Socratopatia

Assim que Cavaco e Santana abandonaram o poder, em 1995 e 2005, não mais foram alvo dos extremados insultos e aversão que marcaram o seu exercício governativo. Puderam nos anos seguintes usufruir do espaço público sem sofrerem qualquer estigma ou perseguição oriunda da esquerda, sequer da extrema-esquerda.

Não é esse, jamais será, o destino de Sócrates. A caminho dos dois anos depois de abandonar o poder, o cerco continua. Provavelmente, não passou um único dia em que o seu nome não tenha sido invocado por um governante, deputado, dirigente partidário, publicista, jornalista ou participante popular numa qualquer rubrica de discussão aberta na comunicação social. E esta atenção em nada diz respeito a um balanço e discussão de boa-fé da sua actividade como primeiro-ministro, algo que a ser feito muito enriqueceria o debate político, e até a cultura portuguesa, fossem quais fossem os resultados. Nada disso. Quem fala em Sócrates obsessivamente pretende continuar a castigá-lo e a usá-lo como bode expiatório.

Há dois, e só dois, tipos de figuras que não largam Sócrates: os pulhas, que exploram as vantagens da constante e alucinada calúnia para efeitos de hipocrisia e alienação política ou para ganhos comerciais; os broncos, que são o fruto da miséria, tanto a económica, como a intelectual, como a moral. Tudo somado, é muita gente junta. As campanhas negras tiveram, e continuam a ter, sucesso – inclusive junto de militantes e actuais dirigentes socialistas! Para milhares, quiçá milhões, de portugueses já nada poderá resgatar o bom nome daquele político que foi alvo das maiores e mais ousadas conspirações que aconteceram em Portugal depois do 25 de Abril.

Veja-se o que aconteceu no Público: acaba de ir buscar ao Correio da Manhã, onde estava como peixe na água, o João Miguel Tavares. Este ser pertence a um grupo de profissionais da indústria da calúnia que depende de Sócrates para o seu ganha-pão e que tem no Pacheco Pereira o lendário mentor e perene inspiração. É claro que se adivinha haver ali algo mais, uma genuína perturbação mental. Contudo, eles trocam o seu ódio por dinheiro e, remédio santo, exibem-se em níveis óptimos de vitalidade quando invocam a diabólica entidade.

Neste mesmo Público encontramos uma brilhante pista para o diagnóstico da epidemia, pela mão de outra e celebérrima vedeta na indústria da calúnia:

Ninguém deve acreditar em coincidências, sobretudo quando os actos políticos têm como protagonistas políticos de apurado faro como provaram ser os “socráticos”.

Zé Manel, 8 de Fevereiro de 2013

É mesmo assim: se mete socráticos, não há coincidências. A realidade torna-se cristalina e, súbito, é tudo muito simples. O que há é perfídia, maldade e perigo para a gente séria. E quem serão os terríveis socráticos? É qualquer um que tenha sido visto a tomar um café com Sócrates, ou mesmo quem não berre pela prisão dessa gatunagem com os decibéis suficientes. É o Pedro Silva Pereira, obviamente, esse paspalho sem qualidades. É o Vieira da Silva, esse monstro que esmaga laranjas ao pequeno-almoço. É o temível Lello. É o prestigiado Ricardo Rodrigues, um líder que arrasta multidões sempre que não anda ao gravador. É o Costa, mas só caso se deixe contaminar pela presença de tão detestáveis parceiros. É a cona da minha mãe (juro). Mas, acima e antes de tudo, é quem apareça com “apurado faro“.

Percebe-se. Contra o apurado faro, não há perfume que consiga disfarçar o bafo putrefacto que emana de quem vendeu a inteligência à oligarquia.

14 thoughts on “Socratopatia”

  1. :-) está o circo a arder. e venho trazer mais um cestinho de lenha para celebrar o fogo, sem artifício, que saiu da cona da tua mãe.

