Variações em mete dó maior

"Acho que, a partir do momento em que elas estão no espaço público [as escutas a Sócrates], parece estranho fingir que elas não estão. Houve uma pessoa qualquer que se levantou num programa de televisão para não comentar escutas. Isso não faz sentido, pois apesar de tudo estão no espaço público, acho um preciosismo. Tudo isto é divertido, tudo isto nos ajuda a formar uma convicção; que neste caso percebe-se qual é... Qualquer pessoa que a ouça, não é? Quando ouves aquilo, quase só mesmo o círculo mais próximo dele é que não fica com aquela convicção."

(licenciado em Direito pela Católica, crítico, cronista, poeta, editor, argumentista, dramaturgo, pioneiro da blogosfera, jurado do Prémio Camões, do Clube Português de Artes e Ideias, da Fundação Luís Miguel Nava, do Instituto Camões, das Correntes d’Escritas/Casino da Póvoa, da Sociedade Portuguesa de Autores, da Associação Portuguesa de Escritores e da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, bem como dos festivais de cinema IndieLisboa e Curtas Vila do Conde, é membro efectivo do júri dos prémios literários atribuídos anualmente pela Fundação Inês de Castro, Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, subdirector e director interino da Cinemateca Portuguesa entre 2008 e 2010, celebridade mediática, consultor presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa)

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Acho que, a partir do momento em que elas estão no espaço público [as fotos gamadas de um telemóvel onde se vê a proprietária do aparelho nua e em actos sexuais], parece estranho fingir que elas não estão. Houve uma pessoa qualquer que se levantou num programa de televisão para não comentar fotos gamadas dos telemóveis ou computadores pessoais. Isso não faz sentido, pois apesar de tudo estão no espaço público, acho um preciosismo. Tudo isto é divertido, tudo isto nos ajuda a formar uma convicção; que neste caso percebe-se qual é… Qualquer pessoa que as veja, não é? Quando vês aquilo, quase só mesmo o círculo mais próximo dela é que não fica com aquela convicção.


Acho que, a partir do momento em que elas estão no espaço público [as escutas às conversas sigilosas entre advogados e os seus clientes], parece estranho fingir que elas não estão. Houve uma pessoa qualquer que se levantou num programa de televisão para não comentar escutas às conversas sigilosas entre advogados e clientes. Isso não faz sentido, pois apesar de tudo estão no espaço público, acho um preciosismo. Tudo isto é divertido, tudo isto nos ajuda a formar uma convicção; que neste caso percebe-se qual é… Qualquer pessoa que as ouça, não é? Quando ouves aquilo, quase só mesmo o círculo mais próximo deles é que não fica com aquela convicção.


Acho que, a partir do momento em que ela está no espaço público [a correspondência privada entre duas pessoas que não autorizaram a sua publicação], parece estranho fingir que ela não está. Houve uma pessoa qualquer que se levantou num programa de televisão para não comentar correspondência privada publicada à revelia dos seus autores. Isso não faz sentido, pois apesar de tudo está no espaço público, acho um preciosismo. Tudo isto é divertido, tudo isto nos ajuda a formar uma convicção; que neste caso percebe-se qual é… Qualquer pessoa que a leia, não é? Quando lês aquilo, quase só mesmo o círculo mais próximo deles é que não fica com aquela convicção.


Acho que, a partir do momento em que eles estão no espaço público [os relatórios de saúde roubados de um centro médico], parece estranho fingir que eles não estão. Houve uma pessoa qualquer que se levantou num programa de televisão para não comentar relatórios de saúde roubados num centro médico. Isso não faz sentido, pois apesar de tudo estão no espaço público, acho um preciosismo. Tudo isto é divertido, tudo isto nos ajuda a formar uma convicção; que neste caso percebe-se qual é… Qualquer pessoa que os veja, não é? Quando vês aquilo, quase só mesmo o círculo mais próximo desses pacientes é que não fica com aquela convicção.


Acho que, a partir do momento em que ele está no espaço público [o diário perdido de uma criança de 10 anos], parece estranho fingir que ele não está. Houve uma pessoa qualquer que se levantou num programa de televisão para não comentar o diário perdido de uma criança de 10 anos. Isso não faz sentido, pois apesar de tudo está no espaço público, acho um preciosismo. Tudo isto é divertido, tudo isto nos ajuda a formar uma convicção; que neste caso percebe-se qual é… Qualquer pessoa que o leia, não é? Quando lês aquilo, quase só mesmo o círculo mais próximo da criança é que não fica com aquela convicção.


