Que Mário Crespo é o mais bacano de todos os jornalistas da televisão portuguesa. A coisa assume tal proporção que ele devia ser obrigado a aparecer também na TVI e na RTP. Eu quero que o Mário Crespo seja considerado o jornalista oficial de Portugal, representando a Nação sempre que estiver em causa noticiar algum assunto sério. Para as brincadeiras e servicinhos, o resto da maralha dá conta do recado. E também quero que ele forje uma nova geração de jornalistas, e que pelo menos um dessa fornada acredite que, apesar das evidências, vale a pena ter coragem. E quero que ele tenha uma estátua em Gondomar. Alguém está a tomar nota disto?…
Que o Correia de Campos é o meu ministro favorito. Mas isso já eu sabia.
Que o António Nunes foi ao Parlamento dizer que é português o bastante para atravessar uma rua fora da passadeira, mesmo com um fotógrafo do Correio da Manhã por perto. E que esta confissão marialva foi suficiente para apaziguar o CDS e PSD.
Que um frente-a-frente entre o Ângelo Correia e a Odete Santos é quase tão hilariante como o programa Serralves Fora d’Horas, na SIC Mulher, onde o patego do Machado Vaz e a boneca Ana Mesquita dão caloroso espectáculo. Só falta comerem-se um ao outro à nossa frente, e não vou ser eu a censurar o apetite do xaroposo professor. Já a Odete Santos estica os limites do burlesco; e o Ângelo entra na festa, soltando a franga e o galaró.
Que a mente brilhante responsável por ter juntado o Luís Delgado e o Rui Tavares, comentando a problemática da Saúde, prestou um serviço inestimável ao espectador. O Delgado personifica, hodiernamente, o conceito de mistério. Isto é, não há forma de justificar a razão pela qual alguém o convida para falar em público. A sua função é a de provar, na actual crise de epifanias com chancela da Igreja, que debaixo do Céu ainda há factos e pessoas que alcançam suspender a lógica e as Leis da Natureza. E isso não se explica: ou se adora (o meu caso), ou se foge apavorado (também o meu caso). Daí, a parelha com o Tavares foi um tremendo achado. Porque o Tavares conseguiu aquilo que talvez ainda não tenha nome, mas que consiste num desafio à própria noção de omnipotência. É conhecida a célebre armadilha para noviços, paradoxo sofístico, onde se pergunta se o Deus Todo-Poderoso conseguiria criar um abismo tão grande que nem Ele o fosse capaz de ultrapassar. Pois bem, comparado com o feito de se conseguir ter menos interesse do que o Delgado, qualquer abismo infinito se salta ao pé-coxinho. Os factos são os seguintes: o Rui Tavares abriu a boca e algo no espectador se perdeu para sempre, a sua noção de absoluto. Porque, até então, era absoluto o critério que o Delgado representava. Ele era o fim da linha, o vácuo, o zero — corrijo, o zerinho; que é ainda um zero, mas muito mais pequeno. Pois Tavares consegue criar um novo Delgado a partir do nada, o seu. Fica-se com a insustentável e dilacerante suspeita de que, se calhar, vai na volta, olha queres ver, o Delgado até terá dito alguma coisa. Porque ele era o inultrapassável boçal, agora relativizado na comparação. E Tavares obtém este triunfo com o simples poder do seu verbo. Deus que se cuide.
Que o Barreto conserva melhor a sanidade mental no registo oral do que no escrito. Que o Júdice é um ser feliz. E que o António José Teixeira também se deve estar a sentir bem.
Que o Presidente da República gozou com a ASAE. E que, acto contínuo, largou um oxímoro, também sobre o mesmo popular tópico. É Cavaco a dizer aos portugueses que isto do País não é para levar muito a sério. Se nunca foi, porque raio haveria de ser logo agora, com ele na Presidência, e quando há tantas outras coisas para fazer? Era um grande ASAE… perdão, azar…
análise hilariante, a tua.
