Da pimenta e do refresco

Luís Newton está metido numa embrulhada judicial e escreveu este texto: Eu, político, me confesso

Obviamente, ignoro se é culpado de coisa alguma. Portanto, para mim não há a mínima dúvida sobre a sua actual condição de inocente. Era preciso tomar conhecimento de uma condenação transitada em julgado a respeito do caso para eu mudar de opinião. Ou então pagarem-me para investigar o processo e mostrarem-me provas da sua culpabilidade.

O que ele veio dizer é, essencialmente, isso mesmo: sou inocente, tratem-me como inocente. Por estar na berlinda, foi buscar o que de melhor se encontra na Constituição para reclamar ter direito à sua protecção. De caminho, queixa-se de pulharias vindas dos órgãos de comunicação social e da sociedade digitalizada. Fez muitíssimo bem.

Único problema? Este Luís Newton jamais tomaria uma posição pública cívica e politicamente análoga para defender os mesmos princípios constitucionais e morais estando em causa um adversário político, com o qual não tivesse qualquer laço relacional de estima, apanhado na mesma situação. E cometendo a injustiça de tecer considerações arrogantes sobre o seu carácter não o conhecendo pessoalmente, nem sequer por interpostas pessoas, tenho a profunda convicção de que ele se riria, ou terá rido, alarvemente com a malta do partido por ver a competição enterrada no mesmo lodaçal em que agora se encontra.

11 thoughts on “Da pimenta e do refresco”

  1. Caro Valupi:
    O pastor Martin Niemoller já o tinha dito: Primeiro vieram buscar os socialistas e eu como não era socialista fiquei calado; depois vieram buscar os sindicalistas e eu como não era sindicalista fiquei calado; depois vieram buscar os judeus e eu como não era judeu fiquei calado; agora vêm buscar-me e já não tenho ninguém que me defenda.
    É sempre a triste sina dos cobardolas. Tenho a impressão que a Constituição não o salva dos labeus.
    Américo Costa

  2. O autor, que professa amiúde a sua submissão a figuras do comentariado sem nunca as criticar, vem agora assegurar que o político sob investigação nunca faria aos seus adversários políticos o que ele não faz. De caminho confessa a injustiça de tal julgamento mas mantém a convicção ( tal como os juízes cujas sentenças tanto crítica) que seria mesmo assim. Este resvalar populista, e por conseguinte estúpido, é no entanto um exercício de mera projeção, um desvelamento, porque atribui a um “inimigo” que diz desconhecer, toda a paleta de motivações e carácter psicológico que só ele conhece, por lhe pertencerem .Mas convém não sermos tão maldosos com o Valupi, há toda uma inconsciência no que escreve, no bom sentido freudiano. No fundo tudo isto são mexericos e observações vās.

  3. se lesses o título do postal não inventavas asneira.
    tamém podes ser sonso, não agrada e tens necessidade de desviar a conversa.
    em qualquer dos casos podes apresentar-te como apartidário e estás entre o liberalismo nacionalista e o nacional socialismo., mas defendes o fazsismo liberal, escala10, cujos valores “estão a ser postos em causa”.

  4. «convém não sermos tão maldosos com o Valupi, há toda uma inconsciência no que escreve, no bom sentido freudiano.»

    Ou seja: diz o volupi que Newton (o da laranja podre, não o da maçã) é mais uma pobre vítima da justiça, dos media e do terrível ‘julgamento na praça pública’ – esse pesadelo de todas as pessoas de bem… e de todos os pulhíticos que querem ter o proveito sem a fama.

    Porque o diz? Para ser – ou parecer – coerente, pois passa os dias, as semanas, os anos a dizer o mesmo do seu herói 44. Desconheço se o Newton também chula a sua modesta mãe idosa, ou se também vive em casas de luxo emprestadas por amigos mamões, ou por primos credores de mafiosos angolanos. Não sei os detalhes; basta saber que são ambos pobres vítimas.

