Arquivo da Categoria: Vega9000

Adeus

Estamos a 10 de Março de 2016. O meu ultimo post foi há quase 6 meses, o penúltimo há mais de um ano. Ou seja, mesmo considerando que o meu salário como escriba desta casa é zero, será de qualquer maneira excessivo para tamanha produtividade.

Não sou grande espingarda em muitas e variadas coisas, entre as quais despedidas. Mas os tempos em que contribui regularmente no Aspirina foram dos melhores e mais estimulantes da minha vida, e por isso agradeço a todos os que me leram, os que partilharam, e que comentaram. E, sobretudo, agradeço ao Valupi pelas discussões nas caixas de comentários, pela oportunidade de escrever aqui, pelo encorajamento, enfim, por tudo.

Um abraço, e sabem onde me encontrar.

O chamamento do deserto

Deserto

Si les gens sont si méchants, c’est peut-être seulement parce qu’ils souffrent, mais le temps est long qui sépare le moment où ils ont cessé de souffrir de celui où ils deviennent un peu meilleurs.

Louis-Ferdinand Céline

Eis a lista completa e exaustiva de todos os Primeiros-Ministros do Partido Socialista nestes quase 40 anos desde o 25 de Abril:

Mário Alberto Nobre Lopes Soares

António Manuel de Oliveira Guterres

José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa

Um grandioso total de três, a que espero bem se junte muito em breve outro, perfazendo então um total de quatro, dois dos quais Antónios.

Mas não é de Antónios que trata este post, e sim do do terceiro, José. Que apesar de não conhecer pessoalmente, nunca com ele ter falado, a ele nunca ter sido apresentado, e nunca lhe ter sequer apertado a mão num comicio qualquer, é alguém que admiro. Mas cujo futuro politico começa a preocupar-me um bocadinho. E como me preocupo, aqui fica pois uma opinião não solicitada, mal informada, até provavelmente inapropriada, mas que tem no entanto o mérito de ser sincera: José, está na altura de te pores na alheta.

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A austeridade matou o Rato Mickey

mickey

A Euro Disney, a empresa que gere a Disneyland Paris, vai ser recapitalizada no montante de mil milhões de euros, com o apoio da casa-mãe americana, a The Walt Disney Company, avançou esta segunda-feira o Financial Times.

O anúncio de recapitalização da Euro Disney surge na sequência dos graves problemas financeiros acumulados praticamente desde a sua criação, mas que se agravaram nos últimos cinco anos, por força da crise económica e financeira, e que estão na base de uma forte redução dos visitantes.

Fonte

Bom, matar ainda não matou. Mas apenas porque os americanos vieram salvar o seu investimento europeu das consequências da estupidez austeritária do velho continente, como é aliás hábito. Obrigado tio, er, Walt.

Bem-hajas, Seguro

Seguro

Na tua hora de despedida só tenho a agradecer-te, António. Não é um agradecimento irónico pelos teus três anos de oposição do mais fraco e incompetente que já tenho visto. Sobre isso não faltaram escritos durante esse longo, longo período, não foste o primeiro e não serás com certeza o último líder fraco que o PS terá, embora tenhas elevado de tal maneira a fasquia da incompetência que te calhou a duvidosa honra de teres sido o primeiro a ser corrido do lugar por manifesta inadequação, e de qualquer maneira creio que toda a gente te quer agora esquecer e seguir em frente.  Não é certamente isso que te tenho a agradecer.

O que te agradeço, e acredita que sou sincero, é o pássaro. O teu pássaro fora da gaiola.

Agradeço-te por me mostrares, a mim e ao resto do país, que o meu partido, o partido que com os seus altos e baixos respeitei a minha vida inteira, não está livre de pássaros como tu. Não está livre de pássaros que aproveitam os ataques mais canalhas que a direita se lembra para dizerem que, com eles, a música no PS será outra, sem se importarem grandemente com o que isso lança de descrédito sobre todos os outros, os outros que se bateram para construir o partido de onde durante três anos te empoleiraste, vaidoso. Não está livre do populismo mais básico e rasteiro, daquele que faria corar o próprio Marinho Pinto, porque é despejado do mesmo lugar, da mesma posição onde todos os outros que te precederam nunca na vida sonharam alguma vez fazer tal coisa. Acusar o partido inteiro, os teus camaradas todos excepto o teu cada vez mais reduzido grupo, de serem uns corruptos, uns vendidos, uns canalhas que andam na politica para dela se servir e aos seus. Porque é isso que significa quereres “separar a politica dos negócios”, não é? É isso que significa o “partido invisível”, os “interesses que estão com Costa”, não é?

