Poder do povo

Para além deste episódio picaresco, ou então trágico, que envolve João Galamba e Frederico Pinheiro ser um festim para a oposição, para o editorialismo e para o comentariado — e tendo em conta que neste momento é impossível o espectador saber quem vai sair pior do conflito — colhe ver nele uma benesse política inerente. É que, seja qual for o desfecho, a democracia será cumprida em plenitude.

Nas ditaduras não há imprensa livre nem mecanismos institucionais para denunciar e anular abusos políticos. Nas democracias, como a nossa, há múltiplas formas institucionalizadas para lidar com situações que ponham em risco os valores constitucionais. Acresce que a imprensa em democracia tudo expõe e tudo pode investigar, inclusive com recurso a ilícitos e crimes.

Assim, se o ministro mente será muito rapidamente apanhado e substituído. Se o adjunto mente, a luta continua. E a pulharia continuará a pedir a cabeça do Galamba. Porquê? Porque são a pulharia, não têm alternativa.

Assim se vê o poder da democracia, forte com os fortes e fraca com os fracos.

39 thoughts on “Poder do povo”

  1. estive a ler sobre o assunto e fiquei incrédula. violência física?

    de qualquer forma, é isso: quem mente será apanhado e não se pode estar a pedir a cabeça do Galamba antes de se apurar a verdade, que é isso, porque o grave disto é que depois se se vier a comprovar que Galamba está inocente, a nódoa já lá está e fica para sempre. vamos acreditar na democracia dos mecanismos institucionais, não pode ser de outra maneira.

  2. “Acresce que a imprensa em democracia tudo expõe e tudo pode investigar, inclusive com recurso a ilícitos e crimes.”

    o assange discorda

  3. e não se vez mais nada neste espisódio para além da dualidade teatral inerente ao espectáculo político? haverá algum risco de num sei quê regular funcionamento de não sei que mais?

  4. regular abandalhamento das instituições…era isso que queria dizer?

    esse galamba há bués que devia ter levado uns pontapés. vá pró loco , é o partido das esganiçadas , categoria , a de esganiçada , que se lhe aplica muito bem..

  5. ha aqui uma dimensão laboral que é muito representativa do nosso tecido/elite empresarial na qual um trabalhador é despedido por capricho e de maneira informal e se tenta impedir por todos os meios inclusive recorrendo à violência (trancar alguem num edificio contra sua vontade é rapto) que ele exerça os seus direitos relativamente aos seus objectos de trabalho e aos objectos do seu trabalho.
    pessoalmente não peço a cabeça de galamba ainda mas se ele tivesse um minimo de dignidade na espinha demitia-se como outro alguém que eu cá sei, até porque como ja li por aqui é evidente que deixou o ministerio “em roda livre”.

  6. miuda de ibiza na parte de trás do carro
    Está equivocada, pois a figura do “despedimento” não existe para os membros dos gabinetes ministeriais.
    Estes são “livremente designados e exonerados por despacho do membro do Governo respectivo” (art.º 11.º, n.º 1, do DL n.º 11/2012, de 20 de Janeiro).

  7. ca,

    obrigado pela correção. diga-me por favor quando foi publicado o tal despacho para poder aferir da legalidade ou não de se prender o assessor dentro do ministério. desde já obrigado.

  8. ca,

    recordo que a PSP ainda não tinha conhecimento do mesmo visto ter dado razão ao assessor e ter-lhe permitido levar os pertences do seu gabinete.
    mas aguardo a informação acerca do tal despacho

  9. pessoalmente, e não sendo especialista em leis, governos e estatutos de assessores, mas estando obviamente sempre disposto a aprender, foco a minha atenção na “atitude” e nesse particular, não retiro uma virgula ao que disse anteriormente sobre o ministro.
    mas venha de lá a info do despacho, porque senão esse comentário não passou de “areia para os olhos”

  10. Para se “aferir da legalidade ou não de se prender o assessor dentro do ministério”, talvez fosse boa ideia ter em conta que o assessor pretendia, à uma da manhã, sem autorização, de forma ilegal, subtrair do ministério objectos que são propriedade exclusiva do dito ministério, alegando mentirosamente que tais objectos eram propriedade sua. E talvez também fosse boa ideia ter em conta que o assessor acabou por concretizar ilegalmente essa sua vontade, não hesitando, para isso, em utilizar a força física sobre três mulheres que (ao contrário dele) trabalham ainda legalmente no ministério.

