Nos 40 anos da aprovação da actual Constituição, faz todo o sentido recuperar um extraordinário programa da TVI a propósito dos 40 anos das primeiras eleições em democracia, as quais elegeram a Assembleia Constituinte – Especial TVI24: as memórias dos primeiros deputados eleitos
Extraordinário porque, literalmente, esse tempo foi historicamente original e irrepetível, e os protagonistas do programa foram igualmente protagonistas dessa fase do regime e do estabelecimento do modo de vida que é o nosso desde a criação do texto constitucional. E também extraordinário pelo fulgor com que Jorge de Miranda colocou o PCP no seu devido lugar. Basta esta parcela da sua discussão com Jerónimo para contar a história, e a Historia, toda:
[minuto 43]
JM - A Assembleia Constituinte foi uma ilha de liberdade num meio hostil, que era o meio de Lisboa durante o Verão e Outono de 1975. Uma ilha de liberdade. Onde nós discutimos livremente, onde havia projectos diferentes. Recomendo às pessoas que leiam os projectos de Constituição. Leiam o projecto de Constituição do Partido Comunista, as restrições às liberdades fundamentais que apareciam no projecto do Partido Comunista.
Jerónimo - Não é verdade.
JM - Não é verdade?! Eu publiquei isso. Está publicado, o diário da Assembleia Constituinte. Não se pode... Isto não é a enciclopédia soviética!
Jerónimo - Desculpe lá, como é que um partido que lutou 48 anos pela liberdade podia estar contra ela?! Explique lá...
JM - Lutou pela liberdade para conquistar o poder.
Jerónimo - Ah...
JM - Essa é que é a realidade política. E foi o que vivemos e eu não me esqueço disso. Em 1975 houve uma luta pela liberdade. A Assembleia Constituinte era a ilha de liberdade, e foi cercada, num certo momento, e sequestrada, e nós fomos humilhados, vexados, gravemente.
Jerónimo nada mais consegue vocalizar do que uma exclamação infantilóide perante a evidência trazida pela contra-argumentação do Jorge constitucionalista. Os comunistas lutaram pela liberdade, sim, mas não pela mesma liberdade de que hoje desfrutamos e que corresponde ao modelo liberal. A liberdade comunista é outra coisa, que tem corrido sempre muito mal. O facto de nada mais ter espingardado, depois do assomo de bravata em cima da luta contra o fascismo, é em si uma transparência. E teria sido fascinante se aqueles dois pudessem saltar para uma mesa onde continuassem o mano a mano.
Neste simples trecho também podemos compreender a razão que levou o PCP a ser um suposto guardião da Constituição ao mesmo tempo que assistia impávido e feliz à degradação do Estado de direito. É que para defender uma Constituição-museu a liberdade não serve para nada. Já defender o Estado de direito democrático, e colocá-lo acima do sectarismo pulsional e tribal, essa é uma vontade indomável para quem esteja apaixonado pela liberdade.
Portugal é um país onde pouca gente ama a liberdade.
que excelente imagem: sectarismo pulsional e tribal. bicharada.
Não sei se alguém tentou inscrever algo que me defendesse do poder totalitário da finança. Se tentou, não conseguiu, aquela tribo tudo controla e domina. Assim, eu hoje não tenho liberdade. Se há quem se sente usufrutuário dela e rejubila com o estado de direito a que tem direito, só posso ter pena.
Num debate de uma hora e meia sobre a Assembleia Constituinte e o período do Prec, aquilo que mais impressionou este farmacêutico anti-marxista e anti-socialista primário foi a cassete criada pela direita para narrar os acontecimentos em causa, e que se resume à “evidência” mirandesa de que os comunistas não defendem o modelo liberal e que queriam instituir uma nova ditadura. E é isto a história e a História toda, segundo o farmacêutico “anti-sectário”. Fantástico, melga!
