«The third realm, finally, in which we move and live together with other people — the realm of privacy — is ruled neither by equality nor by discrimination, but by exclusiveness. Here we choose those with whom we wish to spend our lives, personal friends and those we love; and our choice is guided not by likeness or qualities shared by a group of people — it is not guided, indeed, by any objective standards or rules — but strikes, inexplicably and unerringly, at one person in his uniqueness, his unlikeness to all other people we know. The rules of uniqueness and exclusiveness are, and always will be, in conflict with the standards of society precisely because social discrimination violates the principle, and lacks validity for the conduct, of private life.»
Hannah Arendt
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Pertenço àquele grupo de malucos que não acha reprovável viver com dinheiro emprestado. Sei disso porque não acharia reprovável que um amigo, ou mais do que um, vivesse à custa do dinheiro que eu pudesse emprestar – sendo que já recorri a amigos por carência financeira em várias ocasiões. Sou até capaz de apostar 10 euros em como essa será uma prática usual entre amigos desde a invenção do dinheiro, os empréstimos. E mesmo sem o vil metal na equação, há muita outra coisa que dá para emprestar entre amigos; honi soit qui mal y pense. A parte do ser maluco está em assumir essa ideia no discurso público, e a parte do grupo tem a ver com o Arons de Carvalho, pois com ele já somos dois.
Os ditos empréstimos de Carlos Santos Silva a Sócrates são justamente alvo de censura moral colectiva, do meu ponto de vista, apenas e só por estarem a gerar uma dúvida legítima quanto à sua licitude. Essa dúvida decorre da racionalidade e toma inevitavelmente a forma de uma suspeita a obrigar a investigação judicial. E o processo respectivo, pelo simples facto de existir, é danoso em diferentes planos da avaliação da responsabilidade de Sócrates. Aqui só lidamos com a dimensão moral.
Os mesmos supostos empréstimos causaram problemas éticos a um conjunto indeterminado de pessoas que, também com plena razão, se sentiram traídas por Sócrates não ter partilhado com elas essa situação. Como não o fez, elas não puderam escolher afastar-se dele ou protegerem-se calhando reprovarem esses actos ou temerem pela sua segurança (devassa da privacidade, calúnias). Trata-se de uma questão ética por implicar uma proximidade vivencial que nasce da liberdade de cada um e onde se estabelecem responsabilidades mútuas nessa esfera, mas não tem de se relacionar com nenhum conceito moral.
Finalmente, a publicitação da existência desses alegados empréstimos despertou uma imparável exploração política desde o início do processo, a qual tomou proporções avassaladoras desde a semana passada com as declarações de altos responsáveis do PS a respeito dos problemas de consciência que a “Operação Marquês” causa ao partido. A política em causa é a partidária e tribal, onde o sectarismo e as dinâmicas do ódio enchem de energia a retórica inflamatória e castigadora usada. Porém, há lógica militar no alarido, pois o que se pretende é fragilizar o PS. Derrubada uma muralha, o silêncio institucional do PS sobre o caso antes de ele ter um desfecho judicial, agora o próximo objectivo é a caça ao escol socialista na tentativa de substituir a boa moeda pela má. Se conseguirem provocar o afastamento de algum “socrático”, é menos um recurso de qualidade que terão de enfrentar. Se os alvos resistirem, farão pontaria a Costa por estar a manter “corruptos” nos seus Governos e equipas partidárias. Em qualquer dos casos, é só vantagens para a direita decadente. Ficaremos a conhecer tudo acerca de Rio neste contexto – porque não haverá uma terceira via: ou alinha com os pulhas ou lhes fará frente, os mornos serão vomitados.
Provavelmente (sei lá), mais de 90% dos estudantes universitários seria incapaz de distinguir a esfera moral da dimensão ética, a começar logo pelo facto de ser uma distinção teoricamente questionável onde a semântica se mescla. Na destrinça que aqui faço, a moral corresponde ao domínio social e seu conjunto de normas, explícitas e implícitas, que identificam e regulam o comportamento aceitável e inaceitável numa dada comunidade. Quem nasce, se nascer humano, nascerá concomitantemente nalgum contexto cultural que inclui uma qualquer codificação moral mais ou menos cristalizada, mais ou menos plástica, e sempre mutável no espaço e no tempo. A ética pertence ao reino das relações privadas, nas quais a liberdade é a única lei. Ora, quando a política não passa da luta do poder pelo poder, as categorias morais e éticas são usadas como armas de arremesso. Os fins passam a justificar os meios e os assassinatos de carácter aparecem como a mais recorrente táctica de ataque político. Porquê? Porque é cognitivamente económica (fácil e rápida) e porque é fonte de recompensas hormonais (testosterona, dopamina e serotonina). Tentar destruir a reputação do adversário é um automatismo que define a baixa política. Esta práxis reduz-se à produção de insultos e calúnias, e o político reduz-se ao animal.
A problemática do dinheiro usado por Sócrates vindo de Carlos Santos Silva não é uma questão política antes da decisão judicial final sobre o caso. Se estivermos perante um caso de corrupção, essa descoberta levantará um problema político inaudito no regime. Se estivermos perante um caso de abuso da Justiça, a qual terá inventado uma acusação sem provas, essa descoberta igualmente levantará um problema político inaudito no regime. Constatar que Sócrates mentiu na esfera moral e na esfera ética não equivale a declarar que mentiu na esfera política – mesmo que haja consequências políticas das mentiras nos planos moral e ético. O máximo a que se pode chegar é à constatação de haver uma perturbação cívica a carecer de reparo judicial.
O que neste momento há para dizer sobre a responsabilidade política de Sócrates na temática da corrupção é isto: ao seu Governo se deve o reforço de instrumentos, legais e materiais, que permitiram essa muito maior capacidade de investigação da corrupção que o Ministério Público exibe nestes últimos anos. Tão eficaz foi essa produção legislativa que o próprio responsável político máximo por ela nela foi apanhado e logo metido no chilindró.
O Discurso que eu devia ter feito na noite em que prenderam José Sócrates e não fiz.
«Não há duas maneiras de dizer isto aos portugueses : a prisão de um ex pm sob suspeita de corrupção enquanto pm , não é um problema do foro privado do indiciado nem sequer um problema da justiça. Como não há governos de um homem só, não há como presumir a corrupção de um pm sem cobrir com o mesmo manto de suspeição todo o seu governo. Ora esse governo era do PS, era constuido maioritáriamente por militantes do PS , militantes esses que continuam na actividade politica.
