A religião, enquanto fonte de consolo, constitui um obstáculo à verdadeira fé: neste sentido, o ateísmo constitui uma purificação. Devo ser ateia com a parte de mim mesma que não é feita para Deus. Entre os homens cuja parte sobrenatural não está desperta, os ateus têm razão e os crentes não.
in A GRAVIDADE E A GRAÇA, Simone Weil
vale sim. mas isto pela aliança que existe entre religião e moral. se pensarmos em religião pura luz em oposição à escuridão da moral, o ser ateu e procurar incansavelmente a luz é ser religioso. assim como religiosamente sentir é ser ateu da razão.
(a escuridão não existe. a escuridão é apenas ausência de luz.)
não percebi pevido. demasiado profunda , tanto tanto , que não se pesca nada.
vá lá , talvez que isso de ter uma mãe e pai no céu é assim demasiado humano consolador. , muito parecido à família na terra -:) e la palisse ? sobrenatural não desperta , ateus os maiores?
oh minha! não percebo qual é atua. se não pescas, mas engoles o isco, deves estar do lado errado da cana de pesca ò andas a fazer concorrência à bécula que pensa profundo e ateia a razão com uma assinatura digna dum cadroga “a escuridão é a penas ausência da edp”.
ignatz: penso, logo sangro. :-)
oh bécula! tás bués de criativa, se eu fosse a evax emborcava o slogan de penalty, no ice.
* bill para os amigos
ice te embarcam no slogan, criativa?, e(que)vax! – bill dixit. :-)
usei escafandro , Ratinho , só podia , né ? lá vi uma coisa que parecia um peixe , mas não tenho a certeza , podia ser só uma alga.
olinda, mais uma vez, o meu obrigada, pela profundidade das suas intervencões.
olha que bom que é, Maria Rita, tu gostares e dizeres que gostas do que diz a miss, profunda e intensa, profuntensa. :-)
(agradeço eu, dares-te ao trabalho)
Será o ateísmo uma religião ou é apenas uma fé?
uma fé religiosa, TM, uma crença na procura da luz: tal e qual como sorrir a um sapo ou a um gafanhoto.
Pois é Olinda, por isso eu prefiro a dúvida e não apenas a oposição.
e entre uma dúvida e outra há, aquele punhado de tempo e dedicação que (também) é sorrir ao sapo e ao gafanhoto, o amor.
(olha, agora arrisco dizer que ter fé é ver um sorriso em um sapo ou em um gafanhoto) :-)
Ah! esse! O tal fogo que arde sem se ver… o contentamento descontente, sim, esse, a velha canção nos teus ouvidos, o que tanto dá em amigo como em amante, que faz sofrer mas mais sofre quem não o sente… pois… também já vi um sapo a rir, não uma, nem duas mas mais vezes, e, ainda hoje dou comigo a tentar vê-lo em cada momento.
sim: desse e do outro :-). o amor, aquele que acontece enquanto temos dúvidas e fazemos planos, pela(s) vida(s).
Dizia um espanhol que em tempos conheci, em profissão de fé com forte costela homofóbica, compensada à justa pelo salutar sacrilégio que também é: “Eu não acredito na existência de Deus. Mas, se acaso ele existe, então é gordo e leva no cu.”
E corrijo eu, porque o respeitinho é muito bonito: “É Gordo e leva no Cu.” O “Deus do perdão e do amor” não terá por certo dificuldade em perdoar-lhe a ele e a mim.
Dizia o mesmo espanhol, não em profissão de fé homofóbica mas sim em declaração de intenções que, essa sim, subscrevo inteiramente: “E se na realidade se provar que ele (perdão, “Ele”) existe mesmo, há que procurá-Lo sem demora e dar-Lhe um tiro nos Cornos.”
Ámen
como eu me sinto envergonhada, JC, que o deus que tu dizes que és seja um revoltado de cornos grandes, imensos, cuzinho nada frágil, que arregaça as mãos à guerra perante a diferença. muitos deus, como tu, somados, dão em terroristas apólida – egos em bombas de intenção. e o mundo precisa de olhos de amor e de tesão perante o monstro que é o Homem, que tu és.
(vá, tu consegues parar com a filhadaputice de seres um cabrão)
Francamente, nunca entendi como a ofensa gratuita às crenças de outrém poderá ser sinal de sentido democrático!