Acho que, a partir do momento em que ele está no espaço público [o vídeo onde um familiar ou amigo do fulano acima citado aparece embriagado ou numa crise psíquica], parece estranho fingir que ele não está. Houve uma pessoa qualquer que se levantou num programa de televisão para não comentar o vídeo do meu familiar/amigo. Isso não faz sentido, pois apesar de tudo está no espaço público, acho um preciosismo. Tudo isto é divertido, tudo isto nos ajuda a formar uma convicção; que neste caso percebe-se qual é… Qualquer pessoa que o veja, não é? Quando vês aquilo, quase só mesmo o círculo mais próximo dele é que não fica com aquela convicção. É o meu caso, aliás, não tenho nada aquela convicção.

28 thoughts on “Variações em mete dó maior”

  1. Quem é o avençado ?
    Ouço o ignatz mencionar o Governo Sombra … fico logo com a convicção de que é a opinião de alguém que não conta, e que só mesmo os outros tristes membros do dito círculo levarão a sério, eventualmente.

  2. Acho que a partir do momento em que ele está no espaço público [O video onde uma jovem de 10 anos é violada por 5 gajos corpanzudos], parece estranho fingir que ele não está. Houve uma pessoa qualquer que se levantou num programa de televisão para não comentar o vídeo da violaçao. Isso não faz sentido, pois apesar de tudo está no espaço público, acho um preciosismo. Tudo isto é divertido, tudo isto nos ajuda a formar uma convicção; que neste caso percebe-se qual é… Qualquer pessoa que o veja, não é? Quando vês aquilo, quase só mesmo o círculo mais próximo dela é que não fica com aquela convicção. É o meu caso, aliás, não tenho nada aquela convicção.

  3. Acho que a partir do momento em que ele está no espaço público [O video onde a mãe de Pedro M. aparece a cagar e a dar peidos sonoros], parece estranho fingir que ele não está. Houve uma pessoa qualquer que se levantou num programa de televisão para não comentar o vídeo da cagada. Isso não faz sentido, pois apesar de tudo está no espaço público, acho um preciosismo. Tudo isto é divertido, tudo isto nos ajuda a formar uma convicção; que neste caso percebe-se qual é… Qualquer pessoa que o veja, não é? Quando vês aquilo, quase só mesmo o círculo mais próximo dela é que não fica com aquela convicção. É o meu caso, aliás, não tenho nada aquela convicção.

  4. Olinda, a senhora ri-se de quê? Ouviu o jurista brasileiro no video que a Jasmim nos trouxe? Ponha-se no lugar dos que são vilipendiados! Também gostava que um juiz caísse em cima de SI sem DÓ nenhum?

  5. Acho que a partir do momento em que ele não está no espaço público, parece estranho fingir que está. Houve uma pessoa qualquer que se levantou num programa de televisão para comentar coisas sigilosas. Isso não faz sentido, pois apesar de tudo não estão no espaço público, acho um preciosismo. Tudo isto é divertido, tudo isto nos ajuda a não formar uma convicção; que neste caso nem se percebe, nem se quer perceber, qual é… Qualquer pessoa que não as ouça, não é? Quando não ouves aquilo, quase só mesmo o círculo mais próximo dele é que fica com aquela convicção e até o Valupi se enche de estupor e espantação abismada, conforme convém.

  6. E mais uma lição magistral, de hora e meia, que não está no espaço público, um verdadeiro prazer para os amantes do rigor e da clareza; da ciência e da arte; da palavra e do heroísmo verdadeiro : aqui.

    Corpo de delito: aqui.

  7. Até houve um “abencerragem” que viu rap, palhaço privado fedorento, e deve ter ouvido na mesma altura o “indefinido e bem pensante” avençado mexia, e logo foi a correr ouvir as transcrições do caneiro mentiroso e tão só pelo TOM do diálogo se apercebeu logo que tudo aquilo o ajudara a formar uma convicção; que neste caso percebe-se qual é… Qualquer pessoa que a ouça, não é? Quando ouves aquilo, quase só mesmo o círculo mais próximo dele é que não fica com aquela convicção.”
    E nem uma dúvida, uma duvidazinha teceu acerca da probidade de um tablóide que só não mente ou é tendencioso na montagem e transcrição do boletim metereológico e mesmo isso se não houver um algo de conveniência própria em dar bom ou mau tempo.
    Uns, como os do “eixo” ou estes do “governo sombra” argumentam com, “não tenho certezas, mas lá que ele se pôs a jeito isso é um facto” este, descobriu a culpa moral do TOM da conversa o que constitui uma abencerragem ainda mais putativa que a anterior.
    Estes intelectuais alimentados da mama dos media, remexem na moral mais subjectiva e duvidosa para condenar um sem provas de facto quando têm à mão provas evidentes de atentados grosseiros à Lei que juraram cumprir de parte da justiça envolvida, e calam-se.
    E sabem, porque quando lhes convém invocam algo semelhante que, se os heróis políticos que a História assinala fossem julgados pelos povos por suas posições de carácter moral, então bem podiam exigir a demolição de todas estátuas e monumentos colocados em ruas e praças do mundo a começar pela do Marquês de Pombal em Lisboa.