O PS é um partido central no nosso sistema politico. É obrigação do SG a defesa intransigente do bom nome do PS. Assumo essa obrigação. E é nessa condição que faço uma exigência e uma declaração politica.
A exigência è à Justiça. O PS exige da Justiça uma de duas coisas: ou a acusação imediata, abrangente e fundamentada em factos e provas, ou o arquivamento com demissão incondicional de todos – sublinho: todos – os responsáveis envolvidos no processo.
Enquanto tal não acontecer, os deputados eleitos pelo PS suspenderão todas as funções no Parlamento, e o suspensão essa que será extensivel a todos os restantes Orgãos de Soberania onde haja um representante socialista.
Disse.»
…e hoje, outro galo cantaria!
OBVIAMENTE.
Mas para isso seria preciso que António Costa fosse muito homem, e não é.
Nem ele, nem o resto do bando.
E sim, a forma como se comportaram foi a de um bando, o que muito envergonha homens como Mário Soares e mulheres como Maria Barroso.
Isto sim, é a máxima VERGONHA do PS.
Muito bem, António – O Costa. Nem mais nem menos. A diferença entre essas linhas e tudo aquilo que foi dito e feito nos últimos anos chama-se cobardia.
Mário Soares fez e disse tudo o que podia na sua condição de figura afastada do Executivo Partidário.
Mostrem-se vídeos e suas fortes palavras pré-monitórias do desenlace actual.
O cataclismo que se avizinha deste ps de letra minúscula só tem que ver com cobardia e falta da grande visão política e de cidadania que sobrava a Mário Soares.
Deixaram um Camarada à mercê da matilha pensando que seu sangue bastaria.
A voragem dos vampiros é insaciável como já estamos a perceber.
Grande lição José Sócrates está a dar ao país pondo a nu o baixo nível do debate desta gentalha que ocupa instituições, meios de comunicação, parlamento, ambientes privados, famílias num perigoso alastrar de mau exemplo aos jovens.
Os jovens dirigentes do ps mostram a falta que lhes fez privar com Mário Soares.
Nem seu filho sobra!!!
Quanto a Fernanda Câncio lamento ver a lama onde resolveu banhar-se quando poderia ser uma Deusa.
ANTÓNIO – O COSTA e Jasmin. Dixit.
O QUADRO HONRA É UMA HONRA.
É bom estar em excelente companhia.
VALUPI sabe desafiar.
A extrema-direita está louca. Olhem para isto escrito por uma criatura de nome Miguel Pinheiro:
«Mesmo que o Ministério Público não consiga provar as acusações em tribunal, mesmo que ele seja absolvido, depois de tudo o que se passou nos últimos dias Sócrates ficará na história como um corrupto, como um mentiroso, como um venal. Só lhe resta, portanto, uma saída: contar tudo. Se, de facto, José Sócrates é aquilo que o Ministério Público diz, então conhecerá muitíssimo bem os subterrâneos do regime. Quem recebeu o quê? De quem? Em troca de quê? Nomes, nomes e mais nomes.»
Para este energúmeno mesmo que Sócrates esteja inocente e seja absolvido pelo tribunal ficará na história como um corrupto, e por isso a solução para se redimir será transformar-se num bufo.
INQUALIFICÁVEL. Mas é com isto que eles sonham. Estão capazes de lhe oferecer a delação premiada.
Já agora a definição de um estadista por Ortega y Gasset.
O homem de Estado deve ter o que chama de “virtudes magnânimas” e não as “pusilânimes”. Honoré de Mirabeau é tomado como arquétipo do político. Ortega, porém, alerta que um arquétipo (aquilo que é) não se confunde com um ideal (aquilo que deve ser). Isto porque a confusão entre arquétipo e ideal levaria a pensar que o político, além de bom estadista, deva ser virtuoso, o que, para o autor, seria um equívoco.
Normalmente ocorre o estadista ser incompreendido. Ao preocupar-se com o longo prazo, toma decisões impopulares no curto prazo, enquanto a maioria dos políticos preocupa-se com resultados imediatos de suas ações. Ortega y Gasset detalha o raciocínio:“o indivíduo com uma missão criadora (o magnânimo) é radicalmente diverso do indivíduo sem missão alguma (pusilânime). Virtudes convencionais (honradez, veracidade, escrúpulos) não são típicas do político, que costuma ser propenso a certos vícios – desfaçatez, hipocrisia, venalidade”.
“o estadista preocupa-se com a próxima geração, o político com a próxima eleição”.
Vivemos numa sociedade de puritanos de meia tigela de inspiraçao salazarista e quem não actuar de acordo com as mascaras reconhecíveis é dizimado. O Coelho eram as ferias na Manta Rota e o andar em Massamá, o Costa é a santidade, sinal de despojamento. Que alguém seja verdadeiramente um dandy (que não é o caso de Socrates) ou assumidamente e verdadeiramente aquilo que é, vaidoso por exemplo, é suposto ser crime. Os media projectam uma ficção da vida politica, baseada na propaganda. Um qualquer PM é e sempre será o primeiro mentiroso de um qualquer pais….(bem excepção feita a Portugal em que é o PR) por necessidade dos próprios media. No fim resta a competência onde as mascaras não podem fazer muito e aí já todos sabemos quem é quem.
Muito bem Joe Strummer
E é por isso que os filhos e netos dos que hoje atiram pedras a Sócrates amanhã vão fazer-lhe uma estátua.
Só para dar um exemplo: quando a seca apertar só mais um bocadinho as barragens “faraónicas” e “corruptas” serão louvadas como providenciais, aliás já começaram a ser … este ano.
Pois Jasmin e a falta que o aeroporto já faz!
Caro Valupi,
Quero começar por o felicitar pelo excelente exercício de destrinça do “caso Sócrates” nos seus diversos planos: moral, ético, político e judicial. Foi muito útil para mim, em particular, a destrinça entre os planos ético e moral, e entre estes e os restantes (é uma área que não domino).
Tenho algumas discordância pontuais: por exemplo, quando refere tratar-se de uma “prática usual entre amigos … os empréstimos” ignorando a dimensão do valor emprestado, conjugada com o meio utilizado (dinheiro vivo), com o método (como era solicitado e entregue), com a total informalidade (não foi capaz sequer de quantificar o montante total), ou com o propósito (não vejo como pode ser enquadrado na categoria da “carência financeira”).