    Reflectindo sobre alguns dados que sobre o assunto foram divulgados, sabe-se que o assessor acusa o ministro de querer esconder da comissão de inquérito as notas que ele, assessor, tirou numa reunião com a CEO da TAP. Ora as referidas notas, ao contrário, fizeram parte do pacote de informações fornecidas pelo ministério à comissão de inquérito, ou seja, não foram omitidas nem escondidas. Acresce que a entrega de tais notas à comissão de inquérito aconteceu antes do actual contencioso entre o ministro e o assessor, ou seja, quando o assessor estava ainda na plenitude das suas funções. Donde se pode inferir que há aqui qualquer coisa que não faz sentido.

    Assim, nada como lançar mão da magnífica fórmula parida pelo magnífico bestunto do magnífico filósofo de aviário Joaquim Camacho:

    “Se uma coisa não faz sentido, e sentido não faz que sentido não faça, a coisa a fazer é tentar perceber que coisa fará com que o que sentido não faz sentido faça.”

    Coisas que poderão fazer sentido:

    Coisa 1 — Ao subtrair e desencaminhar o computador, propriedade pública, para sua casa, ficando, durante algum tempo, com a possibilidade de o manipular, sem testemunhas nem interferências, na privacidade do lar, o assessor estaria preocupado não em preservar provas da sua razão na disputa com o ministro mas, eventualmente, em adulterar tais provas ou eliminar outras que lhe fossem eventualmente desfavoráveis. Isto é um supônhamos, claro!

    Coisa 2 — O motivo do desvio do computador, propriedade pública, para instalações privadas do assessor poderia ser o de eliminar do computador provas, ou indícios, de utilização da dita propriedade pública em actividades privadas que o assessor não quer que cheguem ao conhecimento público. Isto é outro supônhamos, claro!

    Coisa 3 — Existirá eventualmente, tal como uma Coisa 4, 5 ou 6, mas o bestunto gripado do filósofo de aviário não dá para mais.

    Salut les copains!

  11. acerca das agressões a outros funcionários do ministério:

    foi o adjunto que tentou levar o computador “à força” ou foi o ministério que o tentou impedir “pela força” de sair com os seus pertences? parecendo que não faz muita diferença
    quanto a existirem informações classificadas no referido computador a que o adjunto não poderia ter acesso, ficam dúvidas de como estariam elas no seu computador se ele não tinha permissão para lhes aceder. foram roubadas? ou as informações a que ele não podia ter acesso eram as notas da reunião escritas pelo próprio?

  12. camacho,

    se era tão mas tão ilegal o adjunto sair com o computador, porque é que tal lhe foi permitido pela PSP?

  13. camacho,

    só acrescentar que qualquer sistema de informação que se preze faz backup das informações contidas nas máquinas que fazem parte do sistema. não haveria portanto nada naquele computador que pudesse ser apagado pelo assessor sem que existissem cópias dessa informação.
    neste caso posso puxar de galoes porque é precisamente nesta área que ganho a vida.

  14. tranquilo, pá
    quando quiseres ou puderes
    eu também vou ver se me mexo porque os gajos do xadrez lixaram-me o dia todo com aquele jogo interminavel

  15. Em vez de discutir políticas discute-se diz que disse, intrigas, insinuações. Dantes julgava-se aquilo que se fez. Agora julga-se aquilo alguém insinua que outro iria fazer. Galamba deveria ter sido demitido, enquanto Secretário de Estado do Ambiente, por ter permitido o sucateamento da Central do Pego e por ter promovido a maior agressão paisagística de sempre no espaço rural português (por quem certamente lhe vai oferecer emprego quando ele sair do Governo). Não deveria ser perturbado por estas pintelhices. Assim não vamos lá

  16. camacho,

    deixa-me só dar-te mais alguma matéria para reflexão antes de me responderes, no caso uma analogia:
    imagina tu que a empresa para a qual trabalhas te dá um “carro da empresa” como beneficio e complemento de salário. obviamente que o podes utilizar fora das horas de trabalho para deslocações pessoais (o periodo de férias é um caso à parte) pois se não pudesses isso destruiria a razão de ser do proprio beneficio que a empresa te quer dar. ora, naturalmente tu colocarás pertences teus dentro da referida viatura à medida que a vais utilizando para a tua vida pessoal: o equipamento para o ginásio que frequentas, os documentos que te permitem conduzir, uns óculos escuros, etc. se um dia estás na empresa e após discussão com o administrador ele te informa que estás despedido, tu ficas impedido de aceder à viatura para recuperares os teus pertences?
    outra analogia, desta vez relativa a pertences digitais para tentar ser mais equivalente ao caso que discutimos: imagina um telemovel da empresa. imagina que nele tens fotografias dos teus filhos ou mesmo mensagens de entes queridos que entretanto morreram e que muito aprecias pois deles te recordam. se fores despedido ficas impedido de aceder a esta informação e de a descarregares para suportes fisicos teus?

