Arquivo da Categoria: João Pedro da Costa
Novela do estudo científico das línguas reais – I
O estudo científico da linguagem humana verbal começou tarde e a más horas: apenas no século XIX com a Linguística Histórico-Comparativa. Até lá, como é óbvio, não se pode afirmar que a malta toda andou a apalermar (muito pelo contrário), só que, até aos histórico-comparativistas alemães, uma série de características enfermaram o estudo da linguagem humana verbal e o afastaram da cientificidade. Estas características foram, sobretudo, o pragmatismo (ver a descrição utilitária do sânscrito feita por Panini), a preocupação filológica (cheirar os estudos de Eratóstenes e de outros autores da Escola de Alexandria sobre os textos homéricos), a normatividade (audível, de forma geral, em todos os textos dos gramáticos até ao séc. XIX) e a subordinação à Filosofia da Linguagem (sobretudo no travo prolongado da questão do Crátilo de Platão sobre a origem convencional ou natural da linguagem, cujo paladar se prolongou de forma áurea até Santo Agostinho e São Tomás de Aquino). Como é óbvio (não é nada óbvio, eu é que gosto de me armar), não está aqui em causa os importantes contributos de todos estes autores no estudo da linguagem humana verbal, mas o facto de nenhum deles a terem promovido a objecto formal do seu estudo. A linguagem surge em todos eles com uma espécie de medium, cujo estudo era sempre motivado por questões extra-linguísticas.
Após os séculos XV e XVI, época em que se acentuou o contacto com novas civilizações e linguagens, começou-se a esboçar uma teoria monogénica da linguagem de cariz bíblica, em que se elevava de forma babélica o Hebreu a língua adâmica ou edénica. É apenas nos séculos XVII e XVIII que surgem os primeiros autores que me interessam (logo, que deverão interessar a toda a gente) para um estudo científico da linguagem humana verbal. Os dois primeiros são Antoine Arnauld e Claude Lancelot, autores da Gramática de Port-Royal, cujas páginas desenvolve a noção inovadora de universais linguísticos: se a linguagem é estruturada segundo a razão humana, é natural que se possa definir uma Gramática Universal comum a todas as línguas (o Chomsky viria, séculos mais tarde, a chamar um figo a essa inovação). O terceiro autor é Leibniz, que foi o primeiro a pôr em causa a teoria monogénica de que o Hebreu seria a língua-mãe de todas as línguas, argumentando com a impossibilidade dessa língua camito-semita ter dado origem a línguas com estruturas tão díspares. O rapaz era uma montanha de virtudes.
Continuar a lerNovela do estudo científico das línguas reais – I
É Tarantino? Não, são os Wilco
Tinha hoje prometido a mim mesmo escrever sobre o fantástico Death Proof de Tarantino e acrescentar alguma gravitas à avalanche de parvoíces que se tem escrito sobre o filme: nem são bem os gajos que detestaram o filme que me irritam, mas os iluminados que utilizam expressões tipo «lixo de luxo» ou «alta baixa cultura» para descrever essa obra prima. No entanto, como estive hoje todo o dia a ouvir pela primeira vez o novo Sky Blue Sky dos Wilco, não vou poder, hélas, demonstrar os meus dotes de demiurgo circense e vão apenas ser brindados com dois MP3zitos no HTML que é para aprenderem a não desviar o vosso browser para blogues tão mal frequentados como o Aspirina B. A crítica tem cascado um pouco no álbum (repararam na forma Pacheco Pereira como mudei de assunto? Isto não é para todos), sobretudo pelos rapazes terem deixado de lado a veia mais experimentalista de discos como Summerteeth (vénia) ou Yankee Hotel Foxtrot (dupla vénia). Apesar disso, Sky Blue Sky contém uma bela dúzia de grandes canções, estupidamente íntimas e megalómanas, recheadas de solos de guitarra que provam que a azeiteirice, quando possui o grau certo de acidez, é algo de muito audível e recomendável (os fãs dos My Morning Jacket sabem do que estou a falar). Deixo-vos aqui dois belos exemplos: «Impossible Germany» e «Side with the Seeds». Nem os Lynyrd Skynyrd se atreveram a levar o rock tão a sul.
Aspirina Box #9 (Primal Scream)
Coisas novas na Box, desta vez dedicada em exclusivo à minha banda favorita de todos os tempos (versão Julho 2007): os Primal Scream. É uma pena que muita gente apenas os conheça devido a essa obra-prima que foi SCREAMADELICA (1991), sobretudo se tivermos em conta que foi depois da entrada do Mani, o ex-baixista dos The Stones Roses (vénia), que a banda conquistou o título da banda britânica mais relevante dos últimos 20 anos (que me perdoem os Massive Attack e os Radiohead). Resolvi assim elaborar uma pequena selecção de 10 temas que mostra que o enorme talento dos rapazes em géneros tão distintos como o acid-jazz, o dub, a pop, o rock, o ambient house e a música electrónica. Se um dia deus nosso senhor me conceder a graça de ver os meninos ao vivo, prometo passar a escrever a sua graça com letras maiúsculas. Ou ir a Pátima a fé.
