Aguiar-Branco sempre se apresentou no espaço público como um bimbo, uma máquina de despachar clichés e imitar os colegas laranjas na práxis da baixa política e da chicana. Afinal, tinha dentro dele um tribuno e um patriota.

A decadência da direita é, na essência, isto. Pessoas que optam por esconder a sua decência durante décadas por terem medo das consequências.

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