Muito antes dos blogues já existiam comunidades na Internet que proporcionavam espaços de discussão apaixonada e ininterrupta sobre os mais diversos e exóticos assuntos. Os blogues foram apenas mais um formato posto à disposição, com acrescidas vantagens editoriais, a que se seguiu a vaga das “redes sociais”, tornando ainda mais pessoal e logisticamente envolvente a participação em grupos de comunicação digital. Esta introdução para me regozijar com a animação provocada pela Isabel ao publicar uma crítica virulenta ao Bastonário da Ordem dos Advogados. Este texto gerou uma quase unânime recusa exaltada por parte daqueles que o comentaram. Quase, quase unânime, porque apareceu uma inusitada e singular Ana d’Arc disposta a malhar nos bifes com seráfica e incansável graciosidade. Ora, eis o alvo a que aponto: a Internet tem um potencial de democratização e elevação do espaço público que permanece como uma das mais tangíveis promessas civilizacionais recentes. Estas são as novas tertúlias, já não limitadas pela geografia, o espaço, a classe, os laços pessoais, mas abertas literalmente a todos os que saibam escrever e tenham tempo para gastar na interacção. O que a Isabel e a Ana fizeram, que consistiu tão-somente na zelosa exposição do seu pensamento e coerências respectivas, permitiu que um conjunto de pessoas se unissem num esforço de análise e expressão afectiva que a todos beneficiou. É que o propósito das tertúlias não é, nunca foi, criar unanimidades, bem ao contrário. A vitalidade das tertúlias advêm da alteridade intrínseca e dos conflitos e derivas daí resultantes. Aprender a tirar proveito dos choques de ideias e valores, experiências e expectativas, devia ser apanágio da educação familiar e do ensino escolar. Para aqueles que não tiveram essa sorte, oportunidades não faltam para começar a aprender e a treinar. Sim, a inteligência e cultura não são mais do que o treino, a disciplina, o hábito. E a ética não difere desta matriz, dizem alguns carolas.
Quanto ao Marinho e Pinto, também quero dar a minha bordoada. O homem é uma força da Natureza que conseguiu algo verdadeiramente extraordinário ao ter conseguido vencer, e depois resistir-lhe, a elite da advocacia nacional. Para além deste feito que poderia não passar de um troféu biográfico, a sua intervenção no espaço público exibe uma atitude de confrontação que passa por independência ao serviço da sociedade, do Estado, da comunidade, do País ou da Pátria, é escolher. Daí a sua indiscutível importância mediática, a sua genuína popularidade também alimentada com o tempero populista, a qual ultrapassa a esfera política e o coloca já como património cultural. E daí a reacção de protesto contra a Isabel, a qual teria cometido o duplo sacrilégio de servir ao Marinho a receita que ele serve amiúde e de ter defendido uma Ministra da Justiça que, sem surpresa, é personagem maldita no território ideológico deste blogue. Acontece que o argumento da Isabel é de uma validade cristalina: também para este Bastonário, especialmente para este Bastonário, particularmente no caso deste Bastonário, os fins não justificam os meios – e os meios deste Bastonário, quando trata de matérias de corrupção ou agora no ataque a Paula Teixeira da Cruz, são a difamação e a calúnia. Como é óbvio, essa postura só aumenta o problema que se alega combater, porque é a própria pulsão difamadora e caluniadora que conserva protegido o charco da corrupção. Quando as figuras públicas de referência, como é o caso de Marinho e Pinto, utilizam acusações genéricas, ou ambíguas, para lidar com questões de grave prejuízo comunitário estão apenas a alimentar a dissidência e alienação cívicas. Quem os tentar chamar à razão estará a fazer um especial favor a todos nós, mesmo que pague o preço da incompreensão quase unânime – quase, mas nunca.
Sim, mas e o que interessa?
http://lishbuna.blogspot.com/2011/12/parece-que-ja-nao-e-philo-mas-sciences.html
se estivesses calado, fazias melhor figura.
A Isabel não fez uma crítica à actuação do BOA, fez uma critica ao comportamento do Marinho e Pinto.
Neste momento, com este governo e com este presidente, não consigo entender o artigo da Isabel. Faz-me lembrar quando o Jaime Gama fez aqueles elogios rasgados ao João Jardim lá na Madeira, também nunca cheguei a entender.
No caso do infeliz artigo da Isabel, é mesmo caso para dizer que mais valia estar calada.
Belo texto, primo. Concordo plenamente contigo, mas permite-me uma pequena correcção: os blogues também são redes sociais. Se calhar até foi por isso que usaste as aspas.
Para espanto meu, Val, pela primeira vez não ESTOU ABSOLUTAMENTE NADA DE ACORDO COM ESTE SEU TEXTO! E porquê? porque o Val vem a terreno apenas para defender o texto da Isabel Moreira – sim, embora com uma introdução a louvar a existência dos blogues, etc. Ora, o que ela fez foi atacar, numa “investida” inqualificável, o actual Bastonário da Ordem dos Advogados. Qualificar de pidescas as análises do Dr. Marinho e Pinto! A Isabel denuncia um certo elitismo de classe ao destilar tanto ódio – é o termo exacto!
Claro que o Bastonário não pertence ao “jet set” da “tertúlia intelectual” alfacinha, e também é certo que gosta de exibir um certo estilo “bombástico”. Mas se o estilo às vezes não agrada, ele tem razão em 99% das suas intervenções…E a que se refere à possibilidade de promiscuidade entre os interesses de deputados e de gabinetes de advogados, ela é bem real, face à falta de legislação adequada.
Carlos Sousa, a crítica foi ao comportamento do Marinho também como Bastonário e aludindo a um acontecimento que envolveu a relação institucional entre a Ordem e o Ministério da Justiça.
Quanto a não conseguires entender o artigo, talvez não haja problema nenhum com isso.
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Nem mais, primo. Para mim, tudo o que constitui a Internet é do foro da rede social, nomeadamente o email, o link, o hipertexto, todas as plataformas de agregação de conteúdos como os newsgroups, as BBS, os fóruns, os veículos de chat, os próprios websites, e etc. No entanto, e como sabes muito melhor do que eu, a chamada Web 2.0 levou para um formato maduro e muito mais potente a experiência a que se tem acesso generalizado desde os anos 90, ou até antes em certos meios.
‘E, assim, enquanto outros lhe fazem o trabalho sujo, a ministra da justiça continua a sua meritória acção governativa: ouve falar em corrupção, logo garante que vai acabar com a «impunidade absoluta da corrupção»; um tablóide fala em enriquecimento ilícito, logo ela envia para o Parlamento um projecto de diploma para o criminalizar; os jornais dizem que um arguido está a usar expedientes processuais para atrasar o trânsito em julgado de uma sentença, imediatamente a ministra corre para a comunicação social garantindo que vai acabar com as manobras dilatórias; a comunicação social diz que Duarte Lima não pode ser extraditado para o Brasil, logo a ministra (sem reparar no que diz a Constituição) vai à televisão afirmar que pode; alguns órgãos de informação noticiam que os homicídios do estripador de Lisboa já prescreveram, imediatamente ela surge a prometer legislar para dilatar os prazos de prescrição.
Enfim, num momento em que o país precisava no ministério da justiça de alguém com uma sólida cultura jurídica que constituísse uma bússola para um sistema judicial em profunda crise, o melhor que o Dr. Pedro Passos Coelho encontrou para o cargo foi um catavento que oscila ao sabor das brisas mediáticas.’
Lido aqui http://corporacoes.blogspot.com/2011/12/tartufos-da-justica.html
“… quando as figuras publicas de referência, como é o caso de Marinho e Pinto, utilizam acusações genéricas, ou ambíguas, para lidar com questões de grave prejuízo comunitário estão apenas a alimentar a dissidência e alienação cívicas…”
Acho curioso, caro Val.
Aponte casos confirmando o que diz!
Na minha opinião, Marinho e Pinto causa tanta perplexidade e ódio, porque justamente acerta sempre nos alvos. Ele fala e muitos enfiam a carapuça: daí a enorme raiva e insultos para que partem. Raras vezes Marinho e Pinto, manda pedradas ao charco que não provoquem forte ondulação, mas isso acontece precisamente porque ele denunciou e denuncia situações graves que vão acontecendo e que mais ninguém, muito menos a chamada média, tem a coragem de denunciar ou, sequer, abordar. Daí o não entender essa sua insinuação das “acusações genéricas, ou ambíguas, para lidar com questões de grave prejuízo comunitário”
até fui relêr o texto da Isabel, absolutamente inqualificado para comentar, prossigo:
– eu achava saudável o desbragamento do Marinho e Pinto, se calhar ele é do granito e não dos calcários de Lisboa, mas atenção que nos ossos pode dar ao contrário,
– também acho saudável que o critiquem por isso,
– pelo que percebi a ministra foi lá ao congresso fazer o lugar institucional, e falou, e pirou-se logo a seguir dadas as relações existentes, ora também acho saudável.
Portanto sou eu que devo estar doente.
M.G.P. Mendes, congratulo-me pelo facto de discordares do que escrevo. Espero que seja a primeira de muitas ocasiões, quanto mais não seja por aumentar a diversidade neste mundo.