  17. ultima nota, para esclarecer este ponto:

    “não haveria portanto nada naquele computador que pudesse ser apagado pelo assessor sem que existissem cópias dessa informação.”

    claro que os backups não são instantâneos logo, não haveria nada com mais de digamos 24 horas, que é o tempo normalmente recomendado para se fazer backup de informação mais ou menos relevante para uma organização.

    quanto à tua dúvida sobre porque se deslocou o assessor ao ministério fora-de-horas para ir buscar a informação do pc: eu não sei com certeza, mas arriscava mais que ele se apercebeu que ia ser “queimado” e procurou precaver-se para se poder posteriormente defender. noto que 1) ele tb foi informado fora de horas e por telefone de que seria exonerado e 2) se se tratasse de um plano rebuscado para lixar o ministro e não de algo despoletado pela inopinada exoneração, há muito tempo que ele já teria guardado aquela informação e não teria por isso necessidade de se expôr à violência dos colegas

  18. acabo de ver a conferência de imprensa de galamba e tenho a dizer que as coisas não se afiguram lá muito famosas pro lado dele.
    antes de mais, a questão do envolvimento do SIS na recuperação do equipamento à revelia das policias com autoridade na matéria é estranhíssima. em segundo lugar, as constantes referências às testemunhas cuja credibilidade está obviamente comprometida por serem suas dependentes directas também não abona em favor da sua história, particularmente a parte acerca do conhecimento da existência das notas. por último, e dando de barato que é o ponto mais fraco pois muito subjectivo, a linguagem corporal do ministro nessa conferencia de imprensa foi fatal para a credibilidade do que dizia.

  19. Afinal de eruditos pouco ou nada possuem.
    Os deficitários de literacia, órfãos de ideias e de ideais, que por aqui rabiscam uns biscates diariamente, nem sabem distinguir um Decreto Lei de um Despacho, e então exigem que lhes seja mostrado o Despacho que exonerou o tal de Pinheiro. Leiam o Decreto-Lei primeiro antes de fazerem figuras tristes.

  20. Caro Sr Valupi,

    Desculpe lá vir chatear, mas, ultimamente, não tem sido fácil estar de acordo consigo.
    Não tenha dúvidas que o episódio que comenta é trágico, no sentido em que é mais um em que o governo só pode sair acuado, tal como a democracia, sim a democracia! De facto, é neste caldo de cultura governativa que medram todos os inimigos do 25 de Abril e do regime democrático que instituiu. Não vale a pena iludirmo-nos e culparmos a “oposição”, o “editorialismo” e o “comentariado”! Estes fazem o papel que há muito se atribuíram, como você próprio acaba por denunciar.
    Se assim é, se há “festim” no meio, que sentido faz vir dizer que “colhe” ver na querela “… uma benesse política inerente. É que, seja qual for o desfecho, a democracia será cumprida em plenitude.”. Reduzindo o argumento ao absurdo, concluiríamos que quanta mais bagunça governativa houver melhor a qualidade da democracia: ao menos testávamos como ela funciona bem! É isso?
    Depois, que ideia foi essa que lhe deu, que mecanismos mentais o fizeram associar as trapalhadas do ministro, numa democracia concreta, a nossa, às ditaduras, em abstrato? Por acaso, as democracias existirão para competirem com as ditaduras, ou servirão, isso sim, para realizar o bem estar de um povo, bem estar esse que, de outro modo, não seria possível levar a efeito, a julgar pelo conhecimento actual?!
    Não há dúvida que você anda mesmo dividido, sem conseguir resolver, numa qualquer nova síntese, as contradições que o perseguem.
    Então, fala em “festim” da comunicação social numa democracia “…como a nossa…”, ao mesmo tempo que tece loas a essa “… imprensa livre…” que “… tudo pode investigar, inclusive com recurso a ilícitos e crimes.”?!
    O “festim”, ainda é democracia?! Ou, pelo contrário, é antidemocrático?!
    E, o recurso “… a ilícitos e crimes.”, também pode ?! Também faz parte do cardápio das regras democráticas?!

    Não seria muito mais fácil, sério e proveitoso, assumir que a coisa não “nos” está a correr nada bem, sr Valupi ?!