  8. Acho que a partir do momento em que ele está no espaço público [o vídeo onde se vê a pessoa acima citada a ser sodomizada por um grupo de energúmenos do DAESH, aos gritos de Allahuh akbar (ou Allahvai akabar, não sei bem)], parece estranho fingir que ele não está. Houve uma pessoa qualquer que se levantou num programa de televisão para não comentar o vídeo. Isso não faz sentido, pois apesar de tudo está no espaço público, acho um preciosismo. Tudo isto é divertido, tudo isto nos ajuda a formar uma convicção; que neste caso percebe-se qual é… Qualquer pessoa que o veja, não é? Quando vês aquilo, quase só mesmo o círculo mais próximo dele é que não fica com aquela convicção. É o meu caso, aliás, não tenho nada aquela convicção.

  9. Ao contrário de todos os exemplos que insere entre parêntesis rectos, as escutas a que se refere o Pedro Mexia são violações lícitas do direito à privacidade (ordenadas pelo Tribunal para prova da prática de crimes). Quanto muito, a sua divulgação é que poderá ser considerada ilícita . Parece-me que equiparar a divulgação (eventualmente ilícita) de escutas perfeitamente lícitas com a divulgação de violações grosseiramente ilícitas do direito à privacidade revela mais sobre a sua honestidade intelectual do que sobre a do Pedro Mexia.

  10. Gravações lícitas de um primeiro ministro ilicitamente gravado durante 15 anos. Ta boa essa.

  11. JPT, constato que aferes da honestidade intelectual de terceiros a partir da defesa da interpretação difamatória e caluniosa do que consideras, “quanto muito”, uma “divulgação que poderá ser considerada ilícita.”

    Mas já que te deste ao trabalho de vir aqui, a este buraco perdido no éter digital, peço-te que fiques mais um bocadinho e me respondas à pergunta: admites, ou até defendes, que a Lei deva ser alterada de forma a que qualquer “violação lícita da privacidade” seja publicada e fique ao dispor do que o espaço público quiser fazer com ela?

  12. “Também gostava que um juiz caísse em cima de SI sem DÓ nenhum?” – diz acima a maria

    é óbvio que sim, podem mandar a corporação inteira. a obimba quer é ser empixada, mas ninguém give a shit.

  13. Não sou eu que considero que a divulgação das escutas não é ilícita: foi um tribunal (tal como outro antes tinha considerado o contrário, daí a cautela do “quanto muito”). E parece-me justa a segunda decisão, dado que o contra-interessado se tem pronunciado insistentemente sobre os meios de prova que existem (ou não existem, segundo ele) contra ele no processo. Ora, bem diz o povo, “ou há moral ou comem todos”. Em teoria estaria de acordo consigo, não fosse esse “pormenor”. Acho que nem arguidos nem acusadores devem andar a fazer julgamentos na praça pública, e – sem o conhecer – parece-me que o Pedro Mexia deve achar o mesmo.

  14. JPT essa lógica é gira, já que o gajo diz que não há provas contra ele, bora entregar escutas a um orgão de comunicação social, que ganha balúrdios com estas escutas, passa o que tem interesse e o que é do puro foro intimo, que passa escutas descontextualizados e faz juizos de valores e sem contraditório.

    Responde a uma simples questão, já que é para tornar publico, porque não o fazem a todo o processo e de acesso livre?

  15. Precisamente jpferra.
    Tal como os anteriores Procurador Geral e Presidente do Supremo tinham opinião de que em vez de publicar excertos dos dvd do caso “atentado contra o Estado de Direito”, deveriam colocar aberto ao público os conteúdos integrais e então constatar-se-ia a risada e bizarrice que era concluir daquilo um “atentado” e para mais ao “Estado de Direito”.
    Claro, tal opinião não foi ouvida e isso permitiu ao pacheco, como deputado e em segredo absoluto, concluir pelo “atentado” mas nunca elaborou, ele mesmo como deputado, um processo autónomo e levou à Procuradoria Geral; pois, talvez o erro de visão fosse tão grande como o que o levou a ver o Iraque infestado de armas de destruição maciça.
    Assim, tal como pacheco formou uma convicção, o mexia e o rap formam também a sua opinião a partir dum conteudo truncado, restrito, onde provavelmente os contextos são puras montagens. E não parece que rap e mexia tenham a honestidade e imparcialidade que JPT reclama pois, nesse caso reclamavam, antes de mais, conhecer todo o processo e evitavam dizer, na praça pública, que já tinham uma convicção e qual o sinal dessa convicção.
    Eles, no fumdo não formaram uma convicção do que ouviram, antes eles têm uma convicção com base num preconceito intelectual e político contra Sócrates.