    Só que o volupi, como bom xuxa e como boa viúva do 44, não consegue conter a sua sanha anti-laranja e, mesmo reconhecendo ser injusto e arrogante, manifesta a sua “profunda convicção de que ele se riria, ou terá rido, alarvemente com a malta do partido” sobre os infortúnios do 44. Será isto freudiano, como diz o Cunk? Talvez… a mim parece-me a pulhitiquice do costume.

  5. Já nem me lembrava desta ‘Operação Tutti Frutti’ em que o Newton é arguido: mas que grande farra do Centrão Podre, hã? É sempre bonito ver laranjas e xuxas juntos a mamar.

    Crucialmente, ficou de fora o Merdina… outro arquivamento compulsivo. O Newton que tenha calma: o pote virou da sucata para a laranjada. O arquivamento dele há-de chegar.

  6. Verdadeiros artistas, estes tipos do PSD que estão hoje na berlinda, com destaque para o tipo que é primeiro-ministro, figura proeminente duma confraria lá da região. São génios do empreendedorismo da pátria. Numa penada criam surpreendentes corporações. Cabem lá todas as negociatas. Surpreende a polivalência dos gajos em competências várias. Onde se inspiraram? Sabemos bem. Foi nos governos do amigo do amigo mártir e respetivos cabedais da CEE. Foi um fartar vilanagem.

    (O tema do post leva-me para as últimas crónicas do Pacheco)
    …………
    Andam por aqui comentadores de serviço que, se fossem poder, pediam informações sobre onde eu e outros como eu moram e enviavam-nos para um centro de recuperação – ou pior ainda. A condescendência, paixão mesmo, que manifestam por ditadores é alarmante.

    (Mas eu precavia-me com um brinquedo e fodia os cornos ao primeiro que se aprochegasse)

  7. do que necessitamos para discernir

    DO QUE NECESSITAMOS PARA SAIRMOS DESTA PRISÃO, dentro da qual se enrodilham as nossas opiniões e juízos? Do que necessitamos para quebrar as nossas grilhetas?

    A história da matemática (a história do esforço humano de raciocinar abstractamente na procura de padrões e relações entre as coisas reais ou imaginadas) dá-nos uma pista.

    Pois a resolução de todos os problemas matemáticos usou sempre o mesmo estratagema. O estratagema de subir de nível de abstração. Todos os grandes problemas matemáticos (equações, teoremas, conjecturas, catástrofes, paradoxos, etc.) foram resolvidos quando alguém soube imaginar um nível de abstração (conjunto, número, limite, teorema, equação, etc.) acima do problema. Foi assim, também, que o Impronuncialismo conseguiu criar no seio da ‘teoria dos números’ dois novos números (o ‘número absurdo’ e o ‘número limite’, cuja consequência foi terem permitido discernir dois novos tipos de geometrias).

    TRANSFERINDO essa lição da escala abstracta para a escala prática o que sucederia? Conseguiríamos, deste modo, quebrar as grilhetas do nosso actual limite, e subir o nível do debate e do discernimento?

    AO APLICARMOS essa lição à vida que actualmente nos rodeia, dentro da qual habitamos, com o objectivo de conseguirmos alcançar um nível de discernimento acima dos problemas que afectam actualmente as pessoas e as sociedades (guerras, rivalidades, corrupção, fraude, crime, impasses, desânimos, coragens, heroicismos, cobardias, culpas, inocência, pureza, impureza, desistências, opiniões, assimetrias, desigualdades, riquezas, pobreza, dor, alegrias, desespero, genocídios, fascismos, convicções, crenças, certezas, incertezas, verdades, mentiras, traições, simulações, enganos, amores, ódios, necessidades, contingências, acasos, ordem, caos, utopias, ilusões, promessas, etc.) podíamos, para simplificar, chamar a esse nível superior de abstração de ‘Contexto’ (‘C’ elevado a n).

