Tinha hoje prometido a mim mesmo escrever sobre o fantástico Death Proof de Tarantino e acrescentar alguma gravitas à avalanche de parvoíces que se tem escrito sobre o filme: nem são bem os gajos que detestaram o filme que me irritam, mas os iluminados que utilizam expressões tipo «lixo de luxo» ou «alta baixa cultura» para descrever essa obra prima. No entanto, como estive hoje todo o dia a ouvir pela primeira vez o novo Sky Blue Sky dos Wilco, não vou poder, hélas, demonstrar os meus dotes de demiurgo circense e vão apenas ser brindados com dois MP3zitos no HTML que é para aprenderem a não desviar o vosso browser para blogues tão mal frequentados como o Aspirina B. A crítica tem cascado um pouco no álbum (repararam na forma Pacheco Pereira como mudei de assunto? Isto não é para todos), sobretudo pelos rapazes terem deixado de lado a veia mais experimentalista de discos como Summerteeth (vénia) ou Yankee Hotel Foxtrot (dupla vénia). Apesar disso, Sky Blue Sky contém uma bela dúzia de grandes canções, estupidamente íntimas e megalómanas, recheadas de solos de guitarra que provam que a azeiteirice, quando possui o grau certo de acidez, é algo de muito audível e recomendável (os fãs dos My Morning Jacket sabem do que estou a falar). Deixo-vos aqui dois belos exemplos: «Impossible Germany» e «Side with the Seeds». Nem os Lynyrd Skynyrd se atreveram a levar o rock tão a sul.
João Pedro Costa,
No teu poste «Quem é aquela mulé» (publicado no dia 24 de Julho de 2007, 12: 04), pode ler-se: “…a última Assembleia Geral do Aspirina B teve lugar na piscina da Soledade (marcaram presença o Valupi, o Fernando, a Susana, a Soledade e mais uma centena de heterónimos muito giros que falaram todos da mesma maneira e que diziam todos muito bem uns dos outros”.
Em comentário ao referido poste, Valupi acrescenta esta pergunta: “Primito, quando é que voltamos à piscina da Soledade?”
Como sempre, a falta de educação e a provocação, são o lema do “Aspirina B”!
Todavia, resolvi responder (embora, em consciência, não devesse fazê-lo…).
Primeiro ao Valupi: não vão ter “nova” reunião, porque nunca houve nenhuma. Na minha piscina só recebo os amigos e, no vosso caso, tenho o prazer de não conhecer nenhum de vocês.
Mas tenho uma surpresa para ti João Pedro Costa (e colegas). Trata-se de um convite. Irrecusável! (Embora a “casa” precise de mais uns “toques”, mas serve – principalmente para os “aspirínicos”).
A morada é a seguinte: sarrabal.blogs.sapo.pt – fico à espera da vossa visita. Espero que não faltem…
PS. Não reparem na data do poste. Motivos particulares obrigaram-me a colocá-lo dois dias antes do previsto: dia 1 de Agosto (como havia prometido, recordam-se?)
Soledade: tem o prazer de não conhecer nenhum de nós? Mas fala como se.
e como diria o TT, eis mais uma vítima da perseguição dos marranos maçonáticos!
além de que é muito plausível que a CIA e um paquete do hotel bilderberg estejam metidos na trama “Operação No Mas Soledad”, com a cumplicidade de um gajo de Amesterdão (bate tudo certo, Amsterdão..Bilderberg..tá lá tudo!!!!)
«(reparam na forma Pacheco Pereira como mudei de assunto? Isto não é para todos)»
JP,
Bem apanhada.
É que ele há hiper-activos e hiper-activos. Há-os tipo Valupi, na brasa por dentro, mas convencidos de que o mundo ganha com algum torneamento estético. E há-os tipo JPP (bom, e JPC) que descobriram, sabe-se lá como, que o mundo não merece tanto (na realidade, não os merece), e se exprimem com esse invejável desembaraço.
São duas estéticas. Duas filosofias de vida. Por força que uma delas há-de garantir mais felicidade. Mas não me perguntes qual.
…Wilco esses que andam agora em tour com o Richard Swift. A propósito de Swift, JPC, já ouviste o “Dressed Up for the Letdown”? Opinião?
