Sick da SIC

O caso Mário Crespo é de extrema importância para o diagnóstico da nossa saúde moral. E não precisamos de saber mais nada para além do que já foi publicado em ordem a tirar conclusões a montante e jusante da polémica.

A montante, estamos perante uma figura pública, jornalista há décadas, que faz uma acusação a três Ministros com base em supostas declarações que não foram autorizadas a serem publicadas, das quais não se apresentam provas, e que são apresentadas em fragmentos descontextualizados das supostas falas respectivas. O jornalista junta a esta acusação mais duas: a de ter sido afastado do JN e a de Medina Carreira ser também alvo da mesma ameaça que alega ter sido feita contra si. Crespo usa a expressão solucionar o problema como citação literal do que afirma ser uma intenção de o prejudicar.

A jusante, reina a algazarra na feira da calúnia. A exploração sensacionalista, e a impotência dos derrotados, cega de ódio à esquerda e à direita. Repete-se a manobra do caso TVI, onde se utilizaram indícios, ou informações, para acusar sem crime. A impunidade com que se ataca o carácter de Sócrates é espantosa, qualquer macaco se acha no direito de fazer processos de intenção sabendo de ciência certa que nada lhe acontecerá. Mas não só o carácter de Sócrates, antes todo o Governo e PS vão na enxurrada que reduz o combate político à intriga mais chula de que são capazes.

Crespo tem dito e escrito o que lhe dá na telha desde que está na SIC e no JN. Já correu a maralha da política nacional com os seus espasmos verrinosos, não deixando palhaço sobre palhaço, e nem um processo recebeu para se consolar e ostentar na lapela. Mesmo assim, permite-se denegrir pessoas – que nos representam politicamente – por razões que se esgotam nos seus interesses e vantagens. Este caso, na sua faceta mais grave, revela que uma parte da nossa comunidade – muito vocal porque domina posições políticas, mediáticas e sociais – despreza o Estado de direito.

Eis mais um dos legados de Sócrates, entre outros de fértil destino, este de nos estarmos a conhecer de ginjeira.

37 thoughts on “Sick da SIC”

  1. A tua monotonia chega a ser confrangedora. Oh criatura dá um abanão no gira discos a ver se a agulha muda de faixa. Não viste que o crespo não usou vaselina, por isso é natural que ainda te sintas dorido.
    Ao que parece pelo post há ainda mais doridos, a julgar pela segunda pessoas do plural.

    Ah grande crespo, se outra virtude não tiveres, tens pelo menos esse grande mérito de deixares estes tolos com a cabeça às voltas.

  2. Quem é Crespo, Mario?

    Objecto de conspiração de 3 ministoros de Portugal, será Presidente da republica,

    da Assembleia, Procurador geral,

    Presidente do suPremo Tribunal?

    membro da Academia, filosofo, jogador do Benfica?

    quê? jornalista, trabalhador por conta de “outrens”?

    despedido?

    Esclareçam-me por favor, q a minha angustia aumenta com estas asfixias…

  3. Ora aqui está um caso que deve ser tratado hoje no conselho de estado democrático; o estado vai direito por linhas tortas ou vai torto por linhas direitas? Desde já uma certeza; com aquela gente e as SUAS supostas propostas, não se endireita coisa nenhuma!

  4. Bom comentário do Palavrossavrvs Rex:

    QUASIMODO MORAL
    Simplesmente trágico! Todo o relato do jornalista Crespo permite compreender o papel frágil de José Leite Pereira e Nuno Santos perante um homem extremamente poderoso que olha singelamente para tudo quanto lhe seja opinativamente adverso como um «problema». Nem contraditam nem exercem o contraditório, não dão qualquer passo independente, como se no fundo os seus lugares estivessem presos por fios invisíveis de medo e dependência. Cada oponente e argumento contrário é um problema para o homem extremamente poderoso. Há, porém, somente um problema. Ele. Essa vigência problemática do Principe das Trevas. Cada ano que passou, viu somarem-se-lhe chifres, à Besta, para retomar alguma da linguagem encriptada do Apocalipse. A Besta cresceu em poder tão indiscutível quanto incapaz de discussão. Multiplicou a sua potência claramente em bases de barro coléricas e regimentos de interesses instalados, offshores espirituais de duplo pensar e duplo agir. Fez-se adorar pelas multidões frouxas e brutas. Passa incólume por todos os rabos de escândalo entretanto investigados na eterna moratória da Justiça portuguesa. Sobrevive ao acúmulo dos seus próprios lixos infectos. Lixa quem se lhe atravesse pela frente, seja o Papa, seja quem bem lhe apeteça. Temos, portanto, entre mãos um Quasimodo Moral. Não há meio de lhe explicarem o quanto nos enfastia com a sua deformidade interior, coisa fútil, vã, sempre bem vestida e ainda mais bem coreografada?