  21. cornicho,

    peço desculpa pela falta de exatidão nos termos legais em que às vezes me expresso. sou o primeiro a admitir que errei ao pedir uma publicação de qq despacho. no entanto, creio que terás de admitir que um despacho governamental terá pelo menos de possuir duas qualidades, a saber: existência documental física onde consta o texto “a despachar” e de estar assinado por quem de direito.
    ora, era apenas isso que pedia que me mostrassem para poder aferir se à data dos factos essas condições se verificavam, pois até tu hás de convir que se isso não se puder comprovar, então não existiria até ao momento a que me referia qualquer exoneração de quem qer que fosse.
    se formos por aquilo que os factos nos podem fazer intuir, então creio que a única dedução possível era de que tal documento não existia ainda, visto não ter sido apresentado à psp como prova cabal de que o dito assessor adjunto não poderia aceder ao gabinete que já não lhe pertencia nem daí retirar qualquer equipamento – quanto mais sair do ministério com ele na mochila sob escolta policial, como acabou por acontecer!!!
    faço-te notar que nos tempos que correm, os documentos podem ser assinados digitalmente e comunicados aos serviços, num piscar de olhos.
    portanto, não te preocupes tanto com as minhas figuras tristes que pouca relevância têm, e concentra-te na matéria em discussão e nas tristes figuras que pessoas de relevo fazem para escamotear a verdade. porque, já dizia o outro, aí é que está o suminho todo, bebé!

  22. JA, não chateias nada. Só te posso agradecer a clarividência e perspicácia (não necessariamente por esta ordem). Pois o que escreves é luminoso e paradigmático (não necessariamente por esta ordem).

    Força nisso, não desistas do teu método! <- (não necessariamente por esta ordem, bem entendido)

  23. !ai! que riso, eu acho que o JA consegue sempre o que quer. no travesseiro da fronha da almofada juntinho ao lençol por cima do colchão da cama do quarto da casa dele.

  24. Teste, quando fazes esta pergunta:

    “foi o adjunto que tentou levar o computador “à força” ou foi o ministério que o tentou impedir “pela força” de sair com os seus pertences? parecendo que não faz muita diferença”

    ocorre-me outra:

    “Foi o Chico não sei das quantas que tentou violar a Maria à força ou foi a Maria que tentou impedi-lo, pela força, de a violar?”

    Além disso, quando classificas como “os seus pertences” o que ele levou do Ministério, pareces esquecer que está provado não estar de modo nenhum o referido computador incluído nesses “seus pertences”, já que era propriedade do Ministério. Acresce que o ex-adjunto só conseguiu tirar o computador do Ministério porque mentiu aos agentes da PSP (chamados inicialmente pelas agredidas, refugiadas na casa de banho), dizendo-lhes que era seu. Se soubessem que era propriedade do Ministério, é evidente que não o deixariam levá-lo. Cesteiro que faz um cesto faz um cento, reza o provérbio, e se o bicho mente uma vez (aos polícias) é claro que mente as vezes necessárias para se safar. Por isso, e depois de ouvir os noticiários televisivos desta sexta-feira (o que acabei de fazer há pouco), incluindo excertos da entrevista do ministro, fiquei com poucas dúvidas de que quem mente é o ex-adjunto.

    Quando dizes:

    “quanto a existirem informações classificadas no referido computador a que o adjunto não poderia ter acesso, ficam dúvidas de como estariam elas no seu computador se ele não tinha permissão para lhes aceder. foram roubadas?”

    Se lhes acedeu ilegitimamente, ou ilegalmente, é pergunta a que só o próprio poderá responder. Mas quem disse que tal acesso lhe estava proibido? Provavelmente não estava, por força das funções que desempenhava. Mas nesse caso também teria, por inerência de funções, a obrigação de sobre elas manter segredo.

    Dizes: “ou as informações a que ele não podia ter acesso eram as notas da reunião escritas pelo próprio?”

    Essas notas já haviam sido disponibilizadas pelo Ministério (obedecendo a instruções do ministro) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), nada indicando ter havido da parte do ministro qualquer tentativa de as sonegar. Do que foi dito, parece-me haver, da parte do ex-adjunto, uma tentativa canhestra de inventar, a posteriori, um álibi que justifique o ter metido a pata na poça ao não comunicar a existência das notas na altura em que o devia ter feito.

    Quanto à analogia com a viatura da empresa, lamento mas não cola. O computador do Estado que ele utilizava no Ministério não o impedia de ao lado, na mesma secretária, ter um computador portátil seu, que utilizaria para as coisas pessoais. Poderia até ter mais do que um, o que seria impossível com um automóvel, que não caberia na sala. Ele não ficaria “impedido de aceder à viatura para recuperar os seus pertences”, mas teria que os tirar da viatura com ela na garagem do Ministério e não à porta de sua casa. E se tivesse um telemóvel da empresa seria estúpido ter nele fotos de filhos, sobrinhos ou amigos. Mas mesmo se por estupidez o tivesse feito, o comportamento correcto seria pedir aos serviços informáticos da empresa que lhe fizessem uma cópia para um suporte físico privado.