Dizes que vim a terreno “apenas para defender o texto da Isabel Moreira”. Ora, essa interpretação não pode estar mais longe da minha intenção. Por um lado, porque a Isabel não precisa de defesa, muito menos da minha. Por outro lado, porque em lado algum digo seja o que for em favor do texto. O que defendo é o seu argumento, mas sem esforço: é também o meu, já o era antes e espero nunca o vir a perder.
A tua interpretação, especialmente ao fazeres referência aos 99% de acertos que lhe reconheces, sugere que a tua leitura do texto da Isabel – que se presta muito a isso pelo seu estilo, evidentemente – é mais emotiva do que racional. É que estás a invocar um argumento de autoridade (o suposto acerto em quantidade tamanha), o que desemboca numa fulanização que escapa ao essencial. Para ti, Marinho e Pinto está a ser atacado enquanto Marinho e Pinto defensor dos oprimidos e paladino dos justos. Para a Isabel, a Ana e eu, pelo menos, Marinho e Pinto está a ser criticado por uma faceta da sua intervenção no espaço público.
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Leitor, já tinha lido, mas obrigado pela sugestão.
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José, eis um exemplo:
“«Temos situações que noutros países, como nos EUA, já tinham metido muita gente na cadeia. Na Inglaterra, já tinham atirado com muitas demissões de políticos e de altos cargos», acrescentou.
Considerando que estas situações só podem ser definidas como «tráfico de influências», Marinho Pinto entende que estas envolvem «falar com uma pessoa e conseguir que um deputado consiga isto ou aquilo».
«Aparecem no Parlamento com fortunas fabulosas e vêm dizer que são honorários. Muitos desses honorários são puros pagamentos de actos de vantagens que foram obtidos por este advogado como deputado ou até, muitas vezes, como governante», frisou.”
http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=2121661&page=-1
De quem é que ele está a falar? Qual é para ti a gravidade das suspeitas assim lançadas? Qual o efeito que imaginas que estas palavras – em tudo iguais às que ouvimos desde nascer aqui e ali sem que nunca se concretize a acusação, ou sem qualquer prova – vão ter?
Estás a pressupor que pelos méritos que Marinho e Pinto tem nalguma questão, acção ou ocasião ele está imune à crítica? A democracia não foi inventada para endeusamentos, bem pelo contrário.
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§, essa doença é fonte de saúde, pelos vistos.
Ó Val parece que temos o mesmo problema, não conseguimos entender os artigos dos outros, mesmo que seja em sentido figurado.
É que o “entender”na frase não significa compreender, entendes? O entender na frase é no sentido da divulgação do artigo precisamente nesta altura, em que a única voz que parece erguer-se contra esta promiscuidade politica é atacado até por aqueles que deveriam dar um exemplo de seriedade e de contenção nas palavras.
Carlos Sousa, entendi logo à primeira. Mas continuo a sugerir que a tua falta de entendimento, mesmo desse tipo que tiveste a gentileza de explicitar, talvez não seja problema algum. Isto é, que mal te faz, ou que prejuízo advém para o Marinho e seus combates, que a Isabel expresse a sua opinião?
(Concordo plenamente, mas olha que o mail não faz parte da Web, é outra interface. E agora a malta que estuda estas coisas já nem lhe chama Web 2.0 mas Web Social. À custa disso até tive de mudar o título da tese e o camandro. A propósito, primo, já leste esta coisa maravilhosa? http://arxiv.org/pdf/1111.4570v1)
Primo, mas claro, tal como as BBS e os newsgroups não são parte da Web, por exemplo. Daí também a referência ao período anterior aos anos 90, quando a WWW apareceu.
Tinha lido uma notícia acerca desse texto, vou ler agora na íntegra. Thanks!
Marinho arreou algumas broncas, mas não se pode tapar com isso a grande maioria das posições corajosas que toma.
Quem não erra de vez em quando? Também não é pelos seus ataques ao Marinho que eu deixo de apreciar as outras posições de Isabel Moreira.
Ó Val se entendes que um artigo de opinião da Isabel tem o mesmo efeito politico que um comentário a esse mesmo artigo feito por uma qualquer Ana, penso que está tudo dito.
a isabel armou a bronca e para lhe safares o coiro puseste uma ana de boxing bag, como não resultou dás tu a cara pela corajosa isabel que dá de frosques ao primeiro sinal de amolgadela no guarda lamas. ou será que tamém foste aluno da isabel?
Caro Valupi, como M.G.P. Mendes afirmou algures lá para cima e na sequência do que já escreveu o meu primo alfredo carpinteiro não posso estar de acordo contigo. É raro, mas penso que também é salutar…se calhar é por ainda não ter recebido a reforma ou do pessimismo do Crespo, essa voz clarividente, sobre o futuro da Europa. É a vida…
Caro Val!
Parece-me que trocou os papéis da Isabel e do Marinho. A Isabel acusou o Marinho de difamar a Paulinha. E não é verdade. Ele apenas aduziu o facto concreto de que: A mesma tinha metido no Ministério da Justiça os colegas de escritório do marido/companheiro da dita senhora. A senhora iludindo a questão veio dizer em suma que: Não tinha marido! Ao que o Marinho retorquiu fazendo alusão a que a senhora vive maritalmente com um Advogado cujos colegas de escritório foram trabalhar para o MJ. Onde está a calúnia? Na acusação de enxamear o MJ de amigos pessoais? Não será isto uma critica politica relativa ao favorecimento de amigos?
A Isabel é que se excitou muito com a referencia á relação marital da ministra e veio acusar o Marinho de difamar a dita senhora. Aliás o Marinho teve neste caso até alguma elegância ao não aproveitar a resposta da Paulinha para responder quando ela negou ter marido, que se calhar será outra coisa. Isso sim poderia ser uma resposta mal educada, mas calúnia? Viver maritalmente não é nada deslustre para ninguém e até é reconhecido constitucionalmente. Só se esse alguém for preconceituoso. Por outro lado acusar alguém de calúnia com base nestes factos é me parece uma precipitação e até um juízo feito com pressuposto de uma ou outra conduta do dito Marinho que não esta.
Era fácil á senhora em vez de fazer jogos florais, negar a colocação dos amigos no MJ. Mas não o fez! O que não deixa de ser elucidativo! A Isabel tem de deixar de defender os colegas da FDL com tanta impetuosidade como já fez com o Lomba. Porque eles se estão marimbando e porque não merecem!
Dera-se o caso de a Isabel ter escrito “…. O homem é uma força da Natureza que conseguiu algo verdadeiramente extraordinário ao ter conseguido vencer, e depois resistir-lhe, a elite da advocacia nacional. Para além deste feito que poderia não passar de um troféu biográfico, a sua intervenção no espaço público exibe uma atitude de confrontação que passa por independência ao serviço da sociedade, do Estado, da comunidade, do País ou da Pátria, é escolher. Daí a sua indiscutível importância mediática, a sua genuína popularidade também alimentada com o tempero populista, a qual ultrapassa a esfera política e o coloca já como património cultural….” (ou coisa identica), e talvez fosse menor a polémica. Mas certamente também menos interessante.
Não tenho dúvidas que a Isabel Moreira escreveu com “conhecimento de causa” e sobre fatos desconhecidos à maioria dos comentadores, onde me incluo. Mas Marinho E Pinto já não é só um bastonária da ordem. Tenho um pressentimento que muitos portugueses andam com sentimentos de orfandade…e agarram-se aonde podem..
só agora reparei no título do poste, deve ser o “conhecimento de causa” de que fala o direitolo acima. estes gajos pensam que ser do centro é tirado pelas média das esquerdelhadas e direitices.
ESTE BLOGUE, A MIM, NUNCA ME ENGANOU… Embora por vezes saia em defesa de alguns postes, contra a ira duma ideologia de direita pura e dura, com a do actual governo, penso que os autores respectivos, pertencem também à classe que se sente duramente atingida pelo defensor da verdade que é Marinho Pinto, porque essa classe social a que pertencem os principais autores dos postes deste blogue nada têm a ver com as origens do actual bastonário nem com a sua maneira frontal e por vezes necessariamente desbragada como opina a favor da verdade, que infelizmente, nunca poderá ser assim posta a nu, para estes títeres!
Continuas, sapateiro, a ir além da chinelita. Usas as armas que tanto repudias, mas se a tua joanita diz mata, tu dizes esfola. Pobre diabo.
Ratax, não creio que seja possível tapar seja o que for ao nosso Marinho.
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Carlos Sousa, se pensas que está tudo dito, talvez esteja mesmo.
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anonimo das 20.33, larga a vinhaça.
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jafonso, e fazes tu muito bem em não estar de acordo comigo.
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Sousa Mendes, trazes assuntos nos quais não toquei e não pretendo tocar. Mas repito o que para mim está em causa: Marinho e Pinto, o actual Bastonário da Ordem dos Advogados, utiliza a difamação e a calúnia consciente e assumidamente. Isso, para mim, é inaceitável.
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jrrc, exacto: o homem já não é só um bastonário de uma ordem qualquer, há nele uma outra ambição (e não tenho nada contra isso, apenas registo).
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torres, este blogue, a mim, também nunca me enganou.
Caro Val,
passando por cima do introito “controversia mota est”. Reparei que classificaste de “crítica virulenta” o “post” da Isabel sobre quem ela crismou de BOA.