  5. comentário de Henrique Monteiro no Expresso:

    “…Tenho em comum com Mário Crespo o facto de trabalharmos num grupo onde nada disto acontece (felizmente não será o único). Talvez não estejamos inteiramente preparados para o mundo ‘lá fora’, onde as palavras têm de ser medidas, onde não se pode escrever preto no branco, como aqui faço, que Sócrates é o pior primeiro-ministro no que respeita à Comunicação Social; o único que telefona e berra com jornalistas, directores, com quem pode. O único em que nestes mais de 30 anos que levo de vida jornalística, se preocupa doentiamente com o que dizem dele, em vez de mostrar grandeza e fair-play com o que de errado e certo propaga a Comunicação Social.

    Lamento dizê-lo, tanto mais que é nosso primeiro-ministro e seguramente tem trabalhado muito e o melhor que sabe.

    Mas é a verdade, e num momento destes a verdade não se pode esconder. “

  6. só uma dúvida, Valupi, como é que dizes que não há provas se há o testemunho de Nuno Santos, Bárbara Guimarães e de outros clientes do restaurante?

  7. O tal Nuno Santos que diz que “Estávamos em mesas diferentes e a conversa não se passou da forma como é descrita”? São essas as provas?

  8. Caro Vega9000 isso para esta gente não interessa nada! O Nuno Santos vir dizer que não foi bem assim só atrapalha uma bela história, que o Sócrates quer silenciar os seus adversários!
    Agora já se escreveu e efabulou acerca de uma versão, os palavrosaurosrex, os Henriques Monteiros e outros quejandos já têm a sua verdade absoluta, tudo o resto é acessório!
    Até já há comentadores/bloggers que afirmam que: “há o testemunho de Nuno Santos, Bárbara Guimarães e de outros clientes do restaurante.” Onde leram ou ouviram isto não sei!
    Entretanto o Crespo já se desdobrou entre encontros do CDS, site do ISC, já deu para o padreco louçã ter tempo de antena, a espalhar a versão que um comensal lhe transmitiu. Bem fez o director do JN que decidiu não publicar mexericos!
    Curiosamente a maior calhandrice dos últimos tempos, a inventona das escutas à presidência passa incólume pelos seus tristes protagonistas, Cavaco, Lima, Fernandes, Alvarez.

  9. o crespo mostrou ser um grande merdas, cheio de susceptibilidadezinhas. e isto por oposição ao medina carreira: “eu digo aquilo que penso e é natural que eles digam também o que pensam”.

    luis eme, o nuno santos não confirma nada a versão da fonte do crespo!

  10. uma testemunha dizer que a conversa não se passou da forma como é descrita, à partida valida a existência da conversa.

    vamos ver se surgem mais peças do “puzzle”…

  11. Foda-se que este luis eme é demais. Olha há uma testemunha a dizer que não te comeu o cú da forma como é descrito. À partida valida a existência de um enrabanço. Vamos a ver quando aparecem mais peças do puzzle…

  12. Estou em crer que a 1ª edição do livro do Crespo vai esgotar, a campanha de promoção está a decorrer a contento tendo já obtido os maiores elogios da extrema esquerda à extrema direita. Saramago é um aprendiz de feiticeiro.