    Quanto a esta ‘tese’:

    “arriscava mais que ele se apercebeu que ia ser “queimado” e procurou precaver-se para se poder posteriormente defender. noto que 1) ele tb foi informado fora de horas e por telefone de que seria exonerado e 2) se se tratasse de um plano rebuscado para lixar o ministro e não de algo despoletado pela inopinada exoneração, há muito tempo que ele já teria guardado aquela informação e não teria por isso necessidade de se expôr à violência dos colegas”

    faço-te notar o seguinte: a demissão não surgiu do nada, foi justificada pelo ministro, perante o demitido, com o que entendeu ser uma mentirola engenhariada para servir de álibi a uma asneira anterior, a omissão ao próprio ministro e às funcionárias presentes na agora muito falada reunião de 5 de Abril de que tirara notas na reunião com a CEO da TAP. Se o ministro tivesse querido esconder essas notas da CPI, não teria adiado a entrega de informações à dita CPI quando foi informado da existência das notas, exclusivamente para poder incluí-las no pacote. Eu não digo que se tratou de “um plano rebuscado para lixar o ministro”, mas sim de um plano para se safar a si próprio, quando se apercebeu das potenciais consequências que para si poderiam advir da omissão das notas ao ministro e às colegas de trabalho no Ministério. Já quando dizes que, se soubesse o que estava para vir, ele “não teria por isso necessidade de se expôr à violência dos colegas”, rapaz, eu abro a boca de espanto, já que o filme foi ao contrário: parece não haver dúvidas de que as colegas é que foram expostas à sua violência.

    As perguntas que devem ser feitas, que há muito deviam ter sido feitas ao adjunto, se acaso houvesse por cá jornalistas e não os moços (e moças) de recados do mainstream merdia, eram as seguintes:

    — Porque é que o ex-adjunto quis levar (e levou) para casa um computador que não lhe pertencia, cometendo uma óbvia ilegalidade, a que, sem escrúpulo nem hesitação, juntou outra, que foi declarar aos agentes da PSP que o portátil era seu, mentira que lhe permitiu concretizar a ilegalidade do desvio do computador?

    — Exactamente por que motivo é que tirou o computador das instalações do Ministério e o levou para casa?

    — Se havia nesse computador informações ou dados que receava correrem o risco de ser apagados, que informações ou dados eram esses?

    — Que dados ou informações é que copiou (ou “salvou”) enquanto teve o computador na sua posse, sem qualquer testemunha do que fez ou deixou de fazer?

    — Por que motivo o que fez com o computador, em privado, não podia ser feito nas instalações do Ministério, com as antigas colegas como testemunhas?

    — [caso ele invocasse um qualquer “dever de segredo” para omitir respostas] perguntar-lhe por que motivo, estando ele, aparentemente, tão cioso da obrigação de nada omitir à CPI, lhe dava agora para decidir que havia coisas que deviam ser omitidas.

    Quanto à questão de ser legal ou ilegal ter sido o SIS a recolher o computador, nada sei, mas o adjunto afirma ter sido contactado telefonicamente por um elemento do SIS, “que se ofereceu” para ir buscar o computador, com o que ele concordou. É muito diferente do que o canal do militante n° 1 e restante criadagem das agremiações afins dá a entender, rasgando furiosamente as vestes, quase nos convencendo de que houve um assalto das secretas a casa do coitado para o intimidar e roubar. Aqui fica isto, que vale o que vale:

    https://sicnoticias.pt/especiais/tap-o-futuro-e-as-polemicas-do-presente/2023-04-29-Mas-afinal-porque-e-que-o-SIS-foi-buscar-o-computador-do-adjunto–eefadbb2

    Quando assisto à unanimidade persecutória do mainstream merdia direitolo, coadjuvado por alguns idiotas úteis aparentemente de esquerda, não me leves a mal que fique desconfiado.

    Catarina Martins: “Ficámos a saber que o ministro João Galamba mentiu.” Ah foi? E ficaste a saber isso quando e como? Provas, vistezi-as?

    O cúmulo do requinte é que o ministro não é acusado de omitir informação à CPI. É acusado de TER QUERIDO OMITIR informação. Ora porra, quis omitir mas afinal não omitiu? Puta de criatividade esta! O que irão estes sacanas inventar a seguir?

    Se há aspecto, porém, em que este primeiro-ministro e alguns ministros são passíveis de justíssimas críticas é na ligeireza e falta de critério, diria mesmo leviandade, com que contratam qualquer bardamerda não confiável para cargos de responsabilidade.

  25. ““Foi o Chico não sei das quantas que tentou violar a Maria à força ou foi a Maria que tentou impedi-lo, pela força, de a violar?””

    épá, camacho. como é que podes sequer comparar as duas situações??? se te estivessem a a impedir de aceder às tuas coisas ou de sair livremente de um local haveria alguma diferença entre ser um homem ou uma mulher a fazê-lo? creio que não. mas também creio que nada disso estará ainda provado, e faço-te notar que as agressões foram tão bárbaras que a psp quando chegou ao local escoltou o agressor até à saida.

