«A precipitação no anúncio da exoneração por parte do governo, neste caso o Ministério da Defesa, levou a que o Presidente chamasse a Belém o primeiro-ministro para uma reunião que foi percecionada pela opinião pública como uma espécie de "puxão de orelhas". Marcelo Rebelo de Sousa não se ficou. Mostrou quem manda, ou seja, quem é o chefe supremo das Forças Armadas. Não só foi um ato de coragem política, como soube ler nas entrelinhas todo o mal-estar que a saída antecipada do almirante Mendes Calado estava a provocar entre os militares. A saída já estaria acordada, bem como o nome de Gouveia e Melo sinalizado para o cargo, mas no timing definido. Sem mudar as regras do jogo a meio da partida. Marcelo é implacável perante situações deste tipo. Institucionalista por natureza, colocou o respeito e o dever perante as instituições militares onde deveriam sempre ter estado, no topo das prioridades.
No meio de tanta guerra política, egos e protagonismos, táticas e jogos de poder, parece-me que o mais importante é discutir o que é realmente melhor para as Forças Armadas e, já agora, não permitir que, depois de tanto esforço na task force, a imagem e a credibilidade de Gouveia e Melo saia beliscada de tudo isto. Contrariando Maquiavel, nem todos os fins justificam os meios.»
O estado da República pode medir-se por qualquer ponto de vista à escolha do freguês. Neste excerto acima, um editorial, tropeçamos num conjunto de palavras absurdo, mentiroso e, acima e antes de tudo, infantilóide. Resume-se o discurso chaleiro a esta expressão: Marcelo “mostrou quem manda“.
Se formos para a rua contar quem consegue dizer como é que Rosália Amorim ganha a vida, teremos de acumular 999 “não faço ideia porque não sei quem seja” até chegarmos a um “é directora de um jornal de referência, fundado em 1864”. Trago o seu exemplo porque ele representa o conjunto dos órgãos de comunicação social portugueses enquanto agentes políticos ao serviço de quem paga as contas. Obviamente, ninguém encomendou o panegírico de Marcelo à senhora, a coisa não funciona assim. Ela pensou nisto pela sua própria cabeça, incluindo a parte em que acha que foi o Presidente a chamar o primeiro-ministro para o puxão de orelhas. Não, a coisa funciona ao contrário: é por esta Rosália ser dada à sabujice a favor de Marcelo e quejandos que foi escolhida para o cargo que ocupa e onde a deixam despachar copiosos editoriais que são hipnóticos monumentos à vacuidade.
Dir-se-ia que a infeliz personagem e a sua produção intelectual em nada se relacionam com o estado da República. Discordo. Quando se atinge este nível de indigência à frente do DN, fazendo aberta e imbecil propaganda ao presidencialismo do regime, a República fica com mais um franco-atirador a disparar contra a sede da liberdade e da democracia: a sua Assembleia.
Tremendo equívoco!
A crítica aqui feita ao editorial de Rosália Amorim, qualificado de “imbecil propaganda”, padece dum vício fundamental: visar o mensageiro (neste caso, a mensageira), como método de desqualificação da mensagem. Mensagem que, no essencial, é inatacável, quando põe a nú as guerras políticas, os egos e protagonismos, as táticas e os jogos de poder que corroem esta desgraçada república. Não é infeliz contrariar Maquiavel. Infeliz é aceitar como virtude o relativismo moral hoje prevalecente na cultura política e nas instituições. Infeliz é fazer propaganda do democratismo jacobino de fachada, braço político das Lojas dos pedreiros-livres, para quem os fins justificam todos os meios. Incluindo o uso da calúnia e da insinuação torpe.
nem o próprio tio célinho conseguiu explicar na entrevista que deu ontem ao tavares na tvi. parecia o sketch do “é proibido, mas pode-se fazer”.
Pelo que tenho lido, sobre o assunto da Marinha, a opinião que formo é que houve fuga e que terá vindo de Belém… Será que a Rosália não estará mal informada ( ou desinformada ) ? Aliás, a C Social foi apanhada no embrulho porque no dia seguinte até parece que o assunto nem tinha existido e alguém teve que reunir as forças para voltar ao ataque. Convém lembrar que o DN é permeável a estras situações. Lembro-me por exemplo da conspiração das escutas no tempo do Aníbal e da 1ªpágina monumental do DN…
No meu entender, o Diário de Notícias há muito que deixou de ser um jornal de
referência e, piorou desde que passou para as mãos do Galinha, as pessoas com
mais qualidade foram saindo sem que o equilíbrio da redação fosse mantido!!!