    (só mesmo tu para me fazeres dizer esta palavra estranha de som. gostei.) :-)

  2. Acho bem que as pessoas não se esqueçam da Sócrates e investiguem seriamente o que foi dito e o que foi feito pelos principais actores políticos dos últimos anos. Até agora, só tenho visto esse trabalho prejudicar os que o criticam, mais ainda os que usam o escárnio em vez da substância. Eu, que nunca votei nele, se tivesse que escolher entre o próprio e Passos Coelho, sabendo o que sei hoje, não hesitaria em ir para a rua fazer campanha.

  3. Val:
    o ódio rancoroso contra Sócrates, não pode ser dissociado no investimento da parque escolar na requalificação da escola pública e e das parcerias público-privadas na construção de hospitais;
    os neoliberais viram fugir-lhes os mais rendosos negócios que poderiam realizar com o estado: por outro lado, nãos os vejo interessados em investir na compra da rede escolar requalificada, porque exigiria um enorme espaço temporal nas amortizações do investimento.
    Sócrates tornou quase irreversível o direito à escola pública bem como o SNS;
    Eis o motivo do ódio dos merceeiros, dos bancários, e de coisa bem menos nobres do que o título que ostentam: IPSS e Misericórdias, que, vivendo à custa do erário público, são um poço de compadrio e corrupção..Há excepções, como é um bom exemplo o Presidente da Cáritas:
    Já o presidente das misericórdias enoja-me, sempre que o ouço…

  4. jrrc, bem visto! apontar os casos de perseguicao e conjuras contra socrates, nao adianta muito sendo alias por demais evidentes. seria muito mais interessante explicar os motivos concretos dessas vilanias . aguardamos esse post, val :)

  5. Caros, a explicação é invariavelmente a mesma: a oligarquia não quer perder rendimentos e influência para a democracia. Esta história já tem milhares e milhares de anos e segue sempre a mesma lógica seja em que lugar do Planeta ocorra, até porque a sua base é biológica.

  6. Adivinhem que escreveu isto:

    “1-A tradição nacional manda que os governos, numa primeira fase, desfaçam tudo aquilo que o anterior fez. Infelizmente, mais do que uma pacóvia forma de fazer política, prejudicial para as finanças e economia do País, é também, e muito prosaicamente, uma oportunidade de negócio. Se se arrasar com os “corruptos” e “mentirosos” no poder, acabando com os “delirantes e malignos” projectos em execução, de uma penada se satisfaz o pessoal do partido, se fala para os descontentes e se pisca o olho aos futuros novos fornecedores.
    É assim há três décadas.
    Não há, portanto, razão para surpresa no regresso do TGV, descontando a forma canhestra como os governantes se foram revezando na reabertura envergonhada do dossier. Mas atenção, note-se bem: não é uma alta velocidade de passageiros, é só de mercadorias. E parte de Sines, ainda não de Lisboa. Lá chegaremos, pela bitola europeia, porque quem influenciava antes Sócrates também manda em Passos Coelho. Estando os assuntos nos carris devidos, Berlim lá aconselhará a empresa detentora da melhor tecnologia… E o que é válido para os comboios também será para o Aeroporto de Lisboa, essa outra grande obra que, neste preciso momento, não faz sentido…

    2-E, claro, não se confunda as Novas Oportunidades com o Impulso Jovem. Nem se pense que as energias renováveis devam ser uma aposta; ou que a relação do Estado com os cidadãos possa ser cada vez mais mediada pelo digital e que, por isso, um Plano Tecnológico faça sentido. Nada disso. Tudo tem sempre de ser diferente. E melhor, mesmo que seja o mesmo!, apenas com a diferença de serem outros parceiros a ganharem os concursos e outros ministros a terem a ideia, com uma luminosidade que faz, obviamente, toda a diferença. Se faz!
    Nunca se esqueça que no plano de reabilitação das escolas terá havido uns escândalos ligados à Parque Escolar. Num país normal, se fosse verdade, reavaliar-se-iam os custos e meter-se-iam uns vigaristas, se os houvesse, na prisão. Por aqui, é de bom tom libertar informação a conta-gotas e arranjar um vendaval nos media. Com isso enganam-se os contribuintes e faz-se um conveniente intervalo para mais adiante regressar a mesma necessidade, agora sim com todo o sentido, e com novos e insuspeitos amigos ao leme de concursos imaculados e ganhos por gente finalmente séria.