Agradeço-te também o pássaro das beiras que proclamava a divisão do país em interior e litoral, entre o campo virtuoso e a cidade dos vícios. Cidade essa onde por acaso o pássaro aprendeu a voar, mas isso não vem ao caso. O que vem ao caso, isso sim, foi essa tentativa de nos colocar uns contra os outros, o agricultor de Montalegre contra o Doutor de Lisboa, contra tudo o que o PS sempre foi e representou, contra um partido que é de todos e de todo o território. Para além do mais de uma estupidez sem nome, uma vez que pássaro que se colocasse num poste de iluminação da A1 em qualquer fim de semana facilmente veria que as raízes do interior prosperam na capital, e que o Doutor de Lisboa gosta de ir a Montalegre visitar o seu pai, agricultor. É isto que é o PS, é isto que sempre foi e é isto que, na minha insignificância, me baterei para que sempre seja. A superioridade beirã também a tenho, pássaro, apesar de ter nascido em Carnaxide. Mas lá está, tinhas que nos mostrar a todos que também há, entre nós, alguns pássaros João da espécie Jardim que gostaram da oportunidade de demonstrar a todos que algumas aves, em vez de cantar, zurram. E isso agradeço.

Mas o que te tenho mesmo a agradecer, António, são as pessoas. As pessoas que rejeitaram, por quase 70%, as musiquinhas canalhas do PS dos corruptos, do PS dos interesses, do PS dos gastadores e dos falidores do país, do PS de Lisboa, do PS das carpetes vermelhas e do PS dos traidores. As que perceberam perfeitamente que tipo de pássaro lhes cantava e se mobilizaram para o enxotar. Os militantes e os amigos, os muitos militantes e amigos do PS que este Domingo acorreram em massa à urnas para rejeitar essas tácticas, essas insinuações, esses moralismos de pacotilha e que, não tenhas a menor dúvida disto, salvaram o partido Socialista de cair para um poço negro onde tu o quiseste enfiar, pássaro. E que de caminho mostraram a muitos passarões que mesmo no meio da maior crise, no meio das dificuldades, e da tormenta, no Partido Socialista, no nosso partido Socialista, essas cantigas não pegam.


E isso, António José Seguro, nunca te agradecerei o suficiente.

Promessas de Seguro (Actualização)

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“Muitas pessoas perguntarão: Será que, quando o Seguro diz que não promete o que não pode cumprir, não é só conversa? Não é mais uma conversa de político? Pois vocês que estão aqui – e conhecem-me desde pequenino – sabem que são palavras sérias sentidas e verdadeiras. Foi aqui que aprendi o valor da palavra. Foi aqui que aprendi que um aperto de mão sela um compromisso.”

António José Seguro

Continuando o trabalho que tinha sido uma promessa de Seguro (para ser justo, até começou por cumprir, mas fartou-se disso em 2013), eis a lista de promessas actualizada. Não cumpre ele, cumprimos nós.