Fiquei instantâneo fã dos Wilco. Inestimável serviço público o teu, primo. “Impossible Germany” é de audição compulsiva.
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Fernando, então e tu? Qual das filosofias te dá saber e sabor?
Cris: ainda não ouvi o novo «Dressed Up for the Letdown», em parte porque tenho medo, muito medo. E que tal? O novo disco está à altura dos pregaminhos do rapaz?
Fernando: estou a fazer um grande esforço para perceber essas duas filosofias de vida. Podias ser mais explícito?
Eu sou só porteira e não percebo nada destas coisas …
… mas não resisto a meter a minha colherada.
Cá para mim se o Valupi e JPC começassem a assinar comentários (já para não falar em posts sobre certos assuntos) com as iniciais fv e a ouvir as reacções nas caixinhas de comentários já não precisavam de fazer certas perguntas …
Quanto a felicidades alheias (sejam elas de quem forem) é assunto em que já não aposto os meus ricos tostões …
Pois é, porteira, faltam-te os “pregaminhos” do Jocas Tarantino… Tem paciência, moça.
Valupi e JP,
Eu não queria, não queria, ser explícito. É que ‘ser explícito’ dá cá um trabalho! Mas pronto. Façamos um último esforço.
Há uns fulanos (agora não peçam nomes) que só se apresentam a público de fatinho completo, gravatinha e meia a condizer, lencinho a sair da pochette, botões de camisa discretos mas à luz do sol. Tudo isto em figurado. Na prática física, passam despercebidos, quando não dificultam o apetite ocular alheio. Não, estou a falar desta nossa aparência aqui. Quando publicam, e é porque não há mais remédio, trazem superfícies polidas, cuidadas, com subtis ânsias de eternidade.
E há os outros. Os que não olham ao espelho, nem ao íntimo, e que sabem que a atenção pública é precária, se não miragem pura, e que se dão ao luxo (o termo, claro, é dos outros) de virem em jeans surrados pelo uso, nada lavados, os jeans, de fábrica, por pedras polidoras, e com a primeira t-shirt que sacaram da máquina. São limpos, mas nem nisso pensam. Tudo isto muito figurado. Nesta fugidia existência nossa, exprimem-se linearmente, sem olhar para trás (sabe-se que o fazia Jorge de Sena), tirando forças, e que forças (porque inteligentes são eles, e poupados, e realistas), da própria dinâmica da leitura, que é, repitamos, volúvel, desatenta, enfim, o desconsolo que se sabe.
Como poderia eu saber com qual das duas disposições se chega melhor à noite?
Abraços mil.
(Jocas Tarantino é windo)
Fernando: ah, já percebi. Mas a distinção mereológica parece-me ser pouca operativa para determinarmos o caminho para a felicidade. Até porque, volto a dizê-lo, a felicidade é um estado de alma sobrevalorizado – há estados intermédios altamente recomendáveis.
Fernando, valeu muito a pena esse teu esforço. Muito.
Caríssimo Conterrâneo,
Perdoa-me a provocação, mas o “…fantástico Death Proof” é género ou elogio?
Sou pouco dado a genealogias, Mao. É elogio.
Seria um disco ainda mais belo se não tivesse aqueles “quasiternos” solos de guitarra. Nem chega a ser uma versão light de Joe Satriani mas que me aborrece, aborrece. Também o anterior sofreu com as críticas e alguma indiferença, mas não é por isso que deixa de ser um excelente disco. ;)
Há momentos em que tendo(tendo? O Português por vezes soa-me de forma tão ridícula) a concordar contigo, agente. E outras em que não. Oxalá nunca chegue a nenhuma conclusão. De qualquer forma, aqueles solos são um risco. E eu gosto de malta que arrisca.
agora que ouvi: também gostei muito.
Sobre o Swift, também ainda não ouvi. Ênfase no “ainda”, porque estou em processo de *cofcof* sacá-lo. Ópois digo qualquer coisinha.
os que mais gosto, e que aqui falei, vêm aí:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1301172
e os Vaya não sei onde, e os Massive em Setembro
aproveitem