    “Se soubessem que era propriedade do Ministério, é evidente que não o deixariam levá-lo.”

    e não havia ninguém no ministerio para o desprovar? sabes que todos os equipamentos do ministerio estão inventariados e é extremamente facil demonstrar a quem pertencem? ate devem ter um autocolante!

    “Se lhes acedeu ilegitimamente, ou ilegalmente, é pergunta a que só o próprio poderá responder. Mas quem disse que tal acesso lhe estava proibido? Provavelmente não estava, por força das funções que desempenhava. Mas nesse caso também teria, por inerência de funções, a obrigação de sobre elas manter segredo.”

    portanto, afinal podia aceder à informaçoes ´so não as podia revelar? e quando é que as revelou? e porque é que o tentaram impedir pela força de aceder a elas?

    “Essas notas já haviam sido disponibilizadas pelo Ministério (obedecendo a instruções do ministro) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), nada indicando ter havido da parte do ministro qualquer tentativa de as sonegar.”

    nada mo garante. a intenção de as revelar só me é mostrada após o adjunto dar conta de que as iria revelar se fosse chamado à CPI.
    acho a teoria de que o adjunto esteve meses a esconder notas de uma reunião muito mais “fora de pé”. que interesse teria? lixar o ministro? lá voltamos ao mesmo…

    “Quanto à analogia com a viatura da empresa, lamento mas não cola. O computador do Estado que ele utilizava no Ministério não o impedia de ao lado, na mesma secretária, ter um computador portátil seu, que utilizaria para as coisas pessoais. Poderia até ter mais do que um, o que seria impossível com um automóvel, que não caberia na sala. Ele não ficaria “impedido de aceder à viatura para recuperar os seus pertences”, mas teria que os tirar da viatura com ela na garagem do Ministério e não à porta de sua casa. E se tivesse um telemóvel da empresa seria estúpido ter nele fotos de filhos, sobrinhos ou amigos. Mas mesmo se por estupidez o tivesse feito, o comportamento correcto seria pedir aos serviços informáticos da empresa que lhe fizessem uma cópia para um suporte físico privado.”

    lamento eu, mas demonstras não ter conhecimento do mundo real. eu trabalho num local em que toda a gente tem telemovel e computador de empresa e toda a gente la tem coisas pessoais. se podia ter outro computador? claro que sim. mas quem é que anda com dois portateis às costas? quanto a levá-lo para casa, bem, esse é a razão de ser do nome “portátil”. se o ministerio quisesse que aqueles computadores nunca saissem do escritorio, não compraria portateis.

    “faço-te notar o seguinte: a demissão não surgiu do nada”. creio que sim. a historia de que o adjunto andou meses a dizer que não tinha notas nenhumas de uma reunião em que esteve presente não cola nem na mente mais conspirativa: qual o seu mobil? o que ganhava com isso? consideras um caso de incompetencia? uma asneira? parece-me que estás a ver muito mal a coisa

    “para se safar a si próprio, ” safar-se a si proprio de quê? tinha acabado de ser exonerado.

    “parece não haver dúvidas de que as colegas é que foram expostas à sua violência.” aqui voltamos ao ponto acima. se te estiverem a impedir de aceder ao que é teu, ou de andar livremente pela rua, e tu te tentares libertar pela violencia, isso representa legitima defesa. e nem acredito que penses o contrario.

    essas tuas perguntas parecem-me sem qualquer sentido, então a penultima, ui: não te parece óbvio que mesmo que tentasse colocar a informação que queria na “cloud”, até disso ja deveria estar impedido dentro das instalações do ministerio? posso te garatr que é muito simples. dois clicks.
    e a ultima nem entendo, assumes que quer esconder coisas à CPI e a mim cheira-me que não quer nem vai esconder absolutamente nada, e so me falta saber quais as provas que tem de que tinha informado o ministro de que as notas existiam. se não tiver nenhumas, calar-me-ei, obviamente, e reconhecerei poder estar errado.

    “Quando assisto à unanimidade persecutória do mainstream merdia direitolo, coadjuvado por alguns idiotas úteis aparentemente de esquerda, não me leves a mal que fique desconfiado.”
    ai a catarina martins é direitola? ou é idiota util? porque que creio que se referia ao facto de o ministro ter dito que nunca teria falado com a CEO da tap e afinal teve uma reunião com ela, e tu agra estás (propositadamente?) a misturar os dois assuntos! o do pcp tb disse que quer ver tudo bem esclarecido porque alguém nenitu, e repara que não disse ter a certeza de que era o adjunto nem tomou, como tu fazes, a parte do ministro como verdadeira sem quaisquer provas! ou tu vistezi-as?