O que o farmacêutico ignorante e acrítico esquece é que nesse período nenhum partido defendia o tal “modelo liberal”, mas todos tinham programas mais ou menos socialistas, pois até o CDS (com o seu “s” de “social”) defendia uma “sociedade sem classes mas em liberdade” onde todas as pessoas seriam “igualmente” proprietárias, e o programa do PS estava cheio de ideias e reclamações marxistas. Não constitui por isso qualquer surpresa que no preâmbulo da Constituição seja declarado o objectivo da construção de uma sociedade socialista. A maioria constituída por socialistas e também, pelos vistos, por liberais-oportunistas assim o determinou.
Portanto, quem diz que o que estava em causa em 1975 era o confronto entre quem defendia um modelo liberal e quem defendia um modelo socialista é alguém completamente ignorante àcerca do contexto histórico e ideológico da altura, e que se limita a repetir a narrativa de que a malta da direita tanto gosta, pois é uma forma que esta tem de fazer esquecer a sua cumplicidade e convivência saudável com o regime anterior e de alimentar a ideia de que eram os comunistas e não os “fassistas” (como eles dizem) que estavam contra a liberdade e a democracia. E é caso para dizer que os “fassistas” venceram em toda a linha, pois 40 anos depois temos o Marcelo afilhado do Marcello como presidente e temos farmacêuticos a asneirarem livremente.
Ai quem nos dera os bancos dos velhos melos e velhos champalimôs e velhos empreteiros e velhos fassistas industriais de sapatos e de tijolos e vidros e dos velhos correios e tap com fassistas administradores portugas.
Eles comiam tudo e não deixavam nada para os filhos salgados e loureitos, roques e anitas, berardos e jardins e zonas industriais e campos de futebol de terceiro-mundismo.
Ai quem no dera as colónias nos seus devidos lugares e não na cova da moura e em cacém nem em bruxelas paris ou marselha.
Ai que saudades de 1 sardinha para três e o copo de 3 para um.
E começar tudo de novo com tarrafal e a companhia nacional e colonial de navegação com administração portuga fassista.
E começar tudo de novo com o apeadeiro dos olivais no lugar da estação do oriente.
E criarmos juízo porque nem 48 anos de porrada nos conseguiu pôr a cabeça no lugar e ficámos com a capital em berlim, só agora é que estamos a DAR CONTA DA MERDA, que podiamos ter evitado.
Pois era Reaça, “…e cabeças de pretos para os motores, porrada se refilares” que saudade.
O Portugalinho chulo das riquezas dos outros quando teve que competir com os meninos grandes europeus, pediu dinheiro, vendeu, humilhou-se etc e a culpa é dos comunistas.
A Vida Portuguesa tem muito disso em aromas, ainda não desenvolveram foi a farmacopeia. Se quiseres ser cobaia a Bial trata do assunto.
a asneira é livre, tens algumas dificuldades no trato dos conceitos de “liberalismo” e “socialismo”, né? Podes sempre pedir ajuda, não tens de viver assim para sempre.
Mesmo com os disfarces que sempre se usam naquelas alturas havia dois modelos que se tentavam instalar e que aqui me parecem bem evidentes. Um está plasmado no Ah… do J, o outro nas declarações triunfantes do JM. Designemos um por “segurança coletiva” e o outro por “liberdade individual”, ambos construções ideológicas. Na SC não se possui propriedade nenhuma, é-se obrigado a ter um posto de trabalho, escola, educação, saúde, instrumentos de cultura, casa a renda baixa, alimentação e vestuário só os necessários e suficientes, transportes a preços simbólicos, 30 dias por ano numa colónia de férias, só dentro do partido se pode discutir assuntos, cá fora bico calado, um sistema totalitário. Na LI pode-se apoderar dos bens que se conseguir por mérito, herança ou roubo, ter trabalho ou não, aceder a escola, educação, saúde, cultura, casa, alimentação, vestuário, carro, férias, tudo à discrição se possuir os mencionados bens, e pode constituir grupos políticos e falar em total liberdade. Naturalmente nada pode fazer contra os que acumulem quase tudo e exerçam sobre os outros o seu totalitarismo, na fase atual através da finança. Na SC e na LI há uma corporação que julga os que prevaricam, punindo sempre os mesmos. A LI é melhor, mais racional, todos contra todos, mesmo quem foi livre de aplicar os seus recursos na bolsa ou nos fundos e agora se acha sem nada continua a usar a liberdade de se aplicar no euromilhões ou de se apoderar da riqueza de um tipo que engana ou esgana.