    Convem no entanto esfriar o entusiasmo de certos boys da direita entre os quais o Henrique, o peninha do Expresso, pois na sua folha (que me dispenso saudavelmente de ler) foi censurado o João Carreira Bom cujo nome foi posteriormente atribuido a um Premio de Crónica.Mas é natural que não saiba pois é “jornalista” precisamente do Expresso, e sendo o seu director ainda é mais provavel o desconhecimento, mais ainda se o acusam de ter censurado uma critica literária. Aliás o seu grau de desconhecimento é tão grande que é capaz de escrever um texto baseado em fontes e não conseguiu encontrar o Nuno Santos (provavelmente esqueceu-se que trabalham no mesmo grupo) tendo que ser o CManhã a ligar-lhe para obter uma reacção.

    A Zita Seabra deverá ser considerada a editora do ano 2010 senão do Milénio pois consegue publicar um livro numa questão de dias e após um simples telefonema.Se isto parecem favas contadas para alguns e não tem nada de especial, refira-se que ao mesmo tempo teve que postar a crónica do Crespo num site do PSD. É obra fonix.

    Entretanto Sócrates não tem emenda. Os metodos empregues para silenciar as vozes incomodas são cada vez mais sofisticados.

  13. O Sócras necessita destas trapalhadas para continuar na berra! como os espanhois mandaram a nelita guedes embora, o tio balsemão dispensou o crespo para a função.
    O resto é converva (tanta!).

  14. eu tenho que dar os parabéns a esta gente: Monizes, Mouras Guedes, Crespos, et al., que são autênticas máquinas de facturação, exemplos perfeitos de como se obtém sucesso comercial vendendo o cerebelo. Ah e a Zita agora é beata, mas só publica o que lhe dá na gana e na ganga – contou-me um amigo que está há 4 anos para publicar umas actas de um congresso porque a máquina encravou, mas recebeu o dinheiro à partida.

    Ardam vá lá: fshhhhhhhhh

  15. Luis Eme, o que está em causa em todo este “caso” não é a existência de conversas, é o teor das mesmas. Um Primeiro-ministro a falar mal dos crepes a um director de informação não é notícia, um Primeiro-ministro a falar mal do Crespo pode ser ou não, dependendo do que foi dito. E o Crespo afirma que que lhe disseram que ouviram que foram ditas determinadas coisas. Quem pode confirmar isso? O tal director de informação, e o primeiro-ministro. Este ultimo, claro está, não vai andar a divulgar as suas conversas privadas. O Director de informação, também não revelando, e muito bem, o teor das conversas, veio no entanto afirmar que o teor das mesmas tal como revelado por Crespo é falso.
    Por isso, para mim está esclarecido.

  16. “A impunidade com que se ataca o carácter de Sócrates é espantosa, qualquer macaco se acha no direito de fazer processos de intenções sabendo de ciência certa que nada lhe acontecerá.”

    Está fazer falta um novo Pina Manique, não é Val? Para meter cada macaco no seu galho, e tratar da saúde aos que não demonstrarem o devido respeito ao macho alfa.

  17. É extraordinário que, para além do Crespo, haja quem acredite que um primeiro-ministro que tem sido alvo das acusações que todos conhecemos em relação à liberdade de expressão, não esquecer que o tema foi a bandeira de campanha do PSD, se quisesse mesmo silenciar alguém o faria desta forma: alto e bom som no meio de um restaurante. Imagino esta conversa sim, mas em tom de ‘palhaçada’, do género “já que tenho esta fama… vocês vejam lá que têm um ‘louco’ lá na vossa estação”, ou algo parecido.
    Ora, se ele tivesse tecido rasgados elogios ao Crespo e ao Medina é que eu me preocupava.

  18. K

    O João Carreira Bom não foi propriamente censurado. A crónica em que criticava Pinto Balsemão, dono do Expresso, foi publicada. E foi também a sua última crónica no Expresso, donde foi sumariamente despedido, ou usando a linguagem do empreendedorês: dispensada a sua colaboração.

    Ou seja o director aceitou a publicação da crónica, e de seguida fez o que o dono do pasquim mandou, correu com o cronista. Um bom exemplo da independência da comunicação social que temos.

  19. Como é que os serviços psicotécnicos militares apuraram para o SMO um mancebo que se intimida a ouvir falar alto? Olha o que seria apanhar um alferes destes nas serras de Uíge, no Songo ou em Quimbele nos anos setenta! Xiça penico!

