Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão. Apenas para administração interna; o fabricante não se responsabiliza por usos incorrectos deste fármaco.
Mais queixinhas da justiça? Das escutas fascistas? Dos procuradores mauzões? Dos coitadinhos dos políticos que já nem podem chular e trafulhar com privacidade, além da impunidade?
Lá temos de recordar o óbvio:
— há cinquenta anos que esta canalha chula, rouba, goza e arruína o país, antes de sair fresca e gira para novos tachos ou para retiros milionários em Paris, no Brasil ou em Cabo Verde;
— esta canalha tem de estar sob escuta permanente, sob investigação permanente;
— todas as suas decisões, nomeações e adjudicações devem ser passadas a pente fino;
— o que tinham, o que têm, com quem lidam e falam, tudo deve ser vigiado e escrutinado;
— o mesmo para os seus colegas, sócios, compinchas e parentes até ao 3º grau.
Não gostam? É fácil: não se candidatem. Larguem o tacho, a teta, a pulhítica. Vão trabalhar!
menos presos políticos , mais políticos presos !!!!
Felipe Bastos,
Estaria assumidamente contra a sua expulsão deste espaço por duas simples razões. Primeira, porque isso não é da minha competência, o espaço não é meu; segunda, a mais importante, por motivos pedagógicos.
Obrigado, Fernando. Gosto de ser útil. Há quem nunca aprenda, mas temos de tentar.
ò Filipe , olhe que bem descreveu Maquiavel a nossa situação -:) -:)
“Por isso
nos convém, na minha opinião, para que nos sejam perdoados os velhos erros, fazer
novos erros, duplicando os males, multiplicando os incêndios e os roubos, e preocuparnos em contar para isso com muitos companheiros, porque onde muitos erram ninguém
é castigado, e as falhas pequenas são punidas, enquanto as grandes e as graves são
premiadas; e quando muitos sofrem, poucos procuram vingar-se, porque as injúrias
universais são suportadas com mais paciência do que as particulares. O fato de
multiplicarmos os males fará, portanto, com que mais facilmente encontremos perdão,”
Ó amigo Fernando, era a professores reacionários, que tomaram conta da academia, como a Irene Pimentel que se referia há dias?
Os dois bostas nunca desiludem!
«Vão trabalhar!»
Foi isso mesmo que Sócrates recomendou e quis obrigar os procuradores e juízes a fazer quando lhes cortou mordomias de férias, horários e regalias outras únicas da corporação. Ele conhecia, como eu também conheci, as excepções de benefícios e poder especiais e únicas atribuídas a juízes que já vinham do tempo dos tribunais especiais salazaristas as quais haviam servido, precisamente, para que fossem uma corporação de mansos e corruptos políticos ao serviço da ditadura, a mando da pide.
Quem estava atento reparava, à noite, no monte de “mercedes” à porta do Supremo com os chouffers lá dentro ou em grupo conversando nas arcadas enquanto os juízes se banqueteavam nos restaurantes vizinhos; ou histórias de juízes que saiam dos restaurantes, ao almoço, às cinco da tarde e tinham barrigas de 2 metros de perímetro.
Esta é uma das “maldades” diabólicas de Sócrates que nunca são referidas e que contribuíram grandemente para sua perseguição judicial.
E há, também, aquelas duas monstruosas maldades de Sócrates que os rápidos fazedores de extensas listas públicas de maldades cometidas pelo homem nunca enumeram; as obras megalómanas, mastodônticas, faraónicas e elefantes brancos do tgv e do novo aeroporto que, acertaram, foram uma ruína para o país.
«…onde muitos erram ninguém é castigado, e as falhas pequenas são punidas, enquanto as grandes e as graves são premiadas; e quando muitos sofrem, poucos procuram vingar-se, porque as injúrias
universais são suportadas com mais paciência do que as particulares.»
Sem dúvida, yo. Isto é também psicologia social básica, o efeito do espectador: quanto mais pessoas assistem a uma emergência ou injustiça, menos tenderão a agir. A difusão da responsabilidade, a inibição social, o efeito do rebanho, tudo facilita a passividade e o encolher de ombros.