Entre o Ah… e o que Está, onde para o PS? A governar sempre que pode e sempre com a banca. Sempre não, agora fá-lo com o Ah… e com o B…
De facto tenho dificuldades no trato manipulatório desses dois conceitos. Tu, como já demonstraste, não tens, e por isso és um dos tais liberais para quem a “construção de uma sociedade socialista” era um projecto já defendido por Adam Smith e por Locke.
Voltando então ao princípio: “Portugal é um país onde pouca gente ama a liberdade”.
Os vários galhardetes aí acima indiciam isso mesmo. Ensaios, tentativas, equívocos bastantes. Inevitáveis pedras no caminho!
É que de facto 40 anos é pouco, numa tal aprendizagem.
O tempo é que manda. Não para cada um de nós, que passamos e ele fica. Fica para os outros, que vêm depois de nós. Uma sociedade evoluída, organizada, capaz, é tudo isso. Menos do que isso é um bando de selvagens primitivos.
a asneira é livre, não sei do que estás a falar, mas aconselho-te a não teclares sob a influência da vinhaça. Quanto ao que se diz no programa, onde até se refere explicitamente as diferenças de projecto sob a mesma denominação “socialista” ao tempo, e quanto ao que eu demonstrei ou deixei por demonstrar, dizes nada. Ou por outra, só dizes merda.
só os burros é que não mudam, e por causa da queda do muro, o pcp foi mudando aos poucos. (recordo-me da retirada da ditadura do proletariado do seu programa) e ainda bem digo eu,pois graças a essa e outras mudanças temos hoje o pcp a apoiar um governo do ps.é uma atitude tambem resultante do seu fracasso recente nas eleiçoes? não digo que não.mas já teve votaçoes quase idênticas e as mudanças no pcp não surgiram. perante isto acho pouco feliz a chamar à colação o conteúdo deste poste. a coisa está a correr bem para os trabalhadores e para o pais, e isso é o que mais importa neste momento.vai haver rotura daqui a uns tempos? não sei,mas quem a provocar vai pagar caro. quanto a isto, confio mais na prudencia do pcp do que na do bloco.vale a pena confiar.
OK, corrijo o que disse. Afinal quem tem dificuldades no trato de conceitos és mesmo tu, até porque, como se tornou evidente, tu tens dificuldades de interpretação e, pelos vistos, o reconhecimento disso deixa-te demasiado irritado. Bebe um bom copo de vinho, que isso vai ajudar-te a acalmar.
É que, caro liberal de pacotilha, é verdade que o que eu disse é só merda, mas como o teu nível de compreensão nada fica a dever ao que eu disse, não percebeste que o meu comentário era uma mera expressão da merda ideológica que está presente no teu intestino grosso, perdão, “pensamento”.
se percebi os momentos que vivi , o pcp quis tomar o poder para tornar portugal num pais socialista. ou seja social fascista.o resto é retórica.andei por lá e sei quais eram as suas ambiçoes!a perestroika tambem ajudou, a derrotar esse projecto totalitario. eram tão felizes com aquele regime, que ao sentirem uma porta aberta, as outras todas se abriram num ápice. julgo que o jeronimo de sousa, não é um homem feliz,mas está aliviado daquele pesadelo pseudo comunista!
“aver navios” essa do “ps governar sempre com a banca”,é uma figura de estilo,propria dos doentes infantis do comunismo. olhe se não fosse a banca e a ue,ainda andava por estradas de terra batida tipo raly do vinho do porto.alguns milhoes de portugueses, têm casa propria graças à banca.o meu vizinho não me emprestou dinheiro,e eu precisava de uma casa de imediato. sem a banca, só ao fim de 20 anos? tinha dinheiro para a construir,mas, já o preço tinha duplicado!