Sousa Tavares despediu-se ontem da sua carreira de jornalista, num salão dourado de Belém, com uma entrevista que desejava que ficasse para a história. Apenas conseguiu mostrar que, como jornalista, já estava fora do prazo de validade e que, como cidadão, se tornou sensível ao canto de sereia do nacional-populismo. Nos dez minutos finais, por duas vezes desafiou Marcelo a valer-se do consenso nacional que gerou à sua volta para agir como uma espécie de salvador da pátria, pondo fim ao “país eternamente adiado” — uma citação de Eanes velha de mais de 30 anos. Como explicar este desafio, que parecia verbalizar as secretas esperanças da direita radical, eternamente descontente com o regime democrático que temos? Sebastianismo senil? Salazarismo serôdio? Uma despedida para esquecer, pois ainda me lembro do outro Miguel de Sousa Tavares.
Também não esqueci de um artigo idiota que ele escreveu numa revista (talvez a Visão) em que descrevia a epopeia de um dia passado na casa do Meco, desde a compra dos géneros na praça até à alarvidade de enfardar, sózinho (pelo que percebi), um Pargo, 1Kg de ameijoas e uma garrafa de branco. E termina o artigo com um “Viva Portugal”. Hã??
Ou aquele debate televisivo sobre sinistralidade rodoviária em que defendia que os craques do volante, como
ele e o convidado José Megre, não deviam de estar sujeitos ao limite de velocidade, ao contrário do resto da plebe que devia de estar condicionada aos 80km, p’raí…
Agradava-me quando, às vezes, mijava fora do penico do mainstream. Mas acho que era só para dar nas vistas e mostrar que sabe muito bem o que se passa na realidade. Tipo Nuno Rogeiro.
Lembram-se quando ele disse que o Passos tinha ganho o debate com o Sócras? Até os outros jornalistas ficaram surpreendidos.
Não vai deixar saudades.
Muito pelo contrário, a despedida de Miguel Sousa Tavares é para lembrar.
Nem que seja pelo inestimável serviço público prestado, ao tornar claro que nem do actual chefe de Estado podemos esperar grandeza patriótica que queira pôr fim à decadência nacional.
O nosso País fez progressos extraordinários nas últimas décadas, apesar de ter uma burguesiazita da treta, onde pontificam meia dúzia de capitalistas, com destaque para os “merceeiros”. A revolução industrial no nosso país começou “há bocadinho”. Estou em crer que, dentro de 20 anos, Portugal será um dos países mais avançados e prósperos da Europa. Já não estarei cá. Isso deve-se, em grande parte, â qualidade e dedicação da esmagadora maioria dos políticos portugueses dos últimos quarenta e tal anos. Sousa Tavares é um daqueles contempladores da nossa sociedade desnorteado dos cornos (ele não lê isto, não gosta das redes sociais). O “Português” bem pode meter no cu a sua “grandeza patriótica”. O MRS é uma víbora. António Costa é um excelente político e primeiro-ministro. O PNSantos e a ACMendes são uma merda. De quem eu gosto… confesso: Marta Temido.
Apeteceu-me escrever isto. Tenho dito.
A ordinarice do comentário das 18:22 tem o valor da clareza.
Clareza na demonstração de que à vileza do pensamento corresponde a indecência da linguagem. Tenho dito.
Todas as apreciações sobre a entrevista não passam de exercícios de subjectividade!
Apesar de tudo, MSTavares conseguiu mostrar que o presidente Marcelo tido como
um “escorpião” no caso fez-se uma perfeita “enguia” a fugir às perguntas como fez na
substituição do CEMArmada em que meteu os pés pelas mãos … quanto ao resto,
creio ser uma atitude correta a “reforma” do Jornalista!!!
Ó Fernando:
Eu não punha o PNSantos e a ACMendes no mesmo patamar. O primeiro é sério e diz o que lhe passa pelos cornos, embora, às vezes, não meça as consequências. A outra é uma carreirista ambiciosa a dar-se ares de grande senhora. Não tem andamento para enfrentar os tubarões da Circulatura do Quadrado, mas deixa-se ficar a dar tiros nos pés e em toda a esquerda, se preciso for, para se tentar promover.
É no que dá a paridade : promoção da incompetência a fim de cumprir cotas.
Voltando ao MST, não me expressei bem: Quando referi que ele tinha dado a vitória no debate ao Passoilo de Massa má foi um exemplo de lambecuzismo ao poder do mais mainstream que pode haver.
Acho que o gajo é bipolar e tanto dizia merdas equilibradas e sensatas, como alinhava no spin, sound bites e restante propaganda porca da direita (e quem a controla). Há que ganhar aquilo com que se compram os melões…
E… uma despedida para nos congratularmos; a “grandeza” da snobeira do homem a qual derramava por tudo quanto é media em Portugal já não se aguentava mais.
O homem já uma vez abandorara o país porque este era pequeno de mais para a sua “grandeza” de sua estatura intelectual e foi pró Brasil com promessa de nunca mais voltar; pois, quando percebeu que no Brasil haviam sábios, escritores, jornalistas, comentadores e opinadores aos milhares melhores que ele e ninguém ligava ao seu estatudo de nobreza de cá, fez meia volta e veio lambusar-se novamente no conforto dos encómios que os senhores disto tudo tanto lhe dedicam e em trabalho sobre os quais lhe entregam mensalmente um equivalente inflacionado de papel do Banco de Portugal.
A qualquer político que tomasse medidas que contrariasse a sua vontade ver o mar da sua esplanada preferida, que proibisse de fumar o seu charuto em recintos fechados, tal como o sábio louco do Barreto, à primeira oportunidade era “arrasado” por que sim e porque a pedantice do homem não suportava contrariedades; foi o que fez no célebre debate entre Sócrates e Passos para as legislativas; estava de caras que Passos só dissera mentiras e que todos os números e dados que apresentara eram falsos e mesmo assim o pedante ressabiado mal abriu a boca comentou: Passos “arrasou” Sócrates.
Como se constatou meses depois Passos arrasou o país mas MST continuou fazendo a sua vidinda como exigia o seu snobismo e para mais melhorada.
Da estirpe de jornalistas tipo “Consórcios do Panamá Papers” ou como agora da “Pandora Papers” que só “arrasam” determinados políticos e estadistas já caídos mas nunca um único empresário e muito menos um empresário de media está o mundo farto.
Nem sequer espreitei, já sabia tudo de cor e salteado.
e depois evaporam-se .