Dito isto, tenho mais dificuldade em limitar os empréstimos apenas à dimensão moral.
Mas esta não é a minha discordância de fundo.
Essa prende-se com o facto de, se percebi bem, excluir a dimensão moral e ética de qualquer análise ou julgamento político. Enquanto cidadão eleitor, individualmente, não acho descabido incluir nos meus julgamentos políticos (de agentes políticos) dimensões éticas e morais. Desde logo porque escolho pessoas que me representam, que decidem por mim, e nesse sentido essas duas dimensões também me são relevantes.
A mesma lógica aplica-se, a meu ver, aos próprios partidos. Quando um partido se apresenta como Democrata Cristão ou Libertário, por exemplo, está também a apelar a essas duas dimensões. Daí que, a meu ver, faz sentido uma análise que incorpore elementos éticos e morais na avaliação que um partido faz sobre os seus militantes. Nomeadamente quando cumpre o seu papel no sistema democrático seleccionando-os como seus candidatos ou para ocupar cargos executivos.
E, por maioria de razão, acho que há lugar à análise nestas duas dimensões no combate político entre partidos.
Por isso é que, do meu ponto de vista, a conclusão do julgamento judicial não é condição essencial para que possa haver julgamento público na dimensão política.
Até este ponto não incluí qualquer consideração sobre a questão da corrupção, essa sim ligada à dimensão judicial. Concluído o processo judicial, qualquer que seja o sentido da decisão, haverá um novo elemento a acrescentar ao julgamento na dimensão política.
Mas ainda assim, a meu ver, a forma como a questão da possível corrupção será incorporada no julgamento político não será (não deverá ser) automática: uma absolvição na justiça não impede que um julgamento político individual (o meu ou o seu) incorpore uma convicção individual contrária à decisão judicial, ainda que sustentada nos mesmos factos.
Bravo, Joe Strummer!
Concordo consigo, já todos sabemos quem é quem,e felizmente nuns casos e infelizmente noutros, as surpresas são muito poucas!
Caro Anónimo das 22h22
Não sou o Valupi mas em relação a este pedaço:
“… por exemplo, quando refere tratar-se de uma “prática usual entre amigos … os empréstimos” ignorando a dimensão do valor emprestado, conjugada com o meio utilizado (dinheiro vivo), com o método (como era solicitado e entregue), com a total informalidade (não foi capaz sequer de quantificar o montante total), ou com o propósito (não vejo como pode ser enquadrado na categoria da “carência financeira”).
Faço questão de lhe responder com uma citação de um clássico:
“Pobre não é aquele que tem pouco, mas antes aquele que muito deseja” – Séneca
… E com a certeza de que neste mundo tudo é relativo, e que o dinheiro é o mais relativo de tudo !
Opção 1 – para um tipo que tem 50 000 000 euros (50 milhões) no banco emprestar (ou dar) 2 000 000 euros (2 milhões) a um amigo do peito, é exactamente a mesma coisa que …
Opção 2 – para um tipo que tem 50 000 euros no banco emprestar (ou dar) a um amigo 2 000 euros.
Agora escolha a opção que se aplica ao seu “mundo” e pense na verosimilhança a partir daí.
anonimo, fazes muito bem em misturar a moral e a ética com a política se estás para aí virado. Mas vais perder o teu rico tempo se pretenderes ter os melhores governantes.
Valupi,
– Todos querem ter “os melhores” governantes, temos é diferentes critérios de avaliação, diferentes avaliações em cada critério, e diferentes ponderações entre critérios
– Eu quero não só ter “os melhores” governantes, mas os que melhor me representem (incluindo nas dimensões éticas e morais)
Duvido que alguém faça avaliações políticas de governantes sem incluir dimensões éticas e morais. Só mesmo em tese.
anónimo, concordo contigo, e verso sobre essa misturada no texto acima. A moral é uma forma de política, nisso em que regula a vivência de uma dada comunidade. O mesmo pode ser dito das religiões, as quais produzem a sua moral e esta ordena o espaço social onde tiver influência.
Mas, aqui entre nós que ninguém nos lê, que te importaria que o melhor cirurgião do mundo fosse também um ladrão de chocolates nos supermercados caso precisasses dos seus serviços? Se o roubo de chocolates for muito chocante, imagina que ele vivia de empréstimos de um amigo. E depois aplica o caso à política.
Estou só a distinguir planos, pois o que está a acontecer com a Operação Marquês é algo que só traz prejuízos para o País, aconteça o que acontecer. Nesse sentido, Sócrates é o primeiro responsável por estarmos a passar por isto. E isso, que é moral, tem inevitavelmente consequências políticas. Por exemplo, não se acredita que ele volta a ter uma qualquer actividade onde represente o Estado. Dito isto, e olhando para o caso de Isaltino Morais, tudo é possível.
Caro Valupi,
Só mais uma achega ao meu último comentário, para clarificar: se Manuel Pinho confirmar que recebia as transferências que vieram a público, mas não houver enquadramento legal que justifique um processo judicial vais eliminar esse facto do teu julgamento político de Manuel Pinho no caso (hipotético) de ele se candidatar a um cargo público?
Eliminavas esse facto do julgamento político o partido político que o propunha como candidato?
claro , claro , é como ali o cura da minha paróquia : como dá muito bem missa , apesar de ser um bêbado que assedia gajas, vai tudo na mesma ajoelhar-se na igreja para ele lhes dar a comunhão e o sermão.
que piruetas , e em pontas , my god, parece a morte do cisne e tudo .
Valupi
“Nesse sentido, Sócrates é o primeiro responsável por estarmos a passar por isto”.
O homem é lá responsável pelos conflitos produzidos na cabeça dos outros pela moral alheia !!!
Cada um que resolva os seus fantasmas. Essa àgora!
“que te importaria que o melhor cirurgião do mundo fosse também um ladrão de chocolates nos supermercados caso precisasses dos seus serviços? ”
Essa é fácil, não me importava nada. Mas:
– há evidentemente níveis de inclusão e exclusão (patamares mínimos e máximos) nos critérios de avaliação que cada um utiliza: roubar um chocolate … (podias ter tornado a resposta mais difícil)
– a dimensão política da relação de representação vai muito para além da prestação de um serviço a troco de uma remuneração;
Jasmim, o plano da responsabilidade de Sócrates não é só moral, é também judicial e político. Ele sabia que algo como isto que se está a passar poderia acontecer caso fizesse o que andava a fazer. E, apesar disso, escolheu fazê-lo. Logo, se não o tivesse feito não poderia existir a Operação Marquês e todos os abusos e violências que originou.
