"Nós não queremos mais 'Berardos' em Portugal", defendeu Paulo Rangel, num comício em Santa Maria da Feira (Aveiro), em que defendeu a importância da reforma da união bancária e da união económica e monetária na União Europeia.
Na sua intervenção, Paulo Rangel afirmou que personalidades como o comendador Joe Berardo existiram em Portugal "para que a Caixa Geral de Depósitos assaltasse o BCP, e a Caixa e o BCP ficassem nas mãos de gente próxima do governo socialista de José Sócrates".
"É que Berardo não caiu do céu, Joe Berardo não é uma invenção de si próprio. É uma invenção de uma conjuntura político-económica em que havia um governo que queria controlar a banca e o usou a ele", acusou.
"Agora dizem que é um produto tóxico, mas quando foi instrumental para tomar conta do BCP, o produto não era tóxico. Estava muito bem e nessa altura estavam ministros que ainda hoje estão no Governo de António Costa", acrescentou.
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Paulo Rangel é um importantíssimo quadro do PSD. Foi escolhido por Rui Rio para ser o cabeça de lista às eleições Europeias. Portanto, o conteúdo e o estilo da campanha de Rangel tem a aprovação de Rio. Ora, o conteúdo são calúnias e o estilo é a diabolização. Logo, não há qualquer diferença no PSD quando comparamos as lideranças de Rio, Passos, Ferreira Leite e Santana. Todos utilizaram a baixa política, a chicana, como matéria e técnica de propaganda. Há muitas e fortíssimas razões para ser assim.
Este senhor declara que um número indeterminado de administradores e gestores bancários conspirou, em conluio com um número indeterminado de governantes, para que se fizesse um “assalto” a um certo banco, entre outras malfeitorias, e tem a certeza de que o discurso será reproduzido e amplificado na comunicação social durante horas e dias. Provas? Nenhuma de nenhuma, obviamente. Nos impérios mediáticos da direita as declarações são alvo de uma prioridade e destaque editorial que lhes conferem alcance máximo dentro dos meios respectivos. As mensagens não são criticadas nem enquadradas pelas redacções que as exploram, antes ficam publicadas como se fossem factual, legal e moralmente legítimas. Institui-se que “fazer política” é caluniar.
Desde que nasceu a democracia na Grécia clássica que ela fez nascer os caluniadores. A pulsão para destruir a credibilidade e honra de um adversário político através de suspeições e mentiras é antropologicamente inevitável, psicologicamente provável e historicamente universal. Está longe de ser um exclusivo da direita, mas é à direita que a vocação para a pulhice encontra características axiológicas e cognitivas mais propícias à caudalosa prática dos assassinatos de carácter e das campanhas negras. Os estudos mostram como os direitolas são mais individualistas e por isso mais cagarolas, o que os leva para uma leitura fulanizada das disputas políticas. Adoram ditadores, daí projectarem nos adversários o reverso do que lhes dá segurança.
Ingenuamente, durante anos, estranhei que o PCP e o BE não agarrassem no tema da corrupção e dele fizessem bandeiras estratégicas para os seus posicionamentos tácticos e disputas eleitorais. Parecia-me que na Soeiro Pereira Gomes, dada a organização e recursos humanos do partido, haveria excelentes condições para instituir grupos de investigação permanentes para denunciar – com fundamento na realidade – os supostos inúmeros casos de corrupção gerados pelo imperialismo capitalista. Foi a custo que percebi o meu erro. Para comunistas e bloquistas não faria sentido prestar esse serviço à cidade pois tal implicaria aceitar que o modelo do Estado de direito democrático (portanto, a democracia liberal), assim como a evolução do texto constitucional, estava ideologicamente de acordo com a ambição totalitária que anima a identidade da esquerda à esquerda do PS. Nada mais ao contrário, afinal, pois o liberalismo constitucional causa alergia aos sectários. Pelo que a retórica comunista prefere os tropos conservadores (nacionalismo embrulhado em “patriotismo” e metido no caixote do “povo”) e a retórica bloquista prefere os tropos dos costumes (uma moralização maniqueísta a partir das desigualdades económicas e sociais). Ambos recolhem de Marx a visão estrutural da sociedade, tendo aí o repositório hermenêutico donde sacam os conceitos e o léxico para intervir politicamente. Olham para a corrupção com desinteresse, mesmo bonomia, não gastando uma caloria com o assunto pois não querem lutar pela defesa do actual estádio de desenvolvimento do capitalismo ou contribuir para o aparecimento de um modelo de capitalismo mais justo ou simpático. Isto de irem a votos num regime estruturalmente corrupto antes da revolução é apenas para fazer tempo, suportarem a estadia no Egipto enquanto fazem as malas para atravessar o Mar Vermelho.