  20. Guida,

    A tua argumentação faz algum sentido, não é fácil conceber um PM metido em cenas de calhandrice, mesmo considerando a natural descontracção no final dum bom repasto. Agora só falta saber se os factos se ajustam ao que imaginas. Ou então cagamos nos factos e decidimos isto com uns posts.

  21. O Sócrates está a ficar com as “cartas” que lhe possibilitam “virar o jogo” a qualquer momento.

    Veremos o que vai sair da reunião do conselho de Estado.

  22. Os Cães raivosos continuam com a derrotada teoria da asfixia democrática, enquanto se dispersam com as baboseiras do costume, não constroem uma verdadeira alternativa ao actual governo, e desta forma está mais que provado que Socrates passa mais uma vez ao lado desta polémica e segue o seu caminho natural de vitória em vitória.

    Que sorte tem Socrates, com opositores como estes é mais fácil.

  23. Aristes, censura lato sensu, pois a censura é proibida e como tal não se censura, omite-se despede-se, os textos perdem-se e não são publicados por uma enormidade de razões etc…mas censura, censura, isso não.A proposito o Camilo Lourenço tambem foi despedido da Exame (como lembra e bem o Carlos Narciso).

  24. Por aquilo que conheço do Camilo Lourenço, não tarda será o proximo a sofrer de asfixia. Para este senhor, o som do metal fala bem alto e ao que consta, foi exactamente isso que o entalou no caso da Exame.

  25. Exacto Carmen Maria. Ele jogou tudo certinho até agora e tem os trunfos todos na mão.Todos dependem dele. Carta do Tarot : O Mundo.

  26. Aristes, tens mais informação do que eu, não sabia que a conversa tinha tido lugar descontraidamente no final do repasto, isso muda tudo. :)

    Cagamos em que factos? Só se for no facto de que aquilo a que chamamos censura nem sequer é possível, hoje em dia, ou é? Não tenho memória do que era a censura antes do 25 de Abril, mas consta que um artigo censurado desaparecia, ninguém o lia, ponto final. Agora, no tempo de Sócrates, um artigo censurado aparece publicado em tudo o que é sítio. Estranha censura esta, e uma ofensa aos que realmente foram censurados, digo eu. E se o Crespo é assim tão bom profissional, como temos ouvido a tanta gente, não lhe faltarão propostas para escrever noutros jornais, o mercado a funcionar, não achas?

  27. aposto que o crespo terá brevemente a sua crónica no correio da manhã ou no jornal de negócios (a cofina é o derradeiro antro da liberdade, quem diria?). ou se calhar será como os outros asfixiados, lomba ou zé eduardo moniz, que depois da asfixia passaram a ter crónicas em 2 jornais. topas?!

  28. Em que factos Guida? Nos factos de o PM ter dito, ou não dito, a sério ou na “palhaçada”, o que o MC alega. Sobre os quais, se reparaste bem, não disse palavra.

    Os meus comentários foram ao que escreveram ali acima o Val, o K, e a Guida.

    Quanto ao cronista Crespo, confesso que prefiro, de longe, ler o Val. Embora com alvos opostos, para mim, são os dois muito semelhantes no que dizem, com a vantagem, importante, da escrita do Val estar num patamar bem acima das graçolas do MC.

  29. Aristes, pois foi, Sócrates não disse uma palavra. Mas o Nuno Santos parece que disse qualquer coisa. Seja como for, está mal, de certeza que o Crespo contava com mais essa atençãozinha, este diz que disse teve pouca.

    Quanto às semelhanças que vês no que dizem o Valupi e o Crespo, quem não diz nem uma palavra sou eu. :)

  30. Também era o que faltava estar o chefe do governo vir à praça pública alimentar a peixeirada publicitária do crespo. Isso era o que ele queria, mas sócrates sabe melhor. Já mandou dizer que isto não passa de calhandrice. E é.

  31. exactamente, tens o crespo a fazer a festa, deitar os foguetes e apanhar as canas, combinado com os compinchas, a facturar em cima da factura, e só não vê quem não quer.

  32. E a fazer discursos sobre o caso nas jornadas parlamentares do PP.

    Que falta de decência…

    Nem para credibilizar a canalhice têm jeito. Não servem para rigorosamente nada.

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