O caso Isaltino Morais é bastante interessante porque:
– demonstra que, tal como eu referi, que as convicções individuais sobre culpabilidade se podem sobrepor ao resultado do processo judicial no plano do julgamento político;
– que, na prática e em alguns casos, o julgamento político podia até ter ocorrido antes da conclusão do processo judicial, não tendo por isso de esperar pela sua conclusão;
– que isso até pode ser aceite se considerarmos que uma decisão judicial pode ser revertida em diferentes instâncias quando analisada por diferentes juízes (no final, para efeitos de aplicação da pena só poderá haver uma decisão, mas para efeitos de julgamento político isso não é relevante);
– no limite, Isaltino Morais poderia ser condenado em várias instâncias para a última instância decidir que o crime tinha prescrevido (prescrito?): como incorporar uma decisão desta num julgamento político, quer por parte de um eleitor como por parte do partido onde milita?
Conclusão. A meu ver o julgamento no plano político não exclui elementos de apreciação nos planos morais e éticos, nem está ligado diretamente ao julgamento judicial (no resultado e no momento do processo em que pode ocorrer). Por isso, a meu ver, não faz sentido aguardar pelo fim o processo judicial para iniciar o julgamento político.
anónimo, se vais iniciar o julgamento político antes do desfecho do julgamento judicial, o que estarás a fazer é a reduzir a política à moral. Não digo que tal seja ilícito, sequer incorrecto, e acrescento que para a enorme maioria será inevitável, mas não deixará de ser o que é.
É mais fácil apanhar um mentiroso que um coxo.
Este “anómimo” que acima andou a forcejar uma “conclusão” determinada e pré-concebida, dando-se ares de estar a teorizar ou filosofar para criar um fundamento quando, na verdade, apenas tentava arranjar pretexto argumentativo para rematar com a sua “conclusão” coxa.
Coxa porque, querendo justificar as actuais acusações dos pàfiosos acaba propondo o julgamento político tout court de Sócrates e, nesse plano, era interessante que viesse explicar os erros (pode chamar-lhe maldades) políticos da governação de Sócrates.
Apenas um aviso, não vale a pena vir falar outra vez dos invisíveis projectos megalómanos do TGV e Novo Aeroporto que, infelizmente, não se fizeram e vamos ter de fazer e pagar com língua de palmo além da piscina de milhões que perdemos por não os termos feito no tempo certo.
Facilito-lhe o rol de assuntos da governaçao política:
Aposta na ciência e tecnológicas
Novas Oportunidades
Alqueva
Sines, refinaria
Fábrica papel Portucel
Mobilidade eléctrica
Energias limpas, barragens, aerogeradores (ventoinhas chamavam-lhe os ignorantes jornalistas), painéis solares
Magalhães, computador
Apoios de sobrevivência (a titulo de formação), após desencadear da crise mundial 2008, às indústrias automóvel, calçado e outras menores
Requalificação do parque escolar
Simplex, simplificação por computadores contra papelada
Como estou citando de memória, certamente, está-me flhando algum assunto mas o “anónimo”, esperto como quis demonstrar que é, pode investigar tudo e falar de tudo com fundamento sério, espero.
Valupi
E se o poder judicial (MP, juiz de instrução, PGR) tivessem agido dentro do seu escrupuloso dever cumprindo a Lei ?
E se as instituições da República (PR, AR, Governo) tivessem exigido do poder judicial o escrupuloso cumprimento da Lei ?
E se todos os partidos políticos tivessem colocado a ética e a moral acima das suas sórdidas disputas de poder que só a eles interessam mas não interessam nada ao país ? Um bando de cobardes, sem espinha dorsal. E muitos um bando de pulhas !
E se a comunicação social (denominado 4º poder) tivesse cumprido a sua verdadeira função social sem desvios de natureza venal ou mesmo criminosa ?
E se não existisse neste momento um conluio entre 2 poderes (judicial e comunicação social) para condicionar e derrubar o poder político (legislativo e executivo), único poder eleito pelo Povo ?
E se nós não fossemos actualmente uma sociedade amorfa, sem participação cívica, sem consciência das coisas que verdadeiramente importam, enfim profundamente DOENTE ?
NADA DISTO ESTARIA A ACONTECER.
Não metas a culpa de tantos em cima de um só homem. Isso também é cobardia.
Chegados a este ponto, o homem, ainda que tivesse feito alguma coisa de censurável (com crime ou sem ele) já é neste momento muito mais vítima dos outros que o acusam e julgam, do que culpado de alguma coisa.
Tal como escreveu esta semana o Arnaldo Matos, num texto bastante contundente particularmente para o PS, o processo de Sócrates deve ser NULO, tais as ilegalidades (em quantidade e gravidade) exercidas pelo Estado sobre o arguido, e não há outra saída digna da Justiça senão o arquivamento de semelhante monstruosidade.
Recordemos que tudo começa na investigação de um “crime” que não existe no ordenamento jurídico português: o enriquecimento ilícito. Daí prossegue para uma investigação a uma pessoa para ver se encontram algum crime que realmente exista no código e pelo qual o possam acusar. Para tal avançam para uma prisão preventiva ilegal com duração de quase 1 ano … e findo o prazo não o acusam. Prorrogam o prazo inúmeras vezes como se não houvesse Lei ….e pelo meio uma máquina de campanha mediática de linchamento público em massa.
Vamos agora discutir ÉTICA e MORAL, Valupi ?
Muito bem. Mas a ética e a moral de quem ? de Sócrates ? ou do pelotão de linchadores?
E a tua moral e ética ficam exactamente onde e com quem ?
A minha moral é esta:
– Partilho da opinião do Arnaldo Matos e o homem está ABSOLVIDO.
Concordo com o Anónimo. O julgamento político pode e deve ser feito em qualquer altura. Mas só pode ser feito de uma maneira – através do voto livre. A lei da ficha limpa, no Brasil, ao impedir a candidatura de cidadãos com condenações em processo judiciais, transferiu a soberania do povo para os juízes, interrompendo a democracia. Qualquer pessoa deve ter o direito de votar no candidato que considera melhor defender as propostas políticas com que se identifica, inclusive se este estiver na prisão.