Deves ter reparado que muitos estranharam precisamente isso, a virulência da crítica e a defesa de uma ministra que, de facto, tem bizarros comportamentos.
A Ana, que respeito e louvo pela sua combatividade, defendeu também alguns pontos de vista interessantes mas que se afastaram do cerne da questão.
Mas cais exatamente no erro de que falas e a Isabel falou. Onde está o ataque à honorabilidade da ministra da Justiça? Onde é que Marinho e Pinto difama e calunia a ministra da justiça? Porque carga de água, nem tu, nem a Ana, nem a Isabel, tiveram uma palavra quanto à sra. ministra ter subido a uma tribuna onde devia falar como tal, e afirmar que apenas estava ali como advogada (não tendo sido por isso que foi convidada e fez parte da mesa de honra), criticar o Bastonário em sua própria casa, o que, in extremis, revela falta de decoro e educação, e que sai pela porta fora antes do fim da cerimónia quando tinha antes exigido falar no fim da mesma o que lhe foi negado!
Se o Marinho e Pinto atacasse um advogado públicamente não estaria a cometer um erro? Se o Bastonário da Ordem dos advogados citasse o nome dos advogados que andam pelo parlamento a fazer trabalho de sapa para os clientes estaria a servir a Ordem? Será que só o Marinho e Pinto é que é culpado de generalizações e que também é o único que se serve do lugar que ocupa para as fazer na praça pública?
Poderemos dizer que o Marinho e Pinto é como um elefante numa loja de cristais, mas e se ele fosse como uma pluma? Seria manchete de jornais e estaria a prestar um serviço a quem?
a diferença é que o marinho pinto acusa e tu insínuas.
Val, a quase unanimidade das reacções negativas ao que a Isabel escreveu sobre o Marinho Pinto resulta da espantada decepção que as suas posições provocaram em muitos que habitualmente a apreciam.
O primeiro ataque da Isabel teve como pretexto a posição, quanto a mim errada, que o bastonário tomou sobre o Duarte Lima. Mas a brecha pelo próprio aberta na habitualmente sólida muralha da sua intervenção cívica não provocaria normalmente mais do que uma pequena goteira. O exagerado “tsunami” que a Isabel por lá tentou fazer passar de contrabando, aproveitando o deslize, tinha tantas hipóteses de passar como a velha história do Rossio na Rua da Betesga. As reacções quase unânimes a que assististe são manifestações da solidez da muralha, a provar isso mesmo. E mais patético ficou ainda o arremedo de maremoto quando a Isabel assumiu a inesperada defesa da pesporrência malcriada da criatura que detém a pasta da Justiça, que parece encarar como o seu latifúndio privado.
O Marinho poderá não pormenorizar os comportamentos que denuncia, até para não incorrer no crime de difamação, mas não me digas que na tua cabeça não surgem logo caras e nomes quando ele faz as “insinuações” que criticas. Criticável é fazer calúnias, denúncias deliberadamente mentirosas, difamar pessoas concretas com objectivos que nada têm a ver com a obtenção de justiça, destruindo-as pessoal, social e politicamente. Não é isso que o Marinho faz e é isso que o Marinho combate, usando “insinuações” a que todos nós associamos imediatamente caras e nomes para tentar provocar a investigação de situações reais e não de tretas sobre primos e tios do Sócrates e outras parvoeiras do género, que parecem ser a única coisa que excita a justiça portuguesa, a atingir mesmo o nível do priapismo!
Do que aqui tenho visto de ti, era capaz de jurar que te enojou a Manuela Moura Guedes a chamar bufo ao bastonário. Por isso, e mesmo dando de barato que o Marinho Pinto às vezes ultrapassa um pouco os limites, não entendo a bonomia com que encaras a atitude da Isabel, ao comparar o comportamento do bastonário com o da PIDE.
Caro Val,
Apesar de ser leitora assídua do Aspirina B, creio que foi a primeira vez que comentei. Os blogues têm grande potencial, justamente pela democratização de que falou e percebo o ponto de vista de alguns comentadores (como o Teófilo M) que também “esgrimiram” as suas ideias. Quanto a Marinho Pinto já disse quase tudo o que tinha a dizer. Acrescentarei apenas que também eu lhe reconheço o valor de ter conseguido singrar num mundo conservador, com um tipo de perfil e de discurso completamente diferente e que tenho pena (genuína) de que enredado na lógica “os fins justificam os meios”, o Bastonário tenha escolhido um caminho que, na minha opinião, em nada contribui para a pacificação e credibilização da justiça. O discurso alarmista, populista e de insulto gratuito, sem dúvida óptimo para manchetes dos jornais, mas não para muito mais que isso.
Ó Ana,
Pacificação e credibilidade da justiça? Foi isso que quis dizer?
Sinceramente, você acredita que com os actuais detentores dos cargos, existe justiça?
Acha que se o Marinho e Pinto estivesse calado, era tudo um mar de rosas?
Quem é que você tem, no actual momento que consiga ser tão contundente e obrigue a tomadas de reflexão?
Eu dou-lhe um exemplo:
– Lembra-se do movimento 12 de Março?… Era notícia em tudo quanto era sitio, jornais, telejornais, rádio, e até tinha direito a um link directo no sapo para uma página pessoal.
– Neste momento esse mesmo movimento chama-se plataforma 15 de Outubro, já não é notícia em lado nenhum, e nem página nem link tem.
Acha que a geração à rasca na altura do Sócrates já se desenrascou toda, e agora são só meia dúzia de arruaceiros?
A Isabel fez mal, a par daquele artigo sobre o Marinho e Pinto deveria ter feito outro ainda maior sobre a ministra num tom tão ou mais agressivo.
Teofilo M, que a crítica da Isabel é virulenta não está sequer sujeito a discussão, decorre do modo como ela expressou a sua indignação. Mas a mim interessa-me é realçar o seu argumento, porque comungo da mesmíssima avaliação que ela faz.
Os ataques de Marinho à Ministra, e os episódios no congresso, não são o assunto que aqui debato, até porque o Bastonário deu boa conta do caso, como é sabido. Nem sequer preciso de me justificar a respeito de Paula Teixeira da Cruz, que sempre considerei politicamente uma fanática e sobre quem publiquei uma boca ainda recentemente.
A teu comentário repete o erro de interpretação de considerar que uma crítica a um aspecto da intervenção pública de Marinho e Pinto equivale a uma censura à sua pessoa intelectual e actividade política e cívica. Obviamente, estás a saltar muitas linhas do texto.
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anonimo, eu “insínuo”? As coisas que tu inventas.
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Joaquim Camacho, não vejo qualquer problema na existência de um coro de protestos ao que a Isabel expressou. Aliás, começo por registar isso mesmo, para melhor contextualizar a minha posição. As diferenças de opinião aumentam na razão directa do aumento do convívio, por isso só estamos imunes à crítica quando não emitimos qualquer juízo.
O argumento que estás a utilizar para defenderes Marinho e Pinto é precisamente o cerne da questão, para mim. Repara no que escreveste:
“O Marinho poderá não pormenorizar os comportamentos que denuncia, até para não incorrer no crime de difamação, mas não me digas que na tua cabeça não surgem logo caras e nomes quando ele faz as “insinuações” que criticas. Criticável é fazer calúnias, denúncias deliberadamente mentirosas, difamar pessoas concretas com objectivos que nada têm a ver com a obtenção de justiça, destruindo-as pessoal, social e politicamente. Não é isso que o Marinho faz e é isso que o Marinho combate, usando “insinuações” a que todos nós associamos imediatamente caras e nomes para tentar provocar a investigação de situações reais e não de tretas sobre primos e tios do Sócrates e outras parvoeiras do género, que parecem ser a única coisa que excita a justiça portuguesa, a atingir mesmo o nível do priapismo!”
Estás a pressupor que as caras e nomes que te aparecem quando se faz uma insinuação vaga serão as mesmas que aparecem a terceiros que crês comungarem das tuas ideias. Ora, nada mais errado. As acusações de Marinho aos deputados, posto que não nomeiam os alvos, dirigem-se a todos os deputados por igual. Alguém que não partilhe das tuas posições políticas e ideológicas poderá, com a legitimidade que te permites, considerar que se está só a falar de deputados do PS, ou mesmo do BE e PCP. Isso é inadmissível, seja qual for o ponto de vista na análise, porque equivale a dizer que o próprio Parlamento perdeu a sua legitimidade constitucional. Achas que a gravidade desta acusação se compadece com o modo como ela é enviada para o espaço público, a partir de uma função de comentador na comunicação social e sem qualquer acção conforme à tipologia dos crimes que se alega estarem a ser cometidos?
É esta duplicidade que me aparece como algo a combater sem quartel, começando precisamente por aqueles de quem esperamos o melhor e muito melhor.
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Ana, foste inexcedível na tua generosidade intelectual, assim permitindo uma excelente discussão. Muito obrigado.
Caro Val!
Mas se não queres tocar no assunto(nos factos concretos) então para que serve opinar em abstracto sobre um comportamento concreto? Só se for um exercício de espiritismo!
A acusação de calúnia exige concretização dos factos concretos; onde foi cometida; como foi cometida e quando foi cometida. Para os de direito, tempo, lugar e modo! O resto são balelas e insinuações como as que a Isabel fez! E isso é que está mal. Essa resposta parece a daqueles Desembargadores que vão ás TVs. dizer que não falam do caso concreto e depois toca a dar opiniões em “abstracto” sobre tudo e nada! Esperava mais frontalidade do VAL! Enganei-me!
