Cortar nas despesas do estado, ou seja, pôr o estado a injectar muito menos dinheiro na economia. Aumentar os impostos para reduzir o défice, retirando ainda mais dinheiro da economia. No fundo, tanto o estado como os cidadãos gastam menos, ou seja, compram menos produtos às empresas, que produzem menos e precisam de menos gente. No final, se tudo correr bem, teremos um estado menos endividado – as famosas “contas públicas em ordem” – à custa de uma enorme recessão e desemprego galopantes que essas medidas provocam, mas pronto a crescer devido à “confiança” que as tais contas públicas controladas provocam. Os mercados e agentes económicos olharão para nós e pensarão: “Estes tipos não só não crescem como estão em recessão, não há dinheiro a circular na economia, não investem por falta de fundos, têm um quinto da população de desemprego, mas têm um défice controlado graças a impostos altíssimos. Toca a baixar os juros e a emprestar, que isto é certinho.”
Este é o plano, não é? Não me parece grande coisa.
Ou então não…
http://lishbuna.blogspot.com/2011/08/se-virem-na-rua-o-passos-coelho-e-o.html
se o plano fosse esse, era mau, mas era um plano. o problema é não haver plano, o que é péssimo.
É ainda pior que isso, porque a recessão vai ter o efeito de aumentar o défice!
O Krugman, o Stiglitz e outros andam há dois anos a alertar para esse problema!
Aqueles que defendem as abordagens austeritárias contrapõem com o estímulo às exportações para contrariar o colapso do mercado interno e assim evitar a recessão.
Só que isso não se aplica no nosso caso porque:
1. Por pertencermos ao Euro não podemos aumentar a competitividade das exportações nos nossos principais mercados através da desvalorização da divisa nacional.
2. A crise económica é global. Para onde é que vamos aumentar as exportações? Para Marte?
Confirmo que é um plano muito pobre. Só os bêbados devem deixar de beber: primeiro pela saúde, segundo pelo custos e terceiro para não fazerem mais disparates.
Má sina a nossa.
bom . se o estado e os cidadãos comprarem menos produtos às empresas estrangeiras , sobretudo às alemãs e tal , ainda se safa qualquer coisa. se o desemprego subir na alemanha , não estou nem aí.
e manter dinheiro a circular usando o cartão de crédito tb não me parece um bom plano. tenho ideia que foi esse plano que nos trouxe a esta triste situação , ou não?
Kid Karocho, exactamente. Daí o “se tudo correr bem”. Que não vai correr.
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;)), se o desemprego subir na Alemanha, quem é que compra os nossos excelentes sapatos? E as máquinas para colar solas, pensas que vêm de onde?
É que, sabes, o que nos trouxe a esta triste situação foi precisamente uma crise mundial, que significou que as pessoas no resto do mundo compraram menos sapatos. Manter o dinheiro do cartão de crédito a circular, enquanto aumentas a produção e os rendimentos para pagares a conta, esse é que é um bom plano.
de repente lembrei-me dos nomes das seguradoras: é a tranquilidade que nada tem de tranquila; é a mundial confiança que dá para desconfiar; é a fidelidade que anda no mete cornos. enfim, lembrei-me. :-)
Não, o plano não é esse. O plano dos actuais governantes é servirem-se do alibi da dívida pública para realizar, enfim, o velho projecto ideológico da direita: privatizar tudo, desregular tudo, liquidar o Estado social, pôr o poder todo nas mãos dos potentados económicos, impor a lei & ordem concomitantes, assegurar uma comunicação social monolítica e lambe-botas, reforçar o papel social da Igreja, transformar o Estado democrático num escritório de assessoria e relações públicas do poder económico e transferir para dentro dos partidos de direita a arbitragem dos conflitos entre os seus clientes.
No fim, vão levar com uma derrota eleitoral nos cornos, mas ainda não perceberam bem isso. Falta-lhes o Salazar, a tropa, a PIDE e a Censura para o plano resultar plenamente a prazo.
Júlio, que bela síntese! No entanto, tendo a não concordar com o teu último parágrafo e bem gostava – oh! se gostava – que a razão te assistisse por inteiro. É que receio que haja hoje maneiras suficientemente ardilosas e subtis, que dispensem o “Salazar, a tropa, a Pide e a Censura”. A minha única esperança é a que a imbecilidade desta gentalha não lhe permita utilizá-las com eficácia.
ver voodoo economics by João Galamba.
no final da austeridade estará o pote de ouro do crescimento económico – só não se sabe onde, quando e se estaremos vivos para assistir.