Cantar a tesão – III

O nosso amigo Rui teve a gentileza, e o supino bom-gosto, de nos oferecer novo espancamento, frementes carícias:


NERVOS D’OIRO

Meus nervos, guizos de oiro a tilintar
Cantam-me n’alma a estranha sinfonia
Da volúpia, da mágoa e da alegria,
Que me faz rir e que me faz chorar!

Em meu corpo fremente, sem cessar,
Agito os guizos de oiro da folia!
A Quimera, a Loucura, a Fantasia,
Num rubro turbilhão sinto-As passar!

O coração, numa imperial oferta.
Ergo-o ao alto! E, sobre a minha mão,
É uma rosa de púrpura, entreaberta!

E em mim, dentro de mim, vibram dispersos,
Meus nervos de oiro, esplêndidos, que são
Toda a Arte suprema dos meus versos!

19 thoughts on “Cantar a tesão – III”

  1. Corrector,

    Concordo contigo. Ando a questionar-me sobre isso desde A Tesão I.
    Talvez a resposta seja esta: mais um gesto original do irreverente Valupi.
    Vejamos se ele nos responde e esclarece.

    No entanto, é pena “tesão” não mudar de acordo com o género. Uma mulher sentiria a tesão e um homem o tesão. Mas isso faria do Valupi uma mulher, certo? E se bem que ele tenha nome de apelido de mulher, não duvido da sua masculinidade criativa, mas viril.

  2. Excelente pergunta, a qual agradeço. O tesão é relativo à erecção, o que o restringe ao macho e à mecânica. A tesão é tensão, e a tensão é feminina, polar, ambivalente. Falar da tesão é falar do entusiasmo, de um deus que acorda, e canta, no íntimo de cada célula.

  3. val,
    Péssima resposta, gratidão zero. Deixaste-me a pensar no dia, chegante, em que o tal deus perde o pio e ferra o galho de vez, salvo raros e esparsos acordares. Não se faz. Nunca mais te falo em nervos d’oiro.
    Abraço-te por hábito, apenas.

  4. não queres pôr um pablo qualquer coisa ou assim? Tenho que empurrar um skatepark até ao fim e não quero andar enervado

  5. Isto é que é Tesão!

    “Porri-potente herói, que uma cadeira
    Susténs na ponta do caralho teso,
    Pondo-lhe em riba mais por contrapeso
    A capa de baetão da alcoviteira;

    Teu casso é como o ramo da palmeira,
    Que mais se eleva, quando tem mais peso;
    Se não o conservas açaimado e preso,
    É capaz de foder Lisboa inteira!

    Que forças tens no hórrido marsapo,
    Que assentando a disforme cachamorra
    Deixa conos e cus feitos num trapo!
    Quem ao ver-te o tesão há não discorra
    Que tu não podes ser senão Príapo,
    Ou que tens um guindaste em vez de porra?”

    Bocage

  6. obrigado Aldina!

    estive a fumar um cigarro encostado à casa onde ele nasceu, mesmo na entrada do forte de Damão Grande

  7. Rui, não me abraces por hábito. O hábito nem sequer consegue fazer o monge, quanto mais justificar um abraço.
    __

    Pablo? Skatepark? Falas do quê, companheiro?

  8. atão, estou de partida, o centro de saúde já existe e funcemina há uns meses, o ecoparque vai-se fazendo, mas ali ao lado do cs ficava mesmo bem um equipamento de skate, e os miúdos andam por aí a fazer skate pelas ruas que é uma delícia, mas eu fico preocupado que aconteça acidentes, e ali ficava mesmo bem. Mas esta idéia não foi minha, foi de um amigo meu, só que eu tenho boa potência para deixá-la gravada

  9. Aldina, isso é tesão de letra.
    _

    z, para Aristóteles a substância tem muita categoria.
    __

    Renato, ninguém duvida que os deuses tenham tesão. Pois se até têm filhos (alguns, não todos).

  10. A propósito: sugestão de (re)leitura: “Discurso sobre o Filho-de-Deus”, Alberto Pimenta, Edições Mortas e/ou & Etc. Menos conhecido que o “Discurso sobre o Filho-da-Puta”, mas igualmente sagaz e indutor, completa o quadro díptico que introduz os filhos das duas mais velhas profissões do Mundo (isto é, o cabrão e o chico-esperto).

    Até já.

  11. um primo:

    O codex era o tronco da árvore do qual se extraíam as tabuinhas de madeira para escrever e, portanto, torna-se o livro

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