Dominguice

Quando gostamos de alguém, vemos as suas qualidades como natureza e os seus defeitos como acidentes. Quando não gostamos de alguém, os defeitos são expressão da sua natureza e as qualidades meramente acidentais, assim o vemos. Fazemos isto com todos, próximos e distantes. O mal na minha tribo é sempre uma excepção individual, o mal na outra tribo é sempre um padrão universal. Substantivamos e adjectivamos num frenesim de relativismo moral.

Daí a sapiência passar por esta descoberta ou aceitação: não existem defeitos nem qualidades na humanidade, só características. As quais umas vezes se manifestam como defeitos, outras como qualidades. As mesmas.

9 thoughts on “Dominguice”

  1. pois claro que é assim – gostamos ou não gostamos das características, queremos abraçá-las ou não queremos aturá-las. de qualquer maneira, e sendo importantes, temos mesmo de – muito mais do que dizer – expressar inequivocamente se gostamos delas. de outra forma são indiferenciadas indiferentes.

    mas o grande mistério reside no porquê de gostarmos, até ao infinito, das características de alguém.

  2. Quando gostamos de alguém, vemos as suas qualidades como natureza e os seus defeitos como acidentes. ?

    nop , quando gosto de alguém vejo tanto as suas qualidades como os seus defeitos como fazendo parte da sua natureza , exactamente como as minhas qualidades e defeitos fazem parte da minha natureza. e só gosto de alguém quando os seus defeitos são compatíveis com os meus .

  3. ou seja , a fanfarronice e arrogância estruturais do galamba complicam-me mesmo com os nervos , impossível sentir o mínimo de simpatia por ele.
    e o costa deveria perceber que ter um fanfarrão convencido no governo é um perigo.

  4. perigo é haver yos putinistas soltas por aí – característica que fará de si sempre uma peça defeituosa sem qualquer certificado de qualidade. lailailai

  5. considero este post um elogio a todos os “putinistas” que aqui foram sendo massacrados com adjectivação hiperbólica que agora se revela conforme admite o escriba, como puramente relativista.
    considero até que é a admissão por parte do escriba de que todos aqueles valores morais absolutos que ele dizia defender não passavam de justificações espúrias para comportamentos que seriam imediatamente criticados caso fossem realizados “pelos outros” com exactamente as mesmas justificações!
    ou seja, aquilo que aqui lhe temos tentado dizer há mais de um ano!
    obrigado, valupi!

  6. Estava quase a concordar com a “dominguice” do Valupi, mas depois apareceram a “yo” e o “teste”e baralharam-me as contas! É que, no plano do gostar individual concordo com a primeira, excepto naquilo que me parece ser uma condenação apriorística do Galamba. Se nos reportarmos ao gostar colectivo vou com o teste, na argúcia das observações que tece. Assim, baralhado que estou, vou pensar melhor, especialmente quanto, á conclusão tirada por Valupi.

  7. elogio aos putinistas, !ai! que riso. só se for uma elegia. porque o carácter é crucial nisto de lidar, e de aceitar e de respeitar as características gostando-se ou não. e o putinismo, enquanto provocação de neuriticismo humanista crónico e agudo, é denunciador de péssimo carácter – tanto de quem é como de quem o aceita e respeita.

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