Acontece haver valor informativo nas calúnias de Paulo Rangel e dessa mole de políticos e jornalistas para quem a política só se concebe como interminável guerra civil. Eles deturpam a realidade e omitem dados que contradizem tudo o que bolçam. No caso da atoarda sobre a tentativa de controlo do BCP pelo Governo de Sócrates a partir da CGD, Rangel nada diz acerca desta maravilhosa evidência: o PSD controlava administrativamente a Caixa ao tempo (leia-se: em todos os tempos, foi sempre assim com maioria de administradores de direita sobre os do PS). Donde, a fazer fé nas suas palavras, a falange laranja e do CDS na CGD queria dar a Sócrates o controlo do BCP. Faz isto algum sentido? Não tem de fazer e, acima e antes de tudo, não deve fazer. É preciso que não faça sentido para fazer efeito dado que a audiência em causa para este linchamento é não só acrítica como acéfala. O mesmo para a ideia de que o Governo de Sócrates conseguiria “controlar” o BCP, e daí retirar qualquer vantagem política. Como? Para quê? Com que consequências? Nada se explica, se justifica, sequer se esboça porque estamos num processo de diabolização. O Diabo é poderoso precisamente porque fica como mistério insondável ele ter autorização de Deus para fazer o mal. Este o quadro de irracionalidade usado à doida na política por canalhas para atiçar a turbamulta a partir do medo e do ódio. Noutros tempos, essa mesmíssima dinâmica levou ao assassinato de mulheres às mãos da multidão, ao assassinato de vizinhos nas fogueiras, ao assassinato de judeus em câmaras de gás. A lógica assassina, em todos os tempos e lugares onde a civilização ainda não nasceu ou onde desapareceu, foi sempre a diabolização que serve as pulsões de poder absoluto dos algozes e tiranos – ou a loucura violenta dos animalescos cérebros humanos.
Paulo Rangel quer assassinar alguém? Aposto os 10 euros que tenho no bolso, mais os 5 que guardo debaixo do colchão, como nem sequer será capaz de afastar uma mosca do mel. Ele é um magnífico cidadão cumpridor dos seus deveres e um exemplo a merecer condecorações pela sua entrega à vida pública. Não, claro que não, que estupidez. Ele não quer matar ninguém e está cheio de amigos, quiçá familiares, no PS. Ele apenas pretende acordar o assassino que, como leitor de Hobbes, sabe existir dentro de cada um. E cravar-lhe um voto.
Mais um demagogo nojento que hoje andou a chamar pelos fogos. Depois vem o catedrático de Massamá contar os mortos. Para este tipo de invertebrados não há limites para nada. Quanto ao Berardo é o habitual. Os que mais o crucificam hoje foram os que mais lhe lamberam o rabo até há bem pouco tempo atrás. As usual.
Tanto o Pézinhos de garrafão Rangel como o Dandy de Joane são farinha do mesmo
saco embora, o pézinhos seja mais lido do que o experto do sobrinho do cónego!
Foi interessante ver o Xavier dos fogos a acolitar a campanha do PSD pondo em causa
a sua eventual imparcialidade nas conclusões que debita sobre os fogos! Também,
foi um “happening” ver o Melo agitar uma foto antiga, com o seu ídolo Sócrates abra-
çando seu Ministro António Costa, mostrando o deserto de ideias que vai na sua
pobre cabaça!!!
Valupi lá vai fazendo o frete à “maioria absoluta” do Costa, mal embrulhado numa catilinária ao Rangel! Ainda me lembro de convidar o Costa a ir a Évora, agora só o quer em São Bento…
Este linguajar boçal e este estilo básico e abrutalhado são uma velha marca característica do PSD, já desde os tempos do PPD do Sá Carneiro e com supremo zénite no tempo dos mais palermas entre os pulhas, Passos Coelho y sus muchachos Relvados.
É uma cantilena demagógica muito eficaz e de resultados comprovados no Brutogal semi-analfabeto e rude dos anos setenta e ainda no Cavaquistão, deslumbrado e inundado de ECU’s, dos anos oitenta e noventa, mas parece-me completamente desajustada e inútil no Portugal civilizado e urbano de hoje.
Mas eles é que são os “espertos”, eles é que sabem!