Os que tudo sabem e estão cheios de certezas por vezes são tão pequeninos que só o insulto sandeu lhes dá a impressão que são diferentes dos outros rebanhos.
cota modernaço incompreendido pela beata mirim e pelo teofilizador da dúvida disfuncional, o dascartas que se cuide.
Olinda, atrevo-me a sugerir, dado que o certificado de terrorista subversivo já foi por ti expeditamente passado, que se notifique os cabrões do costume para virem quanto antes buscar o cabrão do JC e espetarem com o gajo em Guantánamo, que é onde devem estar os terroristas sacrílegos como ele.
Parafraseando outro JC (igualmente acusado de subversão e crucificado por isso), em verdade te digo, Olinda, que só é pena que tenha passado a época dos autos-de-fé no Terreiro do Paço, gloriosos churrascos com plateias a abarrotar de “envergonhadas” almas piedosas como a tua, assistindo em êxtase ao crepitar das febras dos JC de “cornos grandes” desses saudosos tempos, involuntários contribuintes para o agravamento do efeito de estufa. Tenho a certeza, aliás, de que a própria Simone Weil não escaparia a tão purificador destino. Pobres plateias, rebanhos de almas temerosas e inseguras, grelhando bruxas, hereges, sacrílegos e tutti quanti por medo de atrair a ira e o castigo do Deus do amor e do perdão… ou seria por devoção culinária? Tens de concordar que é bué da giro, ira e castigo do gajo do amor e do perdão. E eles a morar logo ali ao lado dos aprendizes de mafarricos, cruzes, canhoto, se Deus falha a pontaria ainda lhes enfia com um corisco pelos cornos abaixo!
O “amor” com costela a puxar para o raivoso com que reages ao inofensivo direito ao sacrilégio do cabrão do JC, esse sacana abaixo de sapo ou gafanhoto, é o mesmo de que ainda ontem falava o bispo Jorge Ortiga: “A maratona deste amor levará à derrota de qualquer tipo de idolatria, superstição, secularismo, ateísmo ou indiferença religiosa”, divagava Sua Eminência (DN, 14-8-2012, p. 13). T’arrenego e te derroto, secularismo, ateísmo e indiferença religiosa, coisas de mafarricos terroristas de cornos grandes, Guantánamo ou Terreiro do Paço com eles, já! E acrescentou o prelado: “Se ontem terminaram os Jogos Olímpicos (…), porque não correr agora a maratona do amor pelas estradas da textura humana?” Porra que o gajo é palavroso, mas eu prefiro o Januário Torgal Ferreira. Esse, tenho também a certeza, não reagiria perante o que escrevi com o “amor” que me dispensaste, mas talvez com um sorriso, mesmo que lamentasse os caminhos da minha alma.
Uma coisa confirmei: há inúmeros princípios ditos cristãos que adopto sem reserva, porque apenas humanos são, mas que muitos cristãos chutam para a sarjeta à menor contrariedade. Acaso te ocorreu, quando me execraste, que a ira é um pecado capital? Em que é que o “amor de Deus”, ou simplesmente o amor, se compagina com o “amor” meio desgrenhado de uma das suas criaturas na reacção ao meu inofensivo desabafo ateu é porventura coisa apenas explicável à luz do mistério da fé, se abstrairmos do facto de essa luz estar muitas vezes ensombrada pelo negrume do medo, da insegurança e do obscurantismo.
Quando escreves “Perante o monstro que é o Homem, que tu és”, e dispensando-me embora de refutar o princípio no que a mim diz respeito, contesto-o radicalmente no que se refere ao “Homem” em geral. Essa tese de que o Homem é mau por natureza e só o temor (que não amor) a Deus lhe modera os apetites de malvadez é adoptada por demasiados cristãos para o meu gosto, mas de cristã tem muito pouco, ou o outro JC não teria dito “Deixai vir a mim as criancinhas”, esses exemplos de “work in progress” do Homem. O Homem não é bom nem mau à nascença, mas o resultado de inúmeros factores. Alguns inatos, sim senhor, mas outros não: sociais, familiares, históricos, ambientais, RELIGIOSOS, etc. Para adoptar a bondade como bússola não preciso de temer Deus ou amar o Diabo seu irmão. O princípio parece-me bom em si mesmo.