O 44 assalta o país e vai gozar o saque para Paris? O Passos assalta-nos outra vez para encher amões? O Bosta traz de volta a máfia Xuxa e sai lampeiro para um mega-tacho? O Paralamento é mais casa de alterne que ‘casa da democracia’? As Câmaras de norte a sul são poços de corrupção?
A tudo encolhemos os ombros; nada podemos fazer. O regime é maior que nós, demasiado grande para ser mudado por indivíduos ou partidos. Está viciado. Só o Chega conseguiu ameaçar o equilíbrio podre do regime, o que diz muito: um comentadeiro futeboleiro, um oportunista rasca e aldrabão, é a único a motivar tanta gente. O termo ‘carneirada’ pode soar mal, mas não há outro possível.
“Justiça, Democracia, Escutas…”
As ‘palavras’ são como os ‘impérios’.
Nascem, florescem, atingem o apogeu da sua força congregadora (através do entusiasmo por ideais, projectos e utopias), decaem, e tornam-se insignificantes e morrem (deixam de ter qualquer efeito no comportamento humano).
Essas palavras (Justiça e Democracia) já não significam nada. Foram importantes desde o séc. XVII até ao início do séc. XXI. Actualmente, não valem nada.
A mudança do actual Regime (a regeneração e evolução do viver humano em sociedade) far-se-á com as novas palavras que substituirão essas. Razão pela qual o Impronuncialismo, a esse «o que há-de vir» que ainda é impronunciável, e para ajudar a provocá-lo, escreve IMPRONUNCIÁVEL.
Falar, e voltar a repetir as mesmas palavras que já feneceram na sua força, valor e significado, insistindo em permutações e combinatórias com elas, é ficar prisioneiro daquilo que já não resolve nada.
“Justiça, Democracia, Escutas” … Deitem essas palavras para o lixo.
Sejam capazes de mudar a decadência e corrupção actuais, e construir «o mundo que há-de vir».
desde o século xvi , pelo menos ,até hoje , nada mudou …o que é que o leva a pensar que a natureza humana se transmutará ? com papas e bolos se enganam os tolos -:)
“levar a pensar”
Que, antes dela houve um antes; durante ela houveram pelo menos seis espécies diferentes (e nada impede que apareçam mais); e depois dela haverá um depois. E isto apenas durante os 4,6 mil milhões de anos que dura vida aqui na nossa terr’inha.
“levar a pensar”
Que, a cada 2 horas as células do corpo são outras diferentes das que eram, num processo de cópia e recópia incessante. Sendo que, a cada ciclo que passa são inseridas pequenas mutações (e novas codificações no ADN) que acabarão por transformar o antes no depois.
Mais ainda, esse processo está sujeito à ‘autocatálise’ (moléculas com a capacidade de fazerem cópias de si mesmas) e à ‘auto-organização’ (moléculas com a capacidade do mais simples construírem o mais complexo).
E isto tudo sem qualquer intervenção ‘humana’.
Tolos/as são os que acham que ficarão sempre como são, e que a ‘natureza humana’ é zénite e o nadir do universo.
do universo social humano , é.
DEMOCRACIA, JUSTIÇA, ESCUTAS… (parte II)
Mas estes Tribunais valem alguma coisa?
Não há uma Justiça válida acima de todos os países, culturas e pessoas.
Uma Verdade, uma Justiça, e uma Moral únicas, válidas para a diversidade humana é uma ideologia, é um desígnio que motivou os napoleões, hitlers e estalines. Esse crime de normalização, colonialismo, e globalização-internacionalista liberal-comunista da pessoa humana e da soberania de cada nação tem de acabar. Essa ideologia de que há um Rei-Profeta-Deus que deve mandar em todos os súbditos, e em todas as identidades e diversidades é um fascismo inquisitorial. Essa ideologia da Verdade, Justiça e Moral única foi o que provocou o esclavagismo e o genocídio de Povos e Nações inteiras, às mãos e armas dos cruzados e dos ‘educadores da classe operária’.