Redução do numero de deputados Fonte
Plano de desenvolvimento para o interior Fonte
Reorganizar a reorganização administrativa Fonte
Reindustrialização do país Fonte
Eleitores escolherem o seu deputado Fonte
Separar a política e os negócios Fonte
Não aumentar impostos Fonte
Aumento Salário Mínimo Fonte
Acabar com a CES Fonte
Pagar todas as dívidas do estado Fonte
Reduzir IVA restauração para 13% Fonte
Dinamizar economia com investimento publico Fonte
Repor pensões e reformas no imediato Fonte
Manter o helicóptero do INEM em Macedo de Cavaleiros Fonte
Contratualizar serviços publicos com autarquias Fonte
Reactivação da ligação aérea entre Bragança e Lisboa Fonte
Menos impostos para as empresas no interior que criem empregos Fonte
Acabar com os sem-abrigo no país, numa legislatura. Fonte
Reabrir tribunais no interior Fonte
Baixar o IMI Fonte
Criar tribunais especiais para investidores estrangeiros Fonte
Igualdade salarial entre homens e mulheres Fonte
Criar espaço no site do ps.pt para registo de promessas Fonte
Governo de coligação, mesmo com maioria absoluta Fonte
Pagar a dívida até ao último cêntimo Fonte
Manter o espólio de Siza Vieira no país Fonte
Restituir o Tribunal de Resende Fonte
Contrato de desenvolvimento com o interior do Portugal Fonte
Fazer o IC35 entre Penafiel e Entre-os-Rios Fonte
Acabar com o Tratado de Lisboa Fonte
Criar cluster das florestas Fonte
Regras iguais para os pescadores portugueses e espanhóis Fonte
Referendo sobre coligações Fonte
Equilibrar as contas públicas com mão de ferro na gestão da despesa Fonte
Demitir-se caso seja necessário aumentar os impostos Fonte
Ter a sua freguesia de volta Fonte
Empresas só pagam IVA se o estado não tiver dívidas Fonte
Empresas só deduzem IVA se não tiverem dívidas Fonte
Cada escola decide o seu modelo de gestão Fonte
Contrato de confiança plurianual com Universidades e Politécnicos Fonte
Criar mecanismos para que os territórios onde existem recursos usados em benefício económico de outros tenham direito, automaticamente, a uma parte dos proventos. Fonte
Criar condições objetivas para a conciliação da vida política e familiar Fonte
Benefícios nos seguros de colheita Fonte
Baixar a fatura da eletricidade e do gás aos consumidores Fonte
Estado com pagamento a 30 dias Fonte
Sub-Total 45
Contrato de confiança (80 promessas) Fonte
Total
125

 

Para quem ainda recentemente disse numa entrevista ao Expresso “Sou muito criticado por fazer poucas promessas”, convenhamos que não está nada mal. Disso, pelo menos, já não o podem criticar.

Faltam 15 dias para as eleições primárias.

 

 

Zero de credibilidade

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30-05-2014
O governador do Banco de Portugal recusou hoje pronunciar-se sobre a viabilidade do grupo Espírito Santo, dizendo apenas que todas as entidades supervisionadas respeitam os rácios de capital exigidos.

03-07-2014
O supervisor bancário assegurou esta quinta-feira que o Banco Espírito Santo (BES) se encontra numa situação de solvabilidade «sólida», que foi reforçada com o recente aumento de capital, acrescentando que está a acompanhar de perto a situação no banco.

04-07-2014
O Banco de Portugal (BdP) quebrou ontem o silêncio em relação à situação do Banco Espírito Santo (BES), após duas semanas de incerteza que penalizaram fortemente as acções do banco. A entidade supervisora liderada por Carlos Costa garantiu, num comunicado, que o BES está sólido.

06-07-2014
Banco de Portugal satisfeito com nova administração do BES

09-07-2014
O líder do Partido Socialista saiu mais descansado da reunião com o governador do Banco de Portugal, pelo menos relativamente à capacidade do Banco Espírito Santo em resistir aos problemas financeiros graves que afetam o Grupo Espírito Santo.

10-07-2014
Banco de Portugal reafirma: “A situação de solvabilidade do BES é sólida”

11-07-2014
O Banco de Portugal esclareceu esta sexta-feira que o Banco Espírito Santo (BES) detém um montante de capital “suficiente” para acomodar eventuais impactos negativos decorrentes da exposição ao Grupo Espírito Santo, tranquilizando os clientes em relação aos seus depósitos.

15-07-2014
“Se algum capital adicional fosse necessário, por força de riscos que neste momento não estamos a ver, seguramente que há accionistas interessados em participar num aumento de capital do BES”

17-07-2014
Governador do Banco de Portugal volta a garantir que o Banco Espírito Santo está sólido e que não há risco sistémico.

18-07-2014
O governador do Banco de Portugal assegura que o BES está sólido. Mas “se tudo corresse mal”, Carlos Costa garante que mesmo assim os clientes do banco estariam salvaguardados. No Parlamento o governador defendeu que também os investidores devem ser reembolsados apesar das perdas.

Carlos Costa revela que há fundos e bancos interessados no BES

Nunca nenhuma supervisão foi tão intrusiva como no caso BES, diz Carlos Costa

O Banco de Portugal só descobriu as “irregularidades” no Grupo Espírito Santo quando deixou “a área restrita de supervisão”, afirmou o governador, Carlos Costa. E só “foi ver as contas” e “os canais de contágio ao BES” porque os deputados exigiram explicações.

“O Banco de Portugal não antecipa um impacto negativo relevante na posição de capital do BES resultante da situação financeira da filial BESA”, indicou o governador na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública.