E, já agora, de religiosidade não estou eu, mafarrico de cornos grandes, livre, mas suspeito que a minha é mais inofensiva e tolerante do que a tua. Não me entusiasma a papar missas ou imaginar a Virgem esvoaçando sobre uma oliveira, mas dá-me para falar com o Sol e a Lua, por exemplo. Chamo-lhes, literalmente, irmão e irmã, rio-me da parvoeira, e reincido, e rio de novo. E também falo com os bichos. Nunca conversei com gafanhotos, mas já o fiz com um sapo, no Carvalhal, perto da Zambujeira do Mar. Chamava-lhe gordo, porque o era, ele não me respondia, quem cala consente, quase todas as noites o via e tinha um cuidado do caraças para não o pisar sem querer, em noites mais escuras. Achas que se ofendeu? E falo com as estrelas, as árvores, o mar. A este até chamei uma vez filho da puta e cabrão, por causa de uma onda inesperada com que me encharcou, todo vestido, deitado numa rocha, dormitando ao sol. Achas que o gajo me ouviu? Irá fazer uma queixa à PGR, por crime de injúria?
Post scriptum – Repara que não te chamei, a ti, Olinda, nome nenhum. Quando invectivo um Deus em cuja existência não acredito estou a esconjurar um “coiso” em nome do qual se cometem, cometeram e cometerão as mais nefandas barbaridades, um “coiso” que, quanto a mim, serve apenas para nos afastar da nossa verdadeira humanidade, da nossa potencial e natural bondade. Daí a minha simpatia pelas palavras da Simone Weil.
Mas o direito ao sacrilégio é quanto a mim, tal como o direito à heresia, um direito humano básico. Os crentes de qualquer religião seguros da e na sua fé sabem que o exercício desse meu direito não belisca em nada o seu Deus ou a sua crença e dispensam-se seguramente de me chamar nomes. E por maioria de razão os cristãos, filhos do Deus do amor, do perdão e da tolerância, que, passados os tempos negros dos churrascos, deixam para outros a moda das fatwas assassinas.
Sabes o que te digo? Vai ouvir a Kate Bush, esse mafarrico de que sei que gostas e eu também, e verás que te passa logo a vontade de me grelhar.
Teófilo M, o post scriptum da minha resposta à Olinda também serve para ti, se para ele tiveres paciência.
gostei muito, mesmo muito, JC, deste teu comentário – é disto que eu gosto de ler. e se tivesses, antes, sucumbido à tentação de seres cabrão e o tivesses escrito, a este, em vez do reles, do outro, teria sido desnecessária a minha chamada de atenção ao teu momento de filhadaputice e de cabronice do dia. mas sabes que mais? às vezes é mesmo necessário confrontarmos os Homens com, aquilo que não é insulto se é a verdade, a realidade para que tomem consciência e reflictam no que dizem, no que pensam, no que fazem. e a surpresa, a surpresa boa, é que deixam sair o melhor ao invés do gozo de exibirem o pior.
congratulo-te por isso, obrigada. e também eu estou de parabéns por ter conseguido que falasses, que te lembrasses, que fosses ao baú do tabu, de amor. estou muito feliz. :-)
isto ainda acaba em bacanal numa igreja ortodoxa com a kate bush acompanhada à viola pelo escalrracho
Camacho, Camacho não te pergunto se queres por cimo ou se queres por baixo, mas o dreito ao sacrilégio (que invocas) mas que não podes usar – pois não podes ser sacrílego, uma vez que ao insultares o que não consideras sagrado apenas incomodas, quer os que militam na fé que pelos vistos te incomoda, quer os que com a sua maneira de estar na vida entendem que a liberdade tem um sentido lato que permite que cada um goze a sua sem ofender o próximo – e o direito à heresia não é insultar quem não pensa como nós mas discordar e apresentar hipóteses alternativas.
Tanto a heresia como o sacrilégio são direitos, mas a má educação e o afrontamento gratuito são apenas maneiras de estar na vida, e, s.m.o., eu entendo que só quem tem falta de argumentos utiliza para ilustrar a limitação argumentativa.
