Nessa altura, Simão Pedro, que trazia uma espada, desembainhou-a e arremeteu contra um servo do Sumo Sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O servo chamava-se Malco.
João, 18:10
Malco recuou dois passos e ajoelhou-se. Ficou a olhar fixamente para o tufo de ervas onde o sangue da sua orelha rasgada caía como bátegas dispersas de chuva negra. A imagem dos olhos alucinados de Pedro, no momento em que avançava de espada na mão, era a única dor que sentia. As vozes à sua volta ficaram sólidas, blocos de granito ondulando em círculo. Não percebia o que estavam a dizer, não queria saber. Surgiu-lhe, radiosa, a memória daquela manhã. Tinha brincado com a filha, fizeram corridas, ele deixou-a sempre ganhar. Quando se despediu, puxou-lhe carinhosamente a orelha. Ela riu, baixando o queixinho, sedoso como os pêssegos que crescem na margem do rio Jordão. E fez-lhe uma careta com a língua de fora.
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“onde o sangue da sua orelha rasgada caía como bátegas dispersas de chuva negra”
tantos adjectivozinhos, pá… que repolhudo.
Podia muito bem acontecido assim, nao ha duvida que tem boa imaginacao!!!
Um abraco d’Algodres.
zé
Constato que te impressionou essa passagem. Revelas bom gosto.
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al cardoso
Pois um abraço também pra ti, aqui da velha Lísbia.
ouvir + sentir + ver = 1 orelha