21-07-2014
Carlos Costa reitera que há interessados em investir no BES depois de as incertezas – como a situação no BES Angola –, serem eliminadas. Mas, em último caso, há a linha de ajuda pública, relembra o governador do Banco de Portugal.

25-07-2014
«Atendendo ao plano apresentado pelo BES, considera-se que este banco possui mecanismos adequados para fazer face a um evento extremo, o que permitirá dar cumprimento aos níveis de solvabilidade exigidos, sem pôr em causa a continuidade da sua atividade e o seu papel de agente financiador da economia».

03-08-2014
Comunicado do Banco de Portugal sobre a aplicação de medida de resolução ao Banco Espírito Santo, S.A.

***

Por muito nobres que tivessem sido as motivações do Governador do Banco de Portugal, há uma coisa que é certa: nunca mais ninguém vai confiar numa palavra que saia da boca deste senhor no que à solidez dos bancos e do sistema bancário diz respeito.

O que leva naturalmente à pergunta: para que serve um Governador do Banco de Portugal em quem ninguém pode confiar, e cuja palavra vale hoje zero?

2 pontos sobre o BES

BES Market Cap

1. O BES teve uma valorização média de 3.85 mil milhões de Euros entre 2000 e 2014, com um pico nos 8.9 mil milhões em 2003 e um mínimo de 1.3 mil milhões em 2011. O governo está mesmo à espera que o herdeiro do BES, onde acabaram de ser enfiados 3.9 mil milhões de Euros de dinheiros públicos a título de empréstimo, que opera num mercado ainda muito enfraquecido por anos de violenta recessão com uma recuperação no máximo frágil e anémica, e que perdeu uma boa parte das suas áreas de negócio (Angola, etc), seja vendido num prazo de dois anos por algo que sequer se aproxime deste valor? Em que planeta, exactamente?

2. Logo, caso o Novo Banco seja vendido por menos – por hipótese académica, vamos supor 2 mil milhões, o que suspeito bem não andará muito longe, e até acho ser optimista – significa que o fundo de resolução ficará então com 1.5 mil milhões de dívida ao estado, dívida essa que será supostamente assumida pelo “sistema bancário português”. Isto é, pelo BCP, BPI, CGD, Santander Totta, BANIF e  uns quantos mais pequenos. Mas sobretudo por estes grandes.

Ora, em 2013 os resultados destes bancos foram os seguintes:

banca

Portanto, são estes bancos, que nessa altura devem estar, na melhor das hipóteses, com uma recuperação tão débil como a economia, a assumir 1500 milhões de euros de uma dívida pela qual não foram directamente responsáveis? Pode ser, mas duvido muito que o façam sem pressões, sem protestar, e sem recorrer a todos os argumentos para não o fazer. A lei obriga? Em princípio sim, mas a mesma lei também diz isto:

Artigo 153.º-I

507

Recursos financeiros complementares do Fundo de Resolução

1 – Se os recursos do Fundo se mostrarem insuficientes para o cumprimento das suas obrigações, pode ser determinado por diploma próprio que as instituições participantes efetuem contribuições especiais, e definir os montantes, prestações, prazos e demais termos dessas contribuições.

2 – Nos termos do mesmo diploma, uma instituição participante pode não ser obrigada a efetuar contribuições especiais, com fundamento na sua situação de solvabilidade.

Por isso, posso estar enganado, e espero que sim, mas parece-me bem que a questão de quem paga a diferença após a venda do Novo Banco é um assunto que vai directo para o colo do próximo governo.

Note-se, no entanto, que pequenas provocações à parte, não considero a solução encontrada má de todo. Como é evidente, sendo este método praticamente uma estreia a nível europeu, haveria sempre bastantes dúvidas, protestos, e provavelmente haverá  litigância durante mais de uma década (aumento de capital porque “o BES está sólido” anyone?). Agora o que não aceito é que me façam passar por parvo e me digam que não há dinheiros públicos – há, e não são poucos, que jurem que o banco não foi nacionalizado – foi em tudo menos no nome, e que garantam com ar sério e circunspecto que o risco para o dinheiro publico que foi utilizado para nacionalizar a “parte boa” do BES  é muito diminuto. Não me parece nada que seja. Mas quem vier a seguir que feche essa porta.