A academia e a comunicação social estão dominadas por afiliados do passismo ou do Bloco de Esquerda. Acho que um balanço comparado sério das políticas dos Governos de Sócrates e de Passos ainda está por fazer. Gostava de ver quantificado, por exemplo, o significado económico dos programas enumerados pelo Neves , comparado com os lucros que chineses e franceses já arrecadaram e vão arrecadar nos próximos anos com os activos que lhes foram entregues.
Jasmim, nada disso que trazes se liga com o argumento da responsabilidade primeira de Sócrates. Ele, na ordem do tempo e enquanto decisor na sua vida privada, poderia ter evitado o que temos entre mãos chamado Operação Marquês. Reconhecer isso não apaga a consciência das restantes e subsequentes responsabilidades.
Vires para este blogue carimbar-me como cobarde só diz de ti e da tua alucinação.
Valupi,
Se não fosse a Operação Marquês seria a Operação Marquesa. Onde estão milhares de horas de escutas de das centenas de cidadãos que também fizeram transferencias ao abrigo do RERT? Quando se observa o arremesso do poder destruidor da máquina judicial sobre um indivíduo, não sobre crimes, em parceria com agentes sórdidos da comunicação social, explorar considerações morais sobre actos do visado é participar na tirania.
A alegre leveza com que mergulhas de cabeça na clonagem da argumentação de juízes que justificam, ou pelo menos explicam, uma violação com o comprimento da saia ou generosidade do decote da vítima não cessa de me espantar, Valupi. Desgraçada, ordinária, pôs-se a jeito, tinha obrigação de saber que, na coutada do macho latino, o glorioso garanhão não deve ser provocado, dada a naturalíssima dificuldade que tem em aguentar a bisnaga sossegadinha dentro da braguilha. Coitada da família e amigos da leviana criatura, vejam bem a vergonha que foram obrigados a passar.
“[a] responsabilidade primeira de Sócrates. Ele, na ordem do tempo e enquanto decisor na sua vida privada, poderia ter evitado o que temos entre mãos chamado Operação Marquês”, Valupi dixit.
“Enquanto decisor na sua vida privada”, ao não ter previsto e “evitado o que temos entre mãos”, José Sócrates foi ingénuo, parvo, burro ou estúpido, ou tudo isso ao mesmo tempo. Se o tivesse previsto, porém, nada disso teria sido. O que é que criticas no homem, afinal? A ingenuidade, a parvoíce, a estupidez e a burrice? O não ter adivinhado a dimensão da monstruosa falta de escrúpulos e sem-vergonhice a que as máfias político-mediático-jurídicas estavam dispostas a ir?
E que porra vem a ser essa de “o que temos entre mãos”? E o que ele, José Sócrates, tem entre mãos? Acaso já pensaste a sério no que tem “entre mãos” uma pessoa que numa sociedade normal, num país normal, de acordo com todas as expectativas, tinha pela frente uma vida desafogada e confortável e, em vez disso, tem o presente e o futuro completamente arruinados, a todos os níveis? Que tem a vida completamente destruída, nos planos económico-financeiro, social, profissional e sei lá em que planos mais? Como podes tu atirar um grão de areia que seja a alguém que está no chão há meses e anos, 24 horas por dia, todos os dias, a levar pedrada e pontapé de todos os pontos cardeais? Causa-te incómodo, isso? Pois também me causa a mim. Mas porque não experimentas, durante dois minutos, fechar os olhos e comparar o teu, meu, nosso incómodo com o dele, porque não tentas imaginar-te no seu lugar, a aguentar o que ele tem aguentado só porque foi ingénuo, parvo, burro e/ou estúpido, não consultou o boletim meteorológico e não adivinhou o temporal de merda que sobre ele se abateria um dia? Nem ao Cavaco ou ao Passos Coelho, criaturas para mim absolutamente desprezíveis, eu admitiria que fizessem o que estão a fazer a este, porra!
Joaquim Camacho.
Reverencial aplauso.
Um ser humano, um nosso com- cidadão. Gera desmedida angústia vestirmos sua pele.
Mete pena a forma como julgas poder iludir com uma mixordia intragavel de conceitos (base para a tua ranhosa distinção entre moral e ética ?) que apenas pode ser comprada por tristes que perderam completamente o norte. As pseudo-questões que levantas são de muito facil resolução.
1. Onde esta a questão politica ? O Socrates não é candidato a nada, não apoia nem se opõe a nenhuma iniciativa politica que se prenda com a actualidade. O partido a que ele pertenceu lidera o governo e ele ja não pertence a esse partido. Conclusão : ha questão politica apenas para quem deseja à força que assim seja, primeiro, a direita rançosa que esta na mo de baixo, depois os defensores fanatizados do indefensavel que são cumplices da primeira.
2. A questão moral decompõe-se em duas. A mais importante é a juridica e trata-se de saber se o Socrates infringiu ou não normas penais, ou seja normas éticas que, por lei, são obrigatorias para todos na medida em que a sua violação atenta gravemente ao interesse publico, que é o interesse de todos. Cabe exclusivamente aos tribunais decidir nesta matéria e quem quer que seja que procure antecipar a sua decisão (e isto vale tanto para quem simpatize com a acusação como para quem simpatize com a defesa) esta a prestar o pior serviço possivel à democracia e ao Estado de Direito.
3. A outra questão moral é a de saber se Socrates se comportou como uma boa pessoa, como um bom amigo, como um bom pai, como um bom companheiro, como um bom vizinho, etc. Esta questão apenas devia interessar às pessoas que o conhecem e que com ele privam ou que com ele privaram. Neste pais provinciano, parece que esta questão é central e que é urgente todo o cidadão-porteiro opinar sobre ela. Discordo totalmente e sublinho que esta forma estupida de nos pormos à janela da loja, avidos de boatos, é o primeiro passo para nos entregarmos aos fanaticos fofoqueiros que ganham a vida à conta disso, como receio que seja o caso de muitos dos que escrevem neste blogue.
Tão simples como isso.
Boas
3. Ha depois outra que é questão se saber se Socrates é boa pessoa
http://www.revista.ufal.br/criticahistorica/attachments/article/237/Fluxo%20contínuo%201-%20O%20conceito%20de%20virtù%20em%20Maquiavel.pdf
maquiavel , maquiavel , como pudeste achar, génio , que a républica seria boa porque os homens andariam prenhes de virtú???? conclusão , nenhum ser do sexo masculino, mesmo a genialidade , é imune às utopias palermas.