Quem é aquela mulé?
A Susana anda a armar-se. É óbvio que o seu último post é uma vil intromissão no pelourinho que me foi atribuído na última Assembleia Geral do Aspirina B que teve lugar na piscina da Soledade (marcaram presença o Valupi, o Fernando, a Susana, a Soledade e mais uma centena de heterónimos muito giros que falavam todos da mesma maneira e que diziam todos muito bem uns dos outros). Isto, como é óbvio, irá ter consequências graves no regular funcionamento deste blogue em putefracto estado de HTMLização. Para já, para além de aqui anunciar publicamente que fui EU quem mostrou pela primeira vez à Susaninha a genialidade dos Buraka Som Sistema, deixo aqui o vídeo de «Wawaba» que, não por acaso, é há mais de meio-ano o toque do meu telemóvel. Tipo picolê.
Aspirina Box #8
Coisas novas na Box. Em primeiro lugar, há o belo e longo «He’s Simple, He’s Dumb, He’s The Pilot» dos Grandaddy, seguido de uma superior interpretação de Vinicius Cantuária da melhor canção do mundo. Para além de «Maryan» do indispensável Robert Wyatt (cujo novo Comicopera sai já em Outubro) e do muito estival «La Baie» de Etienne Daho, também coloquei o meu tema favorito dessa doida que é a Björk, o não menos belo «Feather by Feather» dos Smog e «La Cienega Just Smiled» de Ryan Adams (que aqui parece o Elton John antes deste ter começado a soar que nem aquele galo que canta desde 1919). Para terminar, há a Radio 1 Session de «London, Can You Wait?» dos Gene (um autêntico case-study: como é que uma banda tão medíocre conseguiu compor uma pérola destas?), «Smoke & Mirrors» dos The Magnetic Fields e Mark Kozelek a resgatar da sombra dos Genesis o tema «Follow You, Follow Me», o que prova, mais uma vez, as virtudes da reciclagem.
Aquedutos
A partir de sesta estival da Susana Banana (nick inspirado em Death Proof, a última e genial obra-prima de Tarantino).
The tears you see on my face? You do have something to do with
É o que dá andar na corda bamba. Se a anterior colaboração de Mike Mills com os Blonde Redhead tinha dado origem a um magnífico vídeo, este novo, relativo ao belíssimo «The Dress», é um monumental fiasco. Apesar do conceito já ser, de si, razoavelmente horrível, nada nos prepara para o resultado final. Meninos e meninas, fasten your seatbelts para um dos piores telediscos de 2007.
Curiosamente, num registo despudorado, patético e pateta muito semelhante ao anterior, temos igualmente outra aberração a destruir «Encosta-te a mim», um tema muito razoável do novo disco do Jorge Palma. Que figurinhas tristes, caramba. A canção não merecia isto.
O mainstream é mesmo bom
Não há nada que me deixa mais feliz do que quando uma grande canção mergulha de chapa no centro do mainstream. Não acontece muitas vezes, é verdade, mas quando acontece prefiro mil vezes poder curtir uma música ao lado de milhões de melómanos anónimos do que ter como companhia críticos musicais com problemas edipianos. Se tomarmos como referência do mainstream os temas que chegaram ao topo do Hot 100 da Billboard, confesso que, nos últimos anos, dancei que nem um doido ao som de absolutas maravilhas como Hey Ya («Shake it like a polaroid picture») dos Outkast, Hollaback Girl («Let me hear you say this shit is bananas») da Gwen Stefani e a versão integral (com aquele genial afro-beat introdutório) de My Love («And I know no woman that could take your spot, my love») de Justin Timberlake. O caso mais recente de um alinhamento do meu gosto musical com o da maioria é da responsabilidade de uma rapariga com 20 anos chamada Rihanna e que possui o dom de ter reduzido a 30 insignificantes segundos um senhor com o gabarito do Jay Z. Desconfio que canção é particularmente biodegradável, por isso, façam o favor de curtir esta maravilha antes de azedar.
Aspirina Box #7 (Low)
Com algum atraso, acrescentei coisas novas na Box. Desta vez, resolvi inserir dez temas de uma única banda que há 13 anos tem marcado uma presença assídua na minha discografia: os Low. Poderia agora falar de cada tema, mas não quero estragar a surpresa aos que não conhecem a banda. Para quem já conhece o talento do casalinho mormon, há uma raridade que se chama «Dont’ Carry It All» e que é um outake do grande Things We Lost In The Fire de 2001. Numa altura em que se celebra a re-edição de Colossal Youth dos Young Marble Giant, os Low são uma das bandas que melhor souberam utilizar o legado dos manos Moxham. O que, de resto, só lhes fica bem.