Acredito piamente que não te enfunes se alguém te insultar ou o fizer àqueles de quem tu gostas, mas não deixo de notar que entendes que os que advigam outra fé que não a tua se dispensam de te chamar nomes, ou seja, tu insultas, mas como os outros defendem o perdão achas que deves ser perdoado!!
Estranhos critérios esses, pois que dir-se-à que pretendes que te seja aplicada a parte (boa) duma religião que detestas mas não te negas ao prazere vil do insulto gratuito porque achas que é um direito teu que os outros terão de respeitar!
Olinda, o meu comentário cabrão foi uma provocação. Um dos seus possíveis e prováveis efeitos seria o conflito (e consequente reacção) que despertaria em algumas almas, entre a doutrina que teoricamente lhes rege pensamentos e comportamentos e os limites impostos pela realidade das suas humaníssimas e contraditórias almas. Não fiquei surpreendido com as reacções e encarei-as com caridade e bonomia cristãs q.b., como me parece que percebeste. Fico feliz por também tu o estares.
Teófilo M, não consigo entender como concilias a afirmação de que “tanto a heresia como o sacrilégio são direitos” com a de que “o direito ao sacrilégio (que invocas) mas que não podes usar – pois não podes ser sacrílego”. Essa ideia de que direitos sim senhor, é tudo muito bonito, bué da democrático, mas não devem ser utilizados se incomodam a digestão ou a susceptibilidade de alguém, é coisa que não aceito.
Não me passa pela cabeça retirar ao bispo Jorge Ortiga o direito de asneirar como acima citei e cito de novo: “A maratona deste amor levará à derrota de qualquer tipo de idolatria, superstição, secularismo, ateísmo ou indiferença religiosa.” Para na mesma passada acrescentar, ou reasneirar: “E a maratona deste amor levará à derrota qualquer tipo de aborto, violência doméstica, rede de tráfico humano, segregação familiar ou da cultura da morte.” Não está nada mal, não senhor, o senhor bispo equiparar secularismo, ateísmo, aborto, violência doméstica e redes de tráfico humano.
O critério que pareces adoptar arrumaria as declarações do bispo na categoria da “má educação e afrontamento gratuito” que em mim vituperas, mas, na minha opinião, trata-se apenas do direito à asneira, outro direito humano básico. Não me passa pela cabeça retirar ao bispo o direito de comparar uma mulher que interrompe voluntariamente a gravidez, o médico e os enfermeiros que a assistem ou o ateu que eu, Joaquim Camacho, sou a um energúmeno que bate na mulher ou um criminoso que trafica seres humanos como gado. Dar-lhe rédea livre à bojarda poderá, até, ajudar a abrir os olhos a mais alguns ceguinhos. Outro galo cantará, claro, se a prática do bispo idiota começar a pôr em risco direitos de quem não se rege pelas suas crenças e não lhes deve qualquer obediência.
Dizes que “o direito à heresia não é insultar quem não pensa como nós mas discordar e apresentar hipóteses alternativas”. Primeiro, eu não insultei os que não pensam como eu, os crentes. Apenas apontei o absurdo da crença, direito igual ao que reconheço nos crentes de apontar o absurdo nos meus argumentos, sem para isso precisarem de me insultar como pessoa. Reitero que, a ser Deus o que dele dizem os vários cristianismos ou o islamismo, por exemplo, o melhor mesmo seria rifá-lo, reciclá-lo ou enfiá-lo num foguetão a caminho da terra do nunca. Em segundo lugar, não sei o que poderá levar-te a considerar que o ateísmo não é alternativa, mas olha que estás enganado. É alternativa para milhões. Acreditar no Homem e nos homens, mesmo quando muitos se comportam como insectos, acreditar que a sociedade dos homens pode ser cada vez melhor, é uma alternativa, sim senhor. E simultaneamente, não crendo num Deus defeituoso, de vistas curtas, vingativo e rancoroso, amar o universo, e os universos suspeitados, e maravilharmo-nos com o que a ciência já nos pode dizer dele, e imaginarmos infinitas possibilidades sobre o que poderá dizer-nos no futuro.
