Arquivo da Categoria: Valupi

Dominguice

A Relação de Lisboa anulou uma decisão do Tribunal de Sintra, o qual tinha absolvido o agente da PSP acusado de ter agredido Cláudia Simões. Consequência: agora a Justiça portuguesa dá como provado que a senhora foi mesmo agredida pelo agente Canha, ficando este condenado a cinco anos de prisão com pena suspensa e o Estado ao pagamento de uma indemnização de 22.750 euros. Em Sintra, a juíza Catarina Pires tinha dito que “ninguém fez mal a Cláudia Simões”, considerando as suas lesões corporais auto-infligidas. Esta senhora será a juíza no julgamento do agente da PSP que matou Odair Moniz.

Que nos diz este caso sobre a Justiça? O que sempre se disse, desde sempre: que a justiça também é uma questão de sorte.

Bem verdade

"Ninguém enfrenta a direita e a extrema-direita como a CDU"

Paulo Raimundo

É verdade e prova-se rapidamente. Sendo a CDU aquela tanga para o PCP mudar o vermelho pelo azul nas peças de comunicação, e retirar protagonismo à foice e ao martelo no boletim de voto (é o marketing que eles acham mais vantajoso, haja respeito), podemos substituir “CDU” por comunistas portugueses. Ora, estes amigos andam desde Fevereiro de 2022 em campanha contra qualquer medida de apoio à defesa da Ucrânia face à invasão russa. Ficam especialmente piursos com a ideia de se darem armas aos ucranianos pois isso só causa chatices ao coitado do Putin. Desconfio que igualmente torcem o nariz quando sabem que se manda dinheiro, bens de primeira necessidade e medicamentos para a Ucrânia, pois esses luxos só atrasarão a inevitável expansão do império russo.

Muito melhor do que eu, o Raimundo explica:

«Nós estamos perante uma guerra que nunca devia ter começado, e o esforço de todos devia ser para que ela tivesse acabado o mais cedo possível. E houve quem entendesse que, perante o início de uma guerra que nunca devia ter começado, aquilo que se devia fazer não era travá-la, era alimentá-la. Mais armas, mais... Pronto, conhecemos a história.»

Não é lindão? A guerra nunca devia ter começado, embora não explique porquê, mas começou, embora não identifique quem a começou, logo o que havia a fazer era o oposto do que foi feito, afiança, de forma a que ela acabasse “o mais cedo possível”, conclui. Donde, o que este amigo está realmente a dizer é isto: já que a Rússia começou a guerra, o que se devia ter feito era apoiar o senhor Putin a conquistar toda a Ucrânia no mais curto espaço de tempo, idealmente sem disparar uma bala para ser ainda mais bonito.

Ora, o senhor Putin é, para além do invasor, destruidor e usurpador da Ucrânia, um dos maiores financiadores da extrema-direita na Europa e nos EUA. O que a extrema-direita quer, a troca do Estado de direito democrático por ditaduras policiais, é também o que ele quer. Aliás, não só quer esse tipo de regime pelo mundo fora como já o impõe ao seu povo graças à abundância de varandas acima do terceiro andar.

Assim, confirma-se o que o Paulo Raimundo orgulhosamente assume. Mais ninguém se lembraria de achar que está a combater a extrema-direita quando se está activamente a trabalhar para o sucesso internacional do putinismo.

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Dominguice

As Inteligências Artificiais à disposição, mesmo nas versões gratuitas, são meios informativos com potencial para prestar um decisivo serviço à democracia. Porque se passa a ter uma máquina capaz de pegar nos programas eleitorais dos partidos e fazer, em segundos, leituras exaustivas desses documentos — ainda por cima, gerando resumos completamente isentos de sectarismo ou mera preferência. Pode-se analisar, esmiuçar, conferir, contrapor, comparar o que der na real gana do que os partidos prometem. Pode-se identificar pressupostos ideológicos e listar medidas práticas. Pode-se fazer cálculos ao custo e viabilidade temporal das grandes opções estratégicas em causa. Pode-se até contabilizar o número de óbvias tangas que estão a ser agitadas sem vergonha por este ou aquele partido.

Irão os eleitores recorrer às IA para decidirem nas melhores condições em quem votar? Poucos. Só aqueles que conseguirem vencer a sua estupidez natural.

Não foi este

Se acreditarmos que os Evangelhos conservam a essência religiosa, espiritual, doutrinária, sequer moral, do catolicismo, então está ainda por aparecer um papa que represente, nos actos, essa radicalidade. Essa coragem.

Essa loucura.

Baldaia’s effect

«A ideia de que a ética se esgota na lei e tudo se resolve pelo voto, mesmo que não se contribua para um voto esclarecido, é tão estranha como ver que algum jornalismo comporta-se como se comportam as claques partidárias, satisfazendo-se com os esclarecimentos dos seus e nunca ficando satisfeitas com os esclarecimentos dos outros, mesmo que as evidências lhes digam o contrário. No caso deste jornalismo mais partidarizado, vemos uma espécie de advogados de defesa, umas vezes, e porta-vozes do Ministério Público, nas outras. É uma relação antiga, do tempo em que parecia impossível levar a tribunal os crimes de colarinho branco e se formavam “sociedades” entre os jornalistas que ganhavam as cachas e os procuradores que faziam justiça pela própria caneta.

Dos julgamentos na praça pública, passou-se para operações cirúrgicas em cima de campanhas eleitorais, visando os dois maiores partidos. Quantas destas operações obtiveram condenação nos tribunais? Continuamos à espera que algum dia isso aconteça. Imaginando que estas “sociedades” tinham a boa intenção de dissuadir a prática de crimes por parte dos políticos, acusando-os através da comunicação social na esperança de os ver condenados nas urnas de voto, é tempo de perceberem que é preciso repensar a estratégia. O povo parece já ter topado a artimanha e não se deixa condicionar, como se viu na Madeira.»