Sousa Mendes, estás a falar de quais factos concretos? Eu falo do concreto Marinho e Pinto e das suas concretas difamações e calúnias, como estas que repito, entre muitas outras:
“«Temos situações que noutros países, como nos EUA, já tinham metido muita gente na cadeia. Na Inglaterra, já tinham atirado com muitas demissões de políticos e de altos cargos», acrescentou.
Considerando que estas situações só podem ser definidas como «tráfico de influências», Marinho Pinto entende que estas envolvem «falar com uma pessoa e conseguir que um deputado consiga isto ou aquilo».
«Aparecem no Parlamento com fortunas fabulosas e vêm dizer que são honorários. Muitos desses honorários são puros pagamentos de actos de vantagens que foram obtidos por este advogado como deputado ou até, muitas vezes, como governante», frisou.”
http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=2121661&page=-1
Caro Val,
entre uma crítica e um ataque vai uma distância imensa como sabes.
Uma crítica é salutar quando equilibrada e ponderada, um ataque (e ainda por cima descabelado) é um meio de colocar as pessoas do lado do atacado.
A avaliação que a Isabel fez foi a comparação do Bastonário a um Pide, foi considerar que o Bastonário insultou a sra. ministra que falou como advogada, foi acusá-lo de lançar para o ar atoardas impossíveis de provar, foi criticar a atuação do bastonário nas suas intervenções públicas, foi acusá-lo de ser queixinhas e mauzinho para os jovens advogados.
Isto foi o que eu li.
Creio já ter dito, mais de uma vez, que não me revejo nos modos de ser do Bastonário, mas partir daí para considerar que ele é um mal em si mesmo, acho que é demais.
Posso estar errado, mas que prefiro que o Marinho erre por excesso do que se acomode por defeito, pois por causa do acomodamento de muitos é que chegamos ao ponto a que chegamos.
Defeitos todos os temos, só querer ver os defeitos e esquecer as virtudes costuma ser lido e tido como avaliação incompleta.
O rei vai nu, e pelos vistos só o Marinho é que o diz na praça pública, todos os restantes parecem embevecidos com as vestes transparentes do rei.
Texto De Marinho Pinto, no JN
Tartufos da justiça
Desde há mais de dois anos que eu não era alvo de uma tão intensa bateria de ataques pessoais como tenho sido nas últimas semanas, por denunciar a política errática da actual ministra da justiça e, sobretudo, o nepotismo que se instalou nesse ministério.
Jornalistas, deputados, magistrados, funcionários do próprio ministério da justiça e até a organização de juventude do partido de que a ministra é vice-presidente, todos acorreram em defesa da ministra – não para desmentir os factos que eu tenho denunciado, mas para me dirigir os mais variados ataques pessoais.
Uma deputada do PS chama-me pide – isso mesmo, agente da Polícia Internacional de Defesa do Estado, a respeitável instituição criada por Salazar para meter na ordem social vigente os que tentavam subverter, precisamente, a ordem social vigente; o presidente do sindicato do Ministério Público chama-me «fascista»; alguns jornalistas (!?!?!?) disparam sobre mim outros insultos de idêntico jaez, na esperança óbvia de agradarem à Sra. Ministra; o chefe de gabinete da ministra ataca-me em linguagem desbragada por eu ter ousado revelar factos que põem em causa a credibilidade política de quem lhe arranjou tão invejável «job»; até a jornalista Manuela Moura Guedes abandonou as brumas da bem-aventurança onde se refugiara desde que deixara de protagonizar na TVI magníficos espectáculos político-jornalísticos e desceu à terra para engrossar a marcha dos justiceiros contra mim (desta vez não me chamou «bufo», mas andou perto); num blogue da editora Verbo Jurídico muito usado por magistrados para me insultar, um deles, sob anonimato, foi ainda mais longe e inventou factos totalmente falsos a meu respeito, que logo fez circular na Net, na esperança de que as calúnias produzissem os efeitos desejados antes de serem desmentidos. Na crónica da semana passada desafiei-o a provar os factos que me imputou, mas, como todos os cobardes, continua refugiado nos becos do anonimato.
Mas de todos os ataques o que mais me surpreendeu foi o da JSD, pois mostrou que, afinal, possui mais aptidão para ser uma espécie de claque de apoio (como no futebol) do PSD ou tropa de choque dos dirigentes sem credibilidade do que para defender os verdadeiros interesses dos jovens que diz representar. Longe vão os tempos em que a JSD era dirigida por líderes que não se prestavam a esses fretes e os dirigentes do PSD não se refugiavam atrás da organização juvenil do partido.
Willy Brandt, talvez a maior referência da social democracia europeia do pós guerra, disse uma vez que para se ser um bom social democrata aos quarenta anos era necessário ter sido um bom esquerdista aos dezoito. Só que, hoje, em Portugal, eles já são óptimos social democratas aos 18 anos para, aos 40, poderem ser aquilo que verdadeiramente procuram, ou seja, administradores de um qualquer BPN ou de outra coisa parecida.
E, assim, enquanto outros lhe fazem o trabalho sujo, a ministra da justiça continua a sua meritória acção governativa: ouve falar em corrupção, logo garante que vai acabar com a «impunidade absoluta da corrupção»; um tablóide fala em enriquecimento ilícito, logo ela envia para o Parlamento um projecto de diploma para o criminalizar; os jornais dizem que um arguido está a usar expedientes processuais para atrasar o trânsito em julgado de uma sentença, imediatamente a ministra corre para a comunicação social garantindo que vai acabar com as manobras dilatórias; a comunicação social diz que Duarte Lima não pode ser extraditado para o Brasil, logo a ministra (sem reparar no que diz a Constituição) vai à televisão afirmar que pode; alguns órgãos de informação noticiam que os homicídios do estripador de Lisboa já prescreveram, imediatamente ela surge a prometer legislar para dilatar os prazos de prescrição.
Enfim, num momento em que o país precisava no ministério da justiça de alguém com uma sólida cultura jurídica que constituísse uma bússola para um sistema judicial em profunda crise, o melhor que o Dr. Pedro Passos Coelho encontrou para o cargo foi um catavento que oscila ao sabor das brisas mediáticas.
Fonte: JN
Teofilo M, a tua crítica ao texto da Isabel é perfeitamente legítima, como outras críticas diferentes também o serão, mas é um assunto que me ultrapassa. Do que falo é de um aspecto do Marinho e Pinto que, precisamente por causa das suas bandeiras públicas, me aparece ainda mais grave.
este tema foi amplamente debatido em 2 artigos nos ultimos dias, com um numero avultado de participações, algumas de elevado nivel…
não entendo assim a necessidade por alguem sentida de re-retomar esta discussão ad-hominem, do mesmo tema, após aquela quase unanimidade de opiniões aqui expressas,
nuns malabarismos vagamente intelectuais, sem grande substancia,
e que a mim,
só me merecem uma consideração: profundamente disgusting
Já me expressei como muito boa gente o fez, naqueles debates dos ultimos dias.
Hoje e agora, só aqui venho para registar aquela consideração
Abraço aos bons amigos com quem aqui terei trocado impressões durante estes anos de algum chumbo da nossa democracia, como o texto supra atesta…
cpmts
as minhas questões não têm muito que ver com o conteúdo essencial do texto mas são-me bastante pertinentes:
o que havia, para discussão, antes dos blogues?
porque são considerados os blogues redes sociais? o que caracteriza uma rede social?
aires, se bem entendo o teu comentário, estás a dizer que o assunto não deveria voltar a ser discutido neste blogue após as duas publicações anteriores. E isso por causa da quantidade de opiniões num dado sentido. Se é assim que pensas, estás de facto enganado no blogue.
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Olinda, tens toda a Internet a pulsar com as respostas que procuras.
sim, acredito que sim – não é preguiça mas curiosidade não satisfeita depois de andar a procurar. principalmente porque não consigo perceber em que medida, por exemplo, um blogue será uma rede social quando não permite comentários – não existe interacção.
ò titeresinho vaidosão…
tás então a indicar-me o caminha da rua do teu blog????…
que má imagem assim dás dele…
e dos seus valores …
mas é contigo,
os actos ficam com quem os pratica…
só te faço notar, pelos vistos precisas que o faça,
que não é nem educado
nem tão pouco necessario,
bastava saberes ler o que ali escrevi…
Cpmts
PS verifico que tambem não entendeste nada do que aqui escrevi, bem como nos 2 anteriores artigos,
que,
por qualquer razão que me escapa, estas, agora, a tentar recuperar, reformular, reescrever …
já entendi: a interacção é apenas uma nuance, uma democratização possível. o que o caracteriza é a disponibilização da informação, o compartilhamento. tinha um conceito errado e afunilado de redes sociais. agora, mais amplo, posso afirmar que faço discriminação da grande maioria dos géneros.
aires, larga o vinho.
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Olinda, tu percebes bué de bué da cenas.
percebo poucochinho – mas hoje mais do que ontem e amanhã mais do que hoje.