  16. JPT, justificas a publicação e exploração de escutas obtidas policialmente para fins judiciais – e vamos esquecer a questão da licitude da sua divulgação – recorrendo a este argumento:

    “dado que o contra-interessado se tem pronunciado insistentemente sobre os meios de prova que existem (ou não existem, segundo ele) contra ele no processo”

    Pressupostos e corolários do teu pensamento:

    – O contra-interessado não se pode pronunciar sobre os meios de prova.
    – Se o contra-interessado se pronunciar, fica sujeito a castigos.
    – Os castigos podem, ou até devem, envolver a exploração de violações da sua privacidade.
    – Essas violações, posto que a sua função é castigadora, podem servir para ataques difamatórios e caluniosos ao contra-interessado.
    – A razão pela qual se vai castigar o contra-interessado desta forma resulta de ele estar a perturbar, com as suas declarações, o trabalho da indústria da calúnia e, presume-se, o trabalho da investigação (embora não se conceba como).
    – Os processos judiciais devem decorrer como este, se assim for da nossa preferência: com campanhas negras, crimes cometidos por agentes de Justiça, abolição da presunção de inocência por profissionais com carteira jornalística, aparato mediático a forçar uma convicção de culpabilidade capaz de condicionar a Justiça.

    Bravo!

  17. Se bem entendi estão a falar do Mexia que acompanha o Tavares mais o
    humorista Pereira no programa de maldizer da TVI24 pois, acho que é
    pura perda de tempo falar sobre esse convictos que, ganham a vida na
    chamada crítica dos outros e que nada fazem que se veja ou fique na me-
    mória de quem os possa ouvir ou prestar atenção!!!

  18. o oportunista daniel bessa, deixou a cotec. por se ter quebrdo a relação de confiança como actual presidente. abençoado seja, por se ver livre de gente deste calibre!

  19. Vá, eu olho moderadamente para o Pedro Mexia (não se percebe qual é a fonte do Valupi mas, se é da TVI 24 que falamos, o dito programa de entretenimento endireitou há uns largos meses… e-e-e, eventualmente por contágio, o Pedro Mexia anda a ler a sebenta popularucha do João Miguel Tavares).

    Nota. Há tempos, e sobre o conceito de «espaço público» acrescentou o JMT uma leitura tortuosa que, na ocasião, foi bem zurzida pelo malogrado Óscar Mascarenhas no DN. Está aqui, nomeadamente:

    Ainda a responsabilidade dos colunistas e a promoção de debate público aberto
    http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/oscar-mascarenhas/interior/ainda-a-responsabilidade-dos-colunistas-e-a-promocao-de-debate-publico-aberto-4280961.html

  20. Claro que as vítimas é que tem a culpa porque se meteram a jeito.
    E o argumento dos violadores: violaram porque as mulheres iam na rua de mini-saia e estavam mesmo a pedi-las.
    Olha vejam o vídeo do Professor de Direito brasileiro e sintam VERGONHA, muita vergonha, por serem portugueses. Porque até no Brasil que olham de cima para baixo vos mostram o que ter cidadania e defender o Estado de Direito.
    E vejam como no Brasil o Supremo Tribunal não hesitou em tirar das unhas do juiz prevaricador o processo cujo segredo de Justiça ele violou, e sobre o qual decidiu uma detenção ILEGAL para interrogatório!
    Vejam e ENVERGONHEM-SE MUITO de viverem neste pardieiro!

  21. obrigada, Maria Abril, está tudo bem comigo. rio, e volto a rir por reler, da inteligência dos excursos do autor do texto. sabes que ler implica muito mais do que juntar as letras. e como adoro conseguir ler as formas de pensar – rio do seu pensar porque penso; penso logo rio. e adoro o seu (dele) pensar. se precisares de mais algum esclarecimento, pergunta-me.

    (até porque se trata de um favor que fazemos ao ignatz, coitadinho, que precisa destas coisas para ter algum tesão) :-(

    ai que riso! :-)

  22. val,

    por favor mete aí entre parentesis

    as escutas a pinto da costa

    ou com essas concordaste, ouviste, comentaste e formaste a tua convicção?

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