Não estamos aqui por minha causa. Estamos aqui por Portugal. Precisamos de vós para combater aquilo que certas cortes de Lisboa acham melhor para o País. É inaceitável que a corte de Lisboa decida nos gabinetes, a régua e esquadro, como o país deve ser administrado.
António José Seguro
Ouvi, ó gentes do meu país, a história e percursos de um dos nossos mais ilustres cortesãos de Lisboa.
No ano da graça de 1962 nascia na Vila de Penamacor António José Martins Seguro. Jovem de muitos e variados talentos, rapidamente percebeu que não seria na terra que o viu nascer que essas inúmeras qualidades seriam melhor aproveitadas, pelo que assim que atingiu a maioridade rumou alegremente a Lisboa, a capital. Não a Coimbra, onde pautaria os seus estudos na mais velha Universidade da Europa ao ritmo da lendária Cabra, relativamente perto da sua amada terra, não ao Porto, com as suas excelentes instituições nortenhas de ensino junto ao mundialmente reconhecido Douro, mas para Lisboa, para junto das Cortes. Ingressou no ISCTE, onde frequentou Gestão de Empresas, sem duvida com o intuito inicial de mais tarde regressar e aplicar os ensinamentos para melhorar as empresas na sua região. Mas todos sabeis quão sedutora é a vida de Lisboa, e quão facilmente as Cortes e a vida mundana das elites seduzem um inocente e puro rapaz da província, lhe pegam pelo braço e lhe dizem: “vem, esquece as tuas origens e os teus toscos conterrâneos e junta-te à nossa doce decadência regada a mel e construída à custa do suor dessas bestas da província, que aliás para mais não servem, e serás bastamente recompensado. Até te deixaremos regressar a casa uma vez por ano, por alturas do madeiro, desde que disso não faças alarde”. E eis que assim o nosso rapaz, certamente sem perceber bem como, se vê Dirigente Associativo do ISCTE para logo a seguir, em 1985, ser eleito Presidente do Conselho Nacional da Juventude. Presidente aos 23 anos de idade, eis o poder da Corte de Lisboa, na qual o nosso rapaz estava agora bem lançado. Já lhe começavam a ser familiares por esta altura os meandros, os corredores, as mesas de café onde se conspirava noite fora. E tornava-se um dos seus mais talentosos membros, sendo eleito Secretário-Geral da Juventude Socialista em 1990, e fazendo questão de ser membro da Comissão Política Nacional da Recandidatura de Mário Soares a Presidente da República. Eis o nosso rapaz no centro do poder lisboeta, conselheiro do próprio Rei. A Corte recompensaria os seus inegáveis talentos com um cargo de Deputado à Assembleia da Republica a partir de 1991. O nosso rapaz, por esta altura já homem feito e experiente nas lides politicas lisboetas, tornava-se assim parte integrante das elites que a partir da Capital governam o país, para nunca mais sair, tirando em breves expedições à província, com uns part-times na Assembleia Municipal da sua terra e um cargo federativo algures na forte, farta, fria, fiel e formosa Guarda, que durou no entanto apenas uns meses. A Corte lisboeta não permite grandes ausências nem distracções, sob pena de se perder as ultimas intrigas e conspirações. E eis assim António José Seguro, nesta altura já destacado cortesão, a ser eleito para o círculo mais elevado e restrito da Corte: o governo de António Guterres. primeiro como Secretário de Estado da Juventude, depois como Secretário de Estado adjunto do próprio Primeiro-Ministro. Ambos os cargos com direito a gabinete, régua e esquadro. E um mapa de Portugal na parede. Continuando a aproveitar as oportunidades oferecidas por Lisboa, em 1999 e 2001 foi ainda enviado como representante da Corte portuguesa junto das Cortes Europeias em Bruxelas, onde foi presidente da delegação e Vice-Presidente do Grupo Socialista a essas mesmas Cortes.
Regressaria em 2001 ao governo da capital, desta vez já como Ministro adjunto do Primeiro-Ministro, e nunca mais sairia de junto das Cortes de Lisboa, sempre como Deputado à Assembleia de República e um dos seus mais destacados membros, tendo sido líder da bancada parlamentar, ou seja, líder dos cortesãos, e sendo ainda, entre 2006 e 2011, Presidente da Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura e Presidente da Comissão Parlamentar de Assuntos Económicos, Inovação e Energia. E apesar de estar afastado do circulo mais elevado da Corte, não tendo sido convidado a funções governativas entre 2005 e 2011, esses anos deram-lhe o tempo e a disponibilidade para, pacientemente, urdir a sua teia de contactos, cumplicidades e intrigas que lhe permitiram, em 2011, ser facilmente eleito Secretário-Geral do partido Socialista. Ou seja, Cortesão-Mor. O reconhecimento máximo do seu talento pelos seus pares e pelo povo.
Eis aqui por isso a justa, embora breve e muito incompleta, homenagem que as Cortes de Lisboa fazem a este seu distinto membro. Mas que nenhum de entre vós se engane: António José Seguro não é um mero cortesão. Como o seu percurso e a sua imparável subida claramente demonstram, não será certamente exagero da nossa parte dizer que António José Seguro, por seu inteiro mérito, é a própria personificação das Cortes de Lisboa.