(só não percebo, nem me interessa, de linguagem yorn dessa que usaste para mim. gosto mais da tua outra, da de cristal) :-)
Ora aqui estas tu ao teu verdadeiro nivel…
disfarçavas com umas bocas
mas esta é a tua real identidade, caracter, formação
so…
por mim terminou a oportunidade de continuares a exibir a tua falta de educação
e esse ego vaidosão que ja não consegues dominar, disfarçar
nem tão pouco dar-lhe qq conteudo util
a nossa conversa acabou, fica a falar sózinho…
Olinda, é esse o espírito.
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aires, combinado.
Val, a nossa justiça (com honrosas excepções) é em grande medida uma justiça cobarde mas prepotente, reactiva e oportunista, vaidosa e arrogante mas incompetente e infantilóide, comodista, mercenária, burocrática e formalista… Paro por aqui, ou arrisco-me a deixar o dicionário com a língua de fora!
Toda a gente o sabe, mas algumas das “qualidades” que atrás refiro levam a grande maioria a um silêncio cobarde e até, muitas vezes, a colaborar, activa ou passivamente. Veja-se o caso recente do “estripador”, mas a coisa já vem muito de trás, na senda do processo da coisa da pia. Este foi, aliás, o grande balão de ensaio que estabeleceu as linhas mestras da metodologia a partir de então usada pelas mafiazinhas que infestam não só grande parte do aparelho judicial mas também a sua concubinagem num “jornalismo” que nos envergonha a todos e submerge o pouco jornalismo que consegue sobreviver.
O Marinho Pinto é voz quase isolada na denúncia dessa realidade, nomeadamente na apreciação que faz sobre o funcionamento dos tribunais portugueses e a arrogância de muitos juízes e procuradores, por exemplo. Adaptando o célebre desafio do Fidel, a postura dele resume-se assim: “Senhores da máquina judicial enquistada! Não tenho absolutamente medo nenhum de vocês!” Isto é para mim uma mais-valia, uma trincheira que deve ser defendida, quase uma espécie de último dique contra o tsunami geneticamente inquisitorial que nos quer manter quietinhos e borrados de medo! O homem comete erros? Pois comete! Exagera por vezes? Pois exagera! E depois?! Ninguém é perfeito!
Dou-te um exemplo: não gosto do Duarte Lima, não pelas óbvias divergências políticas, mas pela atitude arrogante e vaidosa que o tornou inicialmente conhecido, no início da sua carreira política. Irrita-me aquela postura de quem se julga mais esperto que toda a gente e custam-me a engolir as explicações que dá para a sua meteórica fortuna. Mas que culpa tem o homem do que eu penso dele? Primeiro investigue-se, se houver motivos para isso. E depois, ou se prova que há ilegalidades ou não se prova, e neste caso deixem-no em paz! Sobre o homicídio de Rosalina Ribeiro, porém, tudo o que li e ouvi me leva a não dar o mínimo crédito à tese de que foi ele o assassino, ou sequer o mandante.
Mas mesmo que o fosse, tenho para mim que o homem tem todo o direito de se defender da acusação (em colaboração com os seus advogados) da maneira que entender mais eficaz. Por isso considero absolutamente lamentável que o Marinho Pinto tenha, publicamente, afirmado mais ou menos o seguinte: “Não vou opinar, porque não devo fazê-lo, sobre a estratégia de defesa do dr. Duarte Lima ou dos seus advogados, mas eu, se fosse ele, face às acusações que a justiça brasileira tornou públicas, já me tinha pronunciado.” Ou seja, em duas linhas faz uma coisa e o seu exacto contrário. Por mais que aprecie o Marinho Pinto, eu naquele momento salto imediatamente, de cabeça, para a trincheira do Duarte Lima que não gramo, sem qualquer hesitação nem reserva mental.
Mas quando ele afirma o que tu acima transcreves — «Aparecem no Parlamento com fortunas fabulosas e vêm dizer que são honorários. Muitos desses honorários são puros pagamentos de actos de vantagens que foram obtidos por este advogado como deputado ou até, muitas vezes, como governante» –, e sabendo eu muito bem que um dos alvos potenciais mais óbvios é precisamente o Duarte Lima (que ele, porém, não nomeia, porque não pode nem deve), apoio tal pronunciamento também sem reserva, porque sei que esta é se calhar a única maneira de levar a justiça portuguesa, cobarde e reactiva, a fazer alguma investigação sobre casos que de outro modo seriam arrumados na gaveta das irrelevâncias.
Concordo contigo numa coisa: também eu “não vejo qualquer problema na existência de um coro de protestos ao que a Isabel expressou”. Esse coro é, aliás, extremamente salutar e reconfortante.
Excelente texto, que ofusca e amesquinha o deplorável escrito de Isabel Moreira. Mas é uma “maldade” que ela bem merece…
Eu, que sou um lírico, até concordo com os princípios defendidos ao texto, tipo: «- ó Oceano, tem calma, meu, vê lá se não dás sarrafadas ilegais nos gajos do [Porto, por exemplo, com Paulinho Santos & C.ia], apesar de eles nos tentarem partir as pernas a todos e o árbitro não dizer nada!”.
Pois é. Teoria bonita, sem dúvida. Sou é muito cuidadoso com os momentos concretos em que a ponho em prática.
Perdão, “(…) princípios defendidos no texto”.
Joaquim Camacho, essa importância de Marinho e Pinto como o único guerreiro popular pela justiça com coragem suficiente para enfrentar os grandes senhores protegidos nos seus castelos corporativos também é por mim reconhecida e muito apreciada. Acontece é que a promessa que ele assim espalha na sociedade aumenta-lhe ainda mais a responsabilidade. Por isso, ao nos confrontarmos com a sua utilização da difamação e da calúnia, é nosso dever ético ter tolerância zero para esses espasmos.
Enfim, não concebo como é que se pode ter dois critérios nesta matéria.
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Marco Alberto Alves, se bem te leio, estás a sugerir que a difamação e a calúnia (cuja metáfora seria a sarrafada) podem ser usadas contra um certo poder em certas circunstâncias (sarrafar os sarrafeiros, portanto). Se for isso, não o recomendarei a ninguém a não ser que deixe de estar em vigor um Estado de direito e a situação seja de guerrilha.
Um comentador aí acima a botar sentença absolutória, mas condenando os que se antecipam ao juiz:
“Sobre o homicídio de Rosalina Ribeiro, porém, tudo o que li e ouvi me leva a não dar o mínimo crédito à tese de que foi ele [Duarte Lima] o assassino, ou sequer o mandante.”
Ora aqui temos mais um efeito perverso das restrições ao crédito.
Val, quando classifico o Marinho Pinto como “voz quase isolada” ou “quase uma espécie de último dique”, repara bem no “quase”. Não o considero “o único guerreiro popular pela justiça com coragem suficiente para enfrentar os grandes senhores protegidos nos seus castelos corporativos”. Mas é sem dúvida, dentre os que têm alguma visibilidade, o mais eficaz, graças não só à frontalidade mas também à capacidade de análise e exposição dos problemas que evidencia. É essa eficácia que incomoda as corporações. Por mais que se cocem, não conseguem livrar-se da comichão, que já atinge sítios apenas ao alcance de uma cólon-recto-escopia…
Continuo a não concordar contigo quando te referes à “sua utilização da difamação e da calúnia”, que não consigo descortinar, pelo que nos resta a velha fórmula do concordar em discordar.
Joaquim Camacho, não o consideras tu mas considero eu. Quem mais aparece na praça pública disposto a enfrentar os juízes? Diz aí nomes para minha aprendizagem.
Quanto a não conseguires descortinar as difamações e calúnias que ele espalha, isso talvez seja um obstáculo emocional teu, um estado de negação. Tu próprio já as citaste e até chegaste ao ponto de explicitar o seu efeito. Disseste que a partir de uma acusação genérica do Marinho era possível identificar a quem é que ele se dirigia. E, tudo isto, sem qualquer prova dada por ele ou por ti, apenas suspeições!
Ó impronunciável, aquilo que classificas como “sentença absolutória” chama-se, em sociedades civilizadas, “presunção de inocência”, mas isso é coisa que tu, sentado à volta da fogueira, em comovente comunhão com os teus pares, não sabes o que é, extasiado que estás com o maravilhoso som da carniça dos condenados lambida pelas chamas, chiando, estalando, fumegando… E sai uma santificada ejaculação para o olho esquerdo do senhor bispo, refastelado na primeira fila!
Val, se o Marinho Pinto fizer, se acaso fez, uma alusão genérica a tratamentos de favor na compra e venda de acções do BPN, todos sabemos a quem ele se refere e não vejo onde está a difamação ou calúnia. O tipo não pode falar nisso? Não podemos também nós falar nisso, escrever sobre isso? O mérito potencial da intervenção dele está na possibilidade de ela poder levar ao aprofundamento da questão por uma investigação judicial. Claro que neste caso concreto a coisa não avança mesmo, por razões que ambos conhecemos, mas pode ter resultados noutros.
Quanto a nomes, digo-te um, apesar de terem praticamente conseguido silenciá-lo: Jorge Van Krieken, jornalista, o homem que nos deu a conhecer o famigerado envelope 9 e que chegou a falar em “fascismo judiciário”. Voz quase completamente isolada no caso da coisa da pia, foi sujeito a um autêntico massacre, com ameaças e manobras de intimidação de todo o tipo, e nunca fraquejou!