Nota: alterado às 23:09 para corrigir uma gralha nos valores metidos pelo estado, de 4.9 para 3.9 MM€

Too big to save

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Deixem o Banco Espírito Santo falir. Já chega. Pesados os prós e contras, a minha posição é que a única intervenção do estado e do BdP daqui para a frente deve ser um desmantelamento ordeiro do banco, a activação da garantia de depósitos para proteger os clientes, e a vigilância apertada da restante banca. Não o digo de animo leve, mas temos que reconhecer que se há coisa que aprendemos com o desastre do BPN foi que por muito boas que sejam as intenções, e foram-no certamente, o estado, ou seja nós todos, não pode andar permanentemente a salvar bancos vítimas de má gestão, ou de crises, ou de má gestão resultante de crises, como até parece ser o caso. E que uma vez que um banco chega a uma situação em que o estado tem de o nacionalizar, então já é tarde demais, e os prejuízos serão sempre maiores, muito maiores que o inicialmente previsto. Aliás, lembram-se das confiantes previsões de Carlos Costa ainda há poucas semanas? De como estava tudo bem com o BES, que havia dinheiro suficiente para todas as eventualidades? Que o sector privado ia naturalmente salvar o banco, que até estava bastante barato? Como é que passámos dessa confiança para 3.6 mil milhões de prejuízo? Vamos repetir: 3600 milhões de Euros. O equivalente a 240 prémios do Euromilhões. Num só semestre.  É nisto que o estado se vai meter? Nenhum banco paga ao estado um seguro contra falências, pelo que a nossa obrigação de salvamento para com estes é zero. Aliás, a banca foi responsável directa pela maior crise desde a grande depressão, e adivinhem só: depois de serem salvos pelo dinheiro dos contribuintes, com má cara ainda por cima, já voltaram aos antigos hábitos. Ou seja, a capacidade da banca para aprender e se reformar é zero, a capacidade de exercerem uma gestão prudente é zero, o que tende a acontecer quando se desenvolve uma actividade sem risco. Note-se que, ao contrário dos anarco-capitalistas,não concordo que o estado deixe falir todas as empresas. Algumas, pelo know-how acumulado e dificuldade de reconstrução das respectivas industrias (industria automóvel ou aeronáutica, por exemplo), merecem ser apoiadas pelo estado durante tempos difíceis, para evitar perdas irreparáveis. Não é certamente o caso dos bancos. Um banco não produz rigorosamente nada, não necessita de base industrial, investigação,  maquinaria, fornecedores específicos, nada de nada. É um mero intermediário de dinheiro. Precisa apenas de capital, ou seja, é algo que se reconstrói num abrir e fechar de olhos, sem grandes preocupações de vazios. Se um banco implode, o espaço que este deixa não ficará vago por muito tempo. Alguém vai ocupar o seu lugar, e vai fazê-lo muito rapidamente.

Há no entanto que considerar o impacto que a falência do BES teria sobre as várias empresas cujas contas ou aplicações não estão cobertas por garantias de depósito. Mas aí, será certamente mais barato ao estado utilizar o dinheiro que iria enterrar num banco falido e em quem já ninguém confia para ajudar directamente  essas empresas, ponderando bem os empregos que elas representam, seja por linhas de crédito específicas, seja por outro meio qualquer. Para além de que,suspeito bem, o chamado smart money já abandonou o BES por esta altura. E caso não o tenham feiro, não foi certamente por falta de aviso. Quanto à exposição do resto da banca, mesmo o risco sistémico que certamente existe pode ser perfeitamente minimizado com uma gestão competente do processo de falência do BES. Algo que o  BdP tem, certamente, toda a competência e todos os instrumentos à sua disposição para o fazer.

O estado português, já dono de um grande banco como a Caixa Geral de Depósitos e em breve um Banco de Fomento, tem zero necessidade de juntar um Banco Espírito Santo em situação de insolvência à colecção, sabe-se lá com que custos para todos. Está na altura de Passos Coelho assumir não só as suas convicções de liberal como as promessas que desde o início fez relativamente ao BES e deixar o inevitável acontecer. A não ser que as convicções liberais só se apliquem quando se trata de pensões dos velhotes, salários dos funcionários públicos e subsídios de desemprego. E era só mesmo o que faltava que depois da triste experiência do BPN ainda viesse o PSD nacionalizar outro banco, com custos ainda maiores. O principal activo de um banco não é capital. É confiança. Coisa que o BES já deixou de ter. É deixá-lo morrer, e esperar que sirva de lição aos outros.