Paulo Baldaia

O Baldaia diz que colegas seus, conluiados com magistrados, cometeram e cometem crimes. Mas o Baldaia não diz que colegas seus, conluiados com magistrados, cometeram e cometem crimes. Porque para ter dito isso era preciso que isso fosse dito. Ora, não. Népias.

Então, que nos conta o Baldaia? Algo assim: “Eu, como jornalista, e craque na matéria, sei de ginjeira o que se andou a fazer ao Sócrates, e a todos os socialistas que pudessem ser apanhados nessa caçada, e alinhei nisso desde 2004, por actos e omissões, mas entretanto, em 2025, interessa-me chutar a culpa para o Ventura, portanto venho aqui dizer que «os dois maiores partidos» são agora, ambos coitadinhos e irmãos, os alvos dos malandrecos dos procuradores.”

O Baldaia não está sozinho, honra lhe seja feita. Todo o regime é cúmplice, todo o regime aceita que os magistrados cometam crimes. Ele é apenas mais taralhouco do que os seus colegas, daí exibir-se em público só com a encardida roupa interior no pêlo.

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Dominguice

Ruben Amorim conquistou mais uma razão para ficar na história do Manchester United, após ter garantido há meses o título de ser uma das piores contratações de sempre naquele clube. Aconteceu graças ao fantástico resultado que se registava a 10 minutos do fim, em Old Trafford, no jogo contra o Lyon. Já estavam no prolongamento, já tinha sido expulso um jogador adversário há bué, e os franceses depois disso haviam metido duas batatas na baliza da casa. 2-4, os ingleses nas bancadas tomavam consciência de como se passam os dias no Inferno. E então, surgiu o milagre. Apareceu um penálti ex machina, depois um fulano teve engenho e arte para fazer um bom remate, e logo de seguida tudo se conjugou na perfeição para dar a um defesa central, dos mais criticados nos últimos anos pelos adeptos, a oportunidade para marcar um belíssimo golo de cabeça, à ponta-de-lança craque. Deus tinha voltado a mostrar que manda nesta merda toda.

Amorim teve mérito neste evento raríssimo? Sim, inquestionavelmente. Foi ele quem conseguiu que a equipa estivesse a apanhar bonés até chegar a grande penalidade a favor do MU. Sem os treinos que concebeu desde que chegou ao clube em Novembro, e as opções tácticas que conservam a equipa no fundo da tabela com admirável consistência, não se teria conseguido obter o 2-4 quase a dar o toque para o balneário. Mas foi isso que permitiu o tal milagre. Porque os milagres precisam de algo realmente ordinário onde se possam exibir vaidosos.

Cineterapia


12 Angry Men_Sidney Lumet

Este tempo de triunfo da extrema-direita nos EUA e na Europa, de culto de ditadores e criminosos, de perseguição a minorias e de apelos às escâncaras à violência política, tem pedagógicas vantagens. Por exemplo, permite voltarmos a desfrutar de obras artísticas clássicas onde o liberalismo que deu origem ao Estado de direito democrático, herança de milénios de fulgor intelectual e heróica coragem, é apresentado num formato narrativo deslumbrante. Como neste filme, quase tão actual em 2025 como em 1957.

Quase, mas não totalmente, porque é impossível reviver o inaudito trauma colectivo ainda fresco da Segunda Grande Guerra e do Holocausto. Tal como já não se está numa América onde a segregação racial era uma prática oficial nalguns Estados. Porém, contudo, todavia, as personagens de ficção que aqui ficamos a conhecer são gémeas das personagens reais que preenchem o nosso quotidiano, inclusive em Portugal — inclusive políticos, jornalistas e comentadores. O que dizem, os argumentos que elaboram, os valores (ou falta deles) que exibem, estão em perfeita sintonia com esta fase da história da liberdade em que os fundamentos constitucionais das democracias liberais estão sob gravíssimo, quiçá cataclísmico, ataque.

Quem tem menos de 40 anos, ou até 50, nunca viu este filme. Não sabe sequer que existe, um entre muitos outros similares no seu idealismo prático. Obras nascidas em contextos onde eram peças de combate pelo que mais importa. É gente que não tem culpa dessa e de tantas mais ignorâncias que lhe vão moldando a cognição, o voto, o mundo. A culpa fica para aqueles que não recuperarem e divulgarem estes tesouros civilizacionais; ainda por cima, porque assim se podem formar bravos cidadãos a partir do sofá e de uma taça com pipocas.

Fair Harvard!

O facto de o Partido Democrata ter ficado em estado comatoso desde Novembro, sem se conseguir adivinhar o que o fará reanimar, é parte da tragédia em curso nos EUA. Uma opinião corrente no início do segundo mandato de Trump era a de que os tribunais americanos iriam conseguir travar a tentativa de abolição do Estado de direito, anunciada em campanha, mas essa previsão está a revelar-se demasiado optimista. O cidadão comum, como sempre, pensa com os bolsos, não tem amor à liberdade dos outros. Veremos daqui a poucos meses se esta mole irá finalmente tirar o tapete nas sondagens ao Partido Republicano.

Um raio de esperança surgiu ontem, porém. A Universidade de Harvard recusou as exigências de Trump e ficou em risco de perder um financiamento de 2,2 mil milhões de dólares. Porquê esperança? Porque um ataque tão asinino contra uma das mais poderosas fontes de inteligência na América, e no Mundo, talvez desperte o patriotismo dos Republicanos que não tenham vendido a alma ao ogre. Ou que a queiram resgatar.