Joaquim Camacho, em relação ao BPN a existência de crimes é um dado objectivo a partir das declarações dos próprios envolvidos que já foram feitas publicamente. Saber quais, como e com que resultados judiciais é o que o tribunal vai aferir. Mas o exemplo que trouxe respeita ao Parlamento, o qual tu usaste para mostrar que não era uma calúnia porque conseguias identificar o alvo, ou alvos, e sabias que havia culpa formada. Ora, tens alguma prova de que algum deputado enriqueceu por ter pervertido a sua responsabilidade deontológica, legal ou constitucional? Se tens, venha ela. Se não tens, estás também a difamar e caluniar. Isto é “lana caprina” conceptual.
Jorge Van Krieken envolveu-se no processo Casa Pia mas em momento algum se tornou numa figura que assumisse a causa pública da justiça. É que acusar o sistema é uma coisa, que se ouve em todo o lado, mas ocupar um lugar de projecção mediática donde se lançam ataques contra as perfídias ou se defendem causas outra completamente diferente. Por isso me parece não existir ninguém a sequer fazer companhia ao Marinho. Repara como nem o Miguel Sousa Tavares, que tinha tudo para ser outra grande figura da causa da justiça, se atira aos juízes e demais magistrados como faz o actual bastonário.
pois esse Jorge van Krieken tenho-me interrogado o que teria acontecido com ele, também o achei diferente de todo o lamaçal circundante. No entanto o Marinho e Pinto é mesmo uma das figuras de português que eu acho tão saudável que exista. Não se esqueçam do lítio pás, estou a falar das reservas que fazem de Portugal um dos ricos do mundo do ouro do futuro.
Tão eloquente o desígnio imperial da senhora do Marco, Merkel.
Val, a nossa investigação judicial padece de um aparente defeito de fabrico: quase só pega de empurrão. E é aí que está um dos méritos do Marinho Pinto.
Não sei onde foste buscar a ideia, mas eu nunca disse que sabia que havia culpa formada fosse em que situação fosse. Tanto quanto sei não há mesmo, quando muito haverá suspeito, não sei se suspeitos. Nem acusados há, ao que julgo saber.
Se tenho “alguma prova de que algum deputado enriqueceu por ter pervertido a sua responsabilidade deontológica, legal ou constitucional”? Eu não tenho, mas ao que sei já houve pelo menos dois investigados por isso, ambos do PSD, e um deles foi mesmo condenado. Claro que este só o foi porque aparentemente lhe faltava peso político suficiente. O outro, que andava com quilos de notas em malas e maletas, safou-se e até aparece de vez em quando a arrotar umas postas de pescada moralistas e anticorrupção, vê lá o desaforo! Vai-se a ver até assinou aquela brilhante peça sobre “enriquecimento ilícito” do correio da manha!
Mas agora pergunto eu: também achas que é difamação e calúnia contra os polícias em geral dizer que há polícias corruptos, e até polícias bandidos? Será também difamação e calúnia dizer que havia polícias à paisana infiltrados na manifestação em frente do Parlamento, que actuaram como provocadores e cometeram pelo menos crimes de agressão no decorrer de uma acção ilegal? Afirmar tais factos ofende a honra dos polícias em geral?
Afirmas tu: “Jorge Van Krieken envolveu-se no processo Casa Pia mas em momento algum se tornou numa figura que assumisse a causa pública da justiça. É que acusar o sistema é uma coisa, que se ouve em todo o lado, mas ocupar um lugar de projecção mediática donde se lançam ataques contra as perfídias ou se defendem causas outra completamente diferente.”
Receio que estejas mal informado a este respeito. Não só assumiu “a causa pública da justiça” como o trabalho que fez nesse sentido ultrapassou em muito, quanto a esforço despendido, o que faz o Marinho Pinto. Não por demérito deste, mas simplesmente devido à natureza diferente do campo de intervenção de um e do outro. O território do Van Krieken é o do jornalismo, mas o trabalho que aí desenvolveu resume-se numa palavra: hercúleo! A intervenção dele no processo Casa Pia não se limitou àquilo que o tornou mais conhecido, o famigerado “Envelope 9”. Criou um site (Repórter X) onde publicou dezenas de peças jornalísticas de investigação sobre a coisa da pia. Entrevistas com alguns dos acusadores, contradizendo-se ou desdizendo tudo o que já haviam dito e até descrevendo a génese das tretas; relatórios e outros documentos internos da própria Casa Pia, com avaliações comportamentais e sociais de alguns intervenientes; comunicações internas assinadas por exemplo pelo director de um dos colégios, sobre alguns dos crianços apresentados como vítimas especialmente vulneráveis e que afinal eram traficantes de droga que ameaçavam o próprio director de lhe mandar tratar da saúde e proxenetas que encaminhavam colegas mais novos para a prostituição; entrevistas com familiares dos meninos, nomeadamente a mãe de um deles, em que descrevia a confissão do filho de que era tudo mentira e tinha recebido dinheiro pelo frete; documentos científicos de vários países em que tinham sucedido casos semelhantes. Ou seja, um manancial enorme de informação, um gigantesco trabalho que honra o jornalismo a sério e que foi quase completamente ignorado pelo “jornalismo” que tenta (e geralmente consegue) condicionar-nos a mente. Até colocou online o telefonema de um dos pobres meninos apresentados como crianças vulneráveis sujeitas a ameaças em que o energúmeno lhe fazia, ele sim, ameaças de lhe dar um tiro na cabeça. E isto mesmo depois de avisado pelo Van Krieken de que o telefonema estava a ser gravado, ao que ele respondeu: “Estou-me a cagar!” E também um telefonema que a grande estrela Felícia Cabrita lhe fez, ameaçando-o de lhe “morder o cu todo” e de lhe “partir o focinho”, só porque ele publicou informações de que ela não gostou!
Mas porque é que eu digo que ele foi “quase completamente ignorado”? Porque houve algumas (raras) vezes em que se lembraram dele, no “jornalismo” mercenário, mas sempre para tentar limitar os estragos que o seu trabalho pudesse fazer. E o truque era, quando lhe referiam o nome, escrever sistematicamente, sem falhar uma vez, a seguinte fórmula: “Jorge Van Krieken, que tem um site conhecido por defender Carlos Cruz.” E depois, claro, era uma autêntica “tempestade perfeita”, diária, em tudo quanto era blogue das máfias de todo o tipo, a acusá-lo de ser pago pelo Carlos Cruz, de ser pago para defender pedófilos, a insultá-lo, a ameaçá-lo, a dizer que sabiam muito bem onde o encontrar, etc.
Não foi, aliás, apenas sobre o processo da coisa da pia que o Jorge Van Krieken escreveu no Repórter X. Foi ele, por exemplo, o primeiro a escrever sobre o caso ESCOM, do Grupo Espírito Santo, empresa usada em negociatas de contrapartidas no caso dos submarinos do Portas, esse grande campeão da verdade, da seriedade, da verticalidade e mais um cardume inteiro de “dades” que poluem os oceanos!
Se o trabalho do Jorge Van Krieken (e não a pessoa, que não precisa da ribalta para nada) não teve o destaque que merecia foi porque o “jornalismo” mercenário ocupa quase todo o espaço mediático e tolera mal quem mija fora do penico e honra a profissão! Na treta da pia, juntou-se a fome à vontade de comer, e para alimentar a vaga juntou-se uma miríade de grandes e pequenos interesses, uns políticos, outros corporativos, outros ainda meramente pessoais, expectativas de ganhos monetários de oportunistas infantilóides que viram na coisa uma espécie de totoloto, incompetências várias, almas de pides desempregados, rancores de fazer corar o Grão-Tinhoso. Não perfilho a tese da cabala, do Ferro Rodrigues, mas apenas porque o que houve, quanto a mim, foi uma convergência conjuntural, meramente oportunista, de uma série de cabalinhas que, juntas, deram aquilo que ainda hoje inquina todo o sistema de justiça. Um amontoado de tretas sem ponta por onde se lhe pegasse, que em qualquer país a sério nunca teriam um mínimo de pés para andar, e que aqui vingaram e medraram da maneira mais inacreditável! E é isso que me assusta, que aquilo possa acontecer no meu país! Se foi possível, e ainda é possível, se todo aquele amontoado monstruoso de aldrabices se mantém vivo e de pé, tudo nos pode acontecer, estamos todos feitos ao bife!
O processo da coisa da pia foi (é) um cancro e as suas metástases continuam a espalhar-se por todo o lado!
Joaquim Camacho, os trabalhos jornalísticos de Krieken não chegaram para que ele se tornasse numa figura de referência popular na área do combate pela reforma da Justiça. Pouco importa que ele se tenha esforçado e sacrificado enquanto investigador aqui e ali. Pura e simplesmente, ele não existe no espaço público como voz que tenha influência.
que tristeza! que mundo cão!
parece que os meus dois ‘ídolos’ (bem, não exageremos!) na blogosfera portuguesa se me estão as esboroar entre os dedos. primeiro é a isabel moreira com o seu ódio descabelado ao boa (só este epíteto diz tudo) e agora é o grande val que vai por idêntico caminho (e que até concorda com a exclusão do blogue de quem não concorde: ‘aires, combinado’).