Escolhe o teu nível de inteligência

Pegas nas propostas de António Costa. Lês aquilo, reflectes sobre o que lá está proposto, qual é a estratégia, quais as prioridades, qual as ideias de fundo. Ou seja, usas a cabeça.

Agora podes parar. A que conclusão chegaste?

1 – Doi-me a cabeça, são muitas coisas incompreensíveis e não percebi rigorosamente nada das propostas dele. Então e a dívida? Não fala da dívida? E as contas públicas? Não sabe que não existe mais nada? Não sabe que não há dinheiro? Vou mas é ler a Caras, isso percebo.

2 – Não sei se concordo com tudo, mas sim,  percebo perfeitamente a ideia e a estratégia. Vamos discutir isso então.

Boa escolha.

Promessas de Seguro (Actualização)

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“Muitas pessoas perguntarão: Será que, quando o Seguro diz que não promete o que não pode cumprir, não é só conversa? Não é mais uma conversa de político? Pois vocês que estão aqui – e conhecem-me desde pequenino – sabem que são palavras sérias sentidas e verdadeiras. Foi aqui que aprendi o valor da palavra. Foi aqui que aprendi que um aperto de mão sela um compromisso.”

António José Seguro

Lista de promessas actualizada. Em itálico, contribuições dos leitores na página de registo de promessas. A todos muito obrigado, e continuamos o trabalho que, por sinal, tinha sido uma promessa de Seguro. Cumprimos nós.

Redução do numero de deputados Fonte
Plano de desenvolvimento para o interior Fonte
Reorganizar a reorganização administrativa Fonte
Reindustrialização do país Fonte
Eleitores escolherem o seu deputado Fonte
Separar a política e os negócios Fonte
Não aumentar impostos Fonte
Aumento Salário Mínimo Fonte
Acabar com a CES Fonte
Pagar todas as dívidas do estado Fonte
Reduzir IVA restauração para 13% Fonte
Dinamizar economia com investimento publico Fonte
Repor pensões e reformas no imediato Fonte
Manter o helicóptero do INEM em Macedo de Cavaleiros Fonte
Contratualizar serviços públicos com autarquias Fonte
Reactivação da ligação aérea entre Bragança e Lisboa Fonte
Menos impostos para as empresas no interior que criem empregos Fonte
Acabar com os sem-abrigo no país, numa legislatura. Fonte
Reabrir tribunais no interior Fonte
Baixar o IMI Fonte
Criar tribunais especiais para investidores estrangeiros Fonte
Igualdade salarial entre homens e mulheres Fonte
Criar espaço no site do ps.pt para registo de promessas Fonte
Governo de coligação, mesmo com maioria absoluta Fonte
Pagar a dívida até ao último cêntimo Fonte
Manter o espólio de Siza Vieira no país Fonte
Restituir o Tribunal de Resende Fonte
Contrato de desenvolvimento com o interior do Portugal Fonte

 

Faltam 68 dias para as primárias.

Louvor das Cortes de Lisboa

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Não estamos aqui por minha causa. Estamos aqui por Portugal. Precisamos de vós para combater aquilo que certas cortes de Lisboa acham melhor para o País. É inaceitável que a corte de Lisboa decida nos gabinetes, a régua e esquadro, como o país deve ser administrado.
António José Seguro

 

Ouvi, ó gentes do meu país, a história e percursos de um dos nossos mais ilustres cortesãos de Lisboa.