    E sim, pá. Se se demonstrar que numa primeira fase pediu para que as notas não fossem entregues, então sim QUIS MENTIR À CPI e foi só quando se apercebeu de que tal não seria mais possivel que tentou atirar o adjunto para debaixo do autocarro para se safar, culpando-o pela não entrega das notas atempadamente. ou tu tb és daqueles que acha que são os motoristas dos ministros que decidem ir em excesso de velocidade e os ministros que vão no carro nada têm a ver com isso? nunca viste um patrão a culpar um trabalhador por algo da sua inteira responsabilidade???
    para quem segue o jimmy dore, estás muito pouco desconfiado das narrativa oficial sem quaisquer provas. mas tudo be, tu é que sabes de ti, meu.

  26. Para pessoas com um módico de ética e civismo, seria irrelevante saber se o ministro mente ou não para avaliar a sua viabilidade para continuar como ministro. O dono do bordel é responsável pelas funcionárias/os. Se o adjunto era um demónio, até à semana passada era o demónio que levava os segredos de Estado para casa, pois para isso é que lhe deram um portátil, e é o demónio que representava aquele ministro em reuniões ao mais alto nível. Mas estamos a falar do partido que meteu os Abrantes a ministros e porá os/as Valupis, se der jeito, pessoas cujas características (interessantes, até) deviam precludir a sua utilização em missões diversas daquelas em que tão diligentemente obraram.

  27. Teste, quanto à candente questão de saber se foi “o Chico não sei das quantas que tentou violar a Maria à força ou foi a Maria que tentou impedi-lo, pela força, de a violar”, fazes-me “notar que as agressões foram tão bárbaras que a psp quando chegou ao local escoltou o agressor até à saida”. Pois é, pá, se as agredidas estavam refugiadas na casa de banho, a PSP não as viu nem falou com elas e ouviu apenas a versão de um tipo que se afirma sequestrado e mente sobre o motivo do alegado sequestro, a bendita PSP faz o quê? O que pensou que seria correcto face aos dados, truncados e aldrabados, que lhe foram fornecidos: libertou o “sequestrado” e protegeu-lhe o direito de propriedade. “E não havia ninguém no ministerio para o desprovar? sabes que todos os equipamentos do ministerio estão inventariados e é extremamente facil demonstrar a quem pertencem? ate devem ter um autocolante!”, acrescentas. Pode até ser novidade para ti, mas aproveito para te informar que défice cognitivo não é maleita que ataque apenas a transbimba residente aqui do pardieiro. Também na PSP há gente afectada.

    Ouvi há bocado, na RTP, esta pérola: “Frederico Pinheiro diz que entregou voluntariamente o computador. A versão de João Galamba é que foi recuperado. SÓ NÃO EXPLICA COMO.” Topas a chicuelina? “SÓ NÃO EXPLICA COMO!” Quando a canzoada se multiplica nas dentadas a quem pensa que caiu e não conseguirá levantar-se, tenho tendência a desconfiar, principalmente quando toda a matilha ladra e rosna para o mesmo lado.

    No ‘Público’: “Ex-adjunto diz que foi ele próprio que entregou “voluntariamente” o computador horas depois de o ter RECUPERADO do Ministério (…) e nega ter documentos a que não devia ter acesso.” Como sabes, todas as RECUPERAÇÕES são iguais, mas algumas são bem mais iguais do que outras. Parece ser o caso da do ex-adjunto. É como aquele ladrão que assalta um banco e sequestra os funcionários. Dado o alarme e cercado pela polícia, declara que devolve VOLUNTARIAMENTE o produto do roubo… perdão, dos fundos RECUPERADOS e liberta os funcionários. Em troca, quer apenas o reconhecimento da sua boa vontade e do seu apurado sentido cívico. Mas por que carga de água assaltou você o banco e encheu a mochila de notas, para agora dizer que as devolve voluntariamente? Eh pá! Isso são picuinhices, só se preocupa com isso quem não tem mesmo mais nada para fazer!

    Quanto a não ter eu “conhecimento do mundo real”, meu, és capaz de ter razão. Assim como assim, também trabalhei algumas décadas “num local em que toda a gente tinha telemóvel e computador de empresa” (desde que há telemóveis e computadores, claro), mas provavelmente não foi suficiente. Terei de voltar ao activo e certamente ganharei “conhecimento do mundo real” quando as décadas se transformarem em séculos.

    Resumindo, teste: tu achas que o Galamba está a mentir, eu acho que quem mente é o ex-adjunto. Neste confronto de achismos, tu achas que o teu achismo é melhor do que o meu, eu acho que o meu é mais melhor bom do que o teu. Não tem remédio, cada um fica com o seu.

    Salut!