Adenda: os Low também são famosos pelos seus vídeos… singulares. Deixo-vos aqui o mais recente, relativo ao single «Breaker». Uma moca.
A great chance for survival
Os Arcade Fire são tão bons que até me fazem uma certa impressão. Infelizmente, não pude revê-los esta semana ao vivo, mas quero que o mundo saiba que eu, mero mortal que nem as rosas e Aristóteles, estive naquele inesquecível findar de tarde em Paredes de Coura, onde a banda deu, simplesmente, o melhor concerto que até hoje vi na minha vida. Os rapazes andavam a portar-se mal e ainda não tinham lançado qualquer vídeo musical relativo ao seu novo álbum. Também por isso, o que vos trago aqui é absolutamente maravilhoso: a banda a interpretar ao vivo aquela que é a mais bela, contida e melancólica canção do seu repertório: «Neon Bible». Num elevador.
Aspirina Box #6 (com um destaque muito particular aos Of Montreal)
Coisas novas na Box. Em primeiro lugar, há o magnífico e muito dançante «Boy From School» dos Hot Chip, seguido de «Knife», um dos mais recentes hinos da música alternativa dos incomparáveis Grizzly Bear. Há dois momentos líricos que poderão ser particularmente irritantes: «Samson» da Regina Spektor e «He Didn’t» dos 6ths, projecto paralelo de Stephin Merritt que conta aqui com o vozeirão de Bob Mould (ex-Husker Du e Sugar). Depois, fui buscar «Theme From Turnpike» dos dEUS, que é um daqueles temas que fica bem em qualquer box, «Jumbo» dos Underwold, a versão original de «Heartbeats» dos The Knife (a versão de José González é óptima, mas isto é outra fruta) e «Sadness Soot» de Grant Lee Phillips que, pelos vistos, tem um disco novo que ainda não ouvi (mas que deve ser óptimo). Como não podia deixar de ser há mais um tema dos The Field: «Mobilia».
Há igualmente dois temas novíssimos dos Of Montreal. Como se não bastasse a Kevin Barnes ter lançado um dos discos mais viciantes do ano (Hissing Fauna, Are You The Destroyer?), eis que o rapaz nos brinda com mais cinco temas de altíssima qualidade através do EP hilariantemente intitulado Icons, Abstract Thee. Tanto o álbum como o EP foram gravados na ressaca da separação de Kevin Barnes da sua mulher. Iá, dirão vocês, de break-up albums está um gajo cheio, mesmo se o género já tenha dado origem a obras-primas como Blood On Tracks de Bob Dylan ou Rumours dos Fleetwood Mac. Contudo, o que faz destes dois discos um caso à parte nessa tortuosa genealogia é a incapacidade de Kevin Barnes em adaptar a sua pop demente e psicadélica ao registo meloso e melancólico. O resultado é verdadeiramente paradoxal: ando há várias semanas a cantarolar, com grande alegria e diversão, letras como Tonight, I feel like I should just destroy myself ou I am a flaw, I’m a mistake, I am faulty, I always break. Os dois temas que deixo na Box são retirados do EP e conseguem, nesse aspecto, ser verdadeiramente exemplares. «Young Blonde, Your Papa Is Failing» é uma balada em que o Kevin Barnes consegue quase ser melancólico, não fosse o virtuosismo dos arranjos e «No Conclusion» é um daqueles temas épicos que não ficam a dever nada a canções como «Bohemian Rhapsody» dos Queen ou «Paranoid Android» dos Radiohead: é ouvir para crer. 2007 é dos Of Montreal, meus amigos. Não há mesmo nada a fazer. Ah, entretanto a mulher do gajo voltou para os seus braços. Bruxo.
Adenda
Bem, parece que o imeem se engasga com a faixa «No Conclusion» e, por isso, deixo-a aqui no próprio post em formato MP3. Poder acompanhar com a letra aqui.
«Não sei o que é», 12.ª repetição
[1] «Não sei o que é rapidamente esclarecido na opinião do Presidente da República [sobre o caso Charrua]. O que sei é que estas palavras foram proferidas a 23 de Maio», referiu Paulo Gorjão sobre as declarações de Aníbal Cavaco Silva.
Não sei o que é não saber na perspectiva do autor do Bloguítica. O que sei é que estas palavras já foram lá publicadas 12 vezes desde o dia 12 de Junho. Já deveria ter dado para aprender alguma coisita, caramba.
Parental advisory: contains explicit images
O verde da pupila
Era no fundo do quintal que afinávamos
as cores para evitar confusões. Embora
eu fosse azul e o meu pai amarelo,
a verdade é que a luz nos ourava até
ao imo da pupila e não era assim fácil
esquecer que habitávamos um mesmo nome.