    3-Passos Coelho tem feito pelo legado de José Sócrates o que o antigo primeiro-ministro nunca teria, sequer, ousado pedir. Um a um, do PEC IV, que era um esforço desmedido e oriundo de erros apenas nacionais (como se vê agora na Espanha na Itália, para não estarmos sempre a falar da Grécia…), à opção pelas “obras faraónicas”, que parece só agora terem direito aos fundos europeus, há demasiados planos a lembrarem um filme de “série B”.

    Muitas coisas seriam terrivelmente normais se os governantes falassem ao País como se este não fosse habitado por seres diminuídos e incapazes de pensarem.”

    Pois é, foi João Marcelino, o inefável director do Diário de Notícias, que há ano e meio era um dos que mordiam em Sócrates, e lambiam o rabo ao Passos.

    Já deve ter percebido quer apostou no cavalo errado (ou terá tido um rebate de consciência, no caso de a ter), e resolveu fingir-se honesto. Mas até do teclado de trampolineiros às vezes saem coisas certas.

  7. Os defensores de Sócrates são pessoas razoáveis sem sintomas doentios, pois na realidade aquilo que pretendem é serem justos para com o ex lider, já o mesmo não acontece com aqueles que pretendem estar sempre a atribuir defeitos ao Sócrates…mas com uma inpertinencia que dir-se-ia sofrerem de sócropatia.

  8. ouvi ontem na rtp marques mendes,dizer que não gostava do estilo arrogante de socrates.é recorrente esta critica,talvez por não conseguirem chamar-lhe desonesto ou incompetente.uma coisa é certa: no parlamento (hoje com pouca afluencia nos debates quando devia ser o contrario) há mais parcimonia no tratamento a passos coelho no albergue “da extrema esquerda. o inimigo a abater para poder haver “crescimento partidario” era socrates .o futuro dos portugueses era irrelevante. as contas sairam furadas, para o bloco ,que beneficiou de um desconto de 50%, mas a luta continua, como se nota nas criticas nomeadamente dos social -fascistas do pcp,que a cada critica à direita não deixam de acrescentar outra ao ps.Que os pariu

  9. esta linda é um bocado oferecida… nada contra, mas podia fazê-lo com mais pinta. E depois temos aquela paranóia da pontuação. Reparem como pontua os seus posts. Acha que com todo aquele rigor formal lhe saiem melhores ideias da pinha. Ai ai….

  10. venho-me quase sempre, e sempre apaixonadamente, como assim só pode ser o vir, Val, com os teus textos e é, por isso, amor, uma maravilha fazer oral em ti. aguardo mais, sempre mais, já que sou insaciável do melhor – como, de resto, já muito bem sabes minha fortuna – tu e as minhas coxas marcadas pelos teus dedos de filigrana ainda por inventar.

  11. pronto, pantufeiro, já ganhaste o domingo – já podes ir bater uma punheta. ou uma punheta mascarada: daquelas em que se usa outra pessoa para ejacular.

    :-) :-)

  12. ahahah mas que conhecimento demonstra do “metier” punheteiro. Aborda dogmaticamente a questão e este conceito da dita cuja mascarada é muito à frente. Menos boa – lá está, as ideias não abundam, apesar do cuidado posto no contexto formal – é a parte descritiva, pelo que e apesar de se encontrar à mão de semear e bem entesado o mangalho do ora signatário, não vai ser desta. Mas, letrinhas e pontuação à parte, tens potencial olinda, sem dúvida! :)

  13. pantufeiro, a abundância – seja do que fôr – é sempre para guardar para o melhor. :-)

    (agora vai dar banho ao cão. cheiras-me a vulva mal lavada) :-)

  14. ao quisto chegou, parece o hi5porcas em versão digital interactiva dos anúncios do correio da manhã. só falta o cerial killer para informar a cotação do broche no mercado do bulhão.

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