Foi há um mês, Graça Franco publicou um texto cuja popularidade superou largamente a que costuma colher – Jornalismo a meia-haste – tendo nele ligado vários temas correntes a uma denúncia do sensacionalismo e demais abusos e deturpações cometidos sob a protecção constitucional da “liberdade de imprensa”. Uma das situações tratadas, quiçá a que explica o impacto das suas palavras, foi a da entrada de Armando Vara na prisão de Évora e o que alguns meios de comunicação social fizeram na ocasião. A autora ilumina a fragilidade da pessoa condenada naquela situação de exposição incontornável, onde foi reduzida a mera figura abstracta cuja estatuto cívico consistiu apenas em servir de matéria desalmada para a exploração mediática. É um exercício de empatia o que serve aos leitores, oferecendo a raridade de olharmos, no espaço público, para um dos maiores bodes expiatórios do regime com módico humanismo – e ainda permitindo uma colagem retoricamente eficaz com o tema seguinte que queria igualmente (ou até mais) tratar e realçar, a reportagem da TVI acerca da Igreja Católica onde se usaram câmaras ocultas.
Do muito que se poderia dizer, tanto, sobre uma intervenção política (ah, pois é, bebé) que poucos dias depois estava já soterrada no mais fundo esquecimento, escolho o ponto de vista onde Graça Franco revela o seu instinto assassino no acto mesmo de estender a sua mão, as suas palavras, o seu coração católico (ou que sej