Não se venham depois é lacrimijar amargamente, como a maria amélia…
Se ele conhece a sua hora,eu conheço-lhe os caprichos – fora com o farsante !
Herói fake do capitalismo,correu a Caracas para salvar a Venezuela de Maduro, tendo a prudência ,intencional ou não, de perder o avião que o punha no lume da acção, Em Portugal,voa de helicóptero sobre a área ardida há dois anos,provando a sua vocação para chegar atrasado aos problemas.
Que mantenha a tradição no dia de eleições.
Valulupi, esqueceste-te?
Notas, prévias.
Estes tipos e tu falam do quê exactamente, Valulupizinho?
Dragões, telecinética, telepatia, subornos?
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A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, devolveu um “suborno” de uma menina de 11 anos que lhe escreveu a pedir que o seu Governo fizesse investigação sobre dragões. Victoria queria receber poderes telecinéticos para se poder tornar uma treinadora de dragões, tendo incluído na carta cinco dólares neozelandeses (menos de três euros).
Na resposta, enviada em papel timbrado oficial, Ardern esclareceu que a sua administração não se encontrava a desenvolver qualquer trabalho na área. No entanto, numa nota manuscrita, acrescentou: “P.S. Vou ficar atenta a esses dragões. Eles usam fatos?”.
Na missiva, Ardern agradece a Victoria por ter entrado em contacto. “Ouvimos com muito interesse as tuas sugestões sobre videntes e dragões, mas infelizmente não estamos a desenvolver qualquer trabalho em nenhuma dessas áreas. Por isso, devolvo o teu dinheiro de suborno e desejo-te tudo de melhor na tua busca por telecinética, telepatia e dragões”, juntou.
No Expresso online, ontem.
O Trafulha 1, que é membro da administração do banco B1, quer ser CEO desse banco (sabe-se lá para quê!). É que nas assembleias gerais em que se designam os CEOs, costuma ficar em segundo lugar na votação, por uma diferença de 5% do capital representado.
Vai falar com um Empresário famoso e promete-lhe 50 milhões de lucro num negócio que consiste em aceitar ser acionista de 5% de capital, isto é, tem que comprar 5% das ações do banco B1. Depois tem que votar a favor do Trafulha 1, na votação para CEO. É só isto!
O Empresário responde-lhe que acha a proposta agradável, mas que não dispõe dos 500 milhões necessários à compra dos 5% referidos.
“Não faz mal”, diz-lhe o Trafulha 1, eu tenho um amigo, o Trafulha 2, que é CEO do banco B2 e que lhe empresta esse dinheiro. Já falei com ele.
Então vamos a isso.
O Empresário vai ao banco B2 e contrai um empréstimo de 550 milhões dando como garantia as ações do banco B1, que lhe custaram 500 milhões (a diferença é o lucro atrás referido). Quem autoriza o empréstimo é o Trafulha 2.
É assim que o Trafulha 1 chega a CEO do banco B1. É assim que o Empresário “ganha” 50 milhões. Tudo se passou há 15 anos.
Porém os acionistas de B1 que se sentiram prejudicados com a operação, vão para os jornais denunciar a trafulhice. Os outros acionistas (os que leem jornais) perdem confiança na idoneidade da gestão de B1 e começam a vender na Bolsa as ações que possuem.
O preço unitário das ações baixa, ninguém quer ter ações de um banco gerido por trafulhas, de tal maneira que, há 10 anos (5 anos depois da trafulhice), as ações penhoradas só valiam 450 milhões. Se o banco B2 executasse a hipoteca nessa data, ficava com 100 milhões de crédito sem garantias. Mas mete a cabeça na areia e diz que vai esperar que as ações subam para executar a hipoteca. Passados 10 anos a cotação das ações ainda é menor. Isto é, hoje, o crédito mal parado já chega aos 200 milhões…
É necessário encontrar culpados. O melhor é fazermos uma audição parlamentar…
Na minha opinião o Trafulha 1, o Trafulha 2 e o Empresário deviam ir todos prá cadeia. O primeiro era condenado a 5 anos de cadeia, por “participação dolosa em negócio e por ter comprado votos na Assembleia Geral”, o segundo a 10 anos, por “autorizar empréstimo vultoso de alto risco e sem cobertura de 50 milhões, gestão dolosa” e o terceiro era condenado a 5 anos com pena suspensa e a devolver ao banco B2 os 50 milhões que “ganhou”, por ser cúmplice de uma compra de votos.
Em vez de concorrer à CEE o Rangel devia seguir a carreira eclesiástica e assim talvez rangesse menos.