    Desde que [Contexto = paradigman + sintagman]. Pois, cada nível de abstração pressuporia outro nível superior, e assim sucessivamente atá ao infinito. Logo, no decurso do espaço-tempo os paradigmas (mentalidades, lógicas, sistema) e os sintagmas (história) sofreriam inevitavelmente uma mudança.

    ALGUÉM SERÁ CAPAZ DE NOS SALVAR? De nos libertar desta prisão, feita deste impasse onde actualmente se enrodilham as nossas opiniões e juízos num jogo sem fim?

    Por mais que tente, não acredito que o Impronuncialismo seja capaz. Embora, continue a tentar sem desistir.

    Todavia, apesar deste meu pessimismo e descrença sobre aquilo que é o meu limite, não deixo de pensar (intuir, imaginar) que esse Contexto (‘C’) de nível superior que enquadra tudo aquilo que nos rodeia não pode deixar de estar ligado. De que a passagem dos sucessivos níveis mantém uma conexão. Ora, se esta hipótese fosse razoável ou pertinente, a consequência seria a seguinte:
    — A conflitualidade humana seria uma expressão (a uma escala diferente, e distanciada do Contexto inicial-primitivo) do fenómeno físico que caracteriza a interação tumultuosa das partículas que ocorre na Natureza (universo, matéria-energia).

    PARTINDO DESTA PREMISSA (paradigma), seria possível imaginar uma história (sintagma) sobre o modo como ocorreu a evolução. Logo, sobre aquilo que nos aprisiona neste impasse actual. Assim, usando os dados actualmente disponibilizados pela ciência e pela filosofia seria razoável traçar o seguinte percurso:

    Momento 1 – ENCAPSULAMENTO [uma partícula-coisa ficou dentro de outra, provocando um duplo desenvolvimento simultâneo: interno e externo. Na escala física os quarks e bosões (neutrões e protões) ficaram encapsulados na gravidade dos electrões. Na escala química, uma molécula ficou a habitar dentro de outra através da fosforilação. Na escala biológica, os indivíduos ficaram encapsulados nas sociedades. Na escala cultural, as criações e expressões ficaram encapsuladas no simbólico (palavras, números, signos, etc.).
    Momento 2 – HISTERESE
    Momento 3 – RETROAÇÃO
    Momento 4 – MEMÓRIA (ADN, eucariotes, património)
    Momento 5 – PENSAMENTO (projeção, representação, premissa exterior, ipsidade)
    Momento 6 – CONHECIMENTO (ciência)
    Momento 7 – CONSCIÊNCIA

    SE FOR ASSIM, então, teremos de esperar até que a consciência seja integrada na matéria-energia. Como mais uma substância inerente à sua composição intrínseca.

    ATÉ LÁ, durante a espera por essa integração, as relações e as sociedades humanas serão inevitavelmente expressões dessa conflitualidade tumultuosa primitiva, inerente ao ser da matéria-energia.

    Ninguém sabe o que acontecerá à matéria-energia quando a consciência for integrada dentro da sua composição (de aquilo que é, passará a ser outra coisa? Ou não?).

    A esse estado primitivo da matéria-energia que se vai expressando nas escalas (Contextos) posteriores (um processo que vulgarmente designamos por ‘evolução’), num decaimento até à integração, a esse fenómeno, o Impronuncialismo chama: PODER (trump’s, putin’s, gengis kan’s, reis, presidentes, ‘mercado’, sociedades anónimas’, ideologias, etc.)

    OU SEJA, é isto que está a ocorrer na ucrânia, no parlamento português, aqui no beco da rua, em todos e quaisquer domínios do fazer, em todos os debates e discussões, em tudo e em todo o lado onde interajam seres-humanos.

  8. ” do que necessitamos para discernir ”

    tu necessitas de ter cérebro, procura no olx pode ser que encontres qualquer coisa em conta.
    cuidado com as imitações em cimento, de qualquer forma não ficas pior.

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