Ó Portucale, se fosses só quatro sílabas

O fim do caso Portucale, ocorrido com o “acórdão de 8 de junho do Tribunal Constitucional que confirma que não é inconstitucional a decisão do Tribunal da Relação de Lisboa de não admitir para apreciação um recurso do Ministério Público (MP) contra a absolvição dos arguidos em primeira instância, depois de o próprio Ministério ter pedido a absolvição dos arguidos nas alegações finais do julgamento“, passou pelo espaço público recebendo menos atenção do que aquela gerada por um auto-riquexó desvairado a caminho das Portas do Sol. Para tal contribuiu o apagamento mediático do acontecimento. É difícil encontrar a notícia e creio que será impossível encontrar qualquer comentarista que tenha botado faladura a respeito (se estiver enganado, por favor corrijam-me).

Donde vem o desinteresse, o silêncio, a apatia num dos casos mais importantes da Justiça portuguesa na memória recente? Pela tipologia das suspeitas e perfil dos arguidos, que levaram ainda à abertura do processo sobre a compra dos submarinos à Ferrostal, e, acima e antes de tudo, pelo papel contraditório do Ministério Público, não deveria aparecer agora alguém, da Procuradoria-Geral da República ou mesmo do Governo, a dar uma explicaçãozinha ao cidadão banzo com o que parece um incrível escândalo de incúria na Justiça portuguesa? Ou, não havendo escândalo nem incompetência alguma, não deveria o Estado apresentar a sua versão para o que fica pelo menos como um caricato e vexante fiasco da investigação judicial em Portugal?

Uma das razões para o marasmo neste episódio reside na estruturação política da comunicação social nacional. Nela, constata-se que não existem tablóides de esquerda, sequer independentes. O tabloidismo lusitano – cujos órgãos oficiais são o Correio da Manhã, o Sol, a Sábado e uma legião de operadores naquela que é uma factual indústria da calúnia (ou seja, ganha-se muito dinheiro na imprensa portuguesa a difamar e caluniar) – é de direita. A direita do poder pelo poder, a qual domina o PSD e o CDS há décadas. Logo, não interessa ao tabloidismo de direita fazer aos amigos o que faz quando os alvos são do PS. Outra faceta curiosa da nossa comunicação social remete para o império na posse do militante nº 1 do PSD. Não existe um império simétrico, sequer uma mísera folha de couve, propriedade do militante nº 1 do PS. Ou do militante nº 100. Ou do nº 100 000. Sempre que se agitou o papão de que o PS vinha aí para conquistar algum castelo na paisagem mediática, como se fez a respeito da TVI e do jornal i, o desfecho foi hilariante e selvagem em prejuízo dos socialistas. Nem sequer para as bandas do Rato parece haver vontade em organizar uma madraça à maneira do Observador. Finalmente, não se conhecem na RTP figurinhas da laia de uma Judite de Sousa ou de um José Rodrigues dos Santos, cuja influência e protagonismo na estação foram e são usados de forma sectária e persecutória contra o PS, que ataquem alguém da direita. Esta direita portuguesa decadente é porcalhona, cultiva o ódio e despreza o Estado de direito. Diariamente.

No entanto, seria errado reduzir o fenómeno à influência dos jornaleiros. Os factos são os factos são os factos. E é um facto que nem o sistema partidário nem a sociedade civil mostram qualquer incómodo com a injustiça nascida da nossa Justiça.

9 thoughts on “Ó Portucale, se fosses só quatro sílabas”

  1. a cricas prestou declarações falsas no processo de abate dos sobreiros, não lhe aconteceu puto, ninguém perguntou peva, foi promovida a menistra e agora chefia a capoeira.

  2. a justiça é dominada pelo lobby panasca-homofóbico e pelos sindicaleiros, a paulette é drag queen dos primeiros e a burguesia comunista controla os segundos. portanto estamos tratados para os próximos 100 anos.

  3. valupi,registo a sua preocupação pela falta de um jornal de esquerda.avance com esta ideia , e vai ver que leitores não vão faltar .basta sair duas vezes por semana.todos os jornais estão na mão da direita .os capitalistas sabem bem qual é o seu sitio e dele não se desviam. eles sabem que um jornal de esquerda dava dinheiro, mas politicamente não lhes interessa.é difícil lutar contra esta gente . alguns jornalistas até são serios e votam à esquerda,mas também sabem que numa situação de conflito com a entidade patronal, só têm outro patrão que lhe possa dar emprego,mas para isso acontecer muitas das vezes tem que baixar as calças!

  4. Com linda vista para o mar, que era mais Airbnb.

    Tá tudo controladinho. E todos satisfeitos nos preceitos institucionais desta institucionalizada imundíce.

  5. Se o lema continuar a ser à Justiça o que é da Justiça, o País continuará atado
    pela incompetência e, pelo corporativismo vigente cuja, maior representação
    são os sindicatos dos juízes e dos procuradores !??!

  6. Ficaria mais esclarecido, se em vez dum lero lero sem nexo tivesse falado do processo e dos pontos que merecem reparo e porquè.

  7. Off topic, que para além do Valupi as boas-vibrações do estágio pró Euro 2016 contagiam outros sportinguistas.

    Texto exclusivo para o Expresso: Bruno de Carvalho dá o onze e a tática para o Portugal – Áustria – Expresso
    http://expresso.sapo.pt/desporto/2016-06-18-Texto-exclusivo-para-o-Expresso-Bruno-de-Carvalho-da-o-onze-e-a-tatica-para-o-Portugal—Austria

    E se o Ze-bor-din-gue fosse só quatro sílalas jogaria em 4x3x3, artigo de um dos figurões da arca do sobrinho do visconde de Alvalade.

    Lista de 23 jogadores para o Euro 2016, recapitulando:

    Guarda-redes:
    Anthony Lopes (Lyon)
    Eduardo (D. Zagreb)
    Rui Patrício (Sporting)

    Defesas:
    Cedric (Southampton)
    Vieirinha (Wolfsburgo)
    Bruno Alves (Fenerbahçe)
    José Fonte (Southampton)
    Pepe (Real Madrid)
    Ricardo Carvalho (Monaco)
    Eliseu (Benfica)
    Raphael Guerreiro (Lorient, agora Borussia)

    Médios:
    André Gomes (Valencia)
    Adrien (Sporting)
    Danilo (FC Porto)
    João Mário (Sporting)
    João Moutinho (Monaco), que para sempre será uma maçã podre.
    William Carvalho (Sporting)
    Renato Sanches (Benfica)

    Avançados:
    Cristiano Ronaldo (Real Madrid)
    Éder (Lille)
    Nani (Fenerbahçe)
    Quaresma (Besiktas)
    Rafa (Sp. Braga)

    Eis a escolha do Mister Brutus, noto que só falta ali o Paulinho.

    «A minha escolha seria Raphael Guerreiro e Cédric Soares», as «minhas escolhas seriam Pepe e José Fonte», «William como médio defensivo, actuando nas costas de Adrien e João Mário» e «… a minha aposta seria Quaresma, Nani e Ronaldo». «A baliza não deixa dúvidas a ninguém. Patrício é o patrão, e a sua classe já evitou males maiores no jogo contra a Islândia», pois-pois.

    Como as probabilidades matemáticas ainda são o que são, o menu português do Euro 2016 incluirá certamente pelo menos um frango do Rui Patrício. Será hoje, apesar do mau jeito?

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