José Cutileiro, que terminou o ‘secundário’ no mesmo ‘colégio Valsassina’ do que o ‘Impronunciável’, no célebre livro “Ricos e Pobres no Alentejo: uma análise de estrutura social” (1973), mostra bem como a Justiça aplicada no ‘norte de Portugal’ não podia ser aplicada com os mesmos critérios no ‘sul de Portugal’, em razão da visão-do-mundo e dos valores morais e éticos das populações humanas que habitavam esses dois lugares geográficos diferentes dentro de um mesmo país serem completamente incompatíveis, e impossíveis de conjugar e consensualizar num modelo idêntico de Verdade e Justiça.
Ora, se nem dentro de um país é possível uniformizar e normalizar a Justiça, quanto mais entre países e culturas.
Apetece acrescentar o seguinte:
— “Para José Marinho, a humanidade pensa-se necessariamente em cada um dos humanos. Daí a noção de uma universalidade singular e concreta (e não de uma universalidade globalista e internacionalista). Não havendo pensar RADICADO SENÃO NO SER-HUMANO ‘SITUADO’ (o que vive num lugar concreto, diverso, específico, identitariamente irredutível à uniformização), José Marinho parte da constatação, na sua análise do pensamento português contemporâneo, de que, entre nós como na restante Europa, a razão se cinde quase sempre em formas contrapolares: uma «razão «conceptual» («que busca a compreensão e a possível harmonia dos diversos» num pretenso lugar não-humano); e uma «razão judiciosa» (que encarnaria a grave responsabilidade de excluir como erróneo ou falso «o que ainda não é verdadeiro»). Esta separação conduziria ao distrofismo do pensamento português (e europeu); e daí, não só a controvérsia que manteve com António Sérgio, mas sobretudo o elogio de Sampaio Bruno e de Leonardo Coimbra, por, a seu ver, se manterem fiéis ao que no pensar tende a superar aquela trágica dicotomia.”
POST-SCRIPTUM: José Cutileiro (1934 – 2020). Nasceu em Évora. Estudou Antropologia Social em Oxford, e ensinou-a em Londres. Diplomata de 1974 a 1994. Em 1992 coordenou a ‘Conferência Europeia sobre a ex-Jugoslávia’. De 1994 a 1999 foi secretário-geral da ‘União Europeia Ocidental’. De 2001 a 2004 foi professor no ‘Institute for Advanced Study’ (Princeton, New Jersey, EUA).
«desde o século xvi , pelo menos ,até hoje , nada mudou …o que é que o leva a pensar que a natureza humana se transmutará ?»
O IMP já respondeu por mim: o que são 500 anos, ou até 500.000 anos, numa evolução com milhares de milhões de anos? Tudo o que pensamos certo e seguro é ilusório e transitório. A começar pela ‘natureza humana’, essa manta que cada um puxa para onde lhe dá jeito.
A sua questão faz sentido, claro, no contexto da nossa fugaz existência: poderemos não ver grandes mudanças nos 70 a 80 anos, em média, que cá estamos. Ainda assim, as coisas acontecem hoje muito mais depressa do que no séc. XVI. E devem continuar a acelerar.
Creio que essa visão ‘nada de novo debaixo do sol’ pode também ser uma zona de conforto, uma ‘cope’, como agora se diz, para lidar com o nosso inevitável desaparecimento. Mais ou menos como quem diz: já conheço este filme, posso ir-me embora que não perco nada.
‘Social’ vs. ‘Individual’?
Como um ser-humano pode ser ‘individual’ se mais de 60% do que é não lhe pertence?
Como um ser-humano pode ser ‘individual’ se “mais de metade do corpo humano não é humano, pois apenas 43% das células do seu corpo são humanas, sendo o restante bactérias do microbioma” (Ruth Ley, Max Planck Institute, 2018)?
Como um ser-humano pode ser ‘individual’ se “geneticamente somos mais micróbios do que humanos” (Rob Knight, Universidade da Califórnia/San Diego/EUA, 2018)?
