O patriotismo não se apregoa, pratica-se

Troika vermelha

A aprovação do Orçamento de Estado para 2016 é um triunfo que ultrapassa esta legislatura. Estamos perante uma estreia no regime. E o regime fica melhor por causa dela. Veremos o que os seus protagonistas farão com esta novidade que objectivamente está ao serviço dos principais valores que alegam defender.

Antes da votação já tínhamos visto algo que também foi uma estreia, mas essa apenas por comparação com o Governo anterior. Deu-se quando Pierre Moscovici, comissário europeu dos Assuntos Económicos, teve de meter a viola no saco e sair de cena pela esquerda baixa perante a prova de força do Governo português como resposta à sua exibição proconsular. Esse episódio marcou o fim de semanas de manobras conspirativas da neo-Troika – direita portuguesa, Comissão Europeia, imprensa portuguesa – onde se sucediam as declarações às abertas e sob anonimato a lançarem gasolina no fogaréu de um eventual chumbo europeu do Orçamento português.

Há que reconhecer como notável, algo até a pedir investigação académica, a capacidade desta direita decadente para ser obscenamente traidora e não ser punida por isso. Quem perder o seu precioso tempo a recordar como argumentaram contra a viabilização do actual Governo, e contra o actual Orçamento, vai mergulhar num berreiro que fazia dos supostos interesses estrangeiros, Europa e mercados, o critério exclusivo pelo qual nos devíamos governar. Em resultado disso, partiram furiosos para declarações chantagistas, rindo e chorando de gozo de cada vez que as taxas de juro da dívida subiam uma décima fosse qual fosse a causa. Mas muito mais escandaloso, porque muitíssimo mais grave, foi o que esta direita decadente fez para chegar ao poder e o que fez quando lá chegou. O ódio espalhado para cima dos portugueses mais frágeis, sendo que este é um país de uma classe média paupérrima, destruiu literalmente incontáveis famílias e indivíduos. Quando ministros abrem a boca para mandar os concidadãos emigrar, e quando um primeiro-ministro tem o descaramento, se não for a demência, de humilhar quem sofre por causa das suas opções políticas dizendo-lhes para não serem “piegas” e jurando que levará a destruição até ao fim “custe o que custar”, ficamos banzos com o masoquismo de uma sociedade e de um eleitorado que os aceita e pede para repetirem a dose. Este é mesmo um país que continua sob a alçada de um salazarismo cultivado pela nossa elite, a mesma que domina a comunicação social, o empresariado e o sistema de Justiça.

Parabéns a Costa, portanto e por tanto. Grandes são as expectativas para o que poderá alcançar mais.

14 thoughts on “O patriotismo não se apregoa, pratica-se”

  1. Pois é pena que em 2011 esse “patriotismo” tenha ficado apenas dentro de um SÓ HOMEM.
    Talvez por isso a questão seja: como é que ele se atreveu ?

  2. Com que então, Valupi, agora já reconheces valor e teces loas ao António Costa. É curioso! Não era a este mesmo António Costa que, antes das eleições, dizias não poder dar a tua confiança?

  3. Vamos dar tempo ao tempo.
    O Orçamento?
    Até sem orçamento a gente vai levando!
    Por enquanto só adopção e o exame dos professores e mais umas paneleirices como os meus 0.89 centimos na minha pensão e umas vagas promessas para 2018.

  4. Apreciei muito o post Valupi e as respostas que deu ao Renzo que ao fim e ao cabo não parece ter entendido nada.

  5. Patriotismo é com Caldeira Cabral com as bombas gasolineira nas fronteiras.
    São os bancos e seguros, são os porcos, são os peixes, já é tudo espanhol.
    Talvez Madrid nos queira trocar pelos bascos, e continuam os filipes, este era o V em Portugal VI na Espanha.

  6. Ó Reaça

    Atão e o tacho do Prof. Martelo ?
    O homem andou a vida toda a esforçar-se e agora era assim despromovido a Chefe dos Secretários do Terreiro do Paço ?

  7. Cito um comentário que li (e peço antecipadamente desculpa ao seu autor pelo atrevimento):
    Tenho medo de duas coisas: bêbados a conduzir e gente como esta a poder votar!!!
    Acrescento meu: quando digo “gente como esta” refiro-me, obviamente, à direitalha que pulula das redes “sociais”

  8. Considero a entrada de partidos na responsabilização pelo nosso futuro, antes (auto) excluídos, um grande avanço na nossa democracia. Estou expectante e esperançoso. Mas também preocupado pois não acreditou em milagres ou coisas fora do bom-senso.

  9. não imagino o cenario nas proximas eleiçoes.mas não me preocupo para já. desfrutar este inedito momento ,depois de vivermos 40 anos com a esquerda de costas voltadas,está a ser demais. viva a esquerda unida sempre que pode… viva.

  10. Ó toze, olha que o pcp e a sua correia de transmissão ainda não se renderam às evidências.
    Ó toze…olhe que não …olhe que não!
    E não se deve abusar do sentido da palavra “esquerda”.

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