Viegas, pá!, para que não diga que discordo sempre do que debita, aqui me tem a assinar por baixo e sem reservas o que escreve no seu ponto 3.
Quanto aos ponto 1 e 2, não bailamos juntos, ò Viegas. E não bailamos porque v escreve na base do “deve ser”( o ideal ) e faz de conta que não sabe “como é que tem sido”( a realidade).
E o que tem sido é que ainda antes de se saber se o cidadão investigado violou alguma coisa do interesse público, já sabemos de fonte segura que a justiça está fartinha de violar o interesse publico. Ora, a menos que v tenha a formula para resolver o problema da quadratura do circulo, não vejo como é que poderá convencer-me de que uma justiça que funciona à margem do que é o seu próprio ordenamento juridico ( infringindo incluisvamente normas penais…) não constitui um problema politico, já que, como é óbvio, essa matéria é do interesse de todos.
Ora bem,
Quanto ao ponto 1 : ha uma questão politica actual em relação ao Socrates ? Onde ? Ha talvez uma questão relativa à melhoria do funcionamento da justiça, mas então deixa de ser sobre ele ou sobre um caso isolado. Seja. Façam-se propostas de reformas, de maiores ou de melhores dotações orçamentais, de regras relativas às prioridades. Quem é que é contra um debate sobre esta matéria ?
Quanto ao ponto 2 : Como toda a gente, os actores da justiça so funcionam plenamente de acordo com as regras quando sabem estar debaixo de olho. Esta vigilância exerce-se necessariamente demonstrando compreender a lei e respeitar escruplusosamente os seus comandos, por exemplo o da presunção de inocência que manda, entre outras coisas, que nos abstenhamos de comentar um processo em curso. O meu amigo duvida que 101,78 % dos problemas de que se queixa desapareceriam se acatassemos esta regra simple ? E o que nos impede de o fazer ? Por exemplo agora ?
Boas
Olhe, Ó Viegas, eu não sou jurista, sou apenas mais um sitting duck à mercé do fogo da Justiça que nos calhou em sorte, portanto passo a palavra a alguém que talvez saiba disto mais do que eu:
«Para além da morosidade, tem sido na justiça criminal que o descrédito se tem acentuado; as investigações de megaprocessos duram uma eternidade, tornam-se ingeríveis quando chegam aos juízes de instrução e de julgamento, os direitos dos arguidos são desrespeitados, os julgamentos fazem-se nas televisões e nos tabloides, o segredo de justiça é uma falácia, tudo aparece divulgado, mesmo o que nada tem que ver com os factos objeto do processo, como tem sucedido com as escutas.
Como a Justiça não funciona com eficiência e com respeito pelos procedimentos do Estado de direito, a desconfiança medra em todos os sentidos e gera um caldo de cultura para os populismos. Percebe-se a preocupação do Presidente da República. Mas engana-se quem pensa que o problema se resolve com alterações às leis. Os Códigos dos Procedimentos têm sido alterados muitas vezes e os efeitos são nulos. A questão reside na organização, no funcionamento e na cultura do sistema. Falta coordenação, liderança, gestão por objetivos, falta de avaliação e escrutínio exteriores e independentes.
Falta uma cultura de exigência, de objetividade e simplificação na própria linguagem utilizada nas decisões, a jurisprudência não parece harmoniosa com o sentir da sociedade.
Como estes problemas nunca foram encarados de frente, acho que as frustrações vão crescer e tornar-se perigosas para a democracia.»
Daqui: https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/daniel-proenca-de-carvalho/interior/o-diagnostico-errado-terapeutica-ineficaz-9325051.html
Já agora, e quanto à substancia do seu comentário,ò Viegas, faça o obséquio de não insultar a minha fraca inteligência, pá !
Então a justiça veio investigar na praça pública a eventual corrupção de um ex pm ( e por inerência óbvia: do governo por ele liderado, pois não há “governos de um homem só”, tal como mt bem assinalou O Costa no inicio destes coments…), pondo em xeque um partido que é um dos pilares do regime, e v tem o topete de sugerir que deviamos assobiar para o lado e abster de comentar o processo em curso ??!!
Concordo com o texto e julgo ter ja escrito por aqui (num comentario a outro post, recente) que nesta matéria o ponto fundamental é educação e formação de espirito civico, que me parece ser um dos pontos essenciais tocados pelo Proença de Carvalho. Acrescento que isto não é nada de muito misterioso nem tem nada a ver com a ideia estapafurdia de que todos os cidadãos deveriam passar a ser doutores em leis. Passa por uma coisa muito mais simples e facil de alcançar : cada um acreditar que o cumprimento da lei não é so para os outros, mas que tem necessariamente de começar por ele mesmo.
Boas
“…cada um acreditar que o cumprimento da lei não é so para os outros, mas que tem necessariamente de começar por ele mesmo.”
Certo, Viegas, mt certo ! Mas então, se é de educação que se trata, porque não começa a Justiça a dar a porra do exemplo ?! Ou acha que as crianças aprendem sózinhas a comer de faca e garfo se os pais comerem com os dedos?!
É que, enquanto v não assumir essa “responsabilidade primeira” da Justiça, convocar a educação é chutar o assunto para canto e rezar aos santos para que a bola entre de pontapé directo. Acontece, eu sei, mas olhe que é mui raro.
Caro,
Também concordo com o seu ultimo comentario. Cabe à justiça, e a qualquer dos seus agentes e auxiliares, serem exemplares nesta matéria. E’ um dever especialmente imperativo para eles : por lei, deontologicamente, profissionalmente.
Boas
Ontem foi noite de super-heróis na SIC Noticias. Claramente a competir com o esgoto a céu aberto da Cofina. Começou com a super demagogia da SuperManela – sobre tudo o que mexe, ainda mexe, já mexeu ou poderá vir a mexer – e acabou com o superpopulismo do LoneRanger da Economia. Que entre o crime de voltar a divulgar informação que só aos bancos diz respeito – até para não se meter tudo no mesmo saco como o pulha tanto gosta – e a ordem para as autoridades irem o mais rapidamente possível a casa de um certo professor de economia de Coimbra – sim, a SIC também já tem alvará para constituir arguidos – mais uma pérola. No caso uma fórmula secreta.