Ana Anantthaswamy, em 2024, no artigo publicado na “Scientific American” escreve:
— “Outcomes in quantum mechanics depend on observations, but must the observer be human?”;
— “The math and experimental results were unequivocal about it. A particle could be in many places at once. And it seemed that the only way for a particle to go from such a «superposition» of states to a single state was for someone or something to observe it, causing the «superposition» to collapse. This bizarre situation raised profound questions about what constitutes an observation even an observer. Does an observer merely discover the outcome of a collapse or cause it? Is there even an actual collapse? Can an observer be a single photon, or does it have to be a conscious human being?”.
Esta mudança actual (séc. XXI) no modo como vemos e conceptualizamos o real e nós-próprios ocorre, tal como ocorreram as outras mudanças na evolução humana, num momento de mudança técnica e tecnológica.
Nada ficará como antes.
o Imp é transhumanista , Filipe. eu não vou nessa conversa , posso achar que seremos gananciosos mesmo com o big boom no horizonte , mas prefiro o humano imperfeito ao humano artificial.
Yo, o problema é esse. Acharmos que não mudamos, contra toda a evidência da realidade e da história.
O problema é queremos «ser», quando inexoravelmente iremos deixar de ser.
Ser transhumanista ou ser outra coisa qualquer é sempre «ser». E o problema é esse erro, de se achar que somos.
Os Alentejanos têm aquela sabedoria que vem das entranhas do tempo e da terra, ao preferirem usar sempre o gerúndio… Indo em vez de ir, sendo em vez de ser, e assim sucessivamente. Usam as palavras para se definirem a si próprios, as coisas, e o mundo como um permanente devir.
«…posso achar que seremos gananciosos mesmo com o big boom no horizonte , mas prefiro o humano imperfeito ao humano artificial.»
Às objecções do IMP acrescento: aquilo a que chamamos natural não é sempre melhor. Há muito que beneficiamos do ‘transhumanismo’ de óculos, próteses, pacemakers, tanta coisa que corrige ou melhora o que a natureza nos deu. Ainda pouco melhorámos o cérebro porque estamos ainda muito atrasados; nós é que gostamos de pensar que vivemos no fim da história. Um disparate, claro.
A ganância é apenas mais um mecanismo primitivo de sobrevivência, como a agressividade ou o medo. Quanto mais cedo ultrapassarmos isso melhor. Esse ‘humano artificial’ que a repugna pode parecer-nos uma chatice agora, mas é uma questão de evolução. Pensaremos de outra maneira.
próteses não é modificar o ser humano , nem sequer cirurgia plástica é. nada que modifique apenas o corpo o é.
modificá-lo e usar engenharia genética , interferir na actividade cerebral e implantar chips -:) dizer-lhe que emoções pode ter , o que escolher e por aí , livre arbítrio foi-se. um exército de autómatos de mente direcionada. que tédio , todos iguais.
“um exército de autómatos de mente direcionada”?
Mas isso não é “exactissimamente” o que são os que se dizem do PS e PSD (e os outros todos de «esquerda» e de «direita»), todos em rebanho, comandados pelo MP (Justiça), pelo Mercado (das sociedades anónimas e fundos bolsistas), pelos donos-das-armas, e pelo regime democrático (baseado no critério quantitativo do voto, que os faz oscilar eternamente 50%/50%)?
Não é “exactissimamente” este exército de autómatos que vai em fila às urnas, como zombies, fazer sempre o mesmo sempre com o mesmo resultado?
Para autómatos já não chega dizer chega?
«próteses não é modificar o ser humano , nem sequer cirurgia plástica é. nada que modifique apenas o corpo o é.»
É uma linha cada vez menos fácil de traçar. O cérebro faz parte do corpo.
E como disse o IMP, a carneirada é cada vez mais uniforme – nem precisa usar implantes do Gates ou do Musk para lamber-lhes e encher-lhes o rabo. O capitalismo consegue o que os mais opressivos regimes (pseudo)comunistas não conseguiram: a submissão voluntária ao rebanho.