ó céus! pró qu’havia eu de ter nascido!
vou continuar a passar por aqui, mas muito menos e muito triste, e sempre com isto ganho não perder o tempo que tanta falta faz pra ler livros.
Val, estou completamente de acordo. Com a ressalva de que a área de actuação do Jorge Van Krieken não foi uma coisa “aqui e ali” e sim o honroso território do jornalismo de investigação, sério e a sério, daquele que dá muito trabalhinho, avesso ao estrelato das felícias cabritas que infestam o “jornalismo” dos sóis e correios das manhas. E também deu para perceber que ele nunca teve o mínimo interesse em tornar-se numa “figura de referência popular na área do combate pela reforma da Justiça”, apesar de saber que o seu trabalho era extremamente importante nesse combate. O que não é, seguramente, culpa dele é o furioso combate a esse combate levado a cabo pela intrincada teia de interesses tecida entre as corporações da justiça, uma parte do poder político e a concubinagem mediática. Sem esquecer os verdadeiros pedófilos e abusadores de crianças que se safaram à custa da manobra de diversão da pia. E menos culpa tem ele ainda que essa teia mafiosa tenha remetido o valiosíssimo fruto do seu trabalho, na questão da pia, para um site com audiência e influência naturalmente limitadas.
Em jornais de papel, e além de uma série de peças sobre o processo Casa Pia no “24 Horas”, nomeadamente sobre o “Envelope 9”, lembro-me (no princípio do processo) de um artigo dele no “Expresso”, sobre um ficheiro com centenas de nomes de prostitutos do Parque Eduardo VII (muitos deles menores e alunos da Casa Pia) e respectivos clientes, elaborado pela PJ e pelo SIS, que recebeu misteriosa ordem de destruição. Havendo, aí sim, fortes indícios de abusos sexuais de menores e encobrimento, ficou por se saber quem eram os criminosos, mas eu apostava contigo que alguns deles se auto-reciclaram em furiosos campeões da antipedofilia, berrando inflamadas indignações contra o Carlos Cruz, o Paulo Pedroso e outros petiscos convenientes servidos de bandeja para acalmar a turba. Ficaram as lusitanas famílias muito descansadas porque os pedófilos “ricos e poderosos” foram parar ao xilindró, e nem reparam (alguns fingem que não reparam) que os filhos, sobrinhos e netos continuam a ser diariamente apalpadinhos e enrabadinhos, tanto em casa como na sacristia, tudo na paz do Senhor!
O que é engraçado é que li há uns anos um escrito do Jorge Van Krieken sobre o Marinho Pinto, num tom crítico com pontos em comum com os apontados por ti, pela Isabel e pela Ana (eu sei que há diferenças, não vos estou a amalgamar). Tanto quanto julgo saber, o Krieken e o Marinho até nem gostam muito um do outro, por razões que só a eles dirão respeito. Quanto a mim, como ninguém me vai bater por isso, vou continuar (embora por motivos diferentes) a gostar dos dois!
Pronto, meu “capitão”, nesse caso eu digo aqui ao Oceano para ser bonzinho e não dar mais sarrafadas: aguenta, moço. E fico muito contente por saber que afinal de contas “o árbitro é honesto”, ou seja, por descobrir que ainda vivemos num Estado de Direito no domínio da Informação e que, nesse domínio em concreto, ainda não chegámos à situação de guerrilha, mas confesso que estava profundamente convencido do oposto. Que perverso que eu devo ser…
brrr, ao dizeres que vou por um caminho que descreves como de “ódio descabelado”, a que juntas a ideia de que eu concordo com a exclusão de alguém deste blogue, estás de facto a mostrar que não leste o que escrevi, por um lado, e que tens muito mais a ganhar com o gasto de tempo noutras fontes de leitura, pelo outro.
A comunicação por escrito gera muitos equívocos, mas a este nível cada um tem de cuidar da sua responsabilidade nas interpretações.
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Joaquim Camacho, nesse caso, chegámos a uma conclusão que podemos perfilhar: Krieken não se equipara a Marinho no plano da projecção pública com paladino da justiça. Como não deste outro nome para além do dele na questão de saber se Marinho está ou não isolado no seu combate, presumo que também aí nos aproximamos de mais uma conclusão.
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Marco Alberto Alves, o facto de podermos identificar prevaricadores e criminosos não anula o Estado de direito. O que dá cabo do Estado de direito é a demissão dos justos e a cobardia dos cidadãos.
Val, estamos de acordo no que respeita à desigualdade da “projecção pública” do Marinho e do Krieken, mas insisto em que isso não retira nem acrescenta mérito a nenhum deles e vou continuar a gostar dos dois. Quanto ao isolamento do Marinho nesse combate, continuaremos em desacordo, porque, podendo dar-te outros nomes, de gente com igual empenhamento, voltávamos inevitavelmente à questão da “projecção pública”, em que o Marinho é sem dúvida imbatível. Felizmente que não se trata de um campeonato, pois a taça está no conforto que cada um deles certamente sente por fazer o que a consciência lhe manda, por mais incómodos que isso acarrete!
“brrr, ao dizeres que vou por um caminho que descreves como de “ódio descabelado”, a que juntas a ideia de que eu concordo com a exclusão de alguém deste blogue, estás de facto a mostrar que não leste o que escrevi, por um lado, e que tens muito mais a ganhar com o gasto de tempo noutras fontes de leitura, pelo outro…”
Um artista no seu maior esplendor…
diatribe sobre diatribe,
julgando-se the best,
desafiando
os equilibrios do bom senso e outros,
nisto o que encanta
é ser o próprio…
a definir-se nas suas pequenissimas prepotenciasinhas
q o enchem de um orgulho desmedido
e persiste na sua luta heroica
contra ventos e marés
em q descortina
qual escriba dum qq santo oficio redentor
pequenos atentados ao seu petit pouvoir
que nós que lhe vamos dando,
lendo-o…
Abraço gente boa do meu país
como sempre esteve combinado…
tenho este grave defeito: fico triste quando coisas destas acontecem por sermos todos pessoas por detrás do html – que só existe, de resto, porque existimos. e fico a pensar no que posso fazer. sugiro, então, uma pequena reflexão sobre, também da minha tão válida como outra qualquer, isto:
https://aspirinab.com/valupi/da-importancia-do-estudo-da-filosofia/
(será pouco, eu sei, mas com muita boa verdade. obrigada.)
Joaquim Camacho, mas em momento algum esteve em causa o mérito de um em detrimento do outro. Tratou-se apenas de uma curiosidade que nasceu de teres protestado contra a minha afirmação de ser Marinho um caso único em Portugal. Obviamente, existem muitas pessoas, e nas mais diversas áreas, que contribuem para a causa da justiça. Só que estamos na caixa de comentários de um texto onde Marinho é alvo de uma crítica que se relaciona com o seu protagonismo. Foi esse o contexto da nossa conversa.
__
aires, não sei o que se passa contigo, mas desejo-te as melhoras. Estás a discorrer como se o que te escrevi não tivesse sido um comentário ao que tu escreveste primeiro. E falas como se o que escreveste em primeiro lugar não pudesse ficar sujeito à minha opinião (que calhou ser aquela que exprimi, onde me insurgi contra a tua censura subjectiva a este texto que publiquei).
Ora, como poderás reconhecer, em momento algum do convívio que tens tido por aqui eu te faltei ao respeito ou maltratei, bem pelo contrário. Cada um que aparece para comentar está a oferecer uma parte de si que contribui para o bem de todos. Quando as opiniões expressas comungam com as minhas, pois só reforça o prazer do convívio. Mas quando as opiniões são diferentes, mesmo antagónicas, isso ainda pode ser melhor! Para mim, não há nada melhor do que aprender, pelo que aquele que não concorda comigo pode estar a ser o meu melhor amigo.
Que fique claro: não me fazes nenhum favor por me leres ou frequentares este blogue – fazes-me um favor, no sentido cívico e espiritual, é quando és livre. Portanto, se na tua liberdade escolhes passar o tempo longe daqui, acredita que para mim isso é o melhor. Se escolhes gastar o teu tempo livre connosco, pois tanto ou ainda melhor.
ò porra, mas a ministra nomeou ou não nomeou o cunhado para chefe de gabinete?? Já sei que legalmente não é cunhado, porque a senhora não é casada mas unida de facto.
E pode? É ético? E denunciar esta nomeação é calúnia?
(também não chego lá)
edie, não sei a quem se dirige o teu comentário, mas eu não me pronunciei sobre essa acusação em particular, da qual desconheço a veracidade factual. Falei de uma postura e de outras acusações do Marinho que, como fica patente após a mera leitura, são difamações e calúnias. Para mim, ver esta figura a cair nisso é ainda mais grave, e muito mais grave, do que se fosse um merdas qualquer.
já lá vão 68 comentários 68 e da dótoura isabel nem rasto
edie, eu também não chego lá. Mas há um pano de fundo em que o Val tem conceptualmente razão: se é um escândalo a Ministra ter feito nomeações em que o princípio da conflitualidade de interesses pode ter sido perigosamente desrespeitado, é porque a Lei e o enquadramento legal das nomeações políticas em Portugal deve ser muito deficiente. E isso é para ser denunciado e combatido sobretudo em abstrato e institucionalmente, não quando a denúncia nos vem mesmo a jeito.
