Perguntas incómodas para uma certa esquerda

A Espanha, a Noruega e a Irlanda, entre outros, estão no seu direito de reconhecer o Estado da Palestina. Entendem, provavelmente, que é um incentivo para os palestinianos de boa vontade, digamos assim, e até para os de má vontade.  Mais, penso até ter ouvido Pedro Sanchez a dizer que as fronteiras entre esse Estado e o Estado de Israel seriam as de 1967. Muito bem. Mas. Mas. Se o Hamas e o Hezbollah continuarem a existir e a serem financiados pelo Irão e não quiserem aceitar a existência de um tal Estado Palestiniano, pois isso implicaria a existência de um Estado de Israel, de que serve o reconhecimento? Sanchez também advoga a existência de uma ligação terrestre entre Gaza e a Cisjordânia. Sabemos o que o Irão pensa disso? Sabemos mas não queremos saber?

Apesar de tudo indicar que esses movimentos radicais ficam satisfeitos com o reconhecimento da Palestina por outros países, não seria mais determinante dizerem “OK, vamos conversar nessa base”. Porque não o fazem?

É ou não é praticamente impossível iniciar conversações de paz se uma ou ambas as partes não aceitam a existência da outra ? (há muito judeu fanático e arrogante em Israel, embora na minha modesta opinião esses possam ser silenciados; há fanáticos dos dois lados, embora uns usem mais as facas e os explosivos do que outros).

16 thoughts on “Perguntas incómodas para uma certa esquerda”

  1. “Se o Hamas e o Hezbollah continuarem a existir e a serem financiados pelo Irão e não quiserem aceitar a existência de um tal Estado Palestiniano…”

    porque se aceitarem deixam de ser financiados e acaba-se a finalidade da sua existência.

  2. só dizer ao palhaço ignorante amante de genocidios aí em cima que o hamas já aceitou a existencia de israel HÁ 17 ANOS

    https://www.theguardian.com/world/2007/jan/10/israel1

    quanto à penélope, muita pena por alguém que “pensa” desta forma e considera estas “perguntas” como “incómodas” para quem quer que siga este conflito há algum tempo.
    esfreguem bem as mãos que estas manchas demoram a sair

  3. “só dizer ao palhaço ignorante amante de terroristas aí em cima que o hamas já aceitou a existencia de israel HÁ 17 ANOS”

    se o hamas não aceitasse que israel existe como é que justificava a sua própria existência, recrutava guerrilheiros e vendia serviços de terrorismo à lista dos aliados russos.

  4. Não percebo o arrazoado. Estas a dizer, tanto quanto percebo, que reconhecer o Estado da Palestina, para além de ser coerente com o direito de autodeterminação e com a preocupação de ver respeitadas as resoluções da AGONU, é também uma forma de marginalizar, ou mesmo de desarmar, os movimentos extremistas apoiados pelo Irão ? E’ isso ? Mais uma razão para o fazer, nesse caso… Onde é que isto é incomodativo para “uma certa esquerda” (que presumo, seja, para ti, diferente de “uma esquerda certa”)?

    Boas

  5. joão viegas: Reconhecer o Estado da Palestina de pouco serve se 1) as fronteiras não forem definidas e aceites pelas duas partes, 2) os grupos islâmicos que não aceitam a partilha do território com um Estado judeu continuarem a mandar rockets e mísseis, 3) esses grupos ganharem uma futura eleição no dito Estado reconhecido e 4) o Irão continuar a financiar radicais que não admitem na prática nenhum Estado de Israel naquela zona, porque o próprio Irão não admite.

    O que critico a alguma esquerda é a facilidade com que acham que reconhecer o Estado da Palestina resolve o conflito. Não resolve. Há muito a fazer até lá, como, por exemplo, correr com os actuais protagonistas de um lado e do outro. Muito difícil. Aliás, considerando eu os extremistas judeus pessoas odiosas que serão um empecilho a qualquer entendimento, causa-me bastante impressão que o Khamenei tenha vindo agradecer aos estudantes universitários ocidentais o seu “movimento de resistência” contra Israel e os Estados Unidos. O Khamenei, esse assassino.

  6. Não fazer nada também não resolve grande coisa. O que me surpreende é a contradição entre o que dizes agora neste ultimo comentario, e o que destacas no post, ou seja que o reconhecimento do Estado Palestino viria reforçar a solução a dois Estados, que é a ultima coisa que os extremistas terroristas do Hamas e quejandos desejam, e que acabaria por conseguinte por enfraquecê-los. A mesma coisa pode alias ser dita dos extremistas fascistoides israelitas, que também estão na mo de cima, muito infelizmente e que também se podem prevalecer de eleições. Portanto, em coerência, o que explicas no post so milita no sentido de se reconhecer o Estado Palestino.