Dizia então o único “jornalista” do Mundo com Programa de Governo editado e tudo, no seu fatinho de superpopulismo, que nas obras do anterior regime o BES entrava sempre com 20%, a CGD, com 30% e o BCP com 50%. E o cabo dos trabalhos era que os acçionistas só entravam com os restantes 20%. Prato que serviu não sei quantas vezes e com tanta expertise à volta da mesa afinal não havia um que sabia fazer contas. Mais um must do LoneZé.
Parece-me a mim que dos Governos de Sócrates, só quem não fez mesmo nada, tipo mexer uma palhinha, terá alguma hipótese daqui para a frente. E como todos também já devem ter percebido à frente do pelotão de fuzilamento estarão sempre os que transitaram para o Governo de Costa. Algo que o próprio já percebeu como é mais que óbvio.
“Parece-me a mim que dos Governos de Sócrates, só quem não fez mesmo nada, tipo mexer uma palhinha, terá alguma hipótese daqui para a frente”.
Nem esses, P, nem esses ! Vai ver que ainda os acusam de ” omissão de auxilio” !
A proposito, não resisto a contar uma historia ilustrativa. No filme que lhe é consagrado, o polémico, mas temivel, advogado Jacques Vergès (hoje ja falecido), com toda a cruel ironia que lhe é reconhecida, tem uma rabula que mostra a que ponto os três aspectos que referi (legal, deontologico, profissional) estão interligados. Cito de memoria :
“Respeito escrupulosamente e sempre respeitei as regras deontologicas. Este imperativo para mim é completamente obvio. As regras da profissão estão acima de tudo. Até pelo seguinte : quando as violamos, tornamo-nos vulneraveis…”
Boas
Alves,
Muita gente só agora começa a perceber que o verdadeiro visado é o actual Governo.
Sim, e onde Vergés disse “profissão” tinha ficado ainda mais claro se tivesses dito “corporação”. De alguma forma penso que é isso que quer dizer Proença de Carvalho no texto aqui reproduzido. Entre nós isso verificar-se-à na Justiça mas também, e de que maneira!, noutras Instituições. Para falar apenas do que conheco de perto, veja-se o caso da Escola e em particular da Escola Pública. A Lei de Bases da Educação é, do ponto de vista da sua filosofia, um projecto inclusivo, vincando bem que o sucesso da escola não está naqueles que distingue mas nos que inclui. Ora, na prática, a cultura corporativa instalada na escola, subverte por completo esta orientação politica, como fica exemplarmente ilustrado pela desfaçatez com que se continuama constituir “turmas de nivel” na escola pública. E a questão põe-se também aqui nos exactos termos em que o MRocha a enuncia para a Justiça : como educar para a inclusão quando é a própria escola quem promove a exclusão ? Penso que, pelo menos em parte, a resposta poderia ser encontrada nos critérios de admissão e de avaliação dos seus profissionais. Com efeito, como pode promover os valores da escola pública, quem de todo não os partilha ? Mas, atreva-se alguém a sugerir isto à mesa de um Conselho Pedagógico e vai sentir até aos ossos quanto pesa a corporação de interesses instalada!
Prezada Maria,
Posso admitir a palavra “corporação” – uma realidade que existia muito antes do Estado corporativo – desde que seja clara uma coisa : qualquer corporação, ou profissão, tem a obrigação de saber que a sua razão de ser, e logo o seu horizonte, estão intrinsecamente ligados à sua função social, pelo que ela nunca deve colocar o interesse dos seus agentes acima dos interesses da colectividade que serve.
Julgo que isto se aplica aos magistrados. Aplica-se por maioria de razão a profissionais liberais, como os advogados, os médicos, ou como deviam ser também os professores.
Definição de um profissional liberal, dada pelo seu criado que se pode prevalecer de alguma experiência na matéria : um profissional que da mais do que aquilo que tira…
Boas
Ó Viegas, lá está v outra vez a falar do que “deve ser”! Como “deve ser” a malta até sabe, pá!, a questão é que as coisas andam muito longe de ser como deviam e o problema, portanto, é como , pelo menos, reduzir esses gritantes desfazamentos. Sobre isso a Maria avança sugestões, enquanto o Viegas se limita a declamar principios.
Sobre os profissionais liberais ( categoria em que tb me incluo )tenha lá paciência, ò Viegas, mas um prof do quadro da escola pública ou um médido dos quadros do sns, não são ( nem devem ser ) liberais; são funcionários públicos, e isso faz toda a diferença, ò Viegas. Desde logo porque, enquanto quem escolhe os meus clientes sou eu e ninguém tem nada que ver com isso, os funcionários públicos têm a obrigação estatutária de servir a todos por igual independentemente da raça, credo, género, estatuto social, configuração da genitália, etc e tal. OK ?
Valupi, não tem muito a ver com o teu post mas não resisto a chamar-te a atenção que, com aquilo que o PSD fez ontem na debate parlamentar , lá se vai a tua teoria que há uma direita civilizada , a do Rui e outra direita caceteira, a do Passos agora perdido.
Parece que estes fazem exactamente o mesmo que os outros fizeram, fingirem- se inocentes, acima de suspeitas, nada envergonhados e insultarem e culparem Sócrates por tudo o que mal aconteceu no planeta nos últimos 15 anos.
Segundo a douta opinião do Viegas das 8;29 no ponto 1) apetecia-me parafrasear a “sábia” opinião.
Assim,
Onde esta a questão ético-moral ? O Sócrates não é candidato a nada, não apoia, opina ou comenta nem se opõe a nenhuma iniciativa ética ou moral que se prenda com a actualidade. O partido a que ele pertenceu e liderou já não lidera nem sequer é membro pelo que, também internamente, nenhuma discussão ético-moral pode promover. Sócrates está impedido de sair do país e na prática quase está impedido de sair de casa pelo que, além de não ter cometido nenhum crime ético-moral após passar a ex-PM muito menos o poderá cometer actualmente. Conclusão : ha questão ético-moral apenas para quem deseja à força que assim seja, primeiro, a direita rançosa que esta na mo de baixo, depois os defensores fanatizados do indefensavel que são cumplices da primeira.
Ó Viegas, mas que torcida argumentação a tua para chegares à tua conclusão. Nas questões ético-morais valem total e absolutamente aquelas alegadamente cometidas como POLÍTICO contudo, precisamente na sua qualidade de governante POLÌTICO as suas actuações e acções já não valem nada porque o Viegas acha que essas já prescreveram.
