Encontrar paralelismos entre Benazir Bhutto e Sergio Gómez não é para qualquer um. Aposto que sou o único, dos 6 mil milhões de cérebros humanos em aparente actividade, a alcançar tal feito. E é altamente provável que venha a ser, em simultâneo, o primeiro e o último. Mas acontece terem sido os dois assassinados em Dezembro. E acontece terem vivido os dois do espectáculo e das multidões, ela na política e ele na música. E aconteceu-lhes terem sido avisados de que podiam ser assassinados se fossem a certos locais, locais esses onde eles foram. É só aqui que a coisa se torna interessante, separando-se as águas para deixar passar a inteligência a caminho da verdade prometida. A reacção normal é lamentar a morte destas pessoas, cuja inocência se institui no contraste com o crime de que foram vítimas, deixando as emoções estragarem a oportunidade de aprender. Mas de reacções normais, e de emoções, está a violência cheia. Para os assassinos, houve uma sequência normal de decisões que concretizaram a intenção de os destruir. Para os que estejam interessados em diminuir ou anular os crimes (sempre pouca gente, muito pouca), é necessário desenvolver reacções anormais. Uma delas consiste em olhar para o lado. Desviar os olhos dos efeitos, da hipnose. E constatar: Sergio foi apenas um de 2.500 episódios anuais de execuções ligadas ao narcotráfico, no México; a chegada de Benazir ao Paquistão já tinha dado azo a um ataque bombista onde morreram mais de 140 pessoas, não havendo qualquer forma de evitar outro eventual, e por todos antecipado, massacre.
Eles sabiam ao que iam. E foram. E se num caso só se perdeu um estúpido, no outro uma estúpida fez perder muitos, e muito. A estupidez é a causa primeira de todas as violências.
…se fosse assim tão simples!
…se não houvesse certos estúpidos, como é que “isto” avançaria?…
Vinha aqui dizer algo parecido ao que disse o Rui Mota. Está dito.
Nesse caso, Daniel, sê caridoso e explica-me o que o Rui Mota disse.
a suposta valentia esta’ cheia de imprudencias e as imprudencias de uns cheias de consequencias para outros, de facto. irresponsabilidade para armar aos cucos.
Valupi
Pelo que percebo, e é isso que eu penso, o Rui Mota quis dizer que é preciso uns estúpidos que arrisquem tudo para que muitos outros ganhem alguma coisa. Olha, algo assim como o estúpido do Martim Moniz, que se terá deixado entalar, na porta do castelo que viria a ser de S. Jorge, para que tu entres por lá calmamente quando te apetecer. (Ah, agora paga-se, não é?)
Daniel, esses que convocas não têm nada de estúpido. Pelos frutos os conhecereis, continua a valer. Não é mártir quem se deixa destruir inutilmente.