A minha liberdade acaba onde começa a liberdade dos outros, mas o meu direito ao sacrilégio não tira direitos a ninguém, muito menos o de acreditar em Deus ou no Grão-Tinhoso. Só pessoas inseguras da e na sua fé se incomodarão com os meus disparates ateus, mas receio bem que seja assim a imensa maioria do exército dos crentes: gente insegura, sempre à espera (sem a mínima hipótese de sucesso) de um sinal que lhe elimine a dúvida. A reacção que seria de esperar à minha diatribe, consequente com a doutrina, seria: “Perdoa-lhe, meu Deus, porque ele não sabe o que faz (nem o que diz).” Seria esse o espírito do cristianismo, ou pelo menos o desejo do seu inspirador, Cristo, o verdadeiro, o da Bayer. Em vez disso, o cristianismo de contrafacção só pensa em esturricar-me, ou pelo menos calar-me. Garanto-te, Teófilo, que é tarefa condenada ao fracasso.
Citando-te, caro Teófilo:
“Acredito piamente que não te enfunes se alguém te insultar ou o fizer àqueles de quem tu gostas”. Não acredites porque te enganas redondamente.
“Tu insultas, mas como os outros defendem o perdão achas que deves ser perdoado!!” Mais dois erros: eu não insultei ninguém, apenas usei uma provocação colorida para despertar contradições (o que consegui), e não acho que deva ser perdoado porque não tenho de pedir perdão por exercer um direito que é meu.
“Pretendes que te seja aplicada a parte (boa) duma religião que detestas mas não te negas ao prazer vil do insulto gratuito porque achas que é um direito teu que os outros terão de respeitar!” Mais alguns erros: não pretendo que me seja aplicada parte nenhuma dessa tal religião, nem a boa nem a má. Aliás, a religião (qualquer delas) é para mim sempre má, os bons princípios que algumas religiões professam são princípios humanos básicos, resultam da prática das sociedades humanas e as religiões apenas se apropriam deles. Também não detesto a religião, limito-me a detestar o que ela faz dos homens, convertendo-os frequentemente em escravos ou levando-os às maiores barbaridades contra outros homens. Resumindo: não há aqui qualquer “prazer vil” ou “insulto gratuito”.
Ateu dos quatro costados, não acredito na vida eterna ao lado de Deus pai ou em bacanais infernais na companhia do Grão-Tinhoso, seu irmão, mas consolo-me com a ideia de que, depois de mim, outros cá ficarão para se maravilhar com pores do sol vermelhos de horizontes em fogo, ou esboçarão um sorriso ao ouvir um melro cantar, dois cães a brincar na praia ou um bando de crianças a chilrear. E consola-me ainda saber que, mesmo depois de o sistema solar ir para o galheiro e o pobre calhau em que estamos empoleirados ficar reduzido a átomos e partículas, haverá sempre, no universo, ou noutros universos, pores do sol tão vermelhos como o nosso, ou azuis, ou verdes, e haverá também, algures, seres tão perplexos como eu, maravilhando-se com eles. E terão quatro braços e quatro pernas, sete dedos em cada mão, 20 centímetros ou três metros de altura e um cérebro com o triplo da capacidade, a pele será verde, ou azul, ou de várias cores, e terão uma cauda com que tirarão macacos do nariz, e consolar-se-ão com a ideia de que quando o planeta deles for para o galheiro haverá algures, no universo, ou nos universos, seres sabe-se lá se com apenas dois braços e duas pernas, cinco dedos em cada mão e cada pé, uns de pele rosada, outros meio amarelados e outros ainda pretos ou castanhos, maravilhando-se por igual com pores do sol vermelhos de horizontes em fogo.
Onde entra, nesta equação, a tese de que Deus fez o homem à sua imagem e semelhança é coisa que me escapa, mas estou certo de que a padralhada, se um dia for necessário, inventará elasticidade suficiente para a adaptar.
ganda lençol gótico para justificar uma provocação que afinal era um acto de fé mal aviado. é desta que a bécula entra em transe cataléptico e o teofilo arrebenta a motherboard.
JC, os teus propósitos interessam para nada. não metas é no mesmo saco bom senso e visão holística do mundo e direito à diferença e amor com cristianismo e catolicismo porque às tantas isso dá em preconceito cabrão. e já explicaste que foi apenas presunção e água benta. :-)
É bonito o teu aramaico, Amiga Olinda, mas não catrapisquei a ponta de um chavelho. Sorry…