Língua e História Pátria (Primeiro Ano do Ensino Liceal – 1952)
PARA VIVER EM PAZ
Ouve, vê e cala,
e viverás vida folgada:
tua porta cerrarás,
teu vizinho louvarás;
quando podes não farás,
quando sabes não dirás,
quando vês não julgarás,
quando ouves não crerás,
se quizeres viver em paz.
Seis coisas sempre vê,
quando falares, te mando:
de quem falas, onde e quê,
e a quem, como e quando.
D. JOÃO MANUEL (Séc. XV)
Deus me livre da liberdade
Sem verdade ou propriedade
E não fiques
Incompleto
Resolve teu rasgo de camisa fria
Teu talento sem encobrimento
Tua morte sem sofrimento
Do improviso fiz minha história
Nem do riso nem por isso
E até comi chouriço
De fumaça e em brasa
Voando sobre a asa
Mortinho por chegar a casa
Digo sem o dizer
E nem o faço sequer por querer
É vida
Ser poeta é escrever a sonhar
É morrer a rimar
É viver sem acordar
É amar sem acreditar
Vivam os reis e os pelintras
Minha gente tão distinta
E de pátria serás tu
Ou confuso nem difuso
Serás luso
Sou louco
Sou mouco
Sou pouco
Fico rouco
(bonito, pá! :)
Mao,
Não julgues que não me comoves com a tua profundidade poética propositada. Todavia, não estava nos meus planos provocar esse dilúvio.
Já pensaste na grande possibilidade de seres a reencarnação dum poeta geogràficamente deslocado, isto é, dum gajo que aprendeu português com o Marco Polo durante algumas horas, mas ele depois deu uma desculpa e disse que tinha que voltar a Génova e acabaste por aparecer noutra vida como filho dum principe argentino? Tudo pode acontecer.
Mas continua, a malta (eu) está a gostar. E não te esqueças, carapau rima com colorau. E aqui vai um meu, escrkito depois do almoço e sem dedicatória, para ver se rebento com o monopólio dos poetas com intumescências cerebrais.
A CORRIDA
A valentia do poeta
Nesta falsa corrida
É logo à partida
Não pensar na meta.
Olha o esperto
Do poeta Barnabé (também pode ser André ou Zé)
Não lhe interessa a rota
Pois está certo
Que o resto vai a pé
E ele vai de mota!.
Mas saberão tais vates
Que em corridas a motor
A pedal, ou mesmo à vela,
Quem não tiver tomates
Poderá correr perigo (e dor)
De o tomarem por donzela?
Da autoria de TT (registo 2 milhões e tal no Grémio dos Poetas).
Caro Amigo TT
Levas tudo demasiado a peito. Estes versitos foram um simples devaneio para entreter a malta.
Já agora, estás a escrever cada vez melhor.
Abraço. Fica bem!
Só mais uma coisita. Quero que saibas que fico esmagado com a tua cultura geral, a minha, nem aos teus calcanhares chega.
Mao,
Se eu algum dia te passar esse mesmo elogio sobre “cultura geral”, poderás responder-me da seguinte forma, que não me ofenderá porque ficarei um pouco mais culto:
Tivesse eu essa cultura que o senhor me imputa
… não teria andado a vida inteira a aturar tanto fulho da pita.
Abração.
TT
Feliz homem da montanha
Sábio não és como ela
Sou talvez
Um tosco do poeta
Um tronco nú
Proximo do abismo
Que faço
Aqui nunca fui
Humano dizem
(calma rapaz, nada de brincar aos abysmos que eu já estou cheio de preokupações…)
…não tinha visto que já tinham dado um abraço lá em cima. Com um amigo por perto já se pode brincar aos abysmos…