Parece que já foi há mais de dois anos mas foi apenas há dois meses e tal. O excelente Ricardo Paes Mamede fez um excelente artigo de desagravo a Hugo Mendes — Em defesa de Hugo Mendes — bem antes deste ter sido ouvido e questionado na comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP. Na audição em causa, Hugo Mendes confirmou todos os elogios recebidos do Ricardo; para boa surpresa de uns tantos e azia de muitos mais. A imagem de tontinho, que os impérios da comunicação social nas mãos da direita espalharam e exploraram, deu lugar à realidade de ser um quadro político com que Portugal pode e deve contar, e de que nos devemos orgulhar como representante da comunidade na cidadania.
Se volto a 17 de Abril de 2023 é para ilustrar como até na melhor racionalidade cai o sectarismo e o tribalismo. Por causa desta passagem: «Mais desconcertante ainda é o modo como o PS participa no ataque a Hugo Mendes, por acção ou omissão, na esperança de que a personalização dos erros num só indivíduo permita ao governo e ao partido que o suporta saírem incólumes da polémica que envolve a TAP.
» Ai sim, Ricky?
A teoria da conspiração assim vertida não prima pela originalidade nem pela sofisticação. Ora, após as prestações de Hugo Mendes e Pedro Nuno Santos na referida comissão de inquérito temos informação que não estava disponível para o autor da passagem. Essa informação é factual quanto à lisura e competência com que ambos os ex-governantes justificaram os seus actos. Consequentemente, o banzé mediático e a caudalosa chicana evanesceram-se, expondo a fétida encenação que a oposição (com a honrosa excepção do PCP) andou meses a montar.
O Ricardo não revela a que se refere na acusação ao PS. A fórmula “por acção ou omissão” serve-lhe para cobrir a plenitude dos actos de qualquer protagonista correlacionado com o PS sem ter de indicar seja o que for ou quem. A ideia de que haveria um plano sofregamente partilhado entre as entidades “governo” e “partido” para “atacar Hugo Mendes” é pura diabolização. E a alegada motivação do “saírem incólumes” é cinismo infantilóide, primarismo de comentadeiro.
Na verdade, o que é estranho num académico intelectualmente prendado como Ricardo Paes Mamede é o esquecimento de que, assim como ele tinha ficado a conhecer muito bem Hugo Mendes, outros, seus colegas no Governo e no partido, poderiam conhecê-lo tão bem ou até melhor. E, por isso e por dominarem a matéria em causa, saberem que a sua ida à comissão de inquérito para finalmente poder contar a sua versão era mais do que suficiente para estilhaçar a pulharia.
A inteligência é um instrumento. Convinha que começasse a ser usada não para a estupidificação de tratar o PS como um monstro, antes para desenvolver propostas que nos fizessem ter interesse em votar nos partidos com ideias melhores do que as dos socialistas.
é procurar ricardo paes mamede + inflação no google e logo encontras propostas para votares noutra coisa
foi pena teres passado o ano inteiro a fazer de conta que a inflação não era tema de modo a justificares o teu apoio incondicional ao belicismo
diz que disse. e ninguém processa estes mente captus por assédio moral. umas vassouradas pelas costas abaixo e piavam fino