Como os melros, recuperávamos o silêncio
sob os castanheiros, porque era apenas
lá, naquela sombra delicada, que as coisas
se vingavam de opacidade. Sobra-me
ainda hoje um pouco desta claridade na
memória e, embora a minha mãe me jure o
contrário, acredito que se um dia me conseguir
subtrair à relva, quem sabe, o meu pai.
Aspirina Box #5
Confesso que esta Aspirina Box, para além de dar cá uma grande trabalheira, é um exercício altamente viciante e que eu, é bom de ver, ando-me a passar dos cornos. Começo, como sempre, a jogar pelo seguro: «Dry The Rain» dos The Beta Band é uma das melhores músicas de todos tempos e o mundo, que diabos, precisa de sabê-lo (estejam atentos ao minuto 3:19 que é quando entra a melhor linha de baixo do planeta). Depois, há coisas que ando ouvir intensamente nos últimos dias: Blonde Redhead (aqui com mais dois temas maravilhosos), os Of Montreal com «Suffer For Fashion» (que é o single do ano) e, como não podia deixar de ser, The Field, desta vez com o seu magnum opus intitulado «The Deal». Há também um tema dedicado ao meu primito Valupi chamado «Dick Is A Killer», em que um rapaz chamado rx sampla e manipula sobre uma batida cheia de colesterol partes de um discurso do grande George W. Bush. Aquilo começa assim:
Mr. Speaker, members of Congress, Mom and Dad,
Last month a girl in Lincoln, Rhode Island, sent me a letter.
It began, «Dear George W. Bush, if there’s anything you know, please send me a letter.
PS: Kiss my ass. Dick Dick Dick Dick Dick is a killer.»
e depois ainda melhora: um mimo. Há igualmente temas que foram absolutamente vitais para a formação do desastre do meu ser como «No Hurry» dos The Apartments, «Don’t Have To Be So Sad» dos Yo La Tengo, «Peacock Tail» dos Boards of Canada e «I Broke My Promise» dos American Music Club. Depois há coisas menos consensuais como o muito piroso «Justaposed With U» dos Super Furry Animals (o you’ve to tolerate all the people that you hate: i’m not in love with but i won’t hold that against you é zeníssimo), «Long Distance Call» dos Phoenix e o muito etéreo «Colchão d’Água» dos Três Tristes Tigres. Como não consigo ainda gostar (o problema só pode ser meu) do último disco dos The Chemical Brothers, resolvi fechar a coisa com o magnífico «Surface To Air». O destaque vai para «Home» de Lou Barlow, que é uma canção que quando mais se ouve, mais se fica a gostar (e olhem que ando nesta lenga-lenga há dois anos). Era também para pôr Underworld, mas, pelos vistos, esqueci-me. Paciência, fica para a próxima vez.
A TVI, essa grandessíssima vaca,
Meu deus
p z u s e l z
A semana passada estive na FNAC do Colombo e qual não foi o meu espanto quando vejo à venda dezenas de exemplares de The Jigsaw Puzzle de Anne D. Williams. O livro, pelos vistos, não terá sido um grande sucesso de vendas naquela loja, na medida em que os mesmos estavam à venda por €5,95. Repito: cinco euros e noventa e cinco cêntimos, menos de metade do preço original. Comprei de imediato um exemplar e devorei-o no último fim-de-semana. Anne D. Williams é uma das maiores especialistas do mundo em puzzles. Para além de possuir uma colecção privada com mais de 8.000 puzzles acumulados nos últimos 25 anos, ela tem sido das autores mais prolíferas sobre a matéria, tendo já escrito meia-centena de artigos científicos sobre a história, o mercado e as técnicas de fabrico de puzzles. Este livro é assim uma espécie de corolário de trinta anos de amor e dedicação à causa. Que conheça, esta é a primeira obra de fôlego sobre a história do puzzle, fruto daquilo que apenas posso supor ter sido um tremendo trabalho de investigação. O subtítulo Piecing Together A History faz, de resto, jus à dimensão da obra. Anne D. Williams não se limita a inventariar os momentos mais marcantes da história do jogo, como consegue articulá-los com uma escrita simples e sedutora, que nos transporta para o universo por vezes maníaco-compulsivo das pessoas que jogam, coleccionam e criam puzzles. Neste livro, pude não apenas confirmar uma série de informações que tenho acumulado nos sítios mais duvidosos (Internet) e diversos (romances, revistas e artigos), como descobrir pormenores absolutamente fascinantes como o facto desta história com mais de 300 anos ser dominada por figuras femininas. A obra está ainda profusamente ilustrada e inclui uma secção com fotografias de meia centena de exemplares, criteriosamente escolhidos, referenciados e contextualizados. Até como simples objecto, The Jigsaw Puzzle vale bem o preço.