    Quanto à tua ideia de que deveriamos esperar por fronteiras bem definidas e por um tratado ja completamente aceitavel para ambas as partes, esta é que acaba por traduzir-se num apoio evidente aos extremistas de ambos os lados, extremistas que acreditam que isto so la vai à porrada com a eliminação total de uns pelos outros…

    Boas

  7. Se reconhecer o estado da Palestina não resolve nada porque é que incomoda tanta gente? Talvez terem de viver uns 15 dias em territórios ocupados pelo Povo eleito tirasse algumas teias de algumas cabeças. Até se borravam todos…

  8. devias ler mais um bocadinho de história, para não mostrares a tua ignorância sobre o assunto:

    https://estatuadesal.com/2024/06/01/a-traicao-de-israel/

    “Muito antes de Gaza, já Israel tinha perdido toda a legitimidade política para poder ser aceite como um Estado respeitador do direito internacional e caucionar os fundamentos da sua própria criação. Setenta anos de desobediência arrogante a resoluções do Conselho de Segurança da ONU, de ocupação sistemática e planeada, de terras roubadas aos palestinianos na Cisjordânia (onde hoje vivem em colonatos ilegais 800 mil judeus), de abusos de toda a ordem sobre os palestinianos, de paulatina expulsão dos palestinianos de Jerusalém, de transformação de Gaza no maior campo de concentração do mundo, do impulso dado à criação do Hamas, como forma de minar o poder dos moderados da Autoridade Palestiniana, conduziram àquilo que Guterres disse, com toda a razão, serem os antecedentes do 7 de Outubro. E, depois disso, os 36 mil mortos de Gaza, uma Força Aérea que bombardeia tendas de refugiados, um Exército que ataca dentro de enfermarias de hospitais e despeja mísseis sobre carrinhas de ajuda alimentar, valas comuns onde as outrora gloriosas FDI enterram centenas de civis, mulheres e crianças, ou o embargo deliberado de água e alimentos para também matar pela fome, pela sede e pelas doenças, tudo isso faz hoje de Israel um Estado criminoso que nenhum critério de decência pode absolver. Acabou-se a factura do Holocausto: os judeus de hoje acabaram com ela, cobrindo de vergonha o nome de Israel.”

  9. Mais uma ajudinha:

    Miguel Sousa Tavares:

    “Se três países europeus decidem, ao fim de 74 anos de uma resolução da ONU, reconhecer o Estado da Palestina, o incendiário ministro dos Estrangeiros de Israel declara-os aliados do Hamas. E se alguém, em algum lado do mundo, seja numa universidade americana ou num jornal português, no uso do mais elementar exercício de decência e de indignação, se manifesta com o que vê em Gaza, logo saltam os muitos defensores de Israel com a estafada chantagem intelectual de confundir indignação moral com anti-semitismo e deterem-se só um passo antes de os acusarem de nazismo. Até já vi com os meus olhos o que não acharia possível: o deputado europeu do CDS, e parece que professor de direito internacional, afirmar na televisão que era discutível que o ataque da Força Aérea israelita ao consulado do Irão em Damasco, em que morreram oito pessoas, fosse ilegal.”

  10. Take 3

    “Na televisão também vi há dias o ministro Paulo Rangel explicar a posição portuguesa no conflito e por que razão este não é o momento para reconhecer o Estado palestiniano. Não consegui enxergar uma só razão válida, tirando o facto de nunca ser o momento certo, desde que em 29 de Novembro de 1947 as Nações Unidas partilharam o território da Palestina, sob mandato britânico, entre um Estado palestiniano e um Estado de Israel. O Estado de Israel existe desde que Ben-Gurion o proclamou em 14 de Maio de 48 e logo foi reconhecido por inúmeros países. O da Palestina continua à espera do “momento oportuno”. Valha-nos que pelo menos — ao contrário dos americanos e de vários parceiros europeus, campeões dos direitos humanos e da indústria do armamento — não fornecemos armas para a matança de Gaza.”

  11. tinha a impressão que o estado de israel foi uma invenção dos russos para se livrarem dos judeus e acho que o contencioso só regressa ao antes de 7out23 quando os russos forem corridos da ucrânia, até lá vai servir de moeda de troca para desgaste do ocidente.

  12. Israel foi também uma invenção do Ocidente para desestabilizar uma zona rica em petróleo.
    E o Penélope tem razão, uns usam mais os explosivos que outros e esses uns é o Estado genocida de Israel a chacinar palestinianos há 75 anos. Uns dias na Faixa de Gaza ou Cisjordânia na qualidade de cidadão não judeu comum e passava-te logo o amor a genocidas e genocídio. Até ficavas cheio de vontade de reconhecer tal gente se ao fim de 15 dias ainda estivesses vivo.

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