No ano da graça de 1962 nascia na Vila de Penamacor António José Martins Seguro. Jovem de muitos e variados talentos, rapidamente percebeu que não seria na terra que o viu nascer que essas inúmeras qualidades seriam melhor aproveitadas, pelo que assim que atingiu a maioridade rumou alegremente a Lisboa, a capital. Não a Coimbra, onde pautaria os seus estudos na mais velha Universidade da Europa ao ritmo da lendária Cabra, relativamente perto da sua amada terra, não ao Porto, com as suas excelentes instituições  nortenhas de ensino junto ao mundialmente reconhecido Douro, mas para Lisboa, para junto das Cortes. Ingressou no ISCTE, onde frequentou Gestão de Empresas, sem duvida com o intuito inicial de mais tarde regressar e aplicar os ensinamentos para melhorar as empresas na sua região. Mas todos sabeis quão sedutora é a vida de Lisboa, e quão facilmente as Cortes e a vida mundana das elites seduzem um inocente e puro rapaz da província, lhe pegam pelo braço e lhe dizem: “vem, esquece as tuas origens e os teus toscos conterrâneos e junta-te à nossa doce decadência regada a mel e construída à custa do suor dessas bestas da província, que aliás para mais não servem, e serás bastamente recompensado. Até te deixaremos regressar a casa uma vez por ano, por alturas do madeiro, desde que disso não faças alarde”. E eis que assim o nosso rapaz, certamente sem perceber bem como, se vê Dirigente Associativo do ISCTE para logo a seguir, em 1985, ser eleito Presidente do Conselho Nacional da Juventude. Presidente aos 23 anos de idade, eis o poder da Corte de Lisboa, na qual o nosso rapaz estava agora bem lançado. Já lhe começavam a ser familiares por esta altura os meandros, os corredores, as mesas de café onde se conspirava noite fora. E tornava-se um dos seus mais talentosos membros, sendo eleito Secretário-Geral da Juventude Socialista em 1990, e fazendo questão de ser membro da Comissão Política Nacional da Recandidatura de Mário Soares a Presidente da República. Eis o nosso rapaz no centro do poder lisboeta, conselheiro do próprio Rei. A Corte recompensaria os seus inegáveis talentos com um cargo de Deputado à Assembleia da Republica a partir de 1991. O nosso rapaz, por esta altura já homem feito e experiente nas lides politicas lisboetas, tornava-se assim parte integrante das elites que a partir da Capital governam o país, para nunca mais sair, tirando em breves expedições à província, com uns part-times na Assembleia Municipal da sua terra e um cargo federativo algures na forte, farta, fria, fiel e formosa Guarda, que durou no entanto apenas uns meses. A Corte lisboeta não permite grandes ausências nem distracções, sob pena de se perder as ultimas intrigas e conspirações. E eis assim António José Seguro, nesta altura já destacado cortesão, a ser eleito para o círculo mais elevado e restrito da Corte: o governo de António Guterres. primeiro como Secretário de Estado da Juventude, depois como Secretário de Estado adjunto do próprio Primeiro-Ministro. Ambos os cargos com direito a gabinete, régua e esquadro. E um mapa de Portugal na parede. Continuando a aproveitar as oportunidades oferecidas por Lisboa,  em 1999 e 2001 foi ainda enviado como representante da Corte portuguesa junto das Cortes Europeias em Bruxelas, onde foi presidente da delegação e Vice-Presidente do Grupo Socialista a essas mesmas Cortes.

Regressaria em 2001 ao governo da capital, desta vez já como Ministro adjunto do Primeiro-Ministro, e nunca mais sairia de junto das Cortes de Lisboa, sempre como Deputado à Assembleia de República e um dos seus mais destacados membros, tendo sido líder da bancada parlamentar, ou seja, líder dos cortesãos, e sendo ainda, entre 2006 e 2011,  Presidente da Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura e Presidente da Comissão Parlamentar de Assuntos Económicos, Inovação e Energia. E apesar de estar afastado do circulo mais elevado da Corte, não tendo sido convidado a funções governativas entre 2005 e 2011, esses anos deram-lhe o tempo e a disponibilidade para, pacientemente, urdir a sua teia de contactos, cumplicidades e intrigas que lhe permitiram, em 2011, ser facilmente eleito Secretário-Geral do partido Socialista. Ou seja, Cortesão-Mor. O reconhecimento máximo do seu talento pelos seus pares e pelo povo.

Eis aqui por isso a justa, embora breve e muito incompleta, homenagem que as Cortes de Lisboa fazem a este seu distinto membro. Mas que nenhum de entre vós  se engane: António José Seguro não é um mero cortesão. Como o seu percurso e a sua imparável subida claramente demonstram, não será certamente exagero da nossa parte dizer que António José Seguro, por seu inteiro mérito, é a própria personificação das Cortes de Lisboa.

Promessas de Seguro

Seguro

“Pela minha parte, como candidato a primeiro-ministro de Portugal, nunca farei promessas que não tenha a certeza de poder cumprir. Podemos perder votos, mas ganharemos a confiança e o respeito dos portugueses” 

***

António José Seguro tem a certeza de cumprir tudo o que promete. E o que anda a prometer o ainda Secretário-Geral do PS, arriscando aliás perder votos, desde que foi desafiado na sua liderança?