Susana,quando a gente ri da verdade, mal vão as coisas. Eu também ri, ou pelo menos senti vontade de o fazer. Sobretudo na parte do oxiúro. (Prefiro esta forma de escrever “oxímero”.)
valupi,
Li com atenção tudo o que disseste, mas sabes como é esta coisa da televisão, passa tudo a correr e a gente não tem caneta e papel sempre à mão. Por isso diz lá outra vez, mais devagarinho para eu apanhar, a melhor parte do que viste: a que horas exactamente é que o Júlio Machado Vaz come a Ana Mesquita e onde? Se faz favor, evidentemente..
val,
…e, já agora: com a nova grelha à porta, achas que há alguma hipótese do Julio Machado Vaz passar a comer o Luis Delgado? e do Mário Crespo forjar o Rui Tavares? e de tu ficares com o Correia de Campos e eu com a Ana Mesquita?
(isto é só a gente a cumbersar, evidentemente…)
grande abraço, ó tele-espectador.
(reparaste no facies da primeira-maria quando o meu aníbal disse a piadinha? ora revê o video e põe os olhos numa verdadeira dona encrenca)
data a registar: pela primeira vez ri-me com o que escreveu. tiro-lhe o chapéu, senhor valupi. continue assim (e sem voltar a falar de cinema) que vai pelo bom caminho – o que o leva a mim.
como leitora, claro está.
A Ana Mesquita é boa todos os dias.
Eu sei que isto pode soar um nadinha trolha, dito assim.
Mas é. E um gajo deve pugnar pela frontalidade, sempre que a ocasião o proporciona.
Não creio que o dissesse assim à rapariga, de forma tão crua, mas assim já posso dizer que este post é bom todos os dias sem que duvidem do meu refinado gosto para as coisas boas da vida.
Ò Rui, eu reparei. E o mal foi a Hillary abrir o precedente…
Melhor do que ouvir as notícias é ler as notícias revistas por ti e complementadas pelo Rvn.
Achei…
Que na tua primeira lição estavas, um quase nada, inspirado pelo Pipinho Menezes.
Um gajo morre a rir ao ler estas cenas. Não partilho da tua opinião sobre o Rui Tavares, mas o lanço que tomas para lhe dar na cabeça possui, espero que o saibas, poderosas propriedades retóricas.
Rui, não estou em condições para te fornecer esse horário. Mas aceito ficar com o Correia de Campos, que me parece um bom compatriota. Tal como também tinha reparado na Maria, que até se desequilibra e quase se estatela por cima do marmoreado coberto de futuras provas para recolha dos inspectores anti-AZIA. Toma lá um grande abraço.
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Grande shark, mas que te travaria a língua na hora do encontro? Ou ainda não te deste conta que uma língua afiada faz sempre sucesso entre o mulherio?
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sininho, estou muito tentado, e disponível, para concordar contigo quanto à inspiração Menezes, só faltando mais uns pozinhos de explicação tua e já ’tá.
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Primo, o Rui Tavares é um querido, isso vai sem discussão. Mas por isso se lhe pedir algo que o Delgado não tenha na banca: inteligência e relevância. E ele não desconfiou quando lhe disseram que ia ombrear com o patareco? Mas mais, que raio tem o Rui Tavares para dizer que importe conhecer? Ontem, nada de nada.
Dei conta da valorização da língua por parte do mulherio, Valupi, mas ainda não exactamente pelo gume. É mais pela pronúncia…
E de resto, eu de política e de mulheres não percebo boi. É do domínio público. Um público restrito, claro. Mas dominador.
Pela pronúncia. Bem dezido, compadre shark.
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sem-se-ver, o teu comentário demorou a chegar, não sabemos porquê. A-ver-se não volta a acontecer ou, acontecendo, se há menos tempo de espera.
Quanto ao que me dizes, pois estou cindido. Se para rires eu tenho de chorar, por não voltar a falar de cinema, vou ter de pensar no assunto com muita calma. Olha, é mesmo com muita, muita calma. E não me leves a mal se recalcitrar aqui e ali. O vício é tramado, o maldito.
sharky,
Só agora reparei, esclarece-me, companheiro: “pugnar pela frontalidade” é o oposto de pugnar pela retaguarda, tipo posição missonária?
Primaço: perdi teu número de telemóvel. Se quiseres beber um copo logo, tenho uma certa tira para te mostrar. :-)