Mais queixinhas da justiça? Das escutas fascistas? Dos procuradores mauzões? Dos coitadinhos dos políticos que já nem podem chular e trafulhar com privacidade, além da impunidade?
Lá temos de recordar o óbvio:
— há cinquenta anos que esta canalha chula, rouba, goza e arruína o país, antes de sair fresca e gira para novos tachos ou para retiros milionários em Paris, no Brasil ou em Cabo Verde;
— esta canalha tem de estar sob escuta permanente, sob investigação permanente;
— todas as suas decisões, nomeações e adjudicações devem ser passadas a pente fino;
— o que tinham, o que têm, com quem lidam e falam, tudo deve ser vigiado e escrutinado;
— o mesmo para os seus colegas, sócios, compinchas e parentes até ao 3º grau.
Não gostam? É fácil: não se candidatem. Larguem o tacho, a teta, a pulhítica. Vão trabalhar!
menos presos políticos , mais políticos presos !!!!
Felipe Bastos,
Estaria assumidamente contra a sua expulsão deste espaço por duas simples razões. Primeira, porque isso não é da minha competência, o espaço não é meu; segunda, a mais importante, por motivos pedagógicos.
Obrigado, Fernando. Gosto de ser útil. Há quem nunca aprenda, mas temos de tentar.
ò Filipe , olhe que bem descreveu Maquiavel a nossa situação -:) -:)
“Por isso
nos convém, na minha opinião, para que nos sejam perdoados os velhos erros, fazer
novos erros, duplicando os males, multiplicando os incêndios e os roubos, e preocuparnos em contar para isso com muitos companheiros, porque onde muitos erram ninguém
é castigado, e as falhas pequenas são punidas, enquanto as grandes e as graves são
premiadas; e quando muitos sofrem, poucos procuram vingar-se, porque as injúrias
universais são suportadas com mais paciência do que as particulares. O fato de
multiplicarmos os males fará, portanto, com que mais facilmente encontremos perdão,”
Ó amigo Fernando, era a professores reacionários, que tomaram conta da academia, como a Irene Pimentel que se referia há dias?
Os dois bostas nunca desiludem!
«Vão trabalhar!»
Foi isso mesmo que Sócrates recomendou e quis obrigar os procuradores e juízes a fazer quando lhes cortou mordomias de férias, horários e regalias outras únicas da corporação. Ele conhecia, como eu também conheci, as excepções de benefícios e poder especiais e únicas atribuídas a juízes que já vinham do tempo dos tribunais especiais salazaristas as quais haviam servido, precisamente, para que fossem uma corporação de mansos e corruptos políticos ao serviço da ditadura, a mando da pide.
Quem estava atento reparava, à noite, no monte de “mercedes” à porta do Supremo com os chouffers lá dentro ou em grupo conversando nas arcadas enquanto os juízes se banqueteavam nos restaurantes vizinhos; ou histórias de juízes que saiam dos restaurantes, ao almoço, às cinco da tarde e tinham barrigas de 2 metros de perímetro.
Esta é uma das “maldades” diabólicas de Sócrates que nunca são referidas e que contribuíram grandemente para sua perseguição judicial.
E há, também, aquelas duas monstruosas maldades de Sócrates que os rápidos fazedores de extensas listas públicas de maldades cometidas pelo homem nunca enumeram; as obras megalómanas, mastodônticas, faraónicas e elefantes brancos do tgv e do novo aeroporto que, acertaram, foram uma ruína para o país.
«…onde muitos erram ninguém é castigado, e as falhas pequenas são punidas, enquanto as grandes e as graves são premiadas; e quando muitos sofrem, poucos procuram vingar-se, porque as injúrias
universais são suportadas com mais paciência do que as particulares.»
Sem dúvida, yo. Isto é também psicologia social básica, o efeito do espectador: quanto mais pessoas assistem a uma emergência ou injustiça, menos tenderão a agir. A difusão da responsabilidade, a inibição social, o efeito do rebanho, tudo facilita a passividade e o encolher de ombros.