Bom, aqui vai a lista até agora:

Redução do numero de deputados Fonte
Plano de desenvolvimento para o interior Fonte
Reorganizar a reorganização administrativa Fonte
Reindustrialização do país Fonte
Eleitores escolherem o seu deputado Fonte
Separar a política e os negócios Fonte
Não aumentar impostos Fonte
Aumento Salário Mínimo Fonte
Acabar com a CES Fonte
Pagar todas as dívidas do estado Fonte
Reduzir IVA restauração para 13% Fonte
Dinamizar economia com investimento publico Fonte
Repor pensões e reformas no imediato Fonte
Manter o helicóptero do INEM em Macedo de Cavaleiros Fonte
Contratualizar serviços públicos com autarquias Fonte
Reactivação da ligação aérea entre Bragança e Lisboa Fonte
Menos impostos para as empresas no interior que criem empregos Fonte

 

Vamos, claro, actualizando a lista nos próximos tempos. Quem quiser colaborar, porque posso sempre falhar alguma, pode inserir a promessa aqui. Não se esqueçam é de colocar o link para a fonte.

Faltam 83 dias para as primárias.

Resenha da semana 25

José Manuel Fernandes

Fernando Medina deu uma entrevista, e o tipo é inteligente e fala bem. Raios, não pode ser. Fez parte de um governo que não aproveitou os juros baixos para pedir empréstimos e pagar a dívida com eles. Foi por isso que falimos. Eu sei, porque li num livro do César da Neves. E como socialista que é, quer apostar em educação, cultura, ciência. Isso são tudo coisas soviéticas, e olhem como eles acabaram.

Alexandre Homem Cristo

Costa foi tramado por Guterres, e atirou-se à liderança do PS por desespero sem perceber nada da poda. Eu percebo da poda e digo que se Costa não adoptar o discurso dos “erros dos governos socialistas” que resultou tão bem para Seguro o homem está perdido, os eleitores não vão acreditar nele. Era mesmo só o que faltava ter agora o descaramento de não adoptar esse discurso. Ah, Sócrates! Sóóóóóócrates! Estão a perceber? Atinem, pá.

Maria Teixeira Alves

Olá, o meu nome é Maria Teixeira Alves tenho 7 anos e quando crecer crescer quero ser intelectual de direita como os outros meninos que saíram do armário porque eu também tenho um armário no meu cuarto  quarto que foi o meu tio que me deu quando fiz 5 anos.

Carlos Fernandes Cadilha – Maria de Fátima Mata-Mouros – Lino Rodrigues Ribeiro – Catarina Sarmento e Castro – João Cura Mariano – Maria José Rangel de Mesquita – Pedro Machete – Ana Guerra Martins – João Caupers – Fernando Vaz Ventura – Maria Lúcia Amaral – José da Cunha barbosa – Joaquim de Sousa Ribeiro

Vamos explicar-vos devagarinho, muito devagarinho, para ver se entendem: a decisão produz efeito no dia seguinte à publicação do acórdão. Se não sabem o que é o dia seguinte, comprem um calendário. Se não sabem ler calendários, peçam ajuda ao Departamento de calendários. Se não têm Departamento de calendários, criem um Departamento de calendários. Para isso é que são governo. Obrigado.

Rui Ramos

A direita anda a anular-se desde o 25 de Abril para manter a paz social, e no fundo o PS é que manda nisto tudo, incluindo nos juízes que nomeámos para o Tribunal Constitucional. E a culpa é dos Americanos e da Igreja católica. É tão injusto [choro convulsivo].

António Galamba

Mas de onde é que saiu esta gente toda a clamar por Costa? Nós nunca tivemos este entusiasmo em três anos que lá estivemos. E de acordo com os estatutos, o entusiasmo com António José Seguro é obrigatório. Sendo assim, a pergunta impõe-se: onde é que vocês estavam, hã? Exijo saber, seus traidores. Respondam! Foi o Relvas que vos mandou?

Muito bem, António Galamba

Para o membro do Secretariado Nacional do PS, é mesmo “inaceitável a lógica de querer a Constituição ou os estatutos em função dos interesses particulares ou das ambições pessoais de cada momento”.

“Não é próprio de um Estado de Direito Democrático”, acentuou o membro da direção do PS.

Fonte

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Vamos então resolver esta questão sem mais demoras, Camarada, e voltar aos estatutos anteriores. Combinado?