Antes de não gostar do Bruno de Carvalho já não gostava dele. Cheirava-me a fraude, soava-me a bazófia de quarta categoria. Chungaria engravatada.
Depois ganhou. Depois acalmou. Depois, na ânsia de se apresentar como o novo Pinto da Costa, começou a mostrar que era meio tonto. E agora provou que é completamente chanfrado da corneta.
Eis o que este bronco se lembrou de ir dizer para o Facebook:
“Este fim-de-semana jamais poderá ser esquecido. Quer a equipa principal quer a equipa B brindaram os sportinguistas com péssimas exibições que não dignificaram o nosso clube e a nossa camisola. Não demonstraram garra nem vontade de vencer e isso é lamentável só nos restando pedir desculpa por não termos sido dignos do clube que representamos”, referiu o presidente através de uma mensagem no Facebook.
“Agora não é tempo de levantar a cabeça, é tempo de nos mostrarmos dignos deste clube e demonstrar que não são apenas os nossos sócios e adeptos que se esforçam ao limite das suas forças durante os jogos, mas que nós profissionais também somos capazes de o fazer em todos os jogos”, acrescentou Bruno de Carvalho.
Em que livro de gestão ou recursos humanos, de psicologia ou dinâmica de grupos, o animal foi buscar o conselho para humilhar publicamente um conjunto de profissionais que praticam uma actividade sujeita a factores aleatórios e ao mérito do adversário, a qual depende para o seu eventual sucesso não de ameaças mas de prémios, honras e boa comunicação interna? Que acha ele que vai acontecer a seguir?
Tragicamente, é cristalino o que lhe passa na cabeça. Estamos perante um ogre narcísico e primário, o qual acredita que as vitórias são um efeito do temor que consegue espalhar na rapaziada. Encontramos esta disfunção amiúde em cargos de chefia, é uma das perversões relacionais mais comuns onde haja hierarquias. Neste caso, revela também uma concepção mecânica e voluntarista da prática desportiva, uma visão infantil – portanto, alucinada – onde as vitórias seriam a consequência directa de uma superior ambição. É o reino do pensamento mágico. É o inferno dos tiranetes.
Citando Umberto Eco muito à distância na memória, só os fúteis consideram que as coisas fúteis são fúteis. O futebol é fútil. Mas já não há nada de fútil na importância social e antropológica, e também económica, do futebol. A função de dirigente de um clube como o Sporting oferece um palco mediático de enorme influência. Algo de belo pode ser alcançado a partir daí. Por exemplo, imaginemos que um presidente de um grande clube pedia aos sócios e adeptos para passarem a aplaudir as equipas adversárias e os árbitros à entrada e à saída do relvado nos jogos em casa, fosse qual fosse o resultado. Seria revolucionário, para além de ser excelente marketing. Mas com alimárias como o Bruno de Carvalho aquilo que nos sai na rifa é um fulano que pensa que ainda está na Juventude Leonina a fazer esperas aos jogadores para os insultar e agredir quando há derrotas.