Eu lembro-me de sempre ouvir dizer que nos julgamentos os ‘antecedentes’ de qualquer julgado contavam muito na apreciação dos juizes.
Para Viegas valem apenas uns antecedentes e não outros.
Pandil, concordo contigo mas lembro que a bancada actual do PSD é passista e pafiosa. Logo, Rio poderá ter permitido que a chaleira berre por estar a ferver mas poderá não seguir por esse caminho. Seja como for, e para voltar ao teu comentário, a pintura começa a ficar borrada.
http://expresso.sapo.pt/politica/2018-05-10-PSD-quer-responsabilizacao-politica-de-ministros-do-nucleo-duro-de-Socrates—incluindo-Antonio-Costa#gs.bZ29ozU
“Rio poderá ter permitido que a chaleira berre por estar a ferver mas poderá não seguir por esse caminho.”
O leme há muito que não está nas mãos dos partidos, menos ainda dos seus lideres , mas algures nos subterraneos dos “média de referência, portanto, mesmo que o Rio não queira, ou vai na corrente ou afunda. Simples.
MRocha,
Sobre o primeiro ponto so posso concordar contigo : como é obvio é insuficiuente e insatisfatorio ficar-se pelos principios, que são para cumprir na pratica, e é legitmo e normal que a sua violação seja sancionada. Julgo não ter escrito nada contra estas sabias considerações, mas se escrevi, podes considerar que o retiro.
Sobre as profissões liberais, que é assunto diferente e bastante interessante, não é bem como dizes. Um médico no SNS não deixa de ser um médico inscrito na ordem e de poder exercer de forma liberal. Ha um conflito potencial que, normalemente, é devidamente enquadrado nos estatutos. Em França, para sublinhar este ponto, os médicos do serviço publico hospitalar (“praticiens hospitaliers”) não são considerados “funcionarios publicos” mas “agentes publicos” (o que na pratica faz pouca diferença, é certo). Quanto aos professores, eu tive o cuidado de escrever que “deviam ser”. Repara no entanto em duas coisas : i/ a liberdade de ensino impõe-se à autoridade publica que os emprega ii/ na antiguidade, o professor, que na altura não era funcionario publico, é considerado como um caso emblematico de profissional liberal. Uma questão para aprofundar, provavelmente noutra ocasião.
jose neves,
Releia talvez o meu comentario quando estiver sobrio e volte a comentar… Socrates é perfeitamente livre de se candidatar ao que ele quiser, e também de colocar na mesa as propostas politicas que ele quiser. Quanto a mim, e sou longe de ser o unico, analisa-las-ei como questões politicas e formarei o meu juizo politicamente, e eventualmente tomarei as minhas decisões em função dessa analise.
Quanto ao resto, esta neste momento sob medidas restritivas de liberdade no quadro de um processo judicial. Que eu saiba, estas medidas podem ser contestadas, e julgo que algumas o foram. Nesta matéria também, cabe aos tribunais decidir, sem prejuizo de serem criticados se não cumprirem devidamente o seu oficio, e sem prejuizo de haver recurso contra as suas decisões, pelo menos até um certo ponto.
Onde esta a dificuldade, ao certo ?
Boas
Valupi,
Eu tive exactamente as mesmas expectativas com Rio. Mas já começam a ser muitos casos. Independentemente de tempos difíceis para fazer oposição nunca pode valer tudo para marcar à agenda, para responder às sondagens ou ao muito lixo interno.
Viegas, todas as premissas que alega para fundamentar que não há ‘questão política’ servem integral e igualmente para fundamentar que não há ‘questão moral’ ou qualquer outra questão que tenha acontecido.
A sua fundamentação para concluir que não há ‘questão política’ têm como base única o facto de não se situarem na actualidade. Ao fim e ao cabo concebe-os como factos prescritos.
Releia o Viegas bem o que escreveu e verá que fez um jogo floral de palavras para fundamentar uma conclusão que afinal não fundamenta nada porque vale para fundamentar tudo.
Mais parvoice, vai-me desculpar.
Disse, e mantenho, que não existe questão politica actual. Se vê uma, por favor, diga-nos qual…
Nunca disse que não havia questão moral actual. Disse apenas, que a unica que (nos) interessa (ou que nos devia interessar), que é a questão penal, esta entregue aos tribunais, e que devemos abster-nos de a comentar, por respeito da lei, por civismo, por prudência.
Quanto ao resto, houve certamente questões politicas passadas em relação ao Socrates, que foi primeiro ministro e diversas vezes candidato às mais altas funções governativas. Na altura pronunciei-me sobre elas. Se encontrar algum caso em que o tenha feito em função da sua pretensa participação em crimes, faça o favor de dizer. Por mais que nos tentem impingir a estoria da Carochinha, a maioria das pessoas pronunciaram-se sobre as propostas e sobre as candidaturas do dito cujo por razões da mesma natureza, ou seja essencialmente politicas.
Finalmente, não excluo que venha a haver de novo questões politicas colocadas pelo Socrates ou nas quais ele estara implicado. Como disse acima, pronunciar-me-ei sobre elas em função de uma analise politica.
As pessoas não são estupidas. Se o meu amigo pretende demonstrar o contrario, faça favor de explicar em que é que se baseia, e ja agora, veja se arranja melhores argumentos do que o classico mas falacioso “veja o meu caso, por exemplo, eu posso ser muito estupido,..”.
Boas
Arre que é burro! Pois não sai daquilo que meteu na cabeça e nem sequer consegue ler o digo.
E o que digo e afirmo, ao qual não me responde ou não sabe responder porque não atinge a questão, é que a fundamentação que que usa para chegar à sua conclusão de que não há “questão política” é uma um floreado de palavras que nada fundamentam.
E por conseguinte só demonstram que o que pretendia era atingir uma pré-concebida conclusão formatada segundo sua opinião acerca do caso.
Adeus.
Ah ? Não existe questão politica, ou pelo menos v. é incapaz de indicar uma, mas a “fundamentação” do meu post, que neste particular apenas constata o facto, esta “errada”.
Se não gosta que o tratem de estupido procure não escrever boçalidades, so isso.
Boas
Sócrates pôs-se a jeito sem se importar com as consequências: pôs-nos a todos a jeito. vergonha.