  28. camacho,

    não vou continuar esta discussão pois pareces impermeável a qualquer nova informação e isso dá-me a entender que já decidiste que é verdade ou não e nada te fara mudar de opinião. apenas notar isto:

    “Pois é, pá, se as agredidas estavam refugiadas na casa de banho, a PSP não as viu nem falou com elas ”

    mas o ministerio não tem seguranças, pa?! ninguém viu ou soube das agressões dele às meninas? elas estavam fechadas na casa de banho quando a PSP ja la estava com medo de quê? se calhar ainda lá estão agora, queres ver?

    deixo-te aqui mais duas noticias que acho que também arruinam a tua tese de que o gajo queria roubar informação:

    https://www.msn.com/pt-pt/noticias/ultimas/frederico-pinheiro-diz-que-documentos-que-tinha-no-computador-foram-classificados-por-sua-sugest%C3%A3o/vi-AA1ayqzB?ocid=msedgdhp&pc=U531&cvid=b19c9996bdde4158851feca7dc283c27&ei=52

    e aqueloutra em que não entendias porque é que ele não tinha retirado a informação mantendo o pc dentro do ministerio e que corrobora aquilo que logo na altura intui:

    https://twitter.com/SICNoticias/status/1652673434663485442

    quanto ao resto, claro que sim, era o que faltava estarmos a chatear-nos por causa de um patrão vingativo e prepotente ou de um funcionário paranoico.
    bom dia do trabalhador pra ti!

  29. ups,

    afinal é a mesma noticia. mas o destaque no link era dado a “temas” diferentes

  30. menina de chapéu colada na parte de tras do carro
    Limitei-me a observar que a figura de “despedimento” (prevista no Código do Trabalho para as relações de trabalho no âmbito do sector privado e da Lei do Trabalho em Funções Públicas para sector público), não é aplicável aos membros dos gabinetes ministeriais.
    Se foi publicado ou não o despacho de exoneração do dito membro do gabinete de Galamba, não sei.
    Eventualmente, terá sido publicado na 2.ª Série do Diário da República (como é obrigatório) mas não sei dizer-lhe qual, pela simples razão de que já não tenho “pachorra” para consultar diariamente o jornal de publicação dos diplomas oficiais.

  31. “Quando a canzoada se multiplica nas dentadas a quem pensa que caiu e não conseguirá levantar-se, tenho tendência a desconfiar, principalmente quando toda a matilha ladra e rosna para o mesmo lado.” Nem mais.
    E num quinto andar da Freguesia de Alcântara, com vista para o Tejo, ouvem-se as gargalhadas em Belém.

  32. Só para resumir o que me parece estar verdadeiramente em causa:

    As perguntas que trazem obcecada a criadagem merdiática coincidem na íntegra, vá-se lá saber porquê, com os talking points dos direitolos, a que se juntam idiotas úteis alegadamente de esquerda, como a Catarina Martins e afins. Os únicos que escapam à chafurdice no penico comum parecem ser os do PCP, que, sem apontar o dedo a ninguém (pelo menos que eu tenha visto), se limitam a dizer o óbvio: “Alguém está a mentir.”

    A pergunta/cavalo-de-batalha actual, tanto de direitolos como de compagnons de route, é esta: “Porque é que o ministro chamou o SIS?” E a pergunta traz às cavalitas uma “resposta”, uma afirmação autodemonstrada, uma “verdade bíblica” insusceptível de contestação: “Ao chamar o SIS, o ministro cometeu uma ilegalidade, um abuso de poder, uma prepotência arrogante que só poderá ser explicada por intenções inconfessáveis de alguém que tem muito a esconder.”

    Ora as perguntas que deviam estar a ser feitas são outras e deviam ser dirigidas ao verdadeiro causador do burburinho, o ex-adjunto. A saber:

    1 — Quis levar o computador para casa para fazer o quê?
    2 — O que é que só podia fazer em casa e não no Ministério, e porquê?
    3 — A privacidade e ausência de testemunhas foram ou não factor determinante nessa decisão?
    4 — O que é que em privado, durante duas horas, fez com o (ou ao) computador que levou para casa?
    5 — Por que motivo, duas horas depois de fazer o que fez para ter o computador na sua posse exclusiva, deixou de sentir a necessidade dessa posse exclusiva?
    6 — Que factores (e quais) sofreram alteração (e qual), para que uma necessidade tão inadiável, que o levou a atitudes tão dramáticas, perca ao fim de duas horas a urgência e carácter inadiável?
    7 — Que factores o fizeram decidir que o computador que, imprescindível e inadiavelmente, tinha de estar na sua posse já não precise de estar na sua posse ao fim de duas horas?

  33. Entretanto, a “criadagem merdiática” já começa a bolsar as habituais ideias sobre a reforma da Segurança Social e o excesso de despesa. Num clima de fim de festa não conseguem refrear a ânsia por voltar ao pote.

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