Mas até admito que Marinho Pinto o tenha feito, esse combate, nos modos próprios e nos tempos certos. O que porém não me impede de ser sensível ao superior argumento de princípio aqui recordado pelo Autor do artigo. Foi aliás o que afirmei desde o meu primeiro comentário (“Excelente texto”, “Teoria bonita, sem dúvida”).
A minha única perplexidade provém da oportunidade de chamar a atenção para esses princípios, quando a realidade exige que nos concentremos em aspetos dramáticamente bem mais urgentes e decisivos para a sobrevivência de um Estado de Direito decente em Portugal!
Eu assino o comentário anterior, heteronómicamente…
Marco Alberto Alves, mas podemos dar atenção a vários problemas, e dimensões de cada problema, ao mesmo tempo. Sendo aqui a simultaneidade regida pelo omnipresente fluxo do quotidiano.
aires, não sei o que se passa contigo, mas desejo-te as melhoras. OBRIGADINHO, IGUALMENTE GRANDE LIDER… Estás a discorrer como se o que te escrevi não tivesse sido um comentário ao que tu escreveste primeiro. E falas como se o que escreveste em primeiro lugar não pudesse ficar sujeito à minha opinião MAS Ó LIDER GRANDE, EU NEM SEQUER TE REFERI, OU A OUTRO ALGUEM, À CAUSE DES MOUCHES, ET AUSSI PQ N REPAREI Q TIVESSES, EM SENTIDO SUBSTANCIAL, EMITIDO QQ OPINIÃO…(que calhou ser aquela que exprimi, FOI ENTÃO AO CALHAS Q ACHAS EMITISTE OPINIÃO???…, onde me insurgi contra a tua censura subjectiva E INSURGISTE MUI BEM, COM FORÇA INTELIGENCIA CONVICÇÃO… EU SINTO-ME MUITO LISONGEADO COM ESSA TUA INSURREIÇÃO CONTRA MIM, SUBJECTIVA, COMO REFERES… a este texto que publiquei – DESCULPA Ó GRANDE LIDER MAS ISTO ESTÁ UM POUCO, MUITO, CONFUXO… RENOVO DESJO DAS TUAS MELHORAS…).
Ora, como poderás reconhecer, em momento algum do convívio que tens tido por aqui eu te faltei ao respeito ou maltratei, bem pelo contrário – MUITO ÓBRIGADINHO, AO CONTRARIO EU É Q AGRADEÇO O AR E A LUZ Q EMANAM DA TUA EXISTENCIA E Q SÃO MINHA INSPIRAÇÃO QUOTIDIANA… Cada um que aparece para comentar está a oferecer uma parte de si que contribui para o bem de todos. Quando as opiniões expressas comungam com as minhas, pois só reforça o prazer do convívio. Mas quando as opiniões são diferentes, mesmo antagónicas, isso ainda pode ser melhor! Para mim, não há nada melhor do que aprender, pelo que aquele que não concorda comigo pode estar a ser o meu melhor amigo – MUITO BEM DITO, MINHAS FELICITAÇÕES PROFUNDAS.
Que fique claro- É ASSIM MEMO, FALA CHEFE, DEFINE REGRAS E BARALHA SITUAÇÕES: não me fazes nenhum favor por me leres ou frequentares este blogue – fazes-me um favor, no sentido cívico e espiritual, é quando és livre. Portanto, se na tua liberdade escolhes passar o tempo longe daqui, acredita que para mim isso é o melhor. Se escolhes gastar o teu tempo livre connosco, pois tanto ou ainda melhor GANDA FAENA Ó MISTER MARAVILHAS…
CONTINUAS NO TEU MELHOR, NUM ESPLENDOR IMENSO…
AGORA A SERIO, AMIGOS DO ASPIRINA
ISTO É UM MERO BLOG, SEM EMANAÇÕES DE PODER, E POR ISSO MUITOS DE NÓS AQUI VEM
COMO UM ESPAÇO DE CONFRATERNIZAÇÃO, ONDE UNS ESCREVEM OUTROS COMENTAM, COM LIBERDADE, SEM OBRIGAÇÕES DE RESPEITO E BOM TRATO, A NÃO SER OS DECORRENTES DUMA BOA EDUCAÇÃO NORMAL…
OS DONOS DO BLOG, PODEM COMPORTAR-SE COMO TAL, VEDAR COMENTARIOS E ATÉ MANDAREM PESSOAS IREM PASSEAR PARA OUTRO LADO… NÃO É HABITO, NAQUELES QUE FREQUENTO, ASSIM PROCEDEREM, MAS HÁ SEMPRE UMA PRIMEIRA VEZ PARA TUDO..
HA MODOS E MODOS DE O FAZER, MAS SOBRE ISSO JA NEM ME PRONUNCIO…
É VERDADE QUE AQUI VIM MUITO TEMPO, INTERVIM COM MUITA ALEGRIA E MESMO PAIXÃO EM ASSUNTOS DE PONTA, DURANTE ULTIMOS 5 A 6 ANOS, MAS NATURALMENTE NÃO ESPERAREI, NEM DAREI HIPOTESE, DE UM QUALQUER GUARDADOR DE BLOG ME VENHA INDICAR CAMINHO DA RUA…
ISSO ACONTECEU AQUI, E LAMENTO, E FOI POR ISSO, QDO VALUPI – AGORA SIM ESTOU A FALAR DE TI – DEPOIS DE 2 ARTIGOS MUI DISCUTIDOS DE 2 EMINENTES JURISTAS SOBRE ESTE TEMA DO BASTONARIO, RESOLVEU CHAMAR A SI TÃO ALTO MINISTERIO DE REFORÇAR O ATAQUE AO DITO,
SEM EXPLICAÇÃO PARA RETOMA DESSA MESMA COMENDA, FUI DIZENDO QUE IRIA POR OUTRAS PARAGENS, PQ COMO OUTROS O EXPRIMIRAM, TAMBÉM SENTI TRISTEZA POR ESTE ACTUAL ASPIRINA…
LOGO, CONCLUINDO, TOMEI NOTA DE TUDO Q ESCREVESTE VALUPI, MAS N SERAS TU, NUNCA MAIS, A COMANDAR O AQUI EU VIR OU NÃO…
DE QQ MODO, AGRADEÇO EM TI BONS MOMENTOS DE DISCUSSÃO E COMENTARIOS ELEVADOS, QUE INFELIZMENTE JÁ LÁ VÃO..
aires, larga o vinho.
não me parece bem isso que dizes, aires, e olha que sou sempre justa. dizerem-te que estarás enganado no blogue em nada quer dizer para te pores a andar mas, antes, que aqui se discutem os assuntos que, e quantas vezes, se quer. e o chavão do larga o vinho, embora expressão que considero boçal, nada mais quer dizer que uma outra qualquer de não é nada disso ou estou absolutamente em desacordo. o que é lamentável é que uns e outros em vez de se calarem, senão apaziguarem, vêm atirar canhotas para a fogueira e ver o circo a arder. olha, vai tomar um duche e pensa nisto que te disse e verás que é o que é. desagradam-me as injustiças e os arrotos à custa do mal dos outros. também posso ensinar-te a fazer arroz cor-de-rosa :-), falo sério, para essa mágoa injusta sair. queres?
Cão Raivoso,
tanto quanto percebi, o bastonário reforçou a sua crítica de tal acto pelo facto de Paula Teixeira da Cruz ser uma pessoa anteriormente tão crítica de equivalentes situações e tão defensora de princípios que violou assim que aceitou o cargo – ainda por cima o cargo de ministra da justiça. Mais ou menos foi isto, que eu me lembre.
Portanto, e pegando em parte no que dizes, as coisas têm de ser praticadas e não só discursadas quando nos vem a jeito.
De resto, concordo que há algum excesso na forma como o bastonário intervém, pela entropia que cria – não esquecer, no entanto, que foi dos poucos que não se calou quando se deu a pouca vergonha NACIONAL do Freeport. Nessa altura deu jeito ouvi-lo, não foi?
Aires,
a ofensa pode ser tua, e até a entendo, mas a linguagem – “grande líder”, etc.- não é. Foi decalcada de outros personagens que por aqui passaram, com os quais nada tens a ver e dos quais sempre te demarcaste pelo conteúdo e pelo nível.
O teu contributo no blogue tem sido sempre (cito-te) o de “comentários elevados”, que nem sempre o Val tem, como nenhum de nós. Nem tu, neste caso. Quanto à mágoa, entendo-a, mas o comentário não estará um pouco descontrolado?
E, já sabes,como sempre: abraço.
Abraço Eddie
sabes, aires, uma expressão vale o que vale mas, isso é certo, vale muito menos do que a falta de uma expressão, da tua, comigo. quem fica a perder és tu – as conversas aqui e também como fazes arroz cor-de-rosa. ou azul ou roxo, não vás interpretar o meu arroz como de passas com política. :-)
aires buenos, volta à rotunda onde pareceu-lhe que o valupi fez-lhe encruzilhada. Rele, (com o devido acento) como ele to recomendou. Nadica de nada. Se alguma coisa, você é quem deu voltas inanes ao remoinho. Às vezes fazemos maremoto de marolinha. É marolinha! O maremoto até tem corpo, mas não está aqui. E VIVA o VINHO!
Abraço