O 44 assalta o país e vai gozar o saque para Paris? O Passos assalta-nos outra vez para encher amões? O Bosta traz de volta a máfia Xuxa e sai lampeiro para um mega-tacho? O Paralamento é mais casa de alterne que ‘casa da democracia’? As Câmaras de norte a sul são poços de corrupção?
A tudo encolhemos os ombros; nada podemos fazer. O regime é maior que nós, demasiado grande para ser mudado por indivíduos ou partidos. Está viciado. Só o Chega conseguiu ameaçar o equilíbrio podre do regime, o que diz muito: um comentadeiro futeboleiro, um oportunista rasca e aldrabão, é a único a motivar tanta gente. O termo ‘carneirada’ pode soar mal, mas não há outro possível.
“Justiça, Democracia, Escutas…”
As ‘palavras’ são como os ‘impérios’.
Nascem, florescem, atingem o apogeu da sua força congregadora (através do entusiasmo por ideais, projectos e utopias), decaem, e tornam-se insignificantes e morrem (deixam de ter qualquer efeito no comportamento humano).
Essas palavras (Justiça e Democracia) já não significam nada. Foram importantes desde o séc. XVII até ao início do séc. XXI. Actualmente, não valem nada.
A mudança do actual Regime (a regeneração e evolução do viver humano em sociedade) far-se-á com as novas palavras que substituirão essas. Razão pela qual o Impronuncialismo, a esse «o que há-de vir» que ainda é impronunciável, e para ajudar a provocá-lo, escreve IMPRONUNCIÁVEL.
Falar, e voltar a repetir as mesmas palavras que já feneceram na sua força, valor e significado, insistindo em permutações e combinatórias com elas, é ficar prisioneiro daquilo que já não resolve nada.
“Justiça, Democracia, Escutas” … Deitem essas palavras para o lixo.
Sejam capazes de mudar a decadência e corrupção actuais, e construir «o mundo que há-de vir».
desde o século xvi , pelo menos ,até hoje , nada mudou …o que é que o leva a pensar que a natureza humana se transmutará ? com papas e bolos se enganam os tolos -:)
“levar a pensar”
Que, antes dela houve um antes; durante ela houveram pelo menos seis espécies diferentes (e nada impede que apareçam mais); e depois dela haverá um depois. E isto apenas durante os 4,6 mil milhões de anos que dura vida aqui na nossa terr’inha.
“levar a pensar”
Que, a cada 2 horas as células do corpo são outras diferentes das que eram, num processo de cópia e recópia incessante. Sendo que, a cada ciclo que passa são inseridas pequenas mutações (e novas codificações no ADN) que acabarão por transformar o antes no depois.
Mais ainda, esse processo está sujeito à ‘autocatálise’ (moléculas com a capacidade de fazerem cópias de si mesmas) e à ‘auto-organização’ (moléculas com a capacidade do mais simples construírem o mais complexo).
E isto tudo sem qualquer intervenção ‘humana’.
Tolos/as são os que acham que ficarão sempre como são, e que a ‘natureza humana’ é zénite e o nadir do universo.
do universo social humano , é.
DEMOCRACIA, JUSTIÇA, ESCUTAS… (parte II)
Mas estes Tribunais valem alguma coisa?
Não há uma Justiça válida acima de todos os países, culturas e pessoas.
Uma Verdade, uma Justiça, e uma Moral únicas, válidas para a diversidade humana é uma ideologia, é um desígnio que motivou os napoleões, hitlers e estalines. Esse crime de normalização, colonialismo, e globalização-internacionalista liberal-comunista da pessoa humana e da soberania de cada nação tem de acabar. Essa ideologia de que há um Rei-Profeta-Deus que deve mandar em todos os súbditos, e em todas as identidades e diversidades é um fascismo inquisitorial. Essa ideologia da Verdade, Justiça e Moral única foi o que provocou o esclavagismo e o genocídio de Povos e Nações inteiras, às mãos e armas dos cruzados e dos ‘educadores da classe operária’.
José Cutileiro, que terminou o ‘secundário’ no mesmo ‘colégio Valsassina’ do que o ‘Impronunciável’, no célebre livro “Ricos e Pobres no Alentejo: uma análise de estrutura social” (1973), mostra bem como a Justiça aplicada no ‘norte de Portugal’ não podia ser aplicada com os mesmos critérios no ‘sul de Portugal’, em razão da visão-do-mundo e dos valores morais e éticos das populações humanas que habitavam esses dois lugares geográficos diferentes dentro de um mesmo país serem completamente incompatíveis, e impossíveis de conjugar e consensualizar num modelo idêntico de Verdade e Justiça.
Ora, se nem dentro de um país é possível uniformizar e normalizar a Justiça, quanto mais entre países e culturas.
Apetece acrescentar o seguinte:
— “Para José Marinho, a humanidade pensa-se necessariamente em cada um dos humanos. Daí a noção de uma universalidade singular e concreta (e não de uma universalidade globalista e internacionalista). Não havendo pensar RADICADO SENÃO NO SER-HUMANO ‘SITUADO’ (o que vive num lugar concreto, diverso, específico, identitariamente irredutível à uniformização), José Marinho parte da constatação, na sua análise do pensamento português contemporâneo, de que, entre nós como na restante Europa, a razão se cinde quase sempre em formas contrapolares: uma «razão «conceptual» («que busca a compreensão e a possível harmonia dos diversos» num pretenso lugar não-humano); e uma «razão judiciosa» (que encarnaria a grave responsabilidade de excluir como erróneo ou falso «o que ainda não é verdadeiro»). Esta separação conduziria ao distrofismo do pensamento português (e europeu); e daí, não só a controvérsia que manteve com António Sérgio, mas sobretudo o elogio de Sampaio Bruno e de Leonardo Coimbra, por, a seu ver, se manterem fiéis ao que no pensar tende a superar aquela trágica dicotomia.”
POST-SCRIPTUM: José Cutileiro (1934 – 2020). Nasceu em Évora. Estudou Antropologia Social em Oxford, e ensinou-a em Londres. Diplomata de 1974 a 1994. Em 1992 coordenou a ‘Conferência Europeia sobre a ex-Jugoslávia’. De 1994 a 1999 foi secretário-geral da ‘União Europeia Ocidental’. De 2001 a 2004 foi professor no ‘Institute for Advanced Study’ (Princeton, New Jersey, EUA).
«desde o século xvi , pelo menos ,até hoje , nada mudou …o que é que o leva a pensar que a natureza humana se transmutará ?»
O IMP já respondeu por mim: o que são 500 anos, ou até 500.000 anos, numa evolução com milhares de milhões de anos? Tudo o que pensamos certo e seguro é ilusório e transitório. A começar pela ‘natureza humana’, essa manta que cada um puxa para onde lhe dá jeito.
A sua questão faz sentido, claro, no contexto da nossa fugaz existência: poderemos não ver grandes mudanças nos 70 a 80 anos, em média, que cá estamos. Ainda assim, as coisas acontecem hoje muito mais depressa do que no séc. XVI. E devem continuar a acelerar.
Creio que essa visão ‘nada de novo debaixo do sol’ pode também ser uma zona de conforto, uma ‘cope’, como agora se diz, para lidar com o nosso inevitável desaparecimento. Mais ou menos como quem diz: já conheço este filme, posso ir-me embora que não perco nada.
‘Social’ vs. ‘Individual’?
Como um ser-humano pode ser ‘individual’ se mais de 60% do que é não lhe pertence?
Como um ser-humano pode ser ‘individual’ se “mais de metade do corpo humano não é humano, pois apenas 43% das células do seu corpo são humanas, sendo o restante bactérias do microbioma” (Ruth Ley, Max Planck Institute, 2018)?
Como um ser-humano pode ser ‘individual’ se “geneticamente somos mais micróbios do que humanos” (Rob Knight, Universidade da Califórnia/San Diego/EUA, 2018)?
Ana Anantthaswamy, em 2024, no artigo publicado na “Scientific American” escreve:
— “Outcomes in quantum mechanics depend on observations, but must the observer be human?”;
— “The math and experimental results were unequivocal about it. A particle could be in many places at once. And it seemed that the only way for a particle to go from such a «superposition» of states to a single state was for someone or something to observe it, causing the «superposition» to collapse. This bizarre situation raised profound questions about what constitutes an observation even an observer. Does an observer merely discover the outcome of a collapse or cause it? Is there even an actual collapse? Can an observer be a single photon, or does it have to be a conscious human being?”.
Esta mudança actual (séc. XXI) no modo como vemos e conceptualizamos o real e nós-próprios ocorre, tal como ocorreram as outras mudanças na evolução humana, num momento de mudança técnica e tecnológica.
Nada ficará como antes.
o Imp é transhumanista , Filipe. eu não vou nessa conversa , posso achar que seremos gananciosos mesmo com o big boom no horizonte , mas prefiro o humano imperfeito ao humano artificial.
Yo, o problema é esse. Acharmos que não mudamos, contra toda a evidência da realidade e da história.
O problema é queremos «ser», quando inexoravelmente iremos deixar de ser.
Ser transhumanista ou ser outra coisa qualquer é sempre «ser». E o problema é esse erro, de se achar que somos.
Os Alentejanos têm aquela sabedoria que vem das entranhas do tempo e da terra, ao preferirem usar sempre o gerúndio… Indo em vez de ir, sendo em vez de ser, e assim sucessivamente. Usam as palavras para se definirem a si próprios, as coisas, e o mundo como um permanente devir.
«…posso achar que seremos gananciosos mesmo com o big boom no horizonte , mas prefiro o humano imperfeito ao humano artificial.»
Às objecções do IMP acrescento: aquilo a que chamamos natural não é sempre melhor. Há muito que beneficiamos do ‘transhumanismo’ de óculos, próteses, pacemakers, tanta coisa que corrige ou melhora o que a natureza nos deu. Ainda pouco melhorámos o cérebro porque estamos ainda muito atrasados; nós é que gostamos de pensar que vivemos no fim da história. Um disparate, claro.
A ganância é apenas mais um mecanismo primitivo de sobrevivência, como a agressividade ou o medo. Quanto mais cedo ultrapassarmos isso melhor. Esse ‘humano artificial’ que a repugna pode parecer-nos uma chatice agora, mas é uma questão de evolução. Pensaremos de outra maneira.
próteses não é modificar o ser humano , nem sequer cirurgia plástica é. nada que modifique apenas o corpo o é.
modificá-lo e usar engenharia genética , interferir na actividade cerebral e implantar chips -:) dizer-lhe que emoções pode ter , o que escolher e por aí , livre arbítrio foi-se. um exército de autómatos de mente direcionada. que tédio , todos iguais.
“um exército de autómatos de mente direcionada”?
Mas isso não é “exactissimamente” o que são os que se dizem do PS e PSD (e os outros todos de «esquerda» e de «direita»), todos em rebanho, comandados pelo MP (Justiça), pelo Mercado (das sociedades anónimas e fundos bolsistas), pelos donos-das-armas, e pelo regime democrático (baseado no critério quantitativo do voto, que os faz oscilar eternamente 50%/50%)?
Não é “exactissimamente” este exército de autómatos que vai em fila às urnas, como zombies, fazer sempre o mesmo sempre com o mesmo resultado?
Para autómatos já não chega dizer chega?
«próteses não é modificar o ser humano , nem sequer cirurgia plástica é. nada que modifique apenas o corpo o é.»
É uma linha cada vez menos fácil de traçar. O cérebro faz parte do corpo.
E como disse o IMP, a carneirada é cada vez mais uniforme – nem precisa usar implantes do Gates ou do Musk para lamber-lhes e encher-lhes o rabo. O capitalismo consegue o que os mais opressivos regimes (pseudo)comunistas não